O Amor É Cego escrita por The Stolen Girl


Capítulo 4
Nem tudo que parece é




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No domingo eu acordei tarde, às 10:30 e depois de me arrumar fui direto levar Mary, minha gatinha, para passear. Cat sempre me acompanha nesses passeios no domingo, mas hoje, mais uma vez, disse que teria que sair com seu irmão mais novo. Fui sozinha, já que Leo estava num almoço de família.
Mary é uma siamesa marrom de olhos azuis. Muita preguiçosa por sinal, por isso eu era obrigada a parar de andar á cada 5 minutos. Foi em uma dessas paradas que senti alguém vindo por trás de mim enquanto eu estava sentada em um banco de madeira.
Era Vince. Ele sentou-se do meu lado e disse:
– Oi Lana! Tudo bem?
– Oi, tudo ótimo.
– Posso te acompanhar? - Foi então que eu percebi que ele segurava uma coleira com um cachorrinho minúsculo. Era Bob, seu filhote de pinscher.
– Claro!
Andamos em silêncio por alguns minutos até que resolvemos parar novamente. Naquela manhã Vicente estava lindo, usando calça jeans e uma camisa vermelha. Normal, porém é desse jeito que ele fica especialmente mais bonito do que já é.
– Tenho que ir, Vince. - eu disse, lembrando que deveria ajudar minha mãe com o almoço.
– Então tá, nos vemos depois?
– Claro.
E antes que eu pudesse sair andando até minha casa, puxando Mary, ele me pegou pelo braço, fazendo com que eu me virasse pra ele e me beijou. O beijo não durou nem 10 segundos, sim, eu contei. Mesmo assim foi o melhor da minha vida. O beijo foi doce e me surpreendeu tanto que até eu estava com medo da minha expressão. Ele me soltou e finalizou com um selinho.
– Tchau, Lana! - Foi o que ele disse.
.......
Já era noite e eu ainda estava pensando no motivo pelo qual Vince me beijou. Ele nunca demonstrou gostar de mim e faz isso. Eu estava extremamente confusa. O que eu diria quando o visse?
Eu não sabia. Liguei pra Cat, que não atendeu. Tentei Leo, que atendeu no terceiro toque:
– Que foi Lana?
– Só queria conversar, me encontra na praça aqui perto da minha casa?
– Ok, até. - e desligou.
.......
Leo chegou e eu já estava lá, sentada naquele mesmo banco em que encontrei Vince mais cedo. Ele me abraçou e sentou-se.
– Que cara é essa? - ele perguntou me encarando. Será que eu estava tão estranha assim?
– O Vince me beijou, Leo. E eu não sei porque, será que ele está gostando de mim?
Ele demorou um pouco para responder. Eu sabia que Leo não gostava muito desse assunto, e que ele deveria estar querendo me matar por eu ter tirado ele de casa pra isso, mas por fim respondeu:
– Pode ser, mas não se iluda.
– Não estou iludida!
– Você tem esperanças Lana, quer que ele goste de você, mas ele não gosta! - ele gritou e eu me espantei. Leo nunca gritava comigo, não entendi sua reação.
– Não seja cega, abra os olhos Lana. Tchau! - e foi embora sem mais nem menos.
.......
Era segunda depois da aula e eu estava com Cat. Leo mal olhou na minha cara a aula toda e eu estava começando a ficar preocupada. O que eu tinha feito?
– Lana, você sabe que ele deve ter tido motivos. Leo não é assim. - Cat disse depois de eu ter contado a reação dele quando eu contei sobre o beijo.
– Eu sei, mas e se ele continuar assim? Como posso pedir desculpas por algo que eu não sei que eu fiz?
– Não sei, só que é estranho Lana, tenta conversar com ele.
– E vou dizer o que? Acho que ele está com medo de que eu me decepcione com o Vince. Só está sendo um bom amigo.
– Fique esperta amiga, nem tudo que parece é. - Cat finalizou a conversa e virou a esquina até sua casa, me deixando sozinha e mais confusa que antes.
.......
