Dracolândia escrita por malukachan


Capítulo 5
Capítulo 5 - Um é muito, dois é demais.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/417731/chapter/5

Estava faminto, pois nada comera desde o café da manhã no castelo, e até que o gosto do cogumelo não era de todo ruim. Continuou comendo até que sentiu uma fraca vertigem, como se a paisagem passasse rapidamente na frente de seus olhos, então percebeu que não era vertigem, seu corpo se esticava rapidamente o que fazia que sua visão corresse de baixo para cima numa velocidade impressionante. Sua mãe se sentiria imensamente feliz ao vê-lo voltar à sua antiga altura, afinal ela jamais apreciara homens baixinhos.

Sorriu ao pensar nessa bobagem, talvez o ambiente já começasse a afetá-lo.

Compreendeu então o que a Lagarta-McGonagall disse sobre "vai te ajudar". Ficava mais do que grato, ser uma formiga não era exatamente interessante. Era bom estar de volta ao que era, apesar de sentir bem no fundo que aquela loucura toda o estava afetando não iria admitir racionalmente isso por nada no mundo.

Apesar de muito confuso, tudo o que via naquele local era imensamente belo, e com uma pequena dor no coração sentiu uma falta avassaladora de Harry, o que, é óbvio, jamais admitiria para ele, mas estava mais do que disposto a deixar sua mente e seu coração sentirem falta do namorado o quanto quisessem. Talvez admitir para o mundo estarem juntos não fosse tão ruim assim. Ao menos o teria ao seu lado sempre que possível, não estaria como agora com uma saudade insuportável na alma.

Com o rápido crescimento, já estava em seu tamanho normal um pouco antes de chegar à outra encruzilhada. Suspirou profundamente antes de erguer seus olhos para as placas já temendo o que veria.

Aquela situação de déjà vu o fez ficar pensando no Severus-Gato e o quanto gostaria de fazê-lo sofrer um pouco (ou bem mais que um pouco, na verdade queria muito torcer seu pescocinho giratório), tinha absoluta certeza que ele sabia que acabaria nesse lugar.

Com outro suspiro que parecia vir das profundezas de seu corpo, lá onde deveria existir uma alma (o que muitos ainda duvidavam ser possível), leu a placa que ia para a direita: POR AQUI, É MELHOR DO QUE POR ALI.

Fechou os olhos por um momento sem acreditar no que lera. Jamais havia visto placas como estas que encontrara naquele lugar. Abriu os olhos lentamente, já receava o que teria à sua frente, leu a outra placa que dizia: NÃO, POR AQUI É MELHOR, NÃO ESCUTE AQUELA PLACA MENTIROSA.

Levando as mãos à cabeça Draco ficou exasperado. Lamentava profundamente ter sido tão bem educado, pois queria se jogar no chão, queria gritar, queria sua mãe, queria ir pra casa, queria sua cama, queria Harry e queria qualquer coisa contanto que com isso conseguisse sair desse lugar estranho logo.

Já ia abandonar sua fleuma de cavalheiro inglês e juntar a ação aos seus desejos quando escutou uma risada baixa que logo foi seguida de outra.

Um pouco mais adiante, bem no meio da encruzilhada, havia uma árvore frondosa. Seu tronco era grosso e forte e as folhas caiam como cascatas. Parecia muito a árvore-da-chuva, se não fosse pelo fato de que as folhas eram cor-de-rosa.

Era de lá que vinha os sons de risos, caminhou até a árvore e deu a volta nela em silêncio, encontrou dois meninos escondidos rindo muito, com a mão na boca para tentar abafar o som. Ao lado dos garotos estava um pote de tinta, compreendeu imediatamente o porquê de estarem rindo e que as placas haviam sido alteradas para aplicar um trote nos desavisados.

Quase (isso mesmo, quase) ficou com remorsos de ter pensado mal do Severus-Gato, mas depois achou que estes moleques deviam ser discípulos daquele ser torturante. Seu desejo de ter pescoços para torcer se intensificou. Juntando o máximo que pode de seu auto controle e educação primorosa (muito necessário para não se tornar um degolador de gatos e de meninos desmiolados) pigarreou chamando a atenção dos dois jovens.

Começou a falar na sua famosa voz glacial (usada muitas vezes quando Harry, sempre ele, o tirava do sério nos tempos de escola, tudo para que o testa-rachada não percebesse seus reais sentimentos na época).

- Quem são voc... – se interrompeu no momento que eles se levantaram rindo e pararam um ao lado do outro com caras traquinas. Ambos vestidos exatamente igual e curiosamente as roupas não possuíam traços de tinta cor-de-rosa, o que Draco agradeceu mentalmente pois cabelos vermelhos, daquele tom, definitivamente não combinava com rosa (Malfoy sempre por dentro da moda).

- Eu sou Tweedle-Jorge! – disse um deles fazendo que não com a cabeça. Negando enfaticamente a afirmação que acabara de pronunciar.

