Love Can Wait escrita por Às
Notas iniciais do capítulo
Obrigado aos que deixaram reviews no capítulo anterior e aqueles que estão acompanhando a fic. Obrigado por me motivarem a escrever :)
– Como vocês podem perceber, a tabela se refere à energia de ligação, com uma ligação de hidrogênio com oxigênio valendo quatrocentos e sessenta e três kj por mol e...
Minha cabeça pendeu e se apoiou precariamente em minha mão. Pisquei pesadamente, ainda tentando prestar atenção na aula.
Ele teria que ser muito educado.
– Nosso reagente tem duas moléculas de hidrogênio multiplicada por dois...
E sem muitas gracinhas... Ah, meu Deus, o Walter vai junto com Petúnia? Esqueci de perguntar...
– Sendo a variação de entalpia o produto menos o reagente...
Hoje vai ser um desastre. Será que ainda dá tempo de convidar outra pessoa? Não... O acordo está assinado... Merda.
– ...E assim, é uma reação endotérmica. – Olhei para o professor e para as contas na lousa. Gemi, sem entender nada e colei a testa no caderno, fechando os olhos.
– Lily... Psiu, Lily!
Tombei a cabeça para o lado e observei Alice curvada em minha direção.
– Falou com o Potter? – Ela sussurrou, abrindo um sorriso.
Assenti, sentindo a bochecha sendo amassada contra a folha.
– E aí, você vai pro chalé?
Dei de ombros.
– Sei lá. Ele vai lá em casa hoje pra eu apresentar pros meus pais. – Sussurrei de volta, olhando ao redor pra ver se alguém estaria prestando atenção. Metade da sala estava quase dormindo.
– Uuh. – Ela sorriu. – Isso está sério.
– Cale a boca. – Revirei os olhos.
– Hey... Adivinha quem me chamou pra sair? – Ela bateu palmas sem fazer som.
– Malfoy? – Chutei, quase fechando os olhos.
– Eca, não. Frank!
– Porque não estou surpresa?
– Lils, esse seu humor poderia ressuscitar Os Beatles.
– Nem todos morreram, Alice. – Disse, levantando a cabeça.
Ela abriu a boca para me responder, mas foi interrompida pelo sinal que anunciava o final das aulas.
Peguei meu material, me despedi dela e, muito lentamente, caminhei até o portão, deixando todos passarem na minha frente. Quanto menos pessoas me vissem com Potter, melhor seria.
Quando enfim cheguei ao ponto de encontro, avistei os dois e fechei a cara.
– Evans! – James exclamou. Estava encostado na parede, a mochila jogada no chão aos seus pés. Na sua frente, Sirius dava risada de alguma coisa.
Cruzei os braços e fui até eles.
– Oi, Lunna. – Black cumprimentou, tentando retomar o fôlego.
– E então, pronta?
– Só tome cuidado pra não aparecer na escola amanhã com um buraco na mão.
– Almofadinhas, você está assistindo muitos filmes do Tarantino.
– Mas você tem que concordar comigo que Um Drink No Inferno é muito bom. – Ele levantou uma sobrancelha, fazendo seus olhos azuis faiscarem.
– Tem um péssimo final.
– Mas a parte do bar... – Black deu a entender que começaria um longo discurso, mas Potter o interrompeu.
– Eu sei o que você vai falar. Sim, Salma Hayek é gata, entretanto eu preciso ir. E você também, Marlene não está te esperando pra ir na casa dela?
Sirius deu de ombros.
– Prometi que ia com o Lupin arrumar umas coisas no computador dela, mas não to muito a fim. Vou por causa da comida.
Troquei o peso do corpo de um perna para a outra e pigarreei levemente. James olhou para mim e só então pareceu lembrar de que tinha compromisso comigo.
– Enfim, até depois. – Ele acenou para o moreno e pegou a bolsa do chão.
– Tchau, Lisa.
– Tchau... – Murmurei.
Caminhamos em silêncio até o ponto de ônibus.
– Não ligue para Sirius... – Potter falou, assim que sentamos no banco. – Ele é meio ruim com nomes.
– Não tem importância. – Dei de ombros, olhando para ele. – Hey, você passou gel no cabelo?
– Os adultos sentem uma certa repulsa pelo meu cabelo rebelde. – Ele sorriu. – Mas pode perceber que não adiantou muita coisa.
Dei risada e avistei o ônibus chegar.
– Vamos...
Entrei com ele me seguindo e sentei na janela que dava vista para a calçada. James sentou ao meu lado. Me mexi, estranhando ele tão perto de mim.
O ônibus se preparou para dar partida, mas parou, abrindo as portas novamente. Um garoto de cabelos escorridos subiu a bordo e nossos olhos se encontraram.
Severo... Me esqueci completamente dele.
Ele passou por nós e fulminou o garoto ao meu lado com os olhos.
– Seboso! – James exclamou. Dei-lhe um soco no braço, olhando feio. – Ai! – Ele olhou para mim com indignação. – Que foi isso?
– Não mexa com ele. – Repreendi.
Olhei para o corredor, mas Snape já tinha ido para os últimos bancos.
– Qual é a tua com ele? – Potter perguntou, ainda esfregando o braço.
– Ele é meu amigo, e não gosto que você faça brincadeiras de mau gosto. – Empinei o nariz, olhando para a janela. Não obtive resposta.
O ônibus passou com velocidade em uma lombada e eu pulei no banco, colocando instintivamente a mão em seu pulso, como se eu fosse cair.
Quando me senti estável novamente, soltei rapidamente dele e senti as bochechas corarem.
– Desculpa... – Murmurei, olhando para a janela.
– Nada... – Ele murmurou de volta, encolhendo os ombros.
– É... – Recomecei, ainda me sentindo vermelha. – Meus pais não são muito de brincadeira...
– Certo.
– E se você puder ser educado...
– Serei.
– Promete?
– Lily. – Ele me olhou com o cenho franzido. – Confie em mim.
Abri a boca para retrucar, mas fechei-a novamente.
– Certo...
– Relaxe, eu só sou assim com você porque é legal te irritar. – Ele sorriu.
– Bom saber. – Fechei a cara, fazendo-o rir. – É o próximo ponto.
Levantamos do banco e nos encaminhamos até a porta.
Olhei furtivamente para o fundo do ônibus, mas não encontrei Severo. Ele tinha descido antes, mesmo que o ponto dele fosse o mesmo que o meu...
Aterrissei na calçada e arrumei a mochila nas costas.
Andamos por cinco minutos, em silêncio, até chegar na casa azul-clara que eu sabia que viraria um inferno dentro de alguns minutos.
– E mais uma coisa... – Parei, olhando para ele quando já estávamos na soleira da porta. – Você não é vegetariano, certo?
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