Acordei com alguém tocando a campainha. Levantei e vesti uma camiseta e uma bermuda. Desci e atendi a porta. Fiquei surpreso quando vi quem era. Lana estava meio corada, usando um vestido violeta de alcinhas. Fiquei encarando ela, boquiaberto. Estava como sempre, porém hoje de um jeito especial.

–Vince? – ela disse, me fazendo despertar.

–Aah, entra Lana. - respondi abrindo espaço pra ela entrar. Estávamos sozinhos em casa, já que meus pais tinham feito uma viagem de fim de semana. Fiz sinal pra que ela se sentasse e fiz o mesmo.

–O que foi? – perguntei. Ela estava me olhando, mas não dizia nada.

–Precisamos conversar.

–Pode falar. – estava esperançoso, à espera de que o assunto fosse nós.

–Vince, quero ficar com você – ela disse e se aproximou, me sufocando em um abraço. Fiquei surpreso com sua força. – Te amo. – ela sussurrou em meu ouvido.

–Esperei tanto por isso! Fica comigo Lana, também te amo.

Sem esperar qualquer atitude minha ela desvencilhou-se do abraço e me beijou. Um beijo urgente e feroz, porém maravilhoso. Ela nunca havia me beijado assim. Caí deitado no sofá, ainda beijando-a. A apertei contra mim e ela sorriu entre o beijo. Paramos por um momento, os dois sem ar. Lana me olhou, com um sorriso lindo no rosto.

–Como demorei tanto pra dizer que queria você? Posso me acostumar com isso facilmente.

–Ei, para de ser interesseira!

–Você que se acha demais. Esse tipo de interesse não faz meu tipo, mas eu posso me aproveitar de você um pouquinho, vai ser uma espécie de bônus.

–Você tá diferente, nunca te imaginei dizendo essas coisas.

–Só com você que eu consigo ser assim. – ela levantou-se do sofá, passando seu cabelo em meu rosto ao se virar. Também me levantei.

–Vou pra casa agora.

–Quê? Não, fica mais. Tá com medo dos meus pais aparecerem aqui?

–Na verdade sim. Falei com eles poucas vezes, ia ser constrangedor se eles nos vissem daquele jeito.

–Aa , mas então você não tem desculpa, eles nem aqui estão. Fica mais, por favor! – ela me olhou com cara de pensativa até que disse:

–Tá, mas só um pouco. – sem esperar mais puxei seu braço e nos beijamos novamente. Quando finalmente paramos perguntei:

–Não quer fazer alguma coisa? A gente pode subir, tem uns filmes legais no meu quarto.

–Por mim tudo bem.

Lana

Pulei internamente de alegria ao perceber que ele não notou minhas segundas intenções quando eu disse: “Por mim tudo bem”, assim que ele sugeriu a subida para seu quarto. E não, não é isso que você tá pensando. Só to querendo mais privacidade, vai que os pais do garoto chegam. Claro, não quero ficar vendo filme, mas também não é isso. A companhia dele é o melhor de tudo, não me arrependo de tê-lo escolhido, apesar de gostar também do Leo, mas de uma forma diferente. Acho que confundi meu amor de amiga pelo Leo com paixão. Admito que o fato de Leo ser lindo também ajudou, mas no fundo eu sempre soube que quem eu amo realmente é o Vince.

Subimos para o quarto dele e começamos a escolher um filme. Pra mim tanto faz, só não queria um romance.

–Pode escolher você, contanto que não seja um filme triste. Ou de romance.

–Terror?

–Éer, também não gosto muito não, mas pode ser. – na verdade eu tenho é medo, mas não importa.

Sentamos na cama já que a TV fica de frente pra ela. Ele colocou o filme, mas não sem antes fazer uma pipoca de microondas. A tigela estava no meu colo, mas quase não tocamos nela. Resolvi deixá-la de lado. Me aconcheguei em seus ombros, deitando em seu colo pouco tempo depois. Tenho que dizer que ele começou a fazer cafuné em mim? Sim, ele fez. E eu adorei, Vince é tão fofo. Ele meio que estava prestando atenção no filme até eu atrapalhar. Puxei sua camisa até ele se inclinar pra mim, sorrindo. O sorriso mais lindo que eu já vi. Sem pensar duas vezes o beijei, e que beijo, do jeito que só ele consegue. Sim, o melhor beijo da minha vida, agora eu tenho certeza. Ele fez questão de depositar um beijo em meu pescoço quando eu me sentei, fazendo com que eu me arrepiasse todinha. Depois disso o filme já era. Ninguém mais prestou atenção, muito menos eu. Percebi que o filme já tinha acabado há muito tempo e perguntei:

–Que horas são?

–14:00 horas.

–Meu Deus, minha mãe vai me matar! Prometi que ia fazer almoço pro Lucas hoje. Ela ia sair, mas não foi né. To perdida e a culpa é sua viu?

–Culpa minha? Você que não me deixou ver o filme em paz, ficou ai me agarrando. – pior que é verdade – mas se você tem que ir, eu te levo. Quer dizer, te acompanho, porque vamos de pé mesmo.

–Tá, mas vem logo. – respondi saindo do quarto e descendo as escadas quase correndo.

Enquanto caminhávamos até minha casa Vince entrelaçou sua mão na minha e ficava me olhando. Fiquei um pouco sem graça, não me sinto bem quando as pessoas me encaram.

–Que foi?

–Que foi o que? – ele me respondeu visivelmente confuso.

–Tá me encarando por quê? Não gosto disso viu?

–Aa , desculpa. Sei lá, só deu vontade de ficar te olhando. Sabe, fiquei com medo de que você escolhesse ficar com o Leo.

–No fundo eu já sabia que gostava mesmo de você, só que me confundi. Não iria ficar com ele, para de ser bobo. – eu disse e parei de andar. Ele parou também. – Pode ficar tranquilo, que agora não te largo mais. – daí ele me beijou. Depois disso fomos conversando até minha casa. Quando chegamos eu disse:

–Vem amanhã na festa de despedida da minha irmã?

–Nossa, tinha esquecido. Eu venho sim, até amanhã. – nos despedimos com mais um beijo e eu entrei.

Quando passei por minha mãe na sala ela já foi dizendo:

–Garota! Onde você tava? Não pude sair pra ficar vigiando seu irmão!

–Desculpa mãe! Tava na casa do Vince. Por favor, desculpa.

–Tudo bem, mas não faz isso de novo. E que cara feliz é essa? O que aconteceu? – sentei-me no sofá e fui dizendo:

–Eu e ele estamos juntos.

–Estão namorando?

–Não sei, acho que sim né? – na verdade eu não sei mesmo. Será que eu posso considerar como um namoro ou não?

–E você pergunta pra mim garota? – ela fez uma cara de “ôo menina lerda essa que eu criei” – Mas você gosta mesmo dele não é?

–Muito. Tô muito feliz mãe.

–Então tudo bem, só não me apronta nada. – preferi não perguntar o que seria esse “aprontar”. Subi pro meu quarto e tomei um banho. Me deitei e dormi rapidamente.