A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Certa vez uma criança, pequena e jovial, olhar sonhador e inocência pulsante. Rodopiou pela neve, chegando até mim, então me dizendo com um olhar interrogativo " Porque não podemos voar?"
Eu apenas olhei para as estrelas, que pareciam flamejantes na escuridão da noite e sorri.
"Quem disse que não podemos."

George Piripi



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Não conseguia mais dormir. Apesar de ser madrugada, e conseguir ouvir o insistente rodar da torre do relógio, meus olhos permaneciam abertos, encarando o teto de madeira, hora me preocupando com algum vestígio de Robby, outra apenas querendo escapar do sentimento horrível que o pesadelo interior me causou.

Me sentei, jogando as cobertas para longe e ficando rapidamente de pé, talvez também eu não dormisse porque estava curiosa. As vozes vindo do escritório de Charles, me deixavam com um formigamento curioso nas pontas dos dedos, eu sabia, sim, a curiosidade era de fato minha maldição.

O chão estava gélido sob meus pés desnudos, a camisola longa fazia cócegas em meus calcanhares e deixava meus braços nus arrepiados. Abri a porta lentamente, saindo para o corredor escuro, com alguns abajures movidos a um mecanismo vibrante, que exalava uma luz dourada sob todo os moveis e vasos de flores. A porta do escritório de Charles estava entre aberta, lá de dentro vinha um pequeno feixe de luz, e as vozes pareciam um pouco mais altas.

Me escorei na parede, lentamente tentando ver alguma coisa pela abertura, que era pequena, mas mesmo assim larga. Não pude deixar de sorrir, enquanto primeiramente observa o local, que parecia ter as paredes feitas de livros, que também formavam pilhas perigosas pelo chão. Havia objetos estranhos e espadas grudadas na parede, com a pouca luz ganhando um tom metálico e azulado. Então novamente, deixei meus olhos se passaram nas pessoas que ali estavam.

Charles estava sentado em uma poltrona gasta de couro, com usando o mesmo conjunto bege, escrevendo alguma coisa rapidamente e a sua frente havia mais duas pessoas. Uma reconheci sendo Susan, seus cabelos pálidos era facilmente reconhecíveis, ela agora trajava um elegante vestido azul escuro deixava os cabelos em cachos parafusados até a cintura, ela olhava com alguma coisa com interesse acima da mesa. Ao seu lado estava um homem, tinha os cabelos no mesmo tom que Susan, fazendo uma bagunça sobre sua cabeça, usava tudo em negro, com o sobretudo como asas a sua volta.

- Então, quanto tempo acha que irá demorar? -perguntou ele, sua voz era jovial mas firme. Charles suspirou, se esticando na cadeira e dando de ombros.

- Não sei, talvez alguns dias...alguns meses, quem sabe.

- Charles! -repreendeu a mulher com a voz irritada -Você não pode demorar, estamos lutando contra o tempo.

- Susan, saiba que estou lidando não só com esses problemas, o povo debaixo estão me enchendo de encomendas, sem contar que estou com problemas familiares.

O homem de sobretudo levou as mãos para cima, então suspirou, soltando uma risada, sem graça.

- O mundo está caindo ao nosso redor e você se preocupa com sua enteada órfã.

Recuei um pouco, não tendo muita certeza se queria continuar ouvindo. Mas Charles apenas piscou, fazendo uma careta.

- Saiba Ian, que a família para mim sempre vêm em primeiro lugar.

Susan afagou o braço do homem ao seu lado e suspirou.

- Calma, mantenha a calma, iremos dar um jeito.

Mas o homem, que se virou e pude notar ser um jovem com talvez seus 18 anos, apenas negou lentamente, fazendo camadas de seu cabelo caírem sob os olhos.

- Vocês não conseguem entender o que está acontecendo certo, as coisas vão ficar pior, e pelo jeito estaremos apenas assistindo.

