Love Can Wait escrita por Às


Capítulo 9
Capítulo Nove


Notas iniciais do capítulo

Olá. Como passaram de carnaval?
Espero que gostem do capítulo. Ele foi especialmente escrito para todas as pessoas que me perguntaram "Quem é Daniel?"
Até mais.



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O irritante não era ouvir relatos sobre a noite anterior. Era eu não me lembrar de absolutamente nada.

— Lice, pelo amor de Deus, desliga esse celular e me fala de novo onde você me deixou.

— Espera, estou mandando uma mensagem pro Frank.

Peguei o objeto de sua mão e sentei em cima, obrigando-a a olhar para mim.

— Mas o que...?

— A luz está me dando dor de cabeça, e eu preciso saber se estou sexualmente intacta.

Ela revirou os olhos.

— Não deveria ter bebido aquelas doses de tequila se sabe que não aguenta. — Me arrumei na cama, fazendo com que ela olhasse com dó para o celular. — Se você rachar a tela eu te mato, é um aviso... Lily, você se lembra da parte onde nos arrumávamos e você ficava surtando por achar um vestido curto demais e a outra roupa muito provocativa...

— Por que era! Aquele vestido parecia uma blusa!

—... Então vou pular essa parte. Acontece que James veio nos buscar, mas assim que chegamos no terraço ele foi checar algo, acho que sobre a Minerva... Enfim, cumprimentamos algumas pessoas, você ficou com aquele seu caderninho irritante na mão e eu encontrei Frank.

— Dessa parte eu lembro... E eu perdi meu caderno.

Ela me olhou com uma sobrancelha levantada.

— Tem algo escrito lá com o que eu devo me preocupar, senhorita?

Balancei a cabeça negativamente.

— Ok... Depois eu fui falar a sós com o Frank e você e a Dorcas sumiram. Só te vi novamente no fim da festa e, não sei direito, mas parecia que estava chorando.

Olhei para a morena com o cenho franzido. Não entendia como... Chorando?

Ela levantou as mãos como se também não soubesse.

— Eu estava sozinha?

— Com James.

••

Andava pelos corredores com um óculos escuro. Qualquer luz, mesmo os fracos raios de sol que vinham da janela, me cegavam e davam uma forte dor de cabeça. Era minha primeira vez de ressaca, e não era nem um pouco glorioso.

Estudantes para quem eu nunca falara oi, me cumprimentavam e sorriam como se fôssemos grandes amigos. Eu não fazia ideia do nome de nenhum deles, mas acenava de volta, meio sem entender.

Saí do chalé com muito esforço, a luz me cegou fortemente e tive que esperar um tempo para que me acostumasse com ela.

Rondei pelo lugar, procurando alguém que me ajudasse com as informações da noite anterior, mas tomei o devido cuidado de fugir das aulas que os professores insistiram em dar ao ar livre.

— Você! — Avistei Potter com cara de sono e fui até ele o mais rápido que minha dor de cabeça me permitia. — Precisamos conversar.

Ele olhou para mim e sorriu.

— Olá, meu amor.

— Não me venha com essa. — Disse, pegando no braço dele e o puxando para longe da casa. — Que diabos aconteceu ontem? Por que eu estava chorando? Cadê meu caderno?

— Olha, não vi nenhum caderno na sua mão... Mas... — Ele pareceu desconcertado. — Você não lembra de nada mesmo?

— Do que eu deveria me lembrar? O que aconteceu?

— Você não lembra de... Nós?

Senti minhas bochechas esquentarem violentamente e olhei pra baixo.

— Como assim "Nós", Potter? — Ia lhe dar um soco se não me respondesse logo.

— Você disse que queria ir pra um lugar privado, e eu te levei pro meu quarto ai...

— COMO ASSIM... — Coloquei a mão na têmpora. — Ai... Como assim fomos pro seu quarto? — Disse, abaixando o tom da voz.

— Ficamos sentados, conversando e ai... Nos amamos...

Olhei para ele sem acreditar. James sustentou meu olhar por alguns segundos, mas então começou a rir.

— Estou brincando, qual é, você acredita em qualquer coisa?

— Você. É. Um. Idiota. — Disse pausadamente, entre um tapa e outro.