Eu tinha que acabar com essa confusão na minha cabeça. Pra ter uma noção, eu mal dormi. Nem Vince, nem Leo falaram comigo depois de ontem e isso estava me enlouquecendo. Um me beija, o outro briga comigo e depois nenhum deles se dá ao trabalho de me dirigir a palavra. Garotos.
O que mais me espantou foi Leo. Meu amigo, que sempre me apoiou e nunca, nunca, tinha brigado comigo. Essa foi nossa primeira discussão. Se você parar pra pensar vai achar nossa briga boba, como eu achei. Mas Leo ficou realmente chateado comigo, só não sei porque.
Durante a aula Vince e eu cruzamos alguns olhares, mas só isso. Ele não me disse nem oi. Eu fiquei pensando se ele estava disfarçando, pra não ficar na cara que ele gostou do que aconteceu, mas não foi isso. Nós não éramos mais amigos como antigamente, porém eu ainda o conhecia. Ele tinha gostado, mas não estava tentando disfarçar, eu tinha certeza. Só que não sei o que ele estava realmente tentando fazer, pela primeira vez eu não consegui decifrar meu Vince.
Acho que essa história de meu Vince estava errada. Ele nunca foi meu, poderia ser, mas não foi. Ainda.
Mas o mais importante naquele momento era Leo. Tínhamos que nos entender, conversar e fazer as pazes. Então fui até a casa dele. Não era muito longe, na verdade umas cinco ruas atrás da minha. Mas eu cansei, porque, não sei o motivo, eu corri.
A casa era gigante, uma mansão. Os pais de Leo eram ricos, trabalham muito pra isso. Leo não tinha a atenção que merecia dos pais e eu sabia que isso o incomodava. Toquei a campainha.
Foi ele mesmo quem atendeu:
– Posso entrar? Precisamos conversar, Leo.
– Entra. - senti sua expressão abatida, percebi que alguma coisa muita errada estava acontecendo naquela casa. Droga. Sou tão azarada. Por que cheguei justamente enquanto os pais de Leo discutiam? Isso mesmo. Eles estavam brigando feio. Nem falei com eles, Leo pegou meu braço e me puxou até seu quarto, no segundo andar.
– Você nunca vem aqui. O que aconteceu? - ele perguntou meio confuso.
– Precisamos conversar. Você nem falou comigo hoje na escola, há algo de errado? O que eu fiz?
– Nada, Lana. São problemas familiares, só isso.
– Não, você já enfrentou vários problemas como esse e nunca deixou de falar comigo e com a Cat por isso! - eu sabia que tinha mais alguma coisa, algo muito errado.
– Está bem, quer saber?! É o Vince! A culpa é dele, você não percebe? - Leo estava muito irritado e com um olhar triste. E eu estava totalmente confusa.
– Como assim, Leo? O que o Vince tem a ver com isso? Não estou entendendo nada.
– Você é muito ingênua, Lana! Ele te beija e você já acha que ele gosta de você? Ele não gosta. Eu gosto!
E com esse comentário ele me agarrou. Foi um beijo tão desesperado, que eu jurei que estava guardado há muito tempo. No começo eu resisti. Leo era meu melhor amigo e isso não era certo. Mas depois eu tive vontade, não pergunte o motivo, por favor. Deixei que ele me beijasse e até retribui. Foi ótimo, esqueci de tudo, inclusive do Vince. Senti que também esperava por isso há muito tempo. Que eu queria isso mais que tudo. Minha amizade com Leo começou com uma forte atração que eu sentia por ele quando o conheci. Mas nunca contei pra ninguém e depois ficamos amigos e eu deixei isso de lado. Me apaixonei pelo Vince e Leo tornou-se somente um amigo indispensável. Eu precisava da amizade dele e do amor do Vince. Pelo menos era o que eu achava. Eu anotei mentalmente que estive errada mais cedo. Definitivamente, esse foi o melhor beijo da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo o/



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