Recomeçar escrita por mybdns


Capítulo 20
Capítulo 20




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Depois de uma semana, Melanie e Don conseguiram encontrar outra escola, que agora ficava mais perto do Departamento. Numa quinta feira depois do trabalho, eles receberam uma vista. Don estava lavando a louça do jantar enquanto Mel brincava na sala com Hazel. A campainha tocou.

– Quem será? Está esperando alguém, Don? – ela disse se levantando do chão.

– Não.

Ela foi até a porta e teve uma surpresa.

– Pai? Que surpresa! – ela disse abraçando-o.

– Oi Mel, como vai?

– Bem, entre, por favor. Onde está a Angeline?

– Não pôde vir. Ela acabou de abrir uma loja de roupas de praia.

– Entendo.

– Vovô! – disse Hazel pulando no colo do avô.

– Oi minha garotinha. Como você está?

– Muito bem e você?

– Eu estou bem.

– Oi Sr. Lewis. – disse Don.

– Oi Don. Vejo que a Mel anda te escravizando, hein? – brincou olhando para o avental que ele havia tirado.

– É ainda bem que você chegou. Ela está me torturando.

– Hum. Eu lavo suas roupas. Pelo menos a louça, não é? – ela sorriu. – sente-se papai. Como foi a viagem?

– Foi boa.

– Você está bem? Parece um pouco perturbado.

– Eu estou bem. Não se preocupe.

– Hazel, tá na hora de você dormir, não está? – disse Don, percebendo que James queria contar algo para Melanie.

– Ah, eu quero ficar um pouco com o vovô.

– Ele está cansado. Amanhã você fica com ele, okay?

– Okay.

– Vem cá, dê um abraço no seu velho avô. – ele disse abrindo os braços. Ela foi correndo e lhe deu um abraço.

– Boa noite vovô.

– Boa noite, Hazel. Durma bem.

– Boa noite mamãe. – ela disse dando um beijo em Mel.

– Boa noite meu amor. O papai vai te contar uma história, tudo bem? – ela balançou a cabeça e pegou na mão de Don e os dois subiram. – o que foi, pai? O que você está me escondendo?

– Nada. – mentiu.

– Pai? Eu te conheço. O que foi?

– Olha, antes de mais nada, eu quero que você não me odeie depois do que eu vou te contar.

– Você está me assustando.

– Olha, Mel. Eu te amo. E se você não quiser mais falar comigo, eu entendo...

– Pai...

– Mel, eu não sei como te contar isso.

– Você quer uma água?

– Não. Eu guardei esse segredo por mais de trinta anos. Eu prometi a sua mãe que iria guardá-lo.

– Fala logo, por favor.

– Mel, eu não sou o seu pai.

– Como? Você não é o meu pai? – as palavras que James pronunciou deram um nó em sua garganta.

– A sua mãe veio de Moscou grávida de você. Eu sou estéril. Nunca pude ter filhos.

– Como vocês me escondem um negócio desses?

– Eu prometi a sua mãe.

– Minha vida inteira foi baseada em mentiras?

– Não é isso, foi para o seu próprio bem, meu amor.

– Eu tinha o direito de conhecer meu pai.

– Vai por mim, você não vai querer conhecê-lo.

– Por que não?

– Eu não queria dizer.

– Você começou, agora você continua.

– Tudo bem. Seu pai é um vagabundo, Mel.

– Como você sabe?

– Olha, a Esther me contou que eles namoravam, só que seu pai era um viciado em drogas, ele batia na sua mãe, a maltratava. Mel, eu sinto muito, mas você é fruto de um...

– De um o quê? Estupro?

– Sim.

– Eu não acredito. – ela começou a chorar muito.

– Eu sinto muito, meu bem. Por isso que nós não te contamos nada. Imagina para uma criança saber que ela é fruto de um estupro?

– Esse homem mora na Rússia?

– Não. Ele mora aqui em Nova York.

– Você tá falando sério?

– Sim. Quando sua mãe veio pra cá, ele veio atrás. Dizendo que iria mudar, e esse monte de mentiras. Só que ela já estava comigo. Então, ela juntou todas as economias dela e deu a ele, para que sumisse da vida dela.

