A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olhando abaixo de um céu celestial
Lágrimas silenciosas e cristalinas eu choro
Por todos aqueles que vão dizer seu último adeus - Ao Paraíso

Musica tema: Paradise Lost --Symphony X



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Sob um céu sem estrelas todo o Amor deve morrer

E desaparecer

*

Por um momento cheguei a pensar que esse seria o fim, definitivamente se parecia com algo perto do fim do mundo. O céu, se encheu de um incandescente brilho, que fizeram meus olhos lacrimejaram, percebi a sombra de Ian, largar a espada e se ajoelhar de frente a toda luz que vinha de lugar nenhum. O ar ficou mais denso, fresco e a dor abaixo da minha costela era apenas algo secundário.

Enquanto eu andava, o mundo parecia ter se silenciado, nem mesmo minha respiração era ouvida.

“ A criadora” uma voz cantou dentro da minha mente, era tão bela que me fazia querer chorar, suave como se envolvida em seda “Ouvimos um chamado, quem nos convoca?”

Eu apenas encarava aquela cena completamente improvável, com o vento gélido vindo de lugar nenhum me fazendo cócegas. Por fim, quando minha visão foi se alargando, a se acostumando com tamanha claridade, pude por fim notar o que estava flutuando algumas metrôs a minha frente; eram três deles, parados em uma posição em V enquanto suas asas batiam de forma lenta, como de alguma ave majestosa. Eles eram iguais, a mesma glória, a mesma beleza divina e os olhos como pedras preciosas, brilhantes tais como suas asas.

Esperavam uma resposta, a minha resposta.

“ A criatura, ela os chamou com um proposito não muito...bom”

“ Sabemos” disse a mesma voz, com um tom um pouco mais agudo “Enquanto houve monstros andando sobre a terra, os humanos jamais poderão ser completos ou perfeitamente puros”

“ Os humanos jamais poderão ser perfeitos, é isso que nos torna...o que somos”

Ouve uma risada, como a balada de mil sinos em minha mente.

“ Você não é humana Nora Darlly, sua linhagem remota dos tempos antigos e do sangue da Criatura. Você mais do que todos é imperfeita”

Eu sabia disso, mas ouvir de tal divindade me fez sentir como algum parasita no mundo.

“ De fato, mas nunca pedi para ser assim” – não sabia porque estava enfrentando um...anjo, caramba isso era tão absurdo, queria calar a boca, mas meu orgulho falava mais alto.

“ Isso foi nescessario, o mundo precisa da sua impureza”-disse por fim, sem um pingo de irritação “Mas A Criatura, sabemos de seu propósito e não ficamos nem um pouco feliz, em saber que tal ser profano quer nos escravizar”

“ O monstro precisa dormir...eternamente”- era uma outra voz, um pouco mais forte que me fez engoli em seco, enquanto eles flutuavam a minha frente sem nem mesmo piscar ou mexer os lábios, enquanto falavam. Sentir um calafrio estranho por todo meu corpo “Ele não irá mais incomodar, nem ele e seus seguidores”

Ousei olhar para baixo, onde os Markers estavam completamente paralisados, olhando para cima com seus olhos vidrados, eles pareciam estátuas de gelo. Os seguidores da Criatura estavam caídas de lado, os prédios que antes estavam em chamas pareciam apenas ruínas escuras, o fogo tinha cessado. Tudo parecia estar em uma alarmante calma.

Ousei olhar para baixo, onde os Markers estavam completamente paralisados, olhando para cima com seus olhos vidrados, eles pareciam estátuas de gelo. Os seguidores da Criatura estavam caídas de lado, os prédios que antes estavam em chamas pareciam apenas ruínas escuras, o fogo tinha cessado. Tudo parecia estar em uma alarmante calma.

Deixei meus olhos vagaram pelo terraço, onde alguns metrôs o corpo de quem eu pensava ser Tom estava caído, sua cabeça rolara para seus pés, poderia ter sido uma cena chocante, mas eu não sentia nada. A Angelus Lacrymin estava perto, tão perto que se eu agachasse eu conseguiria tocá-la, mas não ousei fazer tal coisa. Por fim Ian, ele ainda estava caído em seus próprios joelhos, mas seus olhos estavam em mim, petrificados, enormes e talvez tão brilhantes quando as asas dos anjos a nossa frente.

Lhe abri um sorriso tremido, enquanto o mesmo abaixa os olhos para onde a espada da Criatura tinha me perfurado, eu não sentia dor alguma mas o tecido estava manchado com meu próprio sangue impuro, e a poça de sangue ainda manchava o chão. Ian não parecia saber muito bem como lidar com aquilo tudo.

