A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

E no céu da noite de inverno os navios estão navegando
Olhando para estas brilhantes luzes azuis
E eles não vão esperar, e eles não vão esperar, e eles não vão esperar
Estamos aqui para ficar, nós estamos aqui para ficar, nós estamos aqui para ficar.



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Mas eu já estou lá

Eu já estou lá

Onde quer que você esteja

Eu estarei lá também

*

Havia um novo mundo me esperando, isso soava um pouco assustador, mas eu sabia que não deveria me sentir assim. Eles estavam me esperando, Tom com um sorriso inocente nos lábios pequenos, com os olhos cinzentos um pouco esbranquiçados, mas ele ainda era meu pequeno e amado irmão, e quando seus pequenos braços passaram em volta do meu pescoço, eu apenas me sentia grata.

– Isso não é o fim minha querida -sorriu papai, tão elegante quanto em vida, passando as mãos sob meus cabelos, enquanto ao seu lado, mamãe juntava as mãos e soltava um suspiro relaxado.

– Isso mesmo, apenas o começo.

Eu não sorri, pois ainda estava de luto por mim mesma, mas torço para eles terem visto o brilho em meus olhos. Estávamos naquela imensidão branca, a qual eu comecei a pensar em chamar de “nada” pois era isso o sentimento que o lugar me passava. Tom me largou, correndo rapidamente para o novo lugar que ele chamava de casa, papai não estava diferente. Eles pareciam mais...sei que isso soara estúpido, mas sim, eles pareciam mais vivos do que nunca.

Comecei os seguir, sentindo-me não completamente desligada da cena do meu próprio funeral, isso algum diria, a dor de deixar quem eu amo iria de alguma forma passar? Minha mãe, sendo uma ótima observadora ficou me encarando por um tempo, andando ao meu lado, enquanto eu pensava que andávamos, andávamos e não chegávamos a lugar algum.

– Nora o que está havendo, vejo sua aura tão negra -seus olhos brancos abaixaram para meu rosto -Não está feliz em estar com sua família?

Neguei, enquanto respirava fundo.

– Não é isso é que...eu..eu não me sinto bem com tudo isso, eu deveria certo? Deveria me conformar, porque não consigo deixar para trás?

– O sacrifício, morte por sacrifícios são as mais terríveis de serem suportadas -ela me deu o rastro de um sorriso, mas que não mais estava ali -Você irá se acostumar.

Apenas assenti, enquanto piscava, encarando minhas mãos.

– Eu sei.

Enquanto novamente começamos a andar ouvi o estranho barulho de água, e acabava passo eu me sentia terrivelmente mal. Se passou algum minuto, o silêncio de meus passos era assustador, isso era ser um fantasma? Um espírito? Suspirei mergulhada em minha própria decadência.

– Certo, isso está errado! -exclamou minha mãe, tão alto que me fez olhar para cima rapidamente e lá na frente, meu pai se voltou junto a Tom em seus calcanhares. Ela se virou de uma maneira exasperada, segurando meus braços com força -Nora você não deveria estar morta, isso está completamente fora de ordem!

– Mas foi o que aconteceu, era a mim ou bem, o mundo todo.

– Sua família foi brutalmente assassinada, eles não tinham o direito de tira sua vida-ela levou as mãos aos cabelos, então encarou meu pai -Sabe o que devemos fazer querido, e vamos fazer.

Meu pai nada disse, apenas abriu um pequeno sorriso.

– Estava pensando que nunca iria dizer isso.

Senti minhas sobrancelhas se arcarem, caramba isso tudo era tão maluco.

– O que vocês pretendem fazer?-perguntei em um fio de voz, minha mãe era bem conhecida por ser um tanto maluquinha e mesmo morta, tinha certeza que alguma idéia passava por sua mente.

– Volte -foi o que ela disse, seus olhos marejados -Corra de volta, apenas corra e logo você voltará a vida minha criança, eu não aceitarei sua morte, isso foi um erro terrível.

– Mãe -comecei achando que ela estava louca-Mãe isso não vai acontecer, isso não tem chances....

– Sim, você ainda não atravessou a fronteira, e sua morte dada ao fato que foi em pró da salvação alheia temos como leve-la de volta.

Eu não acreditava no que meu pai dizia, minha mãe passou as mãos pelo meu rosto, sua voz um tanto engasgada.

– Meu amor, eu sinto muito mas não queremos você aqui, você é tão jovem há tanto pelo que viver-suspirou, enquanto me abraçava -Eu posso dar a vida a você novamente, apenas sem arrependimento, sem dor -A mesma me encarou, enquanto abria um pequeno sorriso -Quando fomos assassinados os anjos queriam dar a vida a mim novamente, talvez para me vingar...mas eu não aceitei, sabia qual era sua sina minha querida, por isso guardei esse premio para dar a você, e não me arrependo de nada.

– Mamãe...-queria agradecê-la mas chorava de forma compulsiva, tanto por felicidade quanto por tristeza -Não queria deixá-los.

A mesma enxugou algumas lagrimas invisíveis e sorriu.

– Não seja boba, estamos bem, agora vá, aproveite sua vida Nora.

– Obrigada -sussurrei saindo de seus braços e apertando suas mãos, papai lançou seus braços sobre mim, enquanto beijava o topo da minha cabeça.

–Tenho muito orgulho de você Nora, muito mesmo -encarei seus olhos, enquanto ele apertava os lábios, contendo um sorriso -E bem, saiba que aprovo seu relacionamento com esse tal de Ian.

Senti minhas bochechas corarem enquanto me sentia feliz.

– Ora papai como sabe sobre isso?

– Tenho minhas fontes -ele sorriu de forma misteriosa e se voltou para o lado da minha mãe, Tom puxou a barra do meu vestido me fazendo agachar até sua altura.

– Você vai de novo Nora, vai embora de novo -seus olhos grandes e azulados piscavam com lagrimas invisíveis.

– Há pequeno você sempre estará comigo, eu jamais irei lhe esquecer.

Ele fungou, enquanto passava as mangas da blusa branca pelos olhinhos.

– Algum dia vai voltar?

– Claro que sim, um dia todos nós estaremos juntos novamente.

Ele me abraçou seus braços magros apertados em minha volta, enquanto se afastava havia um pequeno sorriso nos lábios.

– Escreva sobre mim Nora, me invente como um grande herói!

Fiquei de pé, olhando para minha família e me sentindo completa, eles estavam mortos, eles estavam juntos, mas mais do que tudo estavam felizes.

– Claro Tom e apesar de tudo você é um herói, vocês todos -suspirei fechando os olhos -Eu os amo muito.

– Odeio despedidas -fungou meu pai apertando as mãos de Tom, mamãe apenas acenou.

– Vá querida, seu pai é sentimentalista demais já sabe que isso irá se acabar com lagrimas -ela sorriu, abrando as costas de papai enquanto acenava -Te amo muito minha linda, seja feliz.

– Obrigada -sussurrei enquanto lentamente me virava para trás, para aquela imensidão branca sem fim. Suspirei me sentido leve, não sabia como iria voltar ou como iriam me receber, eu apenas iria...bem eu iria correr.

E foi isso que eu fiz.


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Notas finais do capítulo

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