Recomeçar escrita por mybdns


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novinho em folha pra vocês, meus amores. Beijos May ♥



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Mel não acreditou quando viu James na porta de sua casa. Ele não fazia contato há meses e ela nem conseguiu lhe contar sobre o bebê.

– Pai, onde você se meteu? Eu tentei te ligar, eu estava quase indo atrás de você!

– Não se preocupe, Mel. Eu estou vivo.

– Sério? - zombou. - pensei que fosse um fantasma.

– Posso entrar? E olhe como fala comigo menina.

– Pode.

– Porque você não atendeu meus telefonemas? As mensagens, eu cheguei a te escrever uma carta, sabia?

– Eu sinto muito, eu precisei me desligar do mundo. Estou tão confuso. Olha só o que eu perdi. Você está grávida...

– Faz cinco meses já.

– É o que?

– Menino.

– Isso é bom. Onde está a Hazel e o Don?

– Estão lá fora, terminando a casa na árvore. Sente-se. Me conte porque você sumiu, onde está a Angeline?

– Ela teve que ir para Paris. Está lá a um mês. Eu vou passar alguns dias aqui, tudo bem?

– Claro, pode ficar quantos dias você quiser.

– Então eu soube que você encontrou aquele... quer dizer seu pai.

– Não foi porque eu quis. E como você ficou sabendo disso?

– Jornais.

– Hum. Por isso que você veio?

– Mel, eu não quero que você... Se aproxime deste homem.

– Ele não me pareceu ser o monstro que você disse.

– Mais ele é. Ele quer ganhar sua confiança. Você é tão inteligente... Porque não percebe isso?

– Pai! Você está ficando completamente maluco! Você está com medo que eu te troque por ele?

– Claro que não! Não sou uma criancinha.

– Está parecendo. Eu só vou conversar com ele. Conhecer meus irmãos. Só.

– Melanie, não faça isso comigo, eu estou morrendo.

– Deixe de ser bobo. E não precisa ficar inventando essas coisas pra me deixar com pena de você.

– Tudo bem.

– Vovô! – disse Hazel indo até o avô.

– Oi menina. Como você está?

– Bem e você?

– Eu estive melhor.

– Vovô, você viu, eu vou ganhar um irmãozinho.

– Eu vi, e você está feliz?

– Muito feliz.

– Isso é ótimo. Oi Don, tudo bem?

– Tudo Sr. Lewis. E o senhor?

– Eu já estive melhor.

James ficou o resto da noite tentando convencer a filha de que não era uma boa ideia se aproximar de Grigory, mas Melanie era teimosa e estava decidida a dar uma chance ao pai biológico. No dia seguinte, foi almoçar com Grigory num restaurante Italiano na Broadway.

– Fico muito feliz que tenha vindo, Melanie. – ele disse.

– Você deu sorte, pois estou de folga hoje. – ela disse se sentando. Um dos garçons lhes entregou o cardápio.

– Isto é ótimo. Então, de quantos meses você está?

– Cinco. Vai ser um menino dessa vez.

– Que maravilha!

– Há quanto tempo você está com o... Como é mesmo o nome do seu marido?

– Don.

– Então há quanto tempo vocês estão juntos?

– Cinco anos.

– Olha você se parece tanto com a Esther... Parece que eu estou a vendo em minha frente, com alguns centímetros a menos.

– Muitos centímetros a menos. – ela riu..

– Oh, sim.

– Como você e a minha mãe... Se conheceram?

– Nós éramos vizinhos. Eu morava em Leningrado, quer dizer, São Petesburgo, daí eu resolvi largar tudo pra morar em Moscou.

– E o que você fazia antes de morar em Moscou?

– Eu trabalhava numa biblioteca.

– E o que fez você ir para Moscou?

– Eu queria me tornar um escrito famoso. Achei que lá teria mais oportunidades.

– Entendi.

– Eu juntei um bom dinheiro e comprei um apartamento. Eu estava na janela, estava tão frio... Foi quando a vi pela primeira vez, dando giros pela sala de sua casa. Ela era tão linda... Eu me aproximei, nós começamos a conversar e sete meses depois, começamos a namorar. Só que eu me envolvi com uma gente barra pesada. Comecei a vender drogas, a consumi-las. Me tornei uma pessoa desprezível, me tornei um monstro. Eu comecei a bater em sua mãe e a estuprei. Eu devia dinheiro para os traficantes. Até o dia em que ela me contou sobre a gravidez. Eu estava sob efeito de heroína. Eu bati nela mais uma vez e mandei-a sumir. Ela levou a sério. Arrumou suas coisas, vendeu todas as suas belas joias e foi embora para cá. Depois de alguns meses eu me dei conta do que eu tinha feito. Peguei dinheiro emprestado com uns amigos e vim atrás dela, mas ela já estava com o policial. Eles me deram dinheiro para eu sumir. E eu aceitei. Quando você nasceu eu fui até o hospital e prometi que não iria estragar sua vida como eu fiz com a da Esther.

