– Foi um ótimo filme! Até que você não é tão idiota quanto eu pensei! – Roxy falou para Erick e o garoto só revirou os olhos, indignado. A ruiva continuou rindo. – E... Obrigada por me esconder da fúria da Raven!

– Por nada. Foi até legal ter companhia pra assistir filmes. Sabe?! Perseu gosta de ficar praticando feitiços e Joe... Bom... No momento ele fica babando na Kyra. – Ele respondeu rindo.

– Sei como é.

Um silêncio se formou, mas logo foi quebrado com uma explosão vindo da sala de treinamento.

– O que foi isso?! – Erick perguntou abismado.

– Uma amiga minha despejando a raiva. – Roxy disse e logo viu Lilith e Luna correndo em sua direção, sorridentes, prestes a darem gargalhadas.

– Façam suas apostas! – Lilith falou.

– Como?! – Roxy a olhou confusa.

– Raven e Perseu estão em um duelo de feitiços! – Luna disse animada.

Roxy e Erick se olharam preocupados e depois voltaram os olhares nas duas amigas.

– Todas já tão lá! Também, né?! Com essa explosão! – Lilith disse.

– Eu aposto na Lokison! – Luna disse.

– Se eu apostar vou perder. – Lilith fez bico.

– Eu aposto vinte pratas no Perseu. – Erick sorriu de lado e Luna retribuiu o sorriso, convencida de que iria ganhar.

– Fechado. – Ela apertou a mão do loiro. – Ah! Vai separando as minhas vinte pratas.

– Bozhe moy! Não é hora pra isso! Podem acabar com a base! E não podemos ter outra base destruída! – Roxy olhava para os três, reprovando a atitude, e depois os quatro correram para a sala, onde podiam se ouvir raios, explosões e tudo que tem direito em um duelo de feitiços.

Chegando lá, puderam ver Raven voando, com uma energia à sua volta, jogando raios em Perseu, que desviava e tentava lançar algum feitiço em Raven.

Do outro lado da sala, se encontravam Joe, Marie, Kyra, Jéssica e Cindy, que pulava de alegria toda vez que Raven acertava Perseu.

– Isso, Raven! Acaba com ele! - Todas olharam para a pequena loirinha, assustadas, mas logo riram.

– E aí?! O que perdemos de bom? - Luna falou superconcentrada na luta. Nem pensar que iria perder essa.

– Aí, Percy, você tem que ganhar! Tô apostando alto em você! - Erick gritou para Perseu usando o apelido do amigo.

– Eu já cancelava a aposta. - Joe falou.

– Por quê?

– E ainda pergunta?! - O moreno apontou para Perseu, que estava cambaleando um pouco por ter sido acertado.

– Percy, se eu perder vinte pratas, você vai visitar a Funerária Santa Lucia! Sua morte vai ser minha alegria!

– Tô... Tentando! - O amigo falou com dificuldade, enquanto tentava manter um campo de força dos raios da loira de mechas verdes.

– Tô tentando entender o que fez Raven soltar a fera. - Marie disse e Kyra concordou.

– Pois é, né?! Quem será que abriu as portas?! - Erick falou irônico e Roxy revirou os olhos.

Voltaram a atenção para a luta, a qual Perseu tentava à todo custo reverter a situação. Não era fraco, mas tinha menor conhecimento sobre feitiços antigos e técnicas de luta que a garota. Isso o intrigava um pouco, pois era herdeiro de Merlin.

Roxy apenas olhava às paredes, que começavam à tremer, mas não falava nada. Vá se saber se a amiga ainda está ou não com raiva?!

– Se continuarem, vão destruir a base... O Comandante Fury não ficaria nada feliz. - Kyra disse preocupada.

– Tem razão. Precisamos pará-los. - Roxy concordou.

– Ah! Vão acabar com a festa?! - Jéssica disse e todas se espantaram.

– Ela tá a cada dia mais parecida com o Stark! Esse convívio tá infectando a mente dela! - Lilith disse fazendo graça e as amigas e os garotos riram.

– Ok. Mas é sério. - Marie disse na calma da filha de Bruce Banner. - Alguém se habilita a pará-los? Eu não.

