Moody: Uma História a ser conhecida escrita por Emanuel Antunes


Capítulo 9
Hymne à la guerre - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Após meses parado, Moody volta à ação. Só para recapitular: O garoto, em uma noite festiva perdera seu pais, encarara o assassino destes e sem esperar levara um feitiço na testa que proporcionou seu desmaio. Fora assim que uma série de acontecimentos tomaram conta da vida rotineira de Frederick, que por si e apenas por si nomeara-se "Alastor Moody". Após descobertas e nascimentos de outros mistérios, Alastor corre contra a corrente. Acompanhe a primeira parte de "Hymne à la guerre".



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Um acordeom suspirava a cada movimento de seu mestre. O sol nascia nos arredores de Paris, beijava a ponta da torre sul de Notre Dame e partia rumo ao Louvre, o homem, sentado nos degraus da Catedral bailava com seu instrumento. O acordeom entoava La Marseillaise e seu provocador destrinchava cada verso da música sangrenta.

“...Aux armes citoyens!

Formez vos bataillons!

Marchons, marchons...”

Os pedestres apareciam aos poucos, uns partindo para mais um dia cansativo de trabalho, outros levando os filhos para o colégio. A capital transformava-se, segundo a segundo, em um formigueiro de boas intenções estampadas em rostos diversos, mas ações nada agradáveis ao mais sujo dos homens. Paris fervilhava entre paixões e intrigas, a luz de outrora não emanava sua graça agora.

Naquela manhã, assim como acontecia há uma semana, a Catedral de Notre Dame estava interditada, selada por faixas amarelas, o templo que fora manchado pelo assassinato não abraçava seu povo como de costume. Sem aviso, uma badalada ecoou da torre Norte, a segunda veio da central e uma terceira soou do sino Leste. Era certo que Quasimodo nenhum ali existia, se fora em séculos mais áureos. Os pombos dispararam com temor do que viria, os policiais que montavam guarda nos arredores do colosso Parisiense em primeira instância ativaram uma surpresa que refletiu-se nos rostos que por ali vagavam, após segundos puxaram suas pistolas e invadiram os arcos de “La Belle Notre Dame” com batimentos ferozes. O homem com seu acordeom prosseguiu o ritmo da canção, entoou aquele que aparentava ser o último verso:

“Qu'un sang impur

abreuve nos sillons...”

Um último suspirado dado pelo instrumento e o proprietário o escondera em uma caixa de madeira. O senhor sacou a capa que dormia sobre o granito molhado de orvalho, fabricada com um material grosso, tingida de um azul-celeste provocativo, insígnias cravadas nos ombros e um pequeno sol na nuca do vestuário. Por fim, vestiu-a sobre as costas e sumiu por uma viela, que de tão estreita ainda não dera seu “Bom dia” ao sol.

. . .

Uma roda fora feita sobre o mapa. Todos tentavam desvendar o local que o assassino marcara seu encontro nada casual com Alastor.

– Com toda certeza é Notre Dame. – falou Thaise Sauniere.

– Lá vem a Sauniere com suas ilusões... – retrucou Anna.

As opiniões já haviam sido postas a mesa. Alguns defendiam a teoria de que o mapa apontava para Marselle, no litoral mediterrâneo Francês. Já outros afirmavam que o confronto ocorreria em solo Parisiense, mas nenhum consenso chegara em uma localização.

– Thaise, porque Notre Dame? –August tentava obter informações de todos os lados, nenhuma parecia cabível.

Alastor observava em segundo plano. Não entrara na confusão e nem interessava-se por tal, até que...

– É óbvio, não? O assassinato da Catedral. Vocês não leem o Profeta? Façam-me o favor...

– Que assassinato? – Indagou Alastor.

– Ontem, segundo o Profeta, ocorreu um homicídio em Notre Dame, vocês sabem, eles têm informantes em todos os lugares. Segundo o tal informante um cara encapuzado ao extremo de preto entrou na Igreja...

– O que matou mais pais tinha essas mesmas referências...

– Por isso que falei que seria óbvio. Enfim, o louco sacou a varinha no meio dos trouxas e matou o bispo que estava celebrando a missa, ou coisa do tipo, não sei como se chama. Desde ai Notre Dame está interditada... nenhum trouxa entra...Trouxa, eu falei.

– Espera ai, o psicopata matou o bispo? – O coração de Moody chegou até a boca.

– Sim, o bispo... o homem que faz a cerimônia. – Batilda aproximou-se de Frederick, ela sabia o que estava acontecendo.

– Porque a curiosidade no bispo, Frederick? – perguntou Anna.

Uma vontade súbita de chorar lhe possuiu novamente, ele conteve-se e respondeu:

– O bispo... era o meu tio.

O que antes era uma junção de sussurros e algumas vozes sobressalentes, agora não passava de um silêncio absoluto. Anna encarou a pintura de Delacroix. Thaise deu as costas para o grupo e alguns conselheiros solicitaram a dispensa do garoto, por hora.

– Puta que pariu! - gritou Thaise assim que chegou no fim de uma das extremidades do salão. - Vocês não associaram ainda?

Os rostos de espantos persistiram. Moody saiu do transe e partiu para o interrogatório:

– O que foi Sauniére? - exigiu com um olhar dramático, Alastor.

– Vocês não souberam o que o assassino falou antes de assassinar o clérigo? - atirou ela para toda a sala ouvir. Cabeças balançando negativamente possibilitaram a continuidade da fala de Thaise. - "Adieu... mon oncle", foi o que ele disse antes de lançar o avada no peito do velhote.

– E? - lançou Anna.

– Italiana de merda... - sussurrou para si, Thaise. Por sorte, a garota Orsini não ouviu seu xingamento.

– Quer dizer "Adeus, meu tio" em francês. - concluiu o líder Bagshot. - Ou você tem um primo distante, Moody... ou... - ele não pode terminar a frase.

– Ou seu irmão, o sequestrado, assassinou seu tio. - Encerrou Thaise, que após juntar os pontos, cansou e jogou-se na cadeira mais próxima. Na mente do adolescente as engrenagens tentavam associar os fatos. "Como assim Brian?" Ele recusava-se em aceitar tudo aquilo.

– É claro que não. Brian foi pego. Rebecca os viu... Não foi, Becc... - Sua visão cortou todo o recinto. Nenhum sinal dos cabelos em chamas da garota. No exato momento, um homem atordoado, com roupas de garçom, adentrou.

– Lady Bathilda! Lady Bathilda! - gritava o homem. A velha esqueceu o mapa e direcionou sua atenção para o seu conhecido de décadas, o garçom do "Sena Bar", Marcel. - A garota, um homem a levou, a garota...

. . .

Sobre a abobada de Notre Dame, Rebecca observava seu agressor. Já recebera diversos socos no rosto, o que transformara suas maças em tremendos erros grotescos, que para o não informado, não passavam de erros da natureza.

– Agora, queridinha. Vamos para o "grand finale". - Falou o psicopata. Ele dançava e saltitava sobre o chão bem mais que liso da Igreja. Eles estavam bem no centro do local, tochas acessas nas colunas que circundavam e ostentavam todo o poder Parisiense iluminavam a arte do pequeno escultor. - Sim, eu sou um artista dos melhores. Depois de tudo feito deveria mandar alguém lhe fotografar. Ganharia muito dinheiro expondo no Louvre. Você já visitou o Louvre, não Becca? - Era inútil questionar a garota. Amordaçada e amarrada em uma cadeira de madeira bruta, Rebecca de nada era útil. - Amélie! - gritou o garoto. Ninguém veio, assim pensou Rebecca.

Uma tesoura flutuou da porta dos fundos até chegar nas mãos do jovem.

– Obrigado, Amélie. - afirmou tal, fazendo uma reverência casual para o nada, pois nada existia na sua frente. - Vamos à brincadeira, mon amour! - falou ironicamente, entre um sorriso maquiavélico, com a tesoura bailando em suas mãos.


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Notas finais do capítulo

Aguardem. A segunda parte de "Hymne à la guerre" será publicada em breve.



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