- Eu sou Tweedle-Fred? – disse o outro confuso se virando para sua cópia exata. – Não sou eu o Tweedle-Jorge?

- Acho que não caro irmão, eu tenho absoluta certeza de que eu sou Tweedle-Fred. – pronunciou o primeiro olhando firmemente para o rapaz ao seu lado.

- Hum, compreendo, compreendo. – o segundo afirmava enquanto piscava para Draco, como se este também compreendesse do que falavam.

Na realidade Draco não compreendia nada e abria a sua boca, parecendo um peixe fora d'agua, estupefato com toda aquela conversa non-sense.

- Ou Será que eu sou Tweedle-Forge? – voltou a enunciar o primeiro já rindo descontroladamente.

- Sim, sim, então com toda a certeza eu sou Tweedle-Jred! – disse o segundo dando tapinhas de confirmação nas costas do que parecia ser seu clone.

- Ou, no final das contas sou Tweedle-Eu e você Tweedle-Tu? – disse então o outro coçando o queixo como se estivesse em dúvidas quanto à solução de um enorme problema aritmético.

- Impossível! Eu que sou na verdade o Tweedle-Eu! – o segundo afirmou dando um pulo indignado, encarando vivamente seu interlocutor.

- Não meu caro, eu sou Tweedle-Eu. – o primeiro cruzou os braços ao falar isso como se já estivesse importunado com a persistência do outro em afirmar o tempo todo que era ele, ou que não era. Draco sentiu uma vontade quase incontrolável de chorar.

Os irmãos se encaravam completamente esquecidos de Draco que já não sabia quem era quem, quem falava o que e começou a se afastar, totalmente confuso, indo incontinenti pelo caminho da direita.

Nesse momento, o que primeiro afirmara ser Tweedle-Jorge sorriu virando-se para o loiro.

- Se eu fosse você não iria por esse caminho. Não está vendo que aquela placa fala que é melhor por ali? – disse indicando a placa NÃO, POR AQUI É MELHOR, NÃO ESCUTE AQUELA PLACA MENTIROSA.

- Ora, - falou o que provavelmente seria Tweedle-Fred, aborrecido com o aparte do irmão – É a mais pura mentira. Aquela placa é que é a certa. E indicou, apontando com o dedo, a placa POR AQUI, É MELHOR DO QUE POR ALI.

Draco parou levantando a sobrancelha agastado. Esses rapazes não pareciam desistir.

- Onde esses caminhos vão dar? – Draco perguntou e se arrependeu no mesmo momento em que notou o sorriso maníaco nos rostos dos gêmeos.

- Esse caminho – Tweedle-Fred disse indicando o caminho da esquerda – vai dar na minha casa.

- E esse caminho – Tweedle-Jorge disse indicando o da direita – vai dar na minha.

- Vocês não moram juntos então? – Draco disse ignorando o fato de que eles indicavam a cada momento uma placa diferente enquanto riam e o olhavam, como se o desafiassem a saber do que realmente estavam falando.

- Moramos! – responderam juntos com um sorriso enorme, se cumprimentando plenamente satisfeitos com sua astúcia.

Draco sentia vontade de gritar e de mata-los, não necessariamente nessa ordem. Depois ainda queriam saber por que ele odiava os Weasleys. Olhava para os irmãos com uma vontade crescente de sufocar os dois até sentir a vida esvair de seus corpos mal vestidos, para então ressuscitá-los, só para poder mata-los uma vez mais. Respirou fundo diversas vezes para se acalmar. Ao menos tentar se acalmar. Seus pensamentos todos eram no momento Wesleycidas.

- Qual o caminho certo? – disse rangendo os dentes, desejando rasgar os dois em pedacinhos minúsculos.

- Por ali! – Tweedle-Jorge respondeu apontando para a esquerda enquanto Tweede-Fred indicava o caminho da direita. Totalmente alheios aos desejos ensandecidos e homicidas de Draco.

- Não, por ali! – voltaram a falar juntos indicando caminhos contrários uma vez mais.

Ficaram brincando e apontando para lados diferentes até que os dois se descuidaram e acabaram apontando para a esquerda ao mesmo tempo, se olharam impressionados.

- Ok, pela direita então. – Draco disse e virou as costas afastando-se o mais rápido que podia. Tomou a decisão e seguiu em frente sem olhar para trás.

- Não, espere! Nós erramos. – gritavam desesperados,

Escutou gritarem, mas já tivera sua quota de gêmeos por uma vida. Talvez até mesmo por duas. Correu até que os gritos chamando-o de volta não fossem mais escutados.

Draco passou a mão pelos cabelos, sentia-se muito irritado. Além de tudo estava com fome e sede. Afinal mesmo que fosse um pouco saboroso o pedaço de cogumelo não o havia alimentado.

Voltou a caminhar, desta vez mais devagar, até que avistou uma grande casa com janelas em formato de morangos, o que fez seu estômago roncar lembrando-o de sua fome, as paredes amarelas, a porta azul, a grama laranja e um homem peixe voador parado na porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dracolândia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.