– Eu também não! - Todos disseram em uníssono.

– Então quem, minha gente? - Luna disse. - Ah! E, Erick, pode passando as vinte pratas.

– O quê?! Por quê? Ninguém ganhou ainda! - O loiro se indignou.

– Simples, meu bem! Raven tá com a vantagem e olha o seu pobre amigo. - Ela disse apontando para Percy, que estava exausto. - Quando alguém se dispuser a pará-los, Percy vai sair dessa luta exausto e quase desmaiando. Se ganha quem tem a vantagem, querido!

– Isso não é justo!

– Na verdade, é sim. - As garotas disseram juntas, fazendo os garotos ficarem boquiabertos.

– Novamente eu pergunto, quem vai acabar com isso? - Marie disse apontando para a luta. - Gente, esse lugar vai desmoronar daqui a pouco e...

– Mas o que está havendo aqui? - Loki interrompeu quase gritando e vendo a luta da filha contra Perseu. As garotas se assustaram e rapidamente ficaram em posição de sentido. Loki escutava as explosões lá de seu "quarto", o que o impedia de ler.

– Um duelo de feitiços, senhor pai da Raven. - Cindy disse olhando para cima, encarando-o com os olhos brilhando e sorrindo. Não tinha nem um pingo de medo dele.

– Quê?! - Ele a olhava, se perguntando como ela não o temia, mas logo pensou que deveria ser o convívio com a filha, assim como a Roxy.

– O Percy desafiou a Raven para um duelo de feitiços. Ela queria extrapolar, já que tava brava com sei lá o quê, então aceitou... E pelo visto tá ganhando... Coitadinho do Perseu. Eu avisei pra ele que era má ideia, mas ele não me escuta! - A pequena loirinha respondeu fazendo um bico fofo na última frase.

Loki olhou para o lado e não pôde conter um quase imperceptível sorriso, demonstrando orgulho. Roxy, é claro, percebeu e sorriu.

– Precisamos fazê-los parar, senão digam adeus à essa base... E ao nosso salário. - Lilith disse.

– Não temos salário. - Kyra disse confusa.

– Correção da frase. Adeus possibilidade de salários. - Luna falou.

– Foco, gente! - Roxy cortou o assunto. - Como faremos com que eles parem?

– Alguém tem que ir lá e falar com eles! - Kyra falou.

– Querem fazer “Dois ou Um” pra decidir? - Cindy fala sorrindo.

– Não... Eu tenho algo em mente, mas acho que alguém aqui pode não topar. - Roxy disse usando a telepatia para compartilhar seu plano somente com as amigas, que acenaram positivamente, aprovando o plano.

– Pode dar certo, mas como pretende convencê-lo? - Marie perguntou.

– Já pensei nisso também. - Dito isso, Roxy se virou e encarou o pai da amiga, que as encarava, se perguntando do que elas falavam. - Bom... Senhor Loki, temos um jeito de parar com esse alvoroço todo... E o plano envolve o senhor. - A ruiva disse receosa e o deus revirou os olhos.

– Como seria o plano? - Ele perguntou com um olhar neutro. - Só por curiosidade mesmo. Não quer dizer que vou ajudar.

– O senhor vai lá e fala para Raven parar. É simples. - Ela respondeu.

– E por que eu?

– Porque o senhor é o pai dela. Mesmo sendo teimosa e desafiadora, Raven irá ouvi-lo... E vai obedecer. Isso salvaria essa base...

– E a nossa possibilidade de salário! - Interrompe Lilith, não se contendo, e os garotos riram, mas foi repreendida com um olhar de Roxy.

– Bom... É isso. – Ela terminou e Loki deu um sorriso lateral, pensando na ideia de a filha seguir o que ele mandar.

– Mesmo que a ideia de ela me obedecer seja tentadora, ainda não me convenceu.

– Foi o que pensei. Então irei propor um trato. Você fala pra ela parar de lutar e em troca, além da obediência da Raven, terá direito de fazer uma pergunta pra ela em cada “aula de feitiço” que der. Ela será obrigada a responder. - Ele arqueou uma sobrancelha, interessado nesse trato. - Perguntas sem restrições. Salvará a base...

