Melanie levantou por volta das sete. Vestiu a blusa de Flack, fez sua higiene e foi fazer o café. Dez minutos depois, sentiu Flack beijar seu pescoço.

– Bom dia, Don.

– Bom dia. Bonita sua blusa.

– Você gostou?

– É bem legal.

– Sente-se, o café está pronto. – Flack sentou e Melanie colocou as coisas na mesa.

– Nossa, você caprichou, hein?

– Obrigada. Nunca tenho companhia para o café, hoje resolvi caprichar.

Os dois tomaram café e depois foram para a sala.

– Essa é a sua mãe? – ele perguntou pegando um quadro com a foto de Esther e Melanie.

– É sim.

– Vocês se parecem muito.

– Você acha?

– Sim. O que ela fazia?

– Ela era bailarina e pianista.

– Nossa!

– Ela me ensinou a tocar piano, só que eu não toco desde que ela morreu.

– Eu adoraria te ver tocando. – ele disse lhe dando um beijo.

– Qualquer dia, quem sabe? Agora nós precisamos trabalhar. Vou tomar banho.

– Eu vou pra minha casa. Pode tirar minha blusa?

– Posso. – ela disse tirando a blusa e ficando apenas de calcinha e sutiã. – toma.

– Não temos mais um tempinho? – ele disse a puxando pela cintura. Ela percebeu que ele estava começando a se animar.

– Não. – ela disse se desgrudando dele.

– Que droga!

– Você só pensa nisso? Não consegue se controlar?

– É meio difícil quando se tem uma mulher linda só de calcinha e sutiã na sua frente.

– Nos vemos no laboratório, okay?

– Okay. – ele colocou a blusa, pegou suas coisas e foi embora. Ela foi tomar banho. Quando Melanie chegou ao laboratório, ouviu a moça da recepção lhe chamar.

– Detetive Lewis?

– Oi Cinthia.

– Correspondência pra você. – ela disse lhe entregando a carta.

– Obrigada Cinthia. – Melanie entrou no elevador e rasgou o envelope. Era um convite de casamento. Tirou o laço branco e leu o que estava escrito. Chegou até o andar e não tirou os olhos do convite, o que a fez trombar com Don.

– Cuidado. – ele disse.

– Ah, oi.

– O que você estava lendo de tão interessante?

– Um convite de casamento de dois amigos meus.

– Legal.

– Você quer ir comigo? – ela perguntou.

– Eu não fui convidado.

– Pode levar um acompanhante.

– Quando vai ser?

– Daqui duas semanas.

– Tudo bem, eu vou. Como eu tenho que ir nesse casamento?

– Dê uma olhada nesse convite e tire suas conclusões. – disse mostrando-lhe o convite, que parecia ser caríssimo.

– Okay. Vou ver o que posso fazer.

O dia do casamento havia chegado. Melanie entrou no banho por volta das nove da manhã, pois o casamento seria às onze. Comprou um vestido azul claro longo de apenas uma alça e uma sandália de salto prata. Havia acabado de sair do banheiro quando escutou seu celular tocar. Era Flack.

– Oi Don.

– Oi. É, eu estou aqui na porta da sua casa...

– Como você é rápido. Sabe esse vaso de flores que tem ai do lado da porta?

– Sei.

– Então, tem uma chave debaixo dele. Pode entrar e ficar à vontade. Estou me trocando.

– Tudo bem. – Flack pegou a chave e entrou. Sentou-se no sofá e ficou observando a casa. Enquanto isso, Melanie colocava seu vestido e fazia uma leve maquiagem. Em trinta minutos, ficou pronta e desceu.

– Oi Don.

– Nossa! – ele ficou sem reação ao vê-la linda daquele jeito.

– Como eu estou?

– Maravilhosa.

Ela se aproximou e lhe deu um beijo.

– Vamos?

– Sim.

– Vou pegar minha bolsa. – ela pegou a bolsa e os dois foram para o casamento, que seria na casa dos pais de Tyler, uma mansão com o jardim enorme. Flack estacionou o carro e desceu. Foi até o outro lado para abrir a porta para Melanie. Apresentaram o convite aos seguranças e entraram. Havia muitas pessoas no jardim.

– Eles chamaram Manhattan inteira pra essa festa?

– Mais ou menos. Eles têm muitos amigos.

– De onde você os conhece?

