A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Eu nunca fui bom nisso, não levo jeito para dizer que tudo vai dar certo e que nenhum desastre vai acontecer.



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Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, talvez isso tudo fosse um pesadelo e logo eu acordaria com alguma explosão vinda do laboratório do tio Charles, ou com o cheiro da deliciosa comida Fiona, quem sabe até mesmo com meus pais cantarolando sob o corredor...

Mas não, tudo isso era terrivelmente real, até mesmo as chamas que novamente parecia me perseguir.

– Mas o que você fez?-sussurrei sem saber se a besta iria conseguir ouvir, mas eu não me importava, tudo que importava era o inferno que estava sob a cidade. De alguma forma aqueles cadáveres conseguiram me fazer cair em total escuridão, quando acordei estávamos em um dos prédios mais altos de toda Cantis Shard, se não fosse por todo horror eu poderia dizer que a vista era realmente linda.

Tudo estava em chamas, desde os prédios a pequenas e casas. Havia alguns corpos de moradores caídos na rua, outros gritavam enquanto corriam até o porto, dirigíveis estavam caídos pelos becos, havia grito e choro, maldições contra aquele que trouxe isso a cidade, a criatura. Pelos esgotos saiam estranhas pessoas, cujo rosto apodrecido não emitia som algum, apenas se arrastavam pela rua, fazendo as pessoas desmaiarem e serem consumidas pelo fogo, que parecia querer tocar o céu que essa noite sem estrelas eram vermelho scarlate.

– Contemple Nora -sussurrou em meus ouvidos, fazendo arrepios passarem sobre minha espinha -Contemple a chegada de uma nova era.

Meus olhos ardiam e minha pele pinicava mas isso não era importante, o que importava era tentar reverter todo o inferno que parecia subir até a rua. Olhei para onde estávamos, e havia alguns sombras de guarda até as escadas que nos trazia até o parapeito do prédio, era sombras vazias de um negro que parecia engolir o que estivesse por perto. Logo abaixo na rua, aquelas mesmas criaturas robóticas estavam parados em fileiras, que também era preenchida pelos cadáveres ambulantes.

– O que está esperando! -gritei por fim me sentindo irritada. Ele que estava não na sua forma normal e sim como meu irmão Tom, olhou em direção ao grande relógio da cidade, que não parecia belo ou exuberante, mas sim amedontrador.

– Isso! -gargalhou ele rugindo para o céu, enquanto o relógio badalava meia-noite. Mas não era qualquer som, se parecia com um mistura de falas, e aquela mesma música que parecia sempre me assombrar começou a ser tocada, mas não apenas na minha cabeça, a cidade toda parecia ouvir também.

Era estranho e atormentador, mas no horizonte que queimava em labaredas douradas eu os vi; eles pareciam um exército marchando para a própria morte. Se parecia que estavam todos ali, com Lovalece os liderando, ela parecia uma líder suprema, enquanto atrás de si milhões de Markers caminhavam de forma silenciosa, empunhando espadas e outras adagas brilhantes.

Talvez eles conseguissem salvar o mundo que queimava.

Quanto mais a música aumentava, minha visão ai ficando turva e o sentimento de estar caindo no sono se aproximava, me deixando quase inconsciente.

– Nora! -alguém gritou, me trazendo de volta. Arregalei os olhos, tentando manter minha mente limpa, enquanto Ian não muito longe gritava meu nome, ele estava ao lado do seu irmão, que com repulsa olhava a cena a sua frente, Susan com os cabelos presos em um coque apertado, estava ao lado de Charles que trazia na cintura muitos objetos mecânicos estranhos e até mesmo Fiona parecia disposta a lutar, enquanto brincava com uma faca brilhante sob as chamas da cidade, ela sorria.