– E como conseguiu tratamento?

– Eu virei mendigo. Ai eu conheci a Amelia, ela era assistente social e me ajudou a dar um rumo em minha vida. Nós nos apaixonamos e nos casamos, três anos depois.

– Fico feliz que tenha se recuperado. E os seus filhos?

– Oh. Temos o Lucas, o mais velho. Ele é Engenheiro Civil, tem trinta anos e tem um filho lindo chamado Samuel, que tem oito meses. Depois, bem mais tarde vieram os gêmeos que você viu. Vicent e Hannah, eles tem dezoito anos, os dois estudam na Universidade de Nova York. A Hannah faz Designer de Moda e o Vicent faz Engenharia Ambiental. Eles brigam um pouco, mas isso é normal.

– É sim. – ela sorriu. Eles fizeram seus pedidos e almoçaram normalmente.

– Eu adoraria conhecer sua filha.

– Você vai conhecê-la. Eu só preciso conversar com ela primeiro, explicar tudo o que aconteceu.

– Faça isso. Foi uma excelente conversa, Melanie, eu lhe agradeço por ouvir os conselhos de minha esposa e vir almoçar comigo.

– Todos merecem uma segunda chance na vida, Grigory.

– Você tem razão.

– E a sua esposa? O que ela tem?

– Câncer terminal. Os médicos já disseram que ela pode ir a qualquer momento.

– Eu sinto muito, Grigory. Eu sei o que é isso.

– Sabe?

– Sei. Seis anos atrás eu perdi meu noivo para o câncer. Ele tinha leucemia.

– Oh! Quantos anos ele tinha?

– Trinta e um.

– Que jovem! Essa doença é uma desgraça.

– É sim.

– Oh! Eu perdi a noção do tempo! Preciso voltar para o escritório. Foi muito bom conversar com você, Melanie.

– É, nossa conversa foi agradável mesmo. Toma aqui o meu telefone. – disse lhe entregando seu cartão. – qualquer coisa me liga.

– Obrigado. – o homem se animou. – até logo.

– Até. - ele pagou a conta e foi embora. Mel ficou ali por alguns instantes e depois foi para casa.

– Você saiu com ele, Mel? – perguntou James quando ela chegou.

– Sai.

– Eu não acredito.

– Acredite. E ele parece ser uma pessoa descente agora. Ele já errou muito, mas todos nós erramos nessa vida. Todos merecem uma segunda chance.

– Ele é um estuprador usuário de drogas.

– Ele era tudo isso. Agora é uma boa pessoa.

– Você ainda vai se enganar, Melanie. Você um dia vai dizer “você tinha razão, papai”.

– Deixa de ser chato.

– Tudo bem! Não falo mais nada.

– Vovô, porque você e a mamãe estão brigando, hein? - perguntou Hazel descendo as escadas.

– Não estamos brigando, meu bem. É que a sua mãe é muito teimosa.

– O papai sempre diz isso. - a menina riu.

– Mais eu tenho pra quem puxar filha. O vovô é mais teimoso do que uma criancinha mal educada.

– Olha só menina. Sua mãe precisa levar umas palmadas. – Hazel riu.

– Mamãe olha o que eu e o papai compramos para o meu irmãozinho. – ela disse lhe entregando uma caixinha azul.

– Olha só! Um boné dos Rangers. Eu quero só ver quando ele vai usar isso. – disse Mel sorrindo.

– Vocês já escolheram o nome dele? – perguntou James.

– Não. Estamos pensando muito ainda. E analisando cada nome.

– Porque vocês não colocam Ansleigh?

– Como? Ansleigh? Que nome é esse? – riu Mel.

– Era o nome do seu bisavô. Não ria. Quando você era mais nova, lembro-me de que você dizia que se tivesse um filho, ele iria se chamar Axl.

– Axl é um nome bonito.

– Nosso filho não vai se chamar Axl, Mel. – disse Don abrindo a porta da sala.

– Eu sei, é que eu era apaixonada pelo Axl Rose naquela época. Queria fazer uma homenagem.

– Você poderia ser apaixonada por um cara mais normal, não acha?

– Ele era demais, ok?

– Um dia a Mel, a Ronnie e a Savanah foram para Las Vegas assistir a um show do Guns N’ Roses. Sem eu saber. – disse James.