– E nossa possibilidade de salário! - Lilith interrompeu novamente com a mesma frase e todos, exceto Roxy e Loki, reprimiram o riso. Lilith amava fazer piadas em momentos de tensão ou coisa do gênero. A ruiva, de novo, lançou um olhar de repreensão para a amiga, que corou.

– Esse é o trato. - Ela concluiu a fala com um sorriso de lado. Seu lado Romanoff estava ativado. Tinha plena certeza de que ele não recusaria.

– E o que lhe faz pensar que quero respostas? - Ele perguntou. Todos estavam apenas olhando, ansiosos para verem o fim da dinâmica.

– Intuição. - Ela respondeu. - E então?! Trato feito? - Ela estendeu a mão.

– Feito. - Ele respondeu apertando a mão de Roxy. - Mas vejo uma brecha em seu plano. Raven pode parar, mas e o herdeiro de Merlin? - Nesse instante, Erick e Joe se surpreenderam, se perguntando como Loki sabia sobre quem Perseu era.

– Como...? - Erick tentou perguntar, mas foi interrompido pela resposta.

– O estilo da magia, a técnica que ele usa para lançar os feitiços, os próprios feitiços são de Merlin. Li sobre ele. Já até executei a técnica. É evidente que este garoto é herdeiro dele. - Loki respondeu e os garotos o olhavam surpresos.

– Então tá. E quanto ao Percy, assim que Raven parar, ele também vai. Ele é um gentleman, não atacaria uma garota pelas costas... E além do mais, ele não tá mais aguentando ficar em pé. - Erick respondeu olhando Percy bloquear feitiços com a maior dificuldade dos Nove Reinos, exausto.

– Então está tudo planejado. Percy bem que poderia pedir pra ela parar, mas é orgulhoso demais. Morreria com o orgulho intacto. - Joe concluiu.

Loki, um pouco a contra gosto, foi em direção ao outro lado da sala de treinamento, parou na frente de Raven, que ainda flutuava, e fez uma coisa que surpreendeu a todos e até ele mesmo. Falou como um verdadeiro pai.

– Raven Phoenix Lokison, você vai parar agora mesmo, garota! -
Rapidamente ela parou e desceu. Não sabia por que obedeceu, mas não conseguiu evitar. Todos ficaram boquiabertos com a cena.

– Wow! - Luna exclamou. - Por que eu não filmei isso?! Vale ouro!

– Nossa! Me surpreendi com meu próprio plano. - Roxy disse.

– Por que estão tão surpresas? É assim que uma filha deve agir com o pai! Bom... Minha mamãe disse isso. Ela falou "Filha, obedeça sempre ao seu pai." - Jéssica falou e Cindy concordou.

Joe e Erick carregaram Perseu, que havia desmaiado assim que Loki interviu, e estavam-no levando para o quarto, gastou muita energia, quando Luna barrou Erick.

– Minhas vinte pratas, por favor. - Ela disse sorrindo. Ele pegou a carteira, tirou uma nota de vinte, resmungando, e entregou. - Foi um prazer apostar com você!

Os garotos saíram e Raven ainda estava tentando processar o que tinha acontecido com ela, um pouco constrangida por todos, inclusive seu pai, que estava com um sorriso convencido, estarem lhe encarando. Roxy percebeu e logo ajudou à amiga.

– Nossa! Essas paredes não aguentar muito. Raven, dá um jeito nisso?

– Ah! O quê?! Claro. - Raven disse saindo da onda de constrangimento e estalando os dedos, fazendo a sala se “autoconcertar”.

– Bom... Não temos mais nada pra resolver por enquanto. - Roxy falou. - Senhor Loki, obrigada pela ajuda.

– Espero que cumpra sua parte do trato. - Ele respondeu simplesmente.

– Não se preocupe. Como eu disse, ela mesma responderá. - Dito isso, Loki acenou com a cabeça e saiu.

– Quem responderá o quê? E que trato? - Raven perguntou.

– Opa! Tô saindo! - Lilith e Luna disseram juntas.

– Nossa! Olha a hora! Kyra, já é o café da tarde, vamos! - Marie disse levando a amiga e as duas garotinhas para fora.

– Mas o quê...? - Raven tentou perguntar.