Alguma coisa pinicou meus pés, fiz uma careta olhando para baixo e soltando um grito de surpresa, enquanto cambaleava para trás e caia de costas no chão. Robby estava ali, com suas garras mecânicas atravessando a sala.

- Nora! -exclamou Charles e surpresa, então fazendo uma careta -Estava espiando?

- Não!...quero dizer sim...é que...

- Espere, acho que Robby quer nos dizer algo.

Engoli em seco, enquanto me colocava de pé, aquele troço sabia falar também. Enquanto aos poucos voltava ao normal, percebi com vergonha os olhos de Susan e Ian sob mim. Olhei dos lados, querendo sair dali, mas com certeza teria de dar algumas explicações.

- Nos encontramos novamente querida -disse ela acenando para mim, abri um sorriso tremido.

- É, pelo jeito sim.

Ian arcou as sobrancelhas claras e pude notar que seus olhos eram escuros, como carvão em brasa, misteriosos, sem nenhuma emoção passando sob eles, cruzou os braços e fez uma careta em direção a Susan.

- Essa é a órfã, que Charles está abrigando e que está nos atrasando.

- Sou Nora, não uma órfã -retruquei cortando Susan e tentando me defender, então me auto abracei, tentando esconder alguma parte do meu pijama -E não faço idéia do que estou atrasando, mas de qualquer forma peço desculpas.

- Hó não querida, não se irrite, estamos apenas passando por um momento complicado, Ian por um pior ainda.

- Entendo -argumentei, assentindo lentamente. Ian apenas começou a andar de forma enervante pela sala.

- Não fale, como se eu não estivesse aqui.

Susan suspirou, enquanto se apoiava na mesa.

- De fato não está.

Ele cerrou os punhos, piscando lentamente na direção de Susan, como se seu olhar pudesse queimá-la viva, mas por fim apenas se deixou afundar no sofá cheio de livros e rascunhos de desenho de Charles, e disse alguma coisa, algo assustador que entendi como.

“ Só quero matá-los”

Estava prestes a dizer algo, ou sair da sala, então Charles fez um som estranho, enquanto seu bicho de estimação se esticava pelo teto e andava até uma abertura e lá sumia.

- Más noticias?-Susan perguntou, se aproximando do papel pardo que Charles tinha em mãos.

 - O que não seria nenhuma surpresa -suspirou Ian, caminhando também em direção a mesa, mas Charles apenas levou as mãos os cabelos, os fazendo ficar bagunçados, mais do que já estavam.

- É uma carta, e a mensagem é bem clara -nessa hora ele percebeu de fato minha imagem ali, e apenas sussurrou -Eles estão cada vez mais próximos de conseguir o que querem.

- Posso saber do que estão falando? -perguntei baixo, quebrando o silêncio que tinha se instalado na sala. Caminhei em direção a janela, vendo com admiração o trem de metal passar sob a cidade, com um barulho de fazer a grande janela tremer. Então me virei para eles, mas necessariamente  a Charles -Tio, isso tem haver o que o que me falou sobre o...dom.

Nessa hora pude notar que os olhos de Susan se alargaram e sua boca se abriu em um grito mudo, enquanto parecia assustada. Ao seu lado Ian fez uma careta, puxando alguma coisa de dentro do seu sobretudo, mas já era tarde, pois tudo que pude fazer era pular ao ouvir o vidro logo atrás de mim se quebrar em um barulho ensurdecedor, o como uma chuva afiada ao meu redor. Charles gritou, enquanto era jogado sob mesa, eu apenas me senti sendo erguida do chão.

Gritei, enquanto algo gelado e forte apertava minha cintura, me levantando acima de todos e me puxando para fora da janela. Apenas congelei, enquanto a noite estrelada era mostrada frente ao meus olhos, e cada vez mais eu ficava longe do chão, tudo que podia ver adiante era um gigante braço mecânico, me levando para mais perto das estrelas.


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Notas finais do capítulo

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