“ Acho que você sabe o que tem de acontecer” a mesma voz me tirou do estupor, nada diz, porque eu não sabia, apenas tinha certeza e isso me assustava “Sacrifícios são necessários ao longo de qualquer história”

Pisquei enquanto, um dos anjos o mais calado e sinistro de todos ali se deslocou de forma rápida até onde A Criatura estava. Chegando até lá, o mesmo recolheu suas asas, com as mãos tocou no corpo fazendo dali uma pequena nuvem de fumaça surgir. Então, quase na velocidade da luz, ele bateu suas asas, voltando a seu lugar.

“ Tudo acabado”

Me sentindo estúpida, engoli em seco.

“ O que...o que aconteceu a ele?”

“ Está no lugar onde nunca deveria ter saído” sua voz era profunda, assombrosa e escura. Resolvi manter silêncio, não querendo saber que lugar era esse. Por fim o mesmo olhou para os outros dois ao seu redor, e de forma elegante bateu as asas “Irmãos”

“ A criadora, pegue Angelus” eu sabia que ela estava se referindo a espada, e não hesitei me agachar e pegar seu metal frio e pesado. Ouve um minuto de silêncio, enquanto encarava seus desenhos meticulosamente esculpidos “ Nora Darlly, faça o que você foi nascida para fazer”

E como se uma luz acendesse em minha mente, eu era a chave para o início da destruição e também era o fim. Se a criatura se fosse, eu também deveria ir, pois meu sangue ajudou na formação do caos, meu sangue iria sacrificar os anjos. Eu terei de ser punida, eu terei meu fim.

Eu entendi o recado, “Faça o que você foi nascida para fazer” eu era uma criadora, teria de criar. A Angelus Lacrymin agora em minha mão, nada mais era que uma massa mole, mesmo assim brilhante. Sem pensar, aos poucos minhas mãos foram trabalhando na massa mole, que em alguns minutos se transformou em uma afiada e perigosa adaga, que brilhava sobre o brilho estrelar das asas.

“ Salve-se Nora, você terá paz, você será limpa” a voz não era insistente ou irritante, era apenas...terna “Você irá trazer uma nova era, sem pesadelos, sem tragédia...seus amigos estarão a salvo finalmente, você estará. O mundo depende de você, para novamente renascer”

Engoli em seco, enquanto meus olhos enchiam de água. Eu não queria morrer, eu não queria dizer adeus, mas não queria ser egoísta. Mas eu sabia, assim como os anjos, que eu de qualquer forma estava condenada, nunca teria chance de sobreviver ao corte que A Criatura de meu, eles apenas estavam tentando me fazer ser digna do paraíso.

Isso soava tão patético.

Caminhei em passos curtos até a beirada do prédio, olhando abaixo para tamanha altura e sentido minha cabeça rodar. Eu não tinha escolha, era a mim ou eles, olhei na direção de Ian e claro, eu escolheria sempre eles. A adaga que eu mesma tinha criado para meu próprio fim formigava em minhas mãos, era difícil fazer isso, enquanto Ian me encarava, seus olhos negros afiados e cheios de uma tristeza que queria me fazer correr até ele e dizer que tudo ficaria bem.

Mas nada ficaria.

Eu queria ter sido melhor, dizer a ele que todas as rosas azuis que tinha me dado estavam na minha cabeceira, dizer o quando eu...bem, óbvio que eu o amava, talvez desde do primeiro dia em que o tinha vista, saberia que ele era meu guardião, meu eterno guardião nessa terra. Agora o ver com lagrimas cristalinas me fez suspirar. O Adeus é tão difícil, por isso tem de ser breve.

Ainda encarando em sua direção, eu surrei, esperando, tentando esperança de que ele ouvisse ou lesse meus lábios.

“ Eu te amo”

O mesmo cambaleou e ficou de pé, caminhando em minha direção, o que havia dentro de seus olhos, o tamanho assombro e terror me fez querer gritar e correr em sua direção, mas isso não mudaria o que eu tenho de fazer. Ouvi dentro da minha mente, os anjos sussurrarem entre si.

“ O amor é uma tragédia”

Talvez fosse, mas já era tarde. Não olhei para baixo, mas consegui ouvir alguns gritos chamando meu nome, gritos, gritos, desespero, desespero, Ian...Ian....

Eu gritei enquanto caia, antes disso tinha sentido o roçar de mãos em meu pulso, mas já era tarde. O céu piscando em estrelas como se me dando adeus.

E Ian estava gritando apesar de tudo.

A queda foi fácil, a dor parecia desaparecer enquanto eu despencava em direção ao chão, com o vento me dando um último abraço.

A morte era tão simples, bem mais simples que a própria vida.


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Notas finais do capítulo

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