– Ela fez isso?

– Sim. Ela já estava com seis meses de gestação. E ela te amava, apesar de tudo, ela te amava muito. E eu também te amei e te amo, como se você fosse minha filha de sangue. Você está bem?

– Acho que não. Eu preciso de uma bebida. – ela disse indo até a cozinha e pegando uma garrafa de uísque. Bebeu num gole só.

– Me promete uma coisa?

– O que?

– Não vá procurá-lo, por favor. Ele é muito perigoso.

– Tudo bem. Não tenho a intenção de conhecer um homem que fez tão mal à minha mãe. Mas, pode me dizer o nome dele?

– É Grigory Morozov.

– Obrigada.

– Você me odeia?

– Não. Eu nunca vou conseguir te odiar, papai. Você me criou, me educou, me amou. Me fez a pessoa que eu sou hoje e eu sou eternamente grata por isso. Eu te amo muito. – ela disse abraçando-o.

– Eu estou aliviado.

– Porque resolveu me contar isso agora?

– Porque eu vi seu pai no metrô quando estava vindo pra cá. Só que ele não me reconheceu.

– Okay.

– Você parece estar cansada, vá se deitar. Eu vou embora

– Fique aqui esta noite, papai. Está tarde.

– Preciso te dar um tempo. O táxi está me esperando. Vou para um hotel, e se você estiver bem, amanhã eu volto.

– Como quiser.

– Eu te amo, Mel.

– Também te amo. – ela o acompanhou até a porta e ele se foi. Ela caminhou lentamente até o seu quarto e Don estava lhe esperando. Ela fechou a porta com cuidado e desabou.

– Ei amor, vai ficar tudo bem, eu estou aqui. – ele disse se sentando ao lado dela e a abraçando.

– Você ouviu, Don?

– Ouvi. Eu sinto muito, eu nem sei o que dizer... eu...

– Não diga nada, só me abrace, por favor. – ela continuou a chorar muito e ele a abraçou com mais força.

– Eu estou aqui.

– Obrigada.

Uma semana se passou desde a revelação que James fez a Melanie. Era Halloween e tudo na cidade parecia mais sombrio do que normalmente era. Por volta das onze da noite, receberam um chamado. Uma festa de Halloween num cemitério do Queens havia terminado mal. Melanie chegou à cena do crime com Mac e levou um susto quando se deparou com o cadáver de uma jovem pendurado com os dois braços abertos em uma árvore.

– Quem faz uma festa dentro de um cemitério?

– É Halloween, Melanie. Quanto mais assustador, melhor. – respondeu Mac.

– Por isso que eu sempre odiei Halloween.

– A vítima é Matilda Goméz, vinte anos. Ninguém na festa a conhecia. Eu encontrei a carteira de motorista dela jogada em cima de um dos túmulos. – disse Flack.

– Pela temperatura do fígado ela está morta a pelo menos cinco horas. – disse Sheldon.

– Contando que agora são onze e cinquenta, ela foi posta aqui na luz do dia. Esse lugar não tem coveiro ou algo parecido? – perguntou Melanie.

– Tem, só que essa festa acontece todos os anos, desde 1985. Os coveiros são liberados neste dia. – completou Flack.

– Ótimo. Você vinha aqui? Quando era novo? – Melanie perguntou se virando para o marido.

– Ah, qual é? Você nunca participou de uma festa de Halloween?

– Não em um cemitério.

– Costumava aparecer umas meninas bonitas. – ele riu e foi conversar com outro policial.

Quando eles viraram o corpo, se depararam com uma faca cravada em suas costas.

– O Halloween acabou pra essa aqui. – disse Mac.

– Ela está vestida de noiva fantasma. Poderia estar indo para alguma outra festa.

– Pode ser, Mel. – eles coletaram as evidências e levaram tudo para o laboratório. Depois de analisarem todas as evidências e vararem a madrugada atrás de pistas, de manhã, encontraram o assassino e o prenderam. Melanie chegou exausta em casa. Don foi treinar boxe e ela aproveitou para passear com Hazel. Foram ao Central Park, tomaram sorvete e depois foram ao parquinho.

