Dona Distância - 1ª Versão (HIATOS) escrita por Capitã Sparrow


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olha só! Eu fiz mais um cap *w*
Como eu escrevi o primeiro cap da fic como se fosse uma oneshot, o final ficou meio "no ar", então eu decidi escrever esse cap como se fosse a continuação, mas não a partir do momento que terminou o ultimo cap. Parece confuso, eu sei, mas logo irão entender kkk
Espero que gostem ^^



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Distância abriu a porta e se deparou com uma pequena caixa, que repousava timidamente sobre o tapete da varanda. Curiosa, pegou o pacote e o levou até a sala de estar.

O aposento era espaçoso, enfeitado com diversos tipos de espelhos e cortinas de renda colorida. Ela sentou em sua poltrona favorita e repousou os pés sobre a mesinha de centro. O ar carregava uma leve fragrância de cedro, cheiro que Distância adorava. O embrulho estava bem danificado, parecia ter passado por diversos lugares com variados selos enfeitando-o e a data inicial de envio era de vinte anos atrás. Já estava acostumada com a demora da correspondência então nem se importou. Ela rasgou o papel velho e sentiu uma espécie de areia escorrer entre seus dedos.

– Sandman seu danado. – falou consigo mesma. Por alguma razão, a correspondência de Dona Distância sempre passava pelas mãos do Sonho, e ele sempre as “sujava” com sua areia amarelada. Jogou o papel amassado no chão e logo uma bola de pelos brancos pulou sobre ele, brincando. Sorriu para sua coelhinha angorá que se divertia com o embrulho. Mal conseguia ver os olhinhos negros imersos entre os pelos compridos.

Sobre a caixinha havia um pequeno bilhete escrito em letra grandes:

“Experimente as novas cores da linha Flores da Primavera! Amostras totalmente grátis, não hesite em procurar sua consultora Esmalton! ”

Distância não entendeu nada, mas adorou a estampa florida. Era outono, mas iria experimentar o que quer que estivesse ali dentro. Abriu a caixinha e notou quatro vidrinhos cheios de tinta colorida. O primeiro era uma espécie de rosa claro, no vidrinho estava escrito “Flor de Cerejeira”. Curiosa, abriu o vidrinho e aspirou fortemente a fragrância, fazendo-a espirrar com o cheiro forte.

– O que farei com isso? – perguntou olhando para a coelhinha que respondeu pulando sobre seus pés, causando cócegas e gargalhas.

***

Solidão percebeu que estava atrasada para a reunião com Distância. Pegou o livro e vestiu o primeiro moletom que encontrou. Encheu a bolsa de sorvetes e chocolates e foi até o portal que a levava ao Reino Distante.

Andou através do reino, que era inteiramente habitado por animais, na maioria gatos, e finalmente chegou até a casa central. Onde morava Distância e a “bola de pelos”.

Notou a porta aberta e entrou sem cerimonias. Foi até a sala de estar e quase pulou de susto ao ver a velhinha com borrões amarelos e rosas nos cabelos. A senhorinha usava um conjuntinho verde-oliva e um cachecol marrom com detalhes em laranja. Usava um chapéu de palha num tom mais escuro que o usual, com algumas folhas de outono enfeitando-o. A saia cobria parcialmente seus sapatos de cor bege. E por toda sua roupa havia respingos de tintas coloridas.

– Distância! O que aconteceu com seu cabelo? – perguntou indignada.

– Olá Soly!! – falou fazendo Solidão retorcer o rosto em uma careta, odiava aquele apelido horroroso. – Gostou das cores? Chegaram hoje pelo correio. Não ficou lindo? – Distância sorriu fazendo as rugas de seus olhos se acentuarem ainda mais. A maioria dos seres preferia sua aparência linda e jovem, mas não Solidão, que apreciava seu visual de “vovó”. Sentia-se aconchegada com essa “versão” de Distância, as rugas a deixavam mais simpática, como se seus olhos sorrissem sempre.

Solidão sacudiu a cabeça pegando os frascos quase vazios.

– Por que passou esmalte no cabelo?

– Esmalte? Isso é esmalte? – Distância tocou os cabelos que já estavam duros. – Achei que era tinta de cabelo... – olhou tristonha para a amiga.

Diante daquela cena Solidão não conseguiu se segurar, e gargalhou alto fazendo com que Distância risse junto com ela. Quando as duas conseguiram parar de rir, Solidão pegou a acetona que veio em um compartimento separado e derramou sobre os cabelos tingidos de Distância.

– Não se preocupe, ele logo voltará ao normal. – disse sorrindo divertida. Dona Distância parecia um tanto doida por certas atitudes, mas Solidão a entendia, pois além de viver sozinha, não tinha muito acesso a certos produtos femininos. Logo pipocou uma ideia em sua mente e decidiu que em sua próxima visita faria uma surpresa. Após passar a acetona e lavar o cabelo, Distância decidiu assar biscoitos para poder finalmente, começar a reunião.

– Primeira regra: Não fale sobre o clube do livro! Segunda regra: Não fale sobre o clube do livro!!! – falaram em uníssono, com entusiasmo.

Ambas munidas de sorvete, chocolate e biscoitos, pegaram seus livros para conversar.

– O livro escolhido desse mês foi: O lado bom da vida! – Distância falou de modo engraçado. – Eu amei o livro, achei perfeito e maravilhoso, leve e sensível, com um toque de ingenuidade. Pat é um personagem extremamente apaixonável. – completou abraçando o livro, como se fosse de pelúcia.

– Não exagere tanto. O livro é bom mesmo, mas não tão incrível como outros que já lemos... As partes que achei mais interessantes foram as sessões com o terapeuta indiano.

– Eu também gostei! Mas minhas partes preferidas são entre o Pat e a Tiffany.

– Eu gostei muito do Pat, ele é um personagem diferenciado, mas achei aquela Tiffany uma grande chata.

– Chata??? Mas... Mas... Eu gostei dela.

– Bem, ela...

Solidão foi interrompida pela campainha que tocou alto, fazendo seus ouvidos doerem.

– Eu fico dias e dias sozinha, e quando estamos no meio da nossa reunião surge uma visita?! Isso só pode ser coisa do Destino – disse Distância mal-humorada batendo os pés em direção à porta. Abriu-a de uma vez quase atropelando seus próprios pés. Seus olhos se arregalaram e sua boca caiu quando viu quem estava de pé a sua frente.

– T-Tempo? – quase gritou. Estava pasma. Não acreditava naquela cena.

O homem estava apoiado no batente da porta e segurava um único girassol que escondia seu sorriso sedutor. O sorriso que fazia Distância derreter.

– Olá doçura.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
No próximo cap um pouquinho mais sobre o misterioso Sr. Tempo ;)
XOXO