– Estudei com eles no colegial.

– Entendi. Não é aquela sua amiga? – disse.

– É sim. Savanah! – chamou.

– Oi Mel. – disse dando-lhe um abraço. – oi Flack.

– Olá.

– Onde está a Bonnie?

– Voltou para Londres. O pai dela não está nada bem de saúde.

– Coitado.

– Olhem lá! Vamos falar com os noivos?

– Vamos. Vamos, Don?

– Onde? Eu não estou vendo. – os três andaram até onde os noivos estavam.

– Olha lá. – Mel disse mostrando-lhe os noivos.

– Ah, você não me contou que eram dois homens que iriam se casar.

– Está chocado?

– Não. Nunca fui num casamento deste tipo. Vai ser divertido.

– E como!

– Ai meu Deus! Melanie! Eu pensei que você não viria! – disse Tyler indo até Melanie e dando-lhe um abraço. – quanto tempo! Eu estava morrendo de saudades de você!

– Eu também estava com saudades, Tyler. Parabéns!

– E esse, quem é? Seu namorado?

– Esse é o Don.

– Prazer. – disse Don, apertando-lhe a mão. – felicidades.

– Obrigado.

– Oi Mel! – disse Cedric, que era um pouco mais resevado, dando um abraço na amiga. – faz tempo que não nos vemos.

– Faz mesmo, quase um ano. Parabéns pra vocês, que possam ser muito felizes.

– Obrigado. Oi, sou Cedric. – disse apertando a mão de Don.

– Prazer. Don Flack.

– Eu só quero te pedir uma coisa: faça essa mocinha feliz, senão eu quebro a sua cara. – disse Tyler virando-se para Flack.

– Tyler! Por favor, olhe os modos. – disse Cedric.

– Eu vou fazê-la feliz, pode deixar. – ele disse olhando para ela, que estava sem graça. Logo, chegaram os outros amigos do tempo da escola e da faculdade e eles ficaram conversando e relembrando os velhos tempos. Melanie se surpreendeu quando viu Robert na festa.

– Oi gente. – Robert disse.

– Rob! Que bom que você veio!

– Eu não ia perder o casamento do irmão do meu melhor amigo, Tyler. – ele disse, sem tirar os olhos de Melanie, o que deixou Don bravo.

– Mel, vamos ao banheiro? – disse Savanah.

– Tudo bem. Eu já volto. – ela disse a Flack.

– Demore bastante. – disse fuzilando Robert com os olhos.

As duas foram ao banheiro e Savanah não entrou na cabine.

– Não vai entrar?

– Eu quero saber o que está acontecendo.

– O quê?

– É impressão minha ou o Don está querendo cortar a cabeça do Robert? Ele está morrendo de ciúmes dele!

– Eu contei para o Don sobre o caso que eu tive com o Robert na faculdade e o que ele fez comigo. O Robert vem insistindo para eu sair com ele e o Don não está gostando disso.

– Sendo disputada por dois homens... Olha o seu poder.

– Savanah!

– Desculpa. Vamos voltar antes que os dois se matem. – ela riu. As duas se juntaram novamente ao grupo, que agora estava um pouco disperso. Flack bebia uma taça de champagne enquanto conversava com Bob, que havia chegado quando Mel e Savanah estavam no banheiro. Bob era um dos melhores amigos de Peter.

– Mel? Olha só pra você! Está ótima!

– Oi Bob. Você também está ótimo. Onde está sua esposa?

– Ah, ela está com o Tyler.

– Hum. Como vai sua vida?

– Boa. Eu te contei que vou ser pai?

– Não! Que notícia maravilhosa! Parabéns.

– Obrigado.

– Vocês se conhecem? – perguntou Melanie.

– Ah, nos conhecemos sim. Ele salvou a vida da minha mulher um tempo atrás. – explicou Bob.

– Ah, é?

– Sim. Ela ficou no meio de uma troca de tiros.

– Eu só a tirei de lá. – disse Don.

– Olha só quem está vindo pra cá. – disse Bob, olhando para Robert que caminhava na direção dos três.

– O que esse cara quer aqui? – disse Flack exaltado.

– Oi gente. – Robert disse parando perto de Melanie. – Oi Bob, quanto tempo.

– Pois é. – disse Bob, sem dar muita importância.