– Mamãe, quando você vai me levar na Disney? – ela perguntou quando já estavam dentro do carro voltando pra casa.

– Querida, tem lugares mais legais pra se visitar do que a Disney, você não acha?

– Lá tem um monte de brinquedos!

– Quem sabe um dia nós não vamos para a Europa e vistamos aquele monte de museus que tem lá? Você não gosta tanto de pintar? Vai gostar de ver alguns quadros bonitos e famosos ao vivo.

– Sério? E quando vai ser isso?

– Quando você ficar mais velha, quem sabe.

– A professora mostrou pra gente um monte de quadros bonitos ontem na aula de artes.

– Ah, é? Você gostou de algum?

– Gostei. Um que tinha uma moça loira com uma faixa azul na cabeça. Era o mais bonito. Tinha outro, com umas pessoas comendo batatas. Eu não gostei desse. As pessoas pareciam tão tristes...

– Quando chegarmos em casa eu vou te mostrar mais alguns. Você quer?

– Eu quero mamãe. – ela se animou e depois ficou quieta. – OLHA SÓ, MAMÃE, NÃO É O PAPAI? – ela disse apontando para Don, que corria.

– É sim, meu bem. – ela disse parando o carro. – quer carona, moço? – ela disse abaixando o vidro.

– Será que é seguro? Porque você não dirige muito bem...

– Vou te deixar ai se falar mais uma palavra.

– Tudo bem, mas, cuidado, hein? – ele entrou no carro. – oi princesa.

– Oi papai.

– Onde vocês estavam, posso saber?

– Passeando. Tomando um pouco de ar, enquanto você malha.

– Tudo bem! Hoje eu faço o jantar. – ele disse.

– Ótimo. – ela piscou.

– Vamos comer pizza!

– Você disse que iria fazer o jantar. Não comprar o jantar.

– Ah, amor...

– Tudo bem, mas a louça é toda sua.

– Tudo bem! Só vou fazer isso porque eu te amo.

– Melhor assim. – eles chegaram em casa e Hazel foi direto para cama. Ela estava exausta. Melanie sentou-se no sofá e ligou a TV. – amor, o jogo vai começar.

– Vamos ver os nossos Rangers ganhando mais uma vez. – ele disse lá da cozinha. – quer uma cerveja?

– Quero. – ele pegou as cervejas e os dois assistiram ao jogo.

– Você é a mulher perfeita, sabia?

– Ah, obrigada. Eu estava precisando ouvir um elogio...

– Eu estou falando sério. Você gosta de hóquei, bebe cerveja e não liga para o dia dos namorados.

– Se esqueceu de falar de como eu fico sexy naquele lingerie azul que você me deu no dia do meu aniversário. – ela sorriu.

– Ah, claro, tem isso também. – ele a beijou. – eu te amo.

– Eu também te amo. Tá na hora de você pedir o jantar. – ela disse olhando para o relógio.

– E parece que vai cair uma tempestade. Olha como está o tempo!

– Nossa, parece que vai cair bastante chuva.

Don ligou para pedir a pizza e Mel acordou Hazel para tomar banho. Meia hora depois, estavam jantando.

– Mamãe, eu estou com medo.

– Medo do quê, meu bem?

– Da chuva.

– Não precisa ficar com medo da chuva, ouviu? E nem começou a chover ainda.

– Posso dormir com vocês hoje?

– Se começar a chover, pode. Mais só hoje, tudo bem? – disse Don.

– Tá. – ela balançou a cabeça e comeu. Uma hora depois, os três foram dormir. Umas três horas da manhã, começou a chover muito forte. Hazel saiu da sua cama e foi para o quarto dos pais. – mamãe? Acorda. – ela disse encostando as mãos nas costas de Melanie. – mamãe!

– O que foi, Hazel?

– Eu estou com medo. E o Lula Molusco também. – disse abraçando a pelúcia.

– Vem aqui. – ela pegou a filha e a colocou entre ela e Don. – você e o Lula Molusco não precisam ter medo. Agora tente dormir, sim?

– Tá. – ela se virou e dormiu. Mel fez o mesmo.


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