– O trato foi o seguinte, ele ajudava a te parar, já que você tinha se empolgado um pouco nos feitiços, quase destruindo a base... – Roxy explicava.

– Por que ele? - A loira de mechas verdes perguntou.

– Porque ele é seu pai. Mesmo não querendo, automaticamente você obedeceria.

– Ninguém merece.

– Bom... E em troca disso e de cada aula que ele der pra você, ele faria uma pergunta sem restrições por aula e você responderia sem hesitar.

– VOCÊ FEZ O QUÊ?! - Raven gritou indignada.

– Calma. Sei que ele não vai te constranger... Eu acho.

– Ah! Não tem jeito mesmo.

– Sabia que você iria entender. - Roxy falou sarcástica. - Vamos?!

– Claro. E... Aonde você tava que eu não te achei em lugar nenhum?

– Ah! É... Hum... Assistindo "O Poderoso Chefão"... No quarto do Erick... Que deixou eu me esconder lá. - Roxy falou envergonhada e disse as últimas duas frases sussurrando o mais baixo possível, envergonhada, mesmo assim Raven ouviu e caiu na gargalhada.

– Há há há há...! Você... Há há...! E o Erick!... Assistindo um filme juntos?! Há há há...! No mesmo quarto?! - A amiga não conseguia parar de rir. - E você ainda fala de mim?! Há há...!

– Cala a boca, Lokison! Devem ter te escutado até dos outros oito reinos! Sei lá o nome deles! Os “heim's” da vida! - Ela disse e Raven finalmente conseguiu parar de rir, a encarando indignada.

– Não conseguiu gravar os nomes dos Nove Reinos?! Nem depois de toda a aula que eu dei pra você e pras outras?! - Raven se sentiu um pouco ofendida por ninguém prestar atenção.

– Não me leve à mal, mas são meio chatinhas.

– Agora você aprende. Nomes: Asgard, Midgard, Jotunheim, Vanaheim, Alfheim, Muspelheim, Nidavellir, Hel, mais conhecido como Niflheim, e Svartalfheim. - Raven citava cada um, o que fez Roxy praguejar mentalmente e revirar os olhos. - Todos esses reinos fazem parte da Yggdrasil, a Árvore da Vida e...

– O que eu fiz pra merecer isso?! Roubei a lança de Odin e ele me amaldiçoou com azar eterno?! - Roxy reclamava enquanto a amiga continuava sua explicação sobre os mundos.

Passou-se o tempo e depois de muitas explicações e aulas de história por parte de Raven, a noite veio. Todas tiveram que ficar escutando a aula e culpavam a ruiva por isso. Estavam no refeitório.

– Isso tá pior que os discursos de Greenpeace. - Luna cochichou para Jéssica e Cindy.

– Eu gosto quando ela explica sobre os mundos! Tô me imaginando andando na ponte do arco-íris. Me sentiria uma fada! - Cindy disse olhando para Raven, atenta a tudo o que a filha de Loki dizia, achando fascinante, assim como Jéssica, que concordou. Isso espantou Luna.

– É, com certeza ela tá passando muito tempo com a Raven. - Marie disse enjoada e arrependida por fazer os outros sofrerem com seus discursos. - Gente, mil perdões por fazer vocês sofrerem desse jeito.

– Ok. AH! Roxy! Faz alguma coisa! A amiga é sua! - Lilith falou.

Roxy viu que o sol estava se pondo e pensou rápido para acabar com isso.

– O Ragnarök é o destino final dos deuses, uma série de eventos futuros que vão... - Raven continuava. Sabia que aquilo era uma tortura para todas, exceto Cindy e Jéssica, que adoravam cada história que ela contava. Para elas eram como contos de fada. Escutavam cada palavra atentamente. Uma qualidade que Raven apreciava. Adorava ver as duas focadas no conhecimento. Seria uma espécie de castigo para Roxy, por ter dito aquilo.

– Raven, você tem aulas com seu pai daqui cinco minutos. - A Romanoff disse interrompendo e a filha de Loki arregalou os olhos.

– Tô indo agora.

– Ah! Eu queria saber mais sobre esse tal Ragnarök. - Cindy disse.