– Vou ao banheiro retocar meu batom, já volto. – disse Melanie, indo ao banheiro. Quando estava saindo, deu de cara com Robert.

– Está fugindo de mim, Mel? – ele disse segurando seu braço.

– Me solta, por favor.

– Não, vamos conversar lá em cima. – disse a levando pelo braço para o andar de cima da casa e entrando em um quarto.

– Eu não quero conversar com você.

– Mel, não acredito que você está transando com esse cara. – disse trancando a porta.

– Isso não é da sua conta.

– É sim. Mel, eu te amo. Sempre te amei.

– Não cuspa as palavras, Robert. Eu sei que é mentira. – ela disse se afastando.

– Você não sabe nada sobre mim. Me dê uma chance.

– Eu já disse que não.

– Mel. – ele disse passando as mãos em seu ombro.

– Não me toque, Robert. – ela disse indo para a porta, mas ele havia trancado.

– Somos só nós dois. Vamos nos divertir.

– Me deixe em paz, que droga! Eu não quero falar com você. Não quero dormir com você! Pare de me seguir!

– Eu quero você só para mim, Melanie. Você vai ser minha.

– Eu nunca serei sua. Você está obcecado! Tem que se tratar. – ela disse encostando-se à janela.

– Você tem razão, Mel. Se você não for minha, não vai ser de mais ninguém. – ele disse a empurrando da janela. Ela caiu em cima das flores do jardim, perto de onde Flack e Bob estavam. A maioria dos convidados da festa já haviam ido embora. Robert saiu sem ser percebido.

– Mel! – disse Flack correndo. A encontrou desacordada e imóvel. – chamem um médico!

Savanah foi correndo até onde estavam todos.

– Não toquem nela, por favor. – ela disse. Tirou o celular da bolsa e discou para a emergência. – o que aconteceu aqui? Ela perguntou assim que desligou o celular.

– Alguém a jogou de lá de cima. – disse Flack.

– Eu vi o Robert a levando lá para cima. – disse Thomas. – eu não sei se ele seria capaz de fazer isso.

– Qual é, Thom! Ele estava obcecado pela Mel. Queria a qualquer custo reconquistá-la. – disse Josh, outro amigo. – lógico que ele seria capaz de fazer isso. Até parece que você não o conhece!

– Ainda mais que ele a viu com o detetive ai. Deve ter ficado louco.

O resgate chegou e levou Melanie ao hospital. Flack e Savanah foram junto. Ela ainda estava desacordada e respirava com dificuldades quando chegou ao hospital.

– Flack, fique aqui. Eu vou cuidar dela, eu prometo. – disse Savanah.

– Por favor, não deixe ela...

– Cala essa boca e não termine essa frase. Trate de encontrar esse filho da mãe. Está me ouvindo?

– Sim. – Savanah entrou para fazer os exames em Melanie enquanto Flack avisava o resto da equipe. Logo, eles começaram uma caçada a Robert.

Mac e Danny foram até a casa de Robert, mas ele não estava lá.

– Mac? Olha o que eu achei. Uma passagem para a Austrália no nome de Kevin Austin.

– Ele deve estar usando nome falso. O que será que tem atrás desta porta?

– Vamos ver. – os dois entraram no quarto e tiveram uma surpresa. Robert estava seguindo Melanie desde a morte do noivo há quase um ano.

– Esse cara é doente... Tirou fotos dela até no funeral do noivo. Saindo do salão, do departamento, da casa do pai, almoçando com a amiga...

– Não foi à toa que ele pediu aos superiores dele lá no FBI que ele fosse o enviado pra ficar no nosso pé no caso do político. Ele queria ficar perto dela. Só que ele não contou que ela já estaria envolvida com outro cara.

– Flack.

– Exato.

Mac avisou para fecharem todas as saídas da cidade, tanto área quanto terrestre. Enquanto isso, Savanah lutava para salvar a vida de Melanie. Flack estava sentado num banco, olhando para o teto, quando um senhor bem velhinho sentou-se ao seu lado.

– Você está bem, meu jovem? – ele perguntou.

– Não.

– O que aconteceu?

– Minha companheira foi jogada de uma janela do segundo andar de uma casa por um maluco e está na cirurgia. Estou preocupado com ela.

– Ela vai ficar bem. Tenha fé em Deus. Como você se chama?

– Don Flack.