– Você jura? Você parecia ser tão nerd e tão certinha. Você fugiu pra ver o Guns N’ Roses?

– Sim, Donald eu fui para Vegas. E foi divertido.

– Elas tinham dezessete anos.

– Essas adolescentes... – Don riu.

– Vamos tomar café? Hoje vocês dois terão a oportunidade de experimentar as panquecas salgadas do papai.

– Ele cozinha? – espantou-se Don.

– Está zombando de mim, Flack? Olha que eu ainda sei usar uma arma. – brincou.

– Ninguém vai usar arma perto da Hazel. Vamos, peguem seus pratos e saboreiem. – ela disse, por fim. Os quatro ficaram lá rindo e se divertindo até tarde. Depois, cada um foi para o seu quarto dormir. James ficou uma semana na casa da filha e depois foi embora. Três meses se passaram e Mel ficava cada vez mais próxima de seu pai biológico e de seus irmãos. Um dia, Mel andava com Ronnie no shopping, comprando algumas coisas para o bebê quando viu Amber.

– Mais onde está a...

– Você e essa sua mania de falar sozinha, não é mesmo, Mel? O que foi?

– Sabe aquela mulher de casaco vermelho ali parada na praça de alimentação.

– Sei...

– Ela era namorada do Don.

– E daí?

– E daí que eu a vi dois meses atrás e ela estava no terceiro mês de gravidez.

– Ela deve ter perdido.

– Não sei não. Olha só! Ela está mais magra do que uma modelo da Victoria’s Secret.

– Você acha que ela mentiu sobre a gravidez? Por quê?

– Olha só, ela disse que foi estuprada por uma vítima de assassinato dois meses atrás. O irmão dela foi quem matou o cara justamente por isso. Acho que ela fez aquele drama todo por causa do Don.

– Você acha que ela...

– Ainda o ama? Acho.

– Cuidado, querida. Depois que você ganhar esse moleque, corre pra academia. Fique mais gostosa e mais sexy, pra ele não te trocar.

– Veronica, não exagera. Ah, você viu? Quando ela percebeu que estávamos olhando e me reconheceu ela foi embora assustada. Tenho certeza que ela está tramando algo.

– Relaxa e curta nossas compras. – Elas terminaram de fazer compras e Mel voltou ao laboratório. Ela estava trabalhando apenas no laboratório, pois não podia fazer muito esforço por causa da gravidez.

– Oi querida. – disse Don enquanto ela analisava umas fibras.

– Ah, oi. Tudo bem?

– Tudo.

– Sabe, eu vi sua amiga hoje.

– Amber?

– Sim.

– E o que tem? – perguntou cruzando os braços.

– Ela estava bem. Mais magra do que uma modelo da Victoria’s Secret.

– Como?

– Isso que você ouviu.

– Ela veio aqui ontem e ela estava com uma barriga enorme. Você a deve ter confundido.

– Ah, eu não confundi não. Eu estava usando óculos na hora.

– Você tem certeza disso Mel?

– Eu tenho certeza. E nunca contrarie uma mulher grávida está me entendendo?

– Desculpe-me. Talvez el atenha perdido o bebê ou abortado, sei lá.

– Vá buscar um chocolate pra mim, certo? E eu não quero mais ouvir falar dela.

– Você me explora às vezes, sabia?

– Estou carregando um filho seu e ele não é leve.

– Tá, tá. – ele saiu e ela continuou a trabalhar. Logo ele voltou, trazendo uma barra de chocolates para ela.

– Obrigada, amor. – ela sorriu.

– De nada. Vou voltar para a delegacia. Tem um monte de caras pra eu interrogar.

– Boa sorte.

O dia se passou normalmente. Um caso deixara os investigadores intrigados. Uma mulher fora encontrada morta queimada dentro de um forno de uma pizzaria no Brooklin. Eles investigaram a cena, coletaram as provas, interrogaram os suspeitos, mas não saíram da estaca zero.

– A vítima tinha quarenta e nove anos e era ela quem fazia as pizzas, certo? – perguntou Adam a Mel.

– Certo, mas o que isso tem a ver?

– Eu encontrei algumas fibras vermelhas no local do crime que não me levaram a lugar algum.

– Tá...

– Mais eu encontrei uma parcial que está no nosso sistema. A amiga do Flack.

– Amber? Outra vez?

– Sim, ela trabalhou na pizzaria até semana passada. E ela está ali conversando com o Flack.

– Eu vou ver essa conversa.

– Eu também. – os dois foram até a delegacia observar o interrogatório.

– Ah, Don ela era tão boa comigo... Não acredito que ela morreu.

– Suas digitais foram encontradas na cena do crime.

