“Ludwig, pelos céus, você está imundo!” O austríaco o esperava na sala, nervoso com a demora do mais novo. Nas mãos, segurava duas toalhas brancas dobradas perfeitamente, em cima do sofá, duas mudas de roupa recém-lavadas exalavam cheiro de lavanda. A criança olhou pra baixo, envergonhada por seu desalinho. Fechou a porta atrás de si, ficando em um cantinho para não sujar o chão encerado. “Olha todas essas manchas nas suas vestimentas!” O loirinho estava coberto de lama da cabeça aos pés, totalmente imundo. “Por onde andava? Procurei-te por todos os lugares! Sabes bem que é perigoso sair com esse tempo.” Correu até o menor, pegando uma das toalhas e o secando, já que se encontrava ensopado por causa da torrencial chuva que acontecia lá fora. A porta foi escancarada com um chute violento, quase acertando o jovem alemão.

“Kesesesese! Não se preocupe, ele estava com o incrível eu, meu caro aristocrata.” Gilbert estava logo atrás, também ensopado e coberto de lama. Seus trajes traziam manchas de sangue e rasgos, no rosto, alguns arranhões e um hematoma roxo. A espada, o casaco em farrapos e o chapéu foram jogados de qualquer forma sobre a poltrona, arrancando um protesto do dono da casa. “E com as minhas habilidades incríveis de segurança, eu incrivelmente o mantive sobre minha guarda.” Fingiu uma pose heroica, piscando para o menino. “Certo, West?”

“Muito pelo contrário, se ele estivesse sozinho estaria mais seguro.” A personificação da Áustria retorquiu de forma sarcástica, entregando a outra toalha e uma muda de roupa para o maior. O albino passou a toalha pelos cabelos e pela face, fazendo uma careta ao encostar no ferimento perto do olho. “Você andou se metendo em brigas desnecessárias de novo. E pra piorar, levou um garotinho inocente pra carnificina demoníaca.” Não era uma pergunta, tampouco uma exclamação, era uma certeza. Vendo a fúria do moreno, o mais velho deu uma risadinha nervosa.

“Eer... Kesesese, fomos pegos de surpresa, não teve como evitar.” Desculpou-se, coçando a nuca. O outro cruzou os braços, pouco convencido. “Dou a minha incrível palavra que fomos atacados enquanto passeávamos pelo campo!”

“É verdade!” Defendeu Ludwig, dando alguns passos para a frente. “Prússia e eu estávamos atrás das suas flores favoritas quando fomos atacados pel-...”

“Minhas flores favoritas?” Cortou, arqueando uma sobrancelha. Os dois germânicos se entreolharam, culpados ao serem pegos em flagrante. “Por quê procuravam as edelvais?” Minutos de silêncio se seguiram, o pequeno tomou as mudas de roupas que lhe cabiam e subiu as escadas correndo, deixando seu “irmão mais velho” para dar explicações. “Então...?”

“Bem, quem começou tudo foi o West, ok?! Ele disse que precisamos pedir desculpas por sempre está te dando trabalho, então, minha incrível mente teve uma ideia ainda mais incrível de colher flores para te dar de presente em um buque.” O aristocrata podia jurar que o prussiano estava corado, porém, era difícil dizer com tantos filetes de sangue seco em suas bochechas. “Você me irrita exigindo essas respostas não-incríveis.”

“Oh.” Sorriu. “Finalmente uma atitude certa, agradecer-me por ser como um pai para ambos.”

“Mãe.” Corrigiu, sorrindo provocador. “Mãe para o West e uma esposa bem chatinha para mim.” Passou os braços em volta da cintura do mais baixo, trazendo-o para si, simulando beijá-lo. “E como dever da consorte, você deve me satisfazer agora para que eu o perdoe por me irritar.”

“Se afaste de mim, seu tolo! Depravado!” Corou, empurrando o ex-cavaleiro da ordem teutônica. “E-Eu não sou sua esposa!” Virou-se, tentando disfarçar as pernas e mãos tremendo. “Vou subir, Ludwig precisará de ajuda para terminar de se limpar. Quanto a você, suas roupas estão em cima do sofá. Já sabe onde é o banheiro, pode ir lá sozinho.”

“Sei onde é quarto também, mas não sei se posso resolver meu problema sozinho.” Apontou para a região entre as pernas. “Quem lida com meus cinco metros é você.”

“De-Depravado!” Correu para as escadas, subindo ainda mais rápido que o alemão anteriormente. Prússia cuspiu sangue, tossindo abafado para que ninguém escutasse. Tirou do bolso algumas edelvais amassadas e colocando-as sobre o criado mudo, junto com um bilhete. “Ich liebe dich” e rumou para a casa de banho.