– Sou Isaac Mathews.

– E o senhor, porque está aqui?

– Minha esposa está internada. Ela tem câncer terminal. Os médicos não me deixaram entrar.

– Eu sinto muito.

– Ontem ela se despediu de mim. Sinto que ela já se foi. Eu a amo tanto... Foi a única mulher que eu amei na minha vida inteira. Sempre tomei cuidado para nunca machucá-la de forma alguma. Mais você não deve querer escutar as lamúrias de um velhaco como eu.

– Tudo bem, senhor. Pode falar.

– Você a ama?

– Eu... Sabe, a Melanie é uma mulher incrível. Desde que outra companheira minha foi morta, eu procurava todas as noites consolo nos braços de outras mulheres, muitas vezes, prostitutas. Ai eu conheci a Melanie e ela foi entrando na minha vida devagar e agora, eu acho que eu não consigo mais viver ser olhar para aqueles olhos verdes.

– Você a ama. Vejo o brilho no seu olhar quando fala dela. Espero conhecê-la um dia. Ela deve ser muito especial.

– Ela é.

– Senhor Mathews? – chamou a enfermeira. – sua esposa quer vê-lo.

– Deixa eu ir. Foi muito bom conversar com você, meu jovem. Sorte pra você e para a Melanie.

– Obrigado. – o senhor foi embora e um outro homem chegou na recepção do hospital.

– Olha, minha filha está na cirurgia. O nome dela é Melanie Lewis. Pelo amor de Deus, como ela está? – ele perguntou para a moça, estava desesperado.

– A doutora Pierce ainda está com ela na cirurgia. Aguarde ali. Aquele detetive chegou com ela. – disse apontando para Flack.

– Olá, senhor Lewis. Sou Don Flack.

– Sou James. Nenhuma notícia dela?

– Ainda não.

– Foi o Robert quem fez isso, não foi? Eu mato aquele filho de uma mãe.

– Estamos atrás dele. Ele não vai escapar, eu prometo. – os dois se sentaram e dez minutos depois, Savanah apareceu.

– Oi senhor Lewis.

– Savanah! Como está minha filha?

– Bem. Consegui parar o sangramento interno. Ela teve duas costelas quebradas e o braço direito, mas ela está bem. Se quiserem vê-la, fiquem à vontade, só que entrem um de cada vez.

– Obrigado. – Flack disse. Nessa hora, recebeu um telefonema de Mac.

– Oi Flack, pegamos o desgraçado. Ele já está preso.

– Excelente notícia, Mac.

– Como ela está?

– Acabou de sair da cirurgia. Ela vai ficar bem.

– Estamos indo visitá-la. Até mais.

– Até, Mac. – ele desligou o telefone. – o senhor pode entrar.

– Obrigado. – James entrou e ficou lá vinte minutos. Depois foi a vez de Flack, que aproveitou para comprar flores para Melanie.

– Oi Mel. – ele disse deixando o buquê em cima da mesa. – como você está?

– Melhor. Obrigada pelas flores, são lindas.

– O Robert está preso.

– Isso é uma notícia boa. Sabe o que ele me disse? Que se eu não fosse dele, não seria de mais ninguém. Ai ele me jogou de lá de cima e eu não me lembro de mais nada.

– Ele é louco. Mais não faça muito esforço.

– Tá. – ela sorriu e ele beijou os lábios de Melanie com delicadeza. Nessa hora, o pai dela entrou.

– Ah, eu não queria atrapalhar. – ele disse um pouco constrangido.

– Não está atrapalhando, pode entrar. – ela disse.

– Não sabia que estava namorando.

– Nem eu. – ela sorriu.

– O pessoal está vindo pra te ver. – Flack comentou.

– Espero que você seja o cara certo dessa vez. – James disse.

– Pai, por favor.

– Estou fazendo o possível, senhor.

– Não magoe minha princesinha, ouviu? Ela já sofreu demais.

– Sabe qual é o problema do meu pai? Ele pensa que eu sou uma garotinha. Ele se esqueceu de que eu já tenho quase trinta anos. – ela riu.

– Pra mim, vai ser sempre uma menininha. – ele disse cruzando os braços.

Depois, Mac e os outros chegaram e ficaram até Savanah expulsá-los do quarto. Flack disse a James que poderia ir para casa, que ele ficaria com Melanie, então James foi embora.