– Eu também. Depois me fala mais sobre os anões inventores e construtores de Nidavellir. Quero saber como são as tecnologias! - Jéssica falou e Raven sorriu ao ver que as duas assimilaram perfeitamente o conhecimento.

– Mais tarde prometo contar mais histórias, explicações e talvez até algumas confusões que aprontei em Asgard quando era da idade de vocês, mas é nosso segredinho, ok? - Raven sussurrou para elas, colocando o dedo indicador na frente da boca.

– Ok. - Disseram as duas pulando de alegria. Adoravam segredos.

Raven se teletransportou para o alto da base, o local marcado, e ficou observando o lindo pôr do sol, esperando e pensando em qual seria a primeira pergunta de seu pai.

No refeitório.

– Pensou rápido, Romanoff. - Marie disse.

– Gente, eu amo que a Raven tenha herdado a inteligência do pai dela, que busque conhecimento e saber cada dia mais das coisas, mas o conhecimento, de vez em quando, é irritante! - Kyra disse e Lilith e Luna acenam positivamente.

– Adoro aprender mais sobre essas coisas... Mas a Raven fala cada detalhe da explicação! - Roxy falou.

– Bom... Pelo menos agora estamos salvas... Por enquanto. - Luna falou.

– Por que não gostam das histórias? São fascinantes! - Jéssica disse.

– Ok. Tá na hora de colocar vocês na cama. - Kyra falou.

– Ah! A gente não tá com sono! - Cindy falou.

– É. Não podem nos obrigar! REBELIÃO! - Jéssica falou e todas riram.

– Cama, agora! Senão não vamos deixar a Raven contar mais histórias! - Roxy falou autoritária e as garotinhas saíram correndo pelo corredor rumo ao quarto.

– Como se isso fosse castigo. – Lilith falou irônica.

Em cima da base.

Loki subiu até o local combinado, onde encontrou a filha olhando o resquício de sol se pôr, de costas para ele, falando sozinha.

– Uma obra tão linda, pena que são poucos que param para apreciá-la. Não concorda, Loki? - Ela disse se virando.

Ele apenas deu de ombros, fazendo pouco caso.

– Então vamos à aula. Este primeiro que vou lhe ensinar, é um feitiço muito complexo, talvez funcione. Terá de ser paciente e não questionar. - Loki disse com voz autoritária e ela assentiu. - Bom. Concentre o máximo de sua energia e discipline seus pensamentos. Deixe a energia te rodear. - Ela assentiu, inspirou fundo, fechou ou olhos e fez o que ele pediu. Logo sua energia começou a rodear seu corpo. - Agora diga “Skjulte portal vises og viser meg veien”.

Ela respirou fundo, se concentrou e repetiu:

– “Skjulte portal vises og viser meg veien”. - Quando disse isso, simplesmente desapareceu. Loki estranhou. Era para ter aparecido um portal na frente dela. Ele esperou vinte minutos e ela reapareceu em sua frente com roupas diferentes e estranhas e com uma expressão nada boa. Loki deu um sorriso, reprimindo a risada.

– Muito engraçado. - Raven disse sarcástica.

– O que aconteceu? - Ele perguntou encarando-a ainda reprimindo o riso.

– Esse era um feitiço de “teletransporte” e ao mesmo tempo um portal para o passado. - A filha respondeu fazendo aspas nas mãos.

– Então onde e quando você foi parar para voltar... "Diferente"? - Disse imitando o gesto da filha.

– Fui parar no Antigo Egito. No auge da civilização, durante o Império Novo. Por volta de 1.550 e 1.070 a.C. - Ela disse estalando os dedos e aparecendo com seu uniforme, sem ser o da S.H.I.E.L.D., só que sem o casaco. - Precisava me disfarçar. Pensaram que eu fosse uma sacerdotisa. Demorei porque me arrastaram pra uma reunião de sacerdotes. Eu sugeri que libertassem os escravos, antes que as desgraças caíssem sobre o império e é uma injustiça o que fazem com aquelas pessoas... Ficou preocupado? - Raven disse sorrindo irônica.

– Não seja tola. - Ele disse com o tom mais frio que se pode imaginar, fazendo a filha desmanchar o sorriso, triste de certa forma e desapontada, mas não demonstrando. Ele ficou preocupado sim, mas não admitiria nem para ela é nem para si mesmo.

