Acordei animada naquela manhã. O sol batia na janela e iluminava meu quarto, fazendo um sorriso aparecer.

Tomei café, beijei o rosto de meus pais e, pela primeira vez em muito tempo, saí saltitando de alegria. O céu estava azul, os pássaros cantavam, James me esperava na calçada... Espera.

− O que você está fazendo aqui? – Perguntei, indo até ele. Estava com cara de sono, com os óculos pendendo meio torto. Segurava uma mochila em um ombro e olhava para mim com um sorriso cansado.

− Vim buscar minha namorada.

Franzi o cenho.

− Você está levando isso a sério demais.

− Só estou sendo o mais fiel possível ao contrato. – Ele riu e começamos a andar lado a lado até o ponto de ônibus.

Ficamos em silêncio por algum tempo. A brisa gelada da manhã batia em meu rosto e me arrepiava. Potter insinuou que iria tirar sua jaqueta, mas olhei para o outro lado e ele desistiu.

− Você acha que tem algum jeito de ficarmos no mesmo quarto? – Observei seu sorriso.

− Claro que não. Minerva nunca deixaria.

Isso o fez rir.

− Qual é, ela não vê tudo o tempo todo, dá pra enganar.

− Por que você iria ao meu quarto? Não temos nada. – Empinei o nariz, sentando em um dos bancos do ponto.

− Você que pensa. – Ele se sentou ao meu lado. – Por que me chamou para esse favor?

− Não tinha ninguém melhor. – Rebati, de cara feia.

− Ah, claro. – Ele riu, mas não continuou o assunto.

Vinte minutos depois estávamos na frente da escola. Logo avistei Dorie e corri até ela.

− Hey. – A loira sorriu. – Você parece animada.

− Estou. – Retribuí o sorriso.

− Vamos, façam uma fila aqui, o ônibus já vai sair. – Ouvimos McGonagall chamando a atenção dos alunos. Observei Marlene e os marotos entrarem no primeiro ônibus e severo entrar no segundo. Olhei para ele com um aperto no coração, mas decidi seguir Alice no primeiro também.

As duas arrumaram lugares no meio, onde se sentaram confortavelmente. Coloquei a bolsa no banco detrás e sentei na janela, olhando a fila de estudantes diminuindo.

− Esse lugar está ocupado?

Olhei para o lado e me deparei com seu sorriso maroto.

− Para você, sim.

− Qual é, Lírio. – James revirou os olhos, sentando mesmo assim. – Que tipo de namorados não se olham, não ficam perto... Não se beijam? – Ele riu, chegando mais perto. O afastei com a mão e avistei a cabeleira castanha de Alice surgir.

− Ele tem razão, vocês deviam ser mais convincentes.

− Cale a boca. – Fechei a cara.

− Vamos, Lily, até parece que nunca beijou antes. – Dorcas também ficou de joelhos no estofado, olhando para mim.

− Claro que já beijei. – Respondi, indignada.

− Então me mostra. – Potter voltou a se aproximar, sorrindo largamente.

Encostei na janela e olhei de cara feia para ele, que ria como se não houvesse amanhã.

O ônibus deu partida minutos depois. Dormi durante a viagem, escutando vagamente o barulho das conversas. Acordei com dor no pescoço. Pisquei duas vezes, me acostumando com a claridade e me vi deitada no ombro de James. Ele tinha um braço passado por mim, sua mão em minha cintura. Seus olhos estavam fechados e ele ressonava.

Afastei-me dele e olhei ao redor, corada, procurando alguém que pudesse ter flagrado aquele momento. Com uma virada rápida para trás observei Marlene, que me olhava feio. Ela desviou sua atenção de mim e a voltou para o que Sirius falava.

James não mencionou o fato quando acordou, assim que chegamos. Alice e Dorcas também não pareceram perceber e eu sorri aliviada.

O chalé era quase uma mansão. Somente a fachada já assustava. Um jardim dava as boas vindas, com uma porta grande de madeira maciça e colunas de mármore que sustentavam o andar superior, onde havia uma varanda cheia de cadeiras e plantas. O terceiro andar apenas se mostrava por uma janela, onde eu conseguia ver um lustre que parecia valer meu quarto todo e mais um pouco. Era cercado por pinheiros e, mais ao fundo, conseguia ver o que parecia ser a borda de uma piscina.

− Grande, não? – Perguntei a Potter, que olhava tudo aquilo com admiração, assim como eu.

− Tinha que ser. – Ele riu. – Pertence à família de Marlene.

Aquilo foi como um baque em meu estômago. De repente meu entusiasmo se esvaiu.

− Fiquei sabendo que era um hotel, mas eles compraram para servir como casa de lazer. – Ele continuou, enquanto andávamos para dentro.

− Todos os alunos vão caber aqui? – Perguntei, passando pela porta. Me senti ridícula imediatamente. O interior parecia muito maior do que minha noção vista por fora.

− Eles não nos trariam se não coubesse. – Potter riu. – Pena que os quartos não serão mistos, mas se puder, dou uma passada na sua cama mais tarde.

Fiz careta e o ignorei, avistando Alice do outro lado da sala.

− Me sinto tão pobre, Lily. – Ela fez biquinho, assim que cheguei perto.

− Já foram divididos os quartos? – Perguntei, ignorando-a.

− A lista está com Minerva. – Ela disse, olhando para as paredes. – Você acha que vão roubar alguma coisa aqui?

− Deve ter câmeras de segurança espalhadas por aí.

Meia hora depois, eu, Alice e Dorcas nos acomodávamos em um quarto com vista para a piscina.

− Tem uma cama sobrando, vocês sabem de quem é? – Perguntei, deixando minha mochila no chão.

− Tomara que não seja daquela garota da minha aula de História. – Dorcas fez careta. – Ela cheira a sopa.

Dei risada e ouvi batidas na porta. Fui até ela e, antes que pudesse abri-la, Marlene apareceu, trombando em mim.

Nos encaramos por longos segundos, até que ela franziu o cenho e entrou, colocando suas coisas na cama vazia. Saiu em seguida, parecendo querer matar alguém.

− O que foi isso? – Lice perguntou, segurando a risada. Dei de ombros.

− Lily?

Olhei para onde a morena havia acabado de sair e avistei James.

− Sirius e eu, estamos planejando uma festa no terraço do chalé essa noite, para começarmos a viagem com o pé direito. Vocês vêm?

– Opa, claro! – Elas responderam de imediato.

Isso o fez sorrir.

− Venho buscar vocês às sete. E Lily, vista algo especial. Quero que vejam como a garota com quem estou saindo é linda.

Corei violentamente e o ignorei. O garoto fechou a porta e eu olhei para Dorcas.

− Você está da cor de seu cabelo, querida.

− Calada.