Dracolândia escrita por malukachan


Capítulo 3
Capítulo 3 - Os sapos cozidos




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Não era possível, simplesmente não era. Draco já começava a achar que estava muito cansado e imaginando coisas (um Malfoy não fica louco, fica excêntrico). Começou a suspeitar que, se Severus Snape – o seu muito respeitado e admirado professor e mestre de poções, era um bizarro gato roxo com listras rosa, diga-se de passagem, então, talvez as orelhas de Hermione não fossem um feitiço afinal (Malfoys são inteligentes quando querem).

Normalmente não sentaria no chão sujo como qualquer um, mas estava muito cansado. Sua mente parecia um vendaval, os pensamentos não se conectavam fazendo-o ficar irritado.

"Devo ter cheirado alguma poção estragada."

- Severus, - começou – o que esta acontecendo aqui? É algum tipo de brincadeira?

- Oh, por favor. Use seus miolos garoto. – o gato sumiu no ar e apareceu no chão perto de Draco que o olhava entre ofendido e curioso – Você realmente não sabe onde está?

- Se eu soubesse não estaria perdido em frente a um poste de sinalização! – o loiro respondeu de modo grosseiro.

- Da próxima vez não saia atrás de coelhos sem saber para onde ele o estaria levando. Coelhos podem ser perigosos para quem não conhece sua verdadeira natureza. – falou o gato sumindo aos poucos.

- Espere! – Draco gritou – Você sabe sobre o coelho?

O Severus-Gato apareceu novamente com um sorriso muito estranho e assustador que se abria de um lado a outro de seu rosto. Estava agora sentado em uma das flechas que indicava os muitos caminhos disponíveis. Os dentes afiados faziam com que Draco mantivesse uma distância segura do bicho estranho. O fato de que ele podia desaparecer e aparecer onde quisesse não melhorava em nada seu humor.

"Com certeza ele não é o Severus"

- Ora, ora meu rapaz! Sei de muitas coisas. – respondeu o gato abrindo mais o sorriso. – Sei por onde você deve ir, por exemplo, e os caminhos que deveria evitar.

- E você vai me falar? – mesmo não querendo Draco soou esperançoso.

- Talvez sim, ou não. Devo dedicar meu tempo a você? Depende. – retrucou o gato que sumia em pleno ar, sendo a temível boca sorridente a última coisa a desaparecer completamente.

- Espere, depende de que? – falou rápido. Mas já percebendo que nada adiantava, se encontrava novamente só.

Mesmo não querendo admitir (nem para si) Draco insistia naquela conversa por não querer ficar sozinho naquele lugar. Não sabia onde estava ou como voltar para o castelo. Amaldiçoava Granger de varias e terríveis maneiras, independente se era realmente ela vestida de coelho branco ou não.

Distraiu-se cabisbaixo pensando e não notou que o Severus-Gato após sumir completamente apareceu a poucos centímetros do seu rosto. Ao levantar os olhos deu um grito, caindo para trás enquanto o gato gargalhava. Draco se levantou apertando os punhos com força.

- Depende se eu quero ajudar.

Existia uma coisa que não se podia negar sobre Draco Malfoy (não só uma, várias) e essa era de que ele não era uma pessoa paciente. Lógico que ele compreendia a necessidade de receber ajuda, queria sair daquele lugar maluco o mais rápido possível, mas Severus estava testando todos os limites de sua boa vontade e paciência (o que sejamos sinceros possui um limite muito pequeno).

- E você quer ajuda para decidir? – falou rangendo os dentes.

- Não. Se você não consegue ver a lógica em toda essa situação então não vejo como poderia me ajudar a decidir algo, mesmo tão simples, como saber o que é melhor para mim no momento. Afinal o que é melhor para mim não será de grande ajuda para você. – respondeu o gato sumindo – Mas quem sabe... – falou voltando a reaparecer totalmente.

- O que? – perguntou rápido, perdido naquela algaravia sem sentido, antes que o gato sumisse outra vez.

- Já ouviu falar de Sherazade?

- Não. – respondeu o loiro observando o gato balançar de um lado para o outro, quase o hipnotizando com seu movimento ritmado – Mas que tem a ver essa tal She... Hmmm... Shera alguma coisa, com a questão de você me ajudar?

- Garota adorável. Realmente adorável! – o gato continuou ignorando a pergunta – Sabe como entreter. Muito inteligente e bonita. Também misteriosa! É uma pena...

Não queria perguntar, realmente não queria. Mas Draco era muito curioso, e agora estava no dilema entre saber quem era essa garota ou não perguntar e ficar se remoendo por não saber. Andava de um lado para o outro tentando segurar a língua quando notou que o gato o olhava rindo.

"Maldito, está se divertindo às minhas custas!"

- Pobre Sherazade... – Severus-Gato repetiu provocadoramente.

"Droga, droga, droga, mil vezes droga"

- Fala logo qual o problema com essa garota. – gritou não mais se contendo e corando violentamente ao perceber que caíra na armadilha no momento que pronunciou as palavras.

O gato riu novamente e Draco teve a impressão de que quando voltasse para casa Severus Snape não seria mais seu professor favorito. De preferencia manteria uma distância bem grande do mestre de poções. Assim ele não o mataria e evitaria Azkaban.

