Jogos Do Amor escrita por Lost in Nightmare


Capítulo 6
Aquele com os problemas familiares


Notas iniciais do capítulo

Gente, agora nas ferias os capítulos vão sair mais rápidos, já que eu fico acordada até tarde sem quase nada pra fazer. É isso, espero que gostem!



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Enquanto eu tomava sol, pensei varias vezes em ligar para Davi. Mas sempre que eu lembrava a noite anterior, desistia. Estava brava por ele ter me batido, mas eu o trai e não tinha coragem de falar com ele. No final das contas mandei uma mensagem pedindo para ele me ligar. Assim que enviei, Clara sentou do meu lado.

– Quem era ontem? – disse ela com a voz maliciosa, mas sua expressão era de preocupação – sei que não era Davi.

– Como assim?

– Depois de sair da cama do Carlos eu fui para o quarto, mas a porta estava trancada e eu tenho certeza que era sexo rolando lá dentro. Quem era?

– Ninguém importante – disse dando de ombros.

– Você não trairia Davi com alguém que não fosse importante.

– Estava magoada com ele, ok? Eu posso sim trair ele com qualquer um que estivesse bêbado o suficiente pra esquecer meu nome no dia seguinte – percebi que terminei de falar gritando, então continuei a falar mais calma – ele nem se deu o trabalho de me ligar e falar que voltou para São Paulo. Eu tive que ficar sabendo pelo Bruno.

O silêncio permaneceu por alguns minutos, era desconfortável, mas não achei motivos para quebrá-lo. Estava magoada e tinha medo de que se eu abrisse a boca não conseguiria segurar as lagrimas. A raiva e a culpa se misturavam dentro de mim e meu coração doía. Elena chegou e se sentou do meu outro lado, mas manteve o silêncio.

– Elena, você está melhor? – perguntei tentando incluir algum assunto entre nós.

– Sim, só vim tomar um pouco de sol. Vou ter que ir embora antes de vocês.

– Por quê?

– Meus pais foram para São Paulo me visitar, mas eles queriam fazer surpresa e eu não disse que não estaria lá. Vou almoçar com eles.

– Quem vai te levar? – perguntou Clara.

– Bruno vai me levar até a estação de ônibus.

E lá se foi o único assunto que tínhamos. Quando senti minha pele ardendo decidi entrar e assistir TV. A casa estava quieta, Clara estava tomando banho, Elena arrumando as malas, Carlos dormia no outro sofá e Bruno estava sentado na beira da piscina, encarando o nada. Por um minuto me permiti pensar na noite anterior e percebi o quanto confusa eu estava. Bruno estava bêbado, mas ele me tocava com tanta delicadeza e seus olhos me olhavam de um jeito diferente.

Enquanto pensava vi Bruno se levantando, tirando a regata e pulando na piscina. Alguma parte de mim quis levantar e sentar perto da piscina e ficar vendo ele nadando, e meu corpo obedeceu. Fui até o trampolim e sentei, e por um tempo fiquei lá sem ser percebida. Bruno parou na borda do outro lado e me olhou por um tempo, mergulhou e ressurgiu perto de mim.

– O que foi?

– To olhando você nadar – disse dando de ombros.

– Por quê? Não me diga que se apaixonou? – Bruno riu – escuta, eu estava bêbado e noite passada foi uma conseqüência. Não tenha esperanças.

– Eu tenho namorado e eu amo ele.

– Você deve jogar pôker muito mal – ele saiu da piscina – não queria ser tão rude, mas esse sou eu. Eu machuco as pessoas a minha volta, estou magoando você e a próxima, provavelmente, vai ser a Elena. Se você se dá valor, se afasta de mim.

– Nunca me senti tão feliz ouvindo você.

– Ainda não, eu e você vamos voltar de carro. Deixa suas coisas prontas à cinco horas.

Entrei na casa e senti meu coração acelerado, movido por puro ódio. Bruno entrou logo atrás de mim.

Continuei assistindo televisão, pelo menos tentando, até que Elena apareceu descendo as escadas com duas malas que pareciam pesadas. Me levantei e ofereci ajuda, que ela aceitou sem pensar duas vezes. Coloquei a mala no banco traseiro e quando olhei no retrovisor vi uma limusine estacionando na frente da casa e um homem de cabelos grisalhos e terno saindo dela. Ele veio até mim e me perguntou por Bruno no mesmo instante que ele apareceu na porta.