– Olha quem finalmente em séculos e anos resolveu se mostrá-la voz de Lovalece parecia ter poder sobre a música acima de nossas cabeças -Digo que isso não me surpreende, sempre desconfiei do primogênito dos Darlly, agora minhas dúvidas se cessaram, será um prazer ter sua cabeça como decoração em meu escritório.

A criatura riu, enquanto o Lacrymus Angelus ganhava força em seus mãos.

– Tente me pegar...velhota!

Foi então que o caos definitivamente começou. Os Markers seguiram atacando, enquanto aquelas coisas robôs pulavam para cima deles e os cadáveres resmungavam, mas onde a lamina de Ian ou até mesmo de Fiona passava eles se partiam em dois. Ao longe, no mar que parecia tão vermelho quando o céu havia um navio, certamente os cidadões que conseguiram sair vivos estavam neles.

Isso me deixou mais em paz.

Enquanto saia da beirada do prédio, senti alguma coisa pinicar minhas costas, pinicar com força para sair sangue.

– Ótimo, só preciso drená-la, para que meu trabalho comece.

Me senti sorrir, enquanto encarava seu rosto tão familiar e ao mesmo tempo tão repugnante.

– Tente me pegar...Criatura.

Não sei o que deu em mim, mas de alguma forma consegui passar por debaixo dos seus braços deslizando até a outra ponta do prédio onde havia algumas barras de ferra enferrujadas, as peguei as usando como uma espada. Ele apenas observou, enquanto seu exercito de sombras se aproximava.

– Não! Tratem da escória lá embaixo, eu quero matá-la com minhas próprias mãos.

Enquanto as sombras se dissipavam no ar, cerrei meus olhos, segurando a barra como um escudo, fora a melhor coisa que consegui achar.

– Nunca fui uma pessoa violenta, mas terei o prazer de enfiar isso na sua guela maldito!

Ele gargalhou, tentei não transparecer meu medo, acho que funcionou.

– Isso será divertido.

Ele gritou, enquanto pulava em minha direção com a Lacrymus Angelus apontada para minha cabeça, mas consegui colocar a barra de ferro no caminho, o que o fez dar alguns passos para trás, enquanto eu deslizava até a beirada do prédio. Consegui visualizar como estavam as coisas, e posso dizer que não eram bonitas, os Markers pareciam ter dificuldades em ganhar essa.

Gritei me pondo de pé, e conseguindo lhe chutar no peito e pular em sua direção, tentando arrancar a espada de suas mãos, ele tossiu enquanto parecia brincar com a minha cara.

– Abutre! Quero ve-lo queimando no inferno! -gritei enquanto conseguia empurrá-lo para trás e deixar sua cara ensangüentada, com a força que eu tinha em minhas mãos, ele nem se incomodou de limpar o sangue que saia de um corte em seus lábios, diferente disso ele o lambeu. Nojento.

– Mas nós estamos no inferno Nora, ainda não percebeu -ele gargalhou, enquanto a zonzera em minha mente voltava ele batia em meu rosto, me fazendo voar e bater a cabeça com força na parede suja de tijolos. A música cessava em minha mente, deixando tudo enevoado, só percebi sua sombra acima de mim, empunhando a espada até meu coração -Isso Nora, ajude-me a chamar os anjos...

Não eu queria gritar, mas minha cabeça rodava em um clarão cegante, cheio de música e falas das quais eu não entendia nada. Eu não consegui gritar, mas alguém gritou por mim.

– Não! Afaste-se dela! -mas já era tarde demais, eu apenas gritei enquanto sentia a ponta de algo afiado se infiltrar dentro do meu peito, e algo molhado e quente encharcar meus dedos. O clarão se cessou, a música parou...a Criatura gargalhou, enquanto pelo canto dos olhos eu consegui ver Ian rugir enquanto decepava a cabeça de quem deveria ser Tom.

Mas já era tarde, tarde demais....o céu explodiu de vermelho para um azul incandescente que me fez suspirar, enquanto Ian gritava.

Os anjos estavam chegando.


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Notas finais do capítulo

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