- Vai falar ou vai ficar somente rindo? – a paciência de Draco acenava dando tchau.

- Uma jovem contadora de histórias. Muito intrigante e especial.

- Não vejo o porquê do "pobre moça" nessa história. – Draco disse interrompendo.

- Bem, isso porque eu não terminei de conta-la. Se ficar quieto posso continuar, ou vai ficar me interrompendo e prolongando o inevitável? – o gato retrucou.

Draco já não sentia os dedos de tanto que apertava as mãos segurando-se para não estrangular Severus-Gato. E a tentação estava muito grande.

Ficou em silêncio enquanto o gato sumia e aparecia. Ficou tentado a perguntar se ele ia ficar bancando o vagalume "liga-desliga" por muito tempo, mas considerou que era melhor manter a boca fechada. Queria saber até onde ele iria com tudo isso e para que serviria a história da tal garota.

- Continuando a história, antes de ser tão rudemente interrompido. Com o passar do tempo a fama de Sherazade espalhou-se por todo reino, então foi chamada para contar histórias para a Rainha. Ela se entedia rapidamente e queria que as histórias preenchessem os longos dias que tinha à frente. – o gato continuou sentando-se feito gente e balançando o rabo para todos os lados – O problema é que Sherazade era muito bonita e acabou chamando a atenção do rei, que ficou interessadíssimo não apenas em sua beleza, mas também em sua inteligência. O que não podemos realmente reprovar, afinal veja só com quem ele acabou se casando, o que acho que demonstra que ele não possui um bom cérebro também. Mas novamente estou divagando... Como resposta a tudo isso a Rainha de Rosa mandou lhe cortarem a cabeça.

- E o que eu tenho a ver com isso? – Draco falou depois de escutar.

- Antes que ela se fosse eu a visitava nas masmorras e escutei muitos enigmas deliciosos. E histórias incríveis também. Acabei pegando gosto e posso dizer que sou agora um conhecedor. – enquanto falava seu sorriso aumentava mostrando os dentes afiados – Então, para meu deleite, quero que me conte uma história, um poema, um enigma. O que seja, mas tem que ser um que eu não conheça, tem que ser algo fresco e novo.

- Só isso? – perguntou.

- Acha pouco? Quem imaginaria que seria uma dessas pessoas que aprecia um desafio. Muito bem então! Você tem apenas uma chance, não a desperdice. – o gato sorriu sumindo.

Draco levantou analisando sua melhor opção. Conhecia um bom número de enigmas, mas tinha a leve impressão de não era bem o que o gato queria, já deveria conhecer a maioria, se não todas. Pensou nas histórias que poderia contar, mas se essa tal Shera alguma coisa realmente era uma contadora de histórias tão boa quanto o gato havia falado provavelmente não poderia ser algo que já houvesse sido escrita ou compartilhada. Por fim, após pensar muito, decidiu que havia lhe sobrado apenas a opção de lhe recitar poemas, mas Draco não era muito fã de poesia e começara a gostar menos desde...

Então seu rosto se abriu em um sorriso enorme enquanto virava para o gato que o analisava com os grandes olhos amarelados.

- Muito bem – Draco disse convencido – eu tenho um poema para você.

- Lembre-se que eu não posso conhecer.

- Tenho certeza que não conhece. – falou sorrindo amargamente.

"Eu gostaria muito de não conhecer também" – pensou horrorizado enquanto se lembrava do verso.

"Teus olhos são verdes como sapinhos cozidos,
Teus cabelos, negros como um quadro de aula.
Queria que tu fosses meu, garoto divino,
Herói que venceu o malvado Lord das Trevas."

O rosto do gato se contraiu em desgosto e analisou o rapaz loiro achando que ele só poderia estar louco.

- Mas o que é isso? – perguntou incrédulo.

- Você disse que tinha que ser algo que não conhecesse. Não disse que tinha que ser bom.

Draco ria vendo o horror no rosto do Severus-Gato, fazendo-o lembrar das caras que o professor fazia ao falar de Potter.

- Bem, eu cumpri o que pediu agora me diga por onde devo ir? – cobrou o loiro.

- Siga pelo caminho azul à direita da lagarta. – balbuciou sacudindo a cabeça vigorosamente, como se tentasse remover algum animal indesejado que porventura houvesse pousado nela. – Como eu esqueço isso agora?

- Se descobrir me fale, eu ainda não consegui apagar isso da minha mente.

Revoltado o gato o encarou, seus olhos brilhavam enquanto seu corpo sumia aos poucos.

- Já que me deu em que pensar por muito tempo, mesmo sendo algo tão desagradável, te darei em retorno uma linha de pensamento. Boa sorte com a Duquesa... – pronunciou o gato voltando a sorrir malevolamente.

- Que Duquesa? – Draco perguntou aturdido.

Todo corpo do gato já havia desaparecido deixando somente o sorriso que sumiu de uma só vez como se jamais tivesse existido.

Esperou algum tempo esperando que voltasse, mas estava sozinho. Só então notou que não fazia ideia do que o gato queria dizer com "à direita da lagarta".

"Se coloco as mãos naquele gato..."

Como só existia um caminho azul seguiu por ele e esperava encontrar a resposta ao enigma do gato mais à frente.


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