– Pai, o que ta fazendo aqui?

Esperava um comprimento ou um abraço entre eles, o que é normal ver entre pai e filhos, mas apenas vi o corpo de Bruno com uma postura tensa.

– O que você esta pensando? Você pediu uma casa no Guaruja e eu te dei, mas me arrependo profundamente. Dar uma festa e aparecer em revistas? – ele jogou duas revistas abertas no chão com a manchete “Filho de empresário da uma festa com bebidas alcoólicas e menores de idade” – sabe o trabalho que tive para não ser que você não fosse processado?

– Quem se importa? Esse sou eu, não você – Bruno apontou para as revistas – se deu ao trabalho de vir até aqui para brigar comigo? Perdeu seu tempo – Ele se virou e começou a andar até a casa.

– Não, vim aqui para pegar minhas coisas e mandar você pegar as suas. Coloquei a casa á venda.

– Você não pode fazer isso – Bruno gritou chegando perto do pai, por um minuto achei que ele teria coragem de bater no próprio pai – a casa é minha e você não tem o direito.

– Claro que tenho. Você é o dono da casa, mas se você se desse o trabalho de ler o contrato veria que existe uma clausula que me permite vender sem a sua permissão.

– Não vai ser por isso que eu vou virar o filho dos seus sonhos.

– Você nunca vai ser o filho dos meus sonhos. Você é minha maior decepção Bruno.

Bruno se virou para mim e jogou as chaves do carro.

– Leva a Elena pra estação de ônibus – e saiu andando para a cidade.

O caminho para a rodoviária foi quieto, nunca imaginei um pai tratando um filho assim. Mas isso explicava um pouco da rebeldia de Bruno.

Nunca tinha perguntado o sobrenome dele, mas agora sabia que ele era filho do dono da Dante Music, afinal, o pai dele era Dante Fernandes. Posso ate adivinhar que o pai dele quer que o filho seja seu sucessor na empresa, mas o filho nunca ligou muito e quer seguir seus sonhos.

Deixei Elena na estação e me despedi dela, mas antes ela me fez jurar que procuraria Bruno. E eu jurei.

Fui atrás de Bruno, não foi tão difícil achá-lo. Procurei por ele nas praias e o achei no mesmo lugar que fui depois da minha briga com Davi.

– Sinto muito – disse me sentando do seu lado.

– Não sinta, ele sempre foi assim comigo. Sempre quis que eu fosse o típico filho da típica família perfeita. Mas nossa família não é perfeita desde que minha mãe morreu – ele olhou para mim, mas percebeu que eu estava sem palavras e continuou – minha mãe teve uma gravidez difícil. Meu pai a estressava muito, já que eles eram sócios. Minha mãe ficou seis dias internada antes que eu nascesse meu pai foi visitá-la duas vezes enquanto Lucia, nossa empregada e a única que cuidou de mim, dormia todos os dias no sofá ao lado dela. Então, na hora do parto minha mãe só teve tempo de dar meu nome e um beijo, morreu antes de me pegar no colo. E eu tive que saber sobre isso pela Lucia, meu pai nunca conversou comigo sobre nada disso, ele nunca nem mesmo me pegou no colo – quando ele terminou parecia cansado.

– Bruno, eu... eu sinto muito.

– As coisas só pioraram quando eu me recusei a trabalhar na empresa dele, eu sempre quis fazer outra coisa.

O que aconteceu em seguida me surpreendeu. Bruno abaixou a cabeça e começou a chorar. Não sabia o que fazer, então eu o abracei e ele me abraçou de volta. Seu rosto estava apoiado no meu ombro e pude sentir as lagrimas dele caindo na minha pele. Mesmo depois que ele parou de chorar ficamos abraçados, ele com a mão na minha cintura e eu com a cabeça no ombro dele.

– Nunca falei sobre isso com ninguém, e agradeço se não contar.

– Eu não vou.

– Esse final de semana era para ser divertido, mas acho que nos dois não conseguimos muito – riu debochado.

– Eu me diverti, e se Davi não tivesse feito o que fez a gente nunