Love Can Wait escrita por Às


Capítulo 3
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Faz muito tempo que não posto, mas não abandonei a fic, ela vai ser terminada, o esqueleto dos próximos capítulos estão prontos, e, no fim, esse vai ser mais um objetivo concluído.
Obrigado a todos que lerem, e boas vindas aos novos e - novamente - velhos leitores.



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As duas crianças corriam pelo gramado, ignorando o chamado das mães. De cima, eu só conseguia ver o topo de suas cabeças, os braços balançando e os cabelos ao vento.

A menina tropeçou em uma pedra e rolou, fazendo com que seu vestido verde se enchesse de grama e terra. Parou de barriga para cima, os braços abertos, olhando fixamente para o céu. Para mim.

O garoto correu até ela, visivelmente preocupado. A garota desviou o olhar dos meus e deu um sorriso, negando com a cabeça enquanto se levantava. Eles deram a mão e continuaram a andar juntos.

– Sempre que você se machucar... – Ele começou a dizer, assim que eles sentaram em um campo florido. – Eu vou estar aqui pra cuidar de você, Lily.

A menina sorriu e levantou a mão direita, mostrando o dedo mindinho.

– Promete?

Ele imitou o gesto e enganchou os dedos.

– Prometo.

•••

Acordei assustada. Não apenas por ter caído da cama, mas pelas lágrimas que desciam copiosamente por minhas bochechas. Minha garganta parecia ter fechado, me impedindo de respirar.

Abracei os joelhos emaranhados no cobertor e tentei me acalmar.

– Foi só um sonho... – Comecei a sussurrar para mim mesma. – Só um sonho...

Meu coração parecia ter sido apertado por algo gelado, minha cabeça doía e meus olhos não enxergavam nada além do borrão branco que vinha da luz lunar. Encostei a cabeça na parede e respirei fundo incontáveis vezes, tentando tirar sua voz de minha cabeça.

Era tudo tão real, tão... Injusto. Parecia ser um castigo de Deus fazer com que eu me lembrasse de cada detalhe. De cada fio despontado no cabelo negro, cada piada sem graça por trás de seu sorriso, cada tom da voz, cada promessa...

Mordi a dobra do dedo e supri um grito, puxando o ar até que meus pulmões doessem.

Isso precisa parar.

•••

Me arrependi assim que vi seu sorriso de canto de boca. Potter ajustou os óculos no rosto e leu a folha lentamente, quase cuidadosamente. Aquilo me assustou.

– Hm... Eu, James Potter, concordo em me passar por... Parceiro romântico? – Ele parou por um segundo, me olhando com olhos brincalhões. – Isso tudo é medo de me chamar de namorado? Em que século você vive?

Cruzei os braços.

– Continue lendo.

Ele riu e voltou a atenção para o texto.

– Nanana, parceiro romântico da Lily... Nana, uma semana... Ok, aqui. E me comprometo a respeitar seus limites, imposições e desejos? – O moreno levantou uma sobrancelha. – Quem te viu, quem te vê, Evans...

– Cale a boca. – Revirei os olhos. – Isso se refere caso eu deseje você longe de mim.

– Ah, claro. – Ele riu, negando com a cabeça. – Certo... Desejos... Minha função no acordo é ser estritamente um rótulo, e nada mais do que isso. – Observei seu sorriso se formar novamente. – Com nota para a palavra estritamente, que foi grifada três vezes.

– Queria deixar claro. – Dei de ombros.

Não me respondeu.

– É proibido qualquer tipo de assédio, seja ele de qual natureza for, violação de espaço pessoal não autorizada e o descumprimento das imposições tidas nesse documento.

Esperei por uma resposta, enquanto tentava decifrar sua expressão. Parecia uma mistura de humor com indignação.

– Que foi?

– Por acaso você pensa que eu sou algum tipo de estuprador, ou algo assim? – Ele perguntou, coçando o queixo.

– Ahn...

– Eu tenho um capacete amarelo na cabeça?

– Hein?

– Porque pelo jeito que você escreve sobre mim, eu me imagino aqueles pedreiros de construção trouxa que ficam assediando as mulheres que passam. Violação de espaço pessoal... Como se você já tivesse deixado alguém encostar em você. – Ele estalou a língua, fazendo um ar de reprovação.

– Hey! Pra sua informação, eu já tive um...

– Um namorado? – Ele levantou uma sobrancelha. – Quem foi o louco?

Fechei a cara.

– Vai querer ou não?

– Bom... Ai depende... – Ele encolheu os ombros.

– De que? – Perguntei, me sentindo irritada.

– Você não colocou o que eu ganho com tudo isso. – James balançou o papel na minha frente.

– Quanto você quer? – Estreitei os olhos.

Ele riu.

– Como assim?

– Você não quer uma recompensa? – Comecei a bater o pé, impaciente. – Então me fala quanto você quer que eu arrumo um jeito de te pagar.

Potter me olhou sério, parecendo buscar algum vestígio de que eu estaria brincando com ele.

– Porque você acha que eu quero dinheiro, Evans?

– Porque não iria querer? – Rebati, desconcertada. Não era isso que ele queria?

– Simplesmente porque eu s... – Ele parou, respirando fundo. Abanou a mão, como se para que eu esquecesse aquilo e recomeçou: - Sou obrigado a aceitar o dinheiro?

– Não... – Murmurei, quase com medo do que viria a seguir.

– Então posso propor algo melhor? – Um leve sorriso apareceu em seu rosto.

– Depois dessa uma semana fingindo ser seu namorado, quero que você vá a um encontro comigo.

Olhei para o garoto sem saber o que fazer.

– É sério, isso?

– Está surpresa? Porque não seria? – Ele piscou, colocando o papel na parede. – Tem uma caneta?

Ainda meio atônita, procurei uma caneta na bolsa e, ao achá-la, entreguei a ele. Observei-o por algum tempo, enquanto ele escrevia.

Tão parecidos...

– Aqui. – Ele me entregou. Passei uma olhada rápida e sorri. – Viu que eu coloquei a recompensa também? É pra não falar que não estava no acordo depois. E aqui está minha assinatura.

Assenti e guardei o papel em uma pasta.

– Hey... É... Mais uma coisa...

– Hm?

– O que vai fazer amanhã a noite? – Desviei o olhar do dele.

– Até então nada, por quê? – Ele me olhou, curioso.

– É que estou fazendo isso para ir ao chalé. E para ir, preciso que meus pais te conheçam...

Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele pegou a mochila do chão e a ajeitou nas costas.

– Te espero no portão da escola amanhã. – E, piscando um olho, me deu as costas e começou a se afastar.

Só então pude soltar o ar, aliviada.

•••

– Mãe... – Chamei, encostada na porta da cozinha.

– O que foi, Lily? – Ela perguntou sem olhar para mim, prestando atenção na panela.

– Amanhã na hora de arrumar a mesa pro jantar, pode colocar mais uma cadeira? – Perguntei meio sem jeito, olhando para o chão.

– Walter vai vir pra cá de novo?

– Ahn... Não... – Suspirei, pensando no namorado roliço de Petúnia. – Eu vou trazer alguém.

– Dorcas?

– James...

Ela parou de mexer a panela e me olhou, a testa franzida.

– James?

– James Potter. – Troquei o peso do corpo de uma perna para a outra. – Estou saindo com ele.

– Desde quando? – Ela levantou uma sobrancelha.

– Pouco tempo... – Dei de ombros. – Tudo bem por você?

Ela sorriu.

– Tudo bem... Mas ele não é vegetariano, né? Você sabe que aqui em casa é muito difícil e...

– Não... – Cortei-a, antes de ouvir o discurso que eu sabia que viria. – Ele não segue nenhuma ideologia alimentícia até onde eu sei.

– Certo... – Ela relaxou os ombros. Voltou a prestar atenção na comida, mas abriu um sorriso. – Qual a característica mais forte dele, Lily?

– Ele me lembra o Dan. – Respondi automaticamente, levando a mão à boca, arrependida.

Senti seus músculos enrijecerem. Sabia que ela não estava com raiva. Estava triste. Isso sempre a deixava triste.

– Desculpa, mãe, eu...

– Você precisa esquecê-lo. – Ela me cortou, a voz transparecendo sua decepção. – Já faz muito tempo.

– Eu não consigo... – Sussurrei.

– Você não consegue ou não quer? – Ela perguntou delicadamente.

– Eu não sei mais, mãe.


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