– Eu não a matei, Don.

– Fibras parecidas com o seu casaco também.

– Don, eu já cometi muitos erros na minha vida, mas assassina eu não sou.

– Eu a vi hoje e ela não estava com essa barriga...

– O que Mel? – perguntou Adam.

– Nada. Ela está mentindo.

– Como você sabe? Ela parece estar bem chateada.

– Quando eu estava na Universidade, eu fui para a Universidade de Las Vegas assistir a uma palestra do supervisor da polícia criminalística de lá.

– Quem? O Russell?

– Não. Não era ele na época. Era o Gilbert Grissom.

– Nossa esse cara é ótimo.

– Ele é. E ele estava falando de tudo um pouco e ele comentou sobre como saber se um suspeito está mentindo ou não. Preste atenção nela por um segundo. Veja como desvia o olhar, veja como ela constantemente olha para a esquerda, como ela tem que ficar justificando tudo o que ela fez. Olhe para suas mãos e pés. Ela não consegue os manter parados um só segundo e quando o Don lhe pergunta algo, ela pensa demais pra falar.

– E o que o lado esquerdo tem a ver com isso?

– Pessoas que estão mentindo, quando pressionadas olham para o lado esquerdo. Ela está com a intenção de bolar alguma resposta para a pergunta.

– Nossa. Como você lembra disso tudo?

– Foi o meu tema de pesquisa durante muito tempo.

– Bacana.

– Don, eu... Queria tanto que você ficasse comigo. – Amber disse pegando na mão do detetive.

– Amber...

– Eu ainda te amo. Sempre te amei.

– Opa. – disse Adam. – Mel? Você está legal?

– Não se preocupe Adam. Eu só estou com vontade de esfregar a cara dessa vadia no asfalto, mas eu vou me controlar.

– Nunca vi briga de grávidas. Posso gravar se isso acontecer?

– Não. E ela não está grávida.

– Como?

– Don, larga aquela vagabunda. Eu tenho certeza que ela não sabe te satisfazer como eu sabia.

– Amber, por Deus. Você já extrapolou todos os limites.

– Venha ser o pai do meu filho. – nessa hora, Mel não aguentou e entro na sala.

– Qual filho? – a detetive perguntou.

– Esse que está aqui dentro da minha barriga.

– Eu duvido que tenha algum bebê ai dentro.

– Melanie, por favor...

– Fique quieto. – ela disse.

– Eu não te trataria assim, Don. – provocou Amber.

– Eu te vi no shopping hoje. Eu vi que você não está grávida. Porque você mentiu? Hein?

– Eu estou grávida sim!

– Ah é? – Mel foi para cima dela e rasgou a blusa da moça. Foi então que a barriga falsa se revelou. – eu disse. Agora será que você acredita em mim Don?

– Eu... Nem sei o que dizer. Amber porque você mentiu?

– Eu queria arrancar dinheiro daquele filho de uma mãe do Derek. Eu transei com ele algumas vezes. Eu estou numa pior, queria dinheiro. Inventei esse negócio do estupro pra isso. E o idiota do meu irmão foi lá e matou o cara. Isso fez com que a família dele me desse a metade de sua fortuna. Eu fiquei rica. Agora dá pra eu alimentar meu vício em heroína. Fui eu quem matou aquela velha gorda. Ela iria arranjar a criança pra eu continuar com a farsa pra você, Don, acreditar em mim e ficar com pena, só que essa puta arruinou tudo.

– Puta é você sua... – quando viu, Mel já havia dado uma bofetada no rosto de Amber, que caíra no chão.

– Mel! Por favor. Chega tá legal? Chega. E você? Vai apodrecer na cadeia. Lá é o lugar onde gente como você tem que ficar. – disse Don a levantando e a algemando. Ele a entregou para um dos policiais e ele a levou para a cela.

– Nossa! Eu nunca pensei que uma coisinha tão pequena tivesse tanta força no braço. – disse Adam quando Mel saiu. – olha, você fez um estrago na cara dela. – riu.

– Eu fiz Muay Thai durante quatro anos. Sei dar uns golpes. Quer experimentar?

– Não. Com certeza, não. – ele disse indo para o vestiário.

– Amor?

– O que foi Don?

– Eu sinto por não ter acreditado em você.

– Eu disse pra nunca contrariar uma mulher grávida.

– Nunca mais vou fazer isso.

– Que bom. – ela sorriu. Logo, sentiu uma forte pressão no abdômen. – ai.

– O que foi? Você está bem? – perguntou Don preocupado e logo, viu um líquido escorrer pelo chão.

– Acho que seu filho vai nascer.

– Que moleque apressado!


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