– Bom... Acho que por hoje já chega, não é? - Raven perguntou cortando o clima tenso que havia se formado.

– Sim. Mas antes...

–... As perguntas. - Ela completou o que ele ia falar. - Sem restrições. Sem hesitar ao responder. - A filha de Loki levantou as mãos em sinal de rendição, simbolizando que iria seguir o trato que sua amiga havia feito com seu pai. - Pergunte, mas pense no que quer realmente saber. Uma pergunta por aula. Sem pressa.

Ele ficou pensativo e ela se sentou para observar as estrelas e a Lua, fechando os olhos de vez em quando para apreciar a brisa fria. Isso lhe trazia paz. Sentia-se livre. Mas como percebeu ao longo dos anos, nunca somos verdadeiramente livres.

Loki pensava olhando para a filha, vendo que ela tinha paz, mas não a paz interior. Algo a incomodava profundamente. Mergulhado em meio a tantos pensamentos, ele chegou a uma pergunta.

– Como você acabou naquela equipe? Ou seja, quero detalhes desde como saiu de Asgard até como entrou para a S.H.I.E.L.D. - Dito isso, sentou-se mais afastado, também fitando a Lua à sua frente e esperando uma resposta.

“Foi uma boa pergunta”, ela pensou.

– Eu havia fugido da prisão de Asgard, aos sete anos, fui presa aos seis, por pouco eu não morri, mas... Mesmo não sentindo frio, eu tinha sentido aquele frio que você sente antes de morrer. Ao fugir, eu fui procurar minha mãe, que me ajudaria e para me despedir pessoalmente. Não poderia mais ficar em Asgard. Não daquele jeito. Naquela situação. Me entregou minhas armas e, com muito pesar, ela pediu à Heimdall que me transportasse para Midgard e foi isso o que ele fez. Ele era um grande amigo da minha mãe, então, com certeza, ajudaria. - Ela deu uma pausa, suspirou e olhou para o lado, onde Loki ouvia atentamente. - Minha mãe disse que sempre iria pensar em mim e tentaria apaziguar minha situação. Cheguei em Midgard, logo a S.H.I.E.L.D. apareceu, por terem captado uma energia asgardiana. Fui levada para o aeroporta-aviões, sem relutância, e fiquei em uma jaula quase igual à que você ficou. Pensaram que eu podia ser algum tipo de ameaça. Depois de Nick Fury ter feito um longo interrogatório, comigo omitindo algumas partes delicadas, descobriram sobre mim, sobre eu ser sua... Filha, mas não tinha nenhuma ligação ou contato com você. Então eu estava liberada, mas não tinha pra onde ir. Ele sugeriu então que eu trabalhasse para a S.H.I.E.L.D. Li a mente dele para ver o que havia por trás dessa oferta e descobri sobre a "Iniciativa PPGS", onde eu “trabalharia”... E algumas coisas a mais. Não tive coragem pra ler tudo. Nem queira saber o horror que são os pensamentos dele. Aceitei a oferta e acabei conhecendo Roxy e Kyra, que mais tarde descobriria ser minha prima. Depois de muito tempo, no dia de Natal, fiz amizade com elas e depois vieram as outras... E... É isso. Foi assim que entrei pra S.H.I.E.L.D. - Ela terminou de contar e ele pareceu um pouco surpreso. Tanto pelo fato de ela ter sido presa aos seis anos, como ter quase morrido ao fugir. Perguntas ainda ficavam em sua cabeça, como o porquê de ela ter sido presa, como ela quase morreu tentando fugir e como fugiu, quem é sua esposa, onde ele está no tempo da filha, mas trato é trato, uma pergunta por aula.

– Interessante... - Ele disse e ela apenas o olhou. - Amanhã, aqui, no mesmo horário. Não se atrase.

– Sei que ainda quer saber de algumas coisas, mas vai esperar como se fosse um pai que espera a filha começar o recital de balé. - Ela disse rindo e Loki revirou os olhos. - Boa noite.

Raven se levantou e saiu. Ele ainda estava pensativo, mas logo também saiu do local.