Love Can Wait escrita por Às


Capítulo 6
Capítulo Seis


Notas iniciais do capítulo

Um imenso obrigado a todos que comentaram.



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Não era de se estranhar que James estivesse estranho no dia seguinte.

Por várias vezes os marotos passaram por mim e não ouvi piada alguma, tampouco Potter se preocupou em me chamar de algum apelido. Apenas seu olhar veio em minha direção, e um aceno de cabeça vago, que surpreendeu tanto a mim quanto a Lupin, que prestava atenção na cena.

Continuei andando, tentando entender o que exatamente fez com que seu comportamento mudasse. Entrei na sala sem chegar a nenhuma conclusão.

– E então? Como foi? – Dorcas perguntou assim que sentei ao lado dela. Era aula de história e nosso professor sempre falava todo o conteúdo mais para si mesmo do que para os alunos. Como era revisão para uma prova mensal que ele iria passar não me preocupei, pois já havia estudado. Apoiei os braços sobre meu caderno e deitei a cabeça, olhando para ela.

– Foi conforme o plano.

– Eca, mas que voz desanimada. Que isso, Lily? Aconteceu algo?

Dei de ombros.

– Meu pai acabou falando coisas inconvenientes e isso estragou um pouco da noite.

Ela abriu a boca para, provavelmente, perguntar algo, mas balancei a cabeça e virei o rosto para o caderno, fazendo-a desistir.

Imagens da noite anterior invadiam minha mente em cenas rápidas, enquanto eu tentava fisgar em alguma delas algo que explicasse aquela atitude tão estranha.

Daniel.

Porque meu pai tinha que falar dele?

Suspirei e fechei os olhos, cedendo à ideia. Era óbvio que ele era o motivo, além do fato de eu ter chorado na sua frente e o show que eu e minha família fizemos à mesa. Eu só não queria acreditar que aquilo tudo tinha acontecido, queria que o motivo fosse outro e, mais que tudo, que meu pai não fosse tão insensível.

Não notei o momento em que adormeci em aula, mas acordei com Dorcas me chamando.

Saímos da sala comigo tentando esconder a marca vermelha e latente em minha testa, feita pela borda do caderno.

– Você está bem, Lily? – Ela pergunta depois de um tempo.

– Estou. – Dou-lhe um sorriso. – Vou dar um pulo na redação, ok? Preciso conversar com Dumbledore.

Albus Dumbledore era o senhor mais legal que eu já tive o prazer de conhecer. Tinha seus momentos de manias de velho, mas era bem humorado e sempre me ajudava quando tinha tempo. Era o responsável pelas atividades extracurriculares, mas hoje especialmente, seu dia era no jornal.

Entrei correndo no prédio, deixei minha bolsa na mesa que eu costumo usar e fui até a sala dele. Bati três vezes na porta e ela se abriu. Nela, havia Diggory, que olhava para mim com surpresa e um sorriso bobo no rosto. Segui com os olhos em direção à sala e avistei Albus com seus óculos em formato de meia lua. Pedi licença e entrei.

– Estou atrapalhando?

– De maneira nenhuma, querida. – Dumbledore sorriu e acenou para que eu sentasse em uma das cadeiras à sua frente. Assenti e andei até ela.

– Bom, vou indo, não quero atrapalhar.

– Não, Diggory, por favor, junte-se a nós. Creio que a Srta. Evans tem algo importante a dizer e que talvez interesse a você também.

Pensei ter notado uma leve piscadela divertida vindo dele, mas isso durou uma fração de segundo. Amus sentou ao meu lado e eu me arrumei na cadeira.

– Bom... Primeiro gostaria de agradecer a oportunidade e dizer que, sim, eu aceito a responsabilidade de pegar a matéria sobre a próxima viagem dos alunos.

Dumbledore assentiu e entrelaçou as mãos na altura do queixo, esperando. Ignorei o garoto ao meu lado com uma aura gigantesca de animação e continuei:

– Em segundo lugar, gostaria de saber se pretendem tornar algum tópico obrigatório, ou algo do tipo... – Coloquei a mão nos lábios e franzi o cenho. – Espera, acho que não fui clara...

– Foi sim, Lílian. – Albus me interrompeu suavemente, tomando as rédeas. – Estamos gratos que tenha aceitado e temos certeza que fará um belo trabalho. A única coisa que foi de plena concordância durante a reunião dos redatores, foi a necessidade de um assunto que envolva e interesse à maioria dos estudantes. Nosso jornal está tendo menos visualizações a cada edição e precisamos trazer de volta o maior número possível de leitores. Todos achamos que essa viagem será a melhor oportunidade de isso acontecer.

Minha boca havia secado e minhas mãos tremiam. Estava animadíssima com a ideia e, ao mesmo tempo, morrendo de medo de não atender à expectativa. Era muita responsabilidade inserida em um trabalho só.

– Claro... – Ele continuou. – Você não fará tudo sozinha, todos os outros foram contatados sobre a importância de trazer de volta o interesse ao jornal.

– Mas a viagem é uma oportunidade maior. – Murmurei.

– Naturalmente. – Ele sorriu.

Agradeci e saí de sua sala. Peguei novamente a bolsa e andei pelos corredores da escola com o coração na boca.

Fui até a quadra e sentei nas arquibancadas, tentando me acalmar.

E se eu fosse um fracasso? E se Dumbledore acordasse amanhã e decidisse que eu não era digna de uma oportunidade dessas? E se eu...

– Lírio?

Olhei para o lado e vi James parado, as mãos nos bolsos e um sorriso de canto.

– Oi...

– Posso? – Ele apontou para o banco. Assenti e observei enquanto ele sentava.

Ficamos um tempo em silêncio, sem saber direito como começar a falar.

– Sobre ontem...

– Sabe eu...

Paramos e rimos.

– Você primeiro. – Ele pediu.

– Bom... Sobre ontem, quero pedir desculpas... Você não precisava ter presenciado aquela cena e ter me visto chorar.

– Tudo bem. – Potter deu de ombros e ficou em silêncio. Longos segundos se passaram até que ele voltasse a falar. – Quero pedir desculpas por não ter falado com você hoje, eu vi sua cara de espanto e Remus me chamou para conversar depois.

Arregalei os olhos.

– Você contou a el...

– Não. – Ele me interrompeu. – Não, não contei. Falei para você que o que aconteceu fica só entre a gente, não falei?

Suspirei aliviada.

O silêncio se instalou novamente. Observei os alunos com horário vago como eu andarem de um lado pro outro na quadra.

– Lily...

– Sim?

– Posso fazer duas perguntas sobre ontem?

Respirei fundo e me preparei para dizer que era melhor não, mas me detive. Não seria justo.

– Pode.

– Você... Gostava desse Daniel?

Não me surpreendi muito. Era esperado que uma hora fizesse alguma pergunta sobre ele. Suspirei.

– Gostava. Muito.

Ele assentiu.

– E o que seu pai falou... Sobre eu me parecer com ele...?

– É verdade... – Olhei para o céu.

Potter virou seu corpo para mim e me olhou seriamente.

– Lily. Eu vou te ajudar com seu trabalho, não se preocupe com isso. Mas entenda que eu não sou esse Daniel, ok?

O encarei sem entender.

– Eu me pareço, mas nunca serei ele.

– Eu sei.


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