— Ei! Para de me bater, para, para. Lily, eu só estava brincando, não se irrite tanto com isso.

— Você não me respondeu por que eu estava chorando.

Ele aos poucos foi tirando o sorriso dos lábios, e se mostrou sem jeito.

— Acho que eu fiz algo que te lembrou o Daniel...

Passei as mãos no cabelo e mordi os lábios.

— Lily, pelo amor de Deus, por que esse Daniel é tão importante na sua vida?

— Quero ir para um lugar onde ninguém nos ouça. — Cruzei os braços. — E isso não inclui quartos.

James me levou para um canto afastado do chalé, onde havia um coreto e alguns bancos de mármore. A única coisa que eu conseguia ver da casa, era o para raios que ela possuía e nada mais. Não havia ruídos de conversa com olhos nos espreitando.

— Como conhece esse lugar?

— Já fiz uma breve visita ao chalé no ano passado.

— A época em que estava com Marlene? — Perguntei.

Ele olhou para mim e acenou com a cabeça.

Ficamos um tempo em silêncio. Eu não sabia como começar, mas precisava.

— Daniel... — Suspirei. — Ele era meu vizinho. Éramos amigos de infância, mesmo ele sendo dois anos mais velho que eu. Tínhamos um laço muito forte, íamos um na casa do outro quase todo dia, ficávamos juntos na escola... Era meu melhor amigo.

James apenas escutava, acenando de vez em quando.

— Minha afeição por ele crescia um pouco mais todo dia. Ele... Ele era meu super herói, sabe? Me protegia, me fazia rir, cuidava de mim até quando eu ficava doente... E vice e versa. Um dia antes de eu fazer quinze anos, dei meu primeiro beijo a ele, e prometemos que iríamos ficar juntos não importasse o que iria acontecer. No dia do meu aniversário, fiquei esperando por ele, mas não apareceu. Era um dia muito especial — Senti uma lágrima escorrer. O garoto a limpou delicadamente e esperou até que eu tomasse fôlego novamente. — Era o dia em que íamos dizer aos nossos pais que estávamos juntos... Mas isso não aconteceu.

Minha voz começou a falhar horrivelmente, e isso me forçou a parar um pouco de falar. Recostei a cabeça em James e chorei até não haver mais água em meu corpo. Minha cabeça latejava mais que nunca.

Potter me deu um beijo demorado na bochecha molhada e sussurrou que já voltava. Segurei em seu braço, para que ele não fosse e ele me abraçou.

— Demoro cinco minutos, meu Lírio. Vou pegar umas coisas pra você se sentir melhor. Eu prometo que volto logo.

Relutante, deixei que ele fosse. Aproveitei o tempo sozinha para limpar o rosto e tentar recuperar o ar, além de me acalmar.

Pouco tempo depois ele estava de volta, sem fôlego e com um lenço na mão. Entregou ele a mim e eu assoei o nariz.

— Trouxe um remédio pra dor de cabeça. — Disse, estendendo um comprimido e uma garrafa d'água.

Tomei o medicamento e abracei os joelhos.

— Melhor? — Perguntou, e eu assenti.

Respirei fundo.

— Não consegui dizer para meus pais, pois naquela manhã ele havia sido atropelado. — Disse quase sussurrando. — E estava em estado grave... Passei um ano indo vê-lo no hospital. Eu tinha certeza de que ia sair do coma e íamos ficar bem. Mas aí ele não resistiu...

Ficamos em silêncio. Eu não chorava, mas doía. Muito.

— Ainda não superou, certo? — Ele murmurou, fazendo carinho em meus cabelos.

— Não... — Suspirei. — E esse era o principal motivo de eu não gostar de você. Me lembra muito.

— Eu não sou ele.

— Eu sei. Você é mais irritante.

— E mais bonito.

Dei risada e levantei do banco, respirando fundo.

— Seu rosto está super vermelho. — Ele sorriu. — Que fofa.

Mostrei a língua, colocando as mãos no rosto. Parecia que eu tinha ido em uma sauna.

James se levantou também e me abraçou.

— Lily...

Levantei o rosto e ele sorriu.

— É fácil de entender por que alguém prometeria estar sempre com você.

Corar foi minha reação. Arregalar os olhos foi a outra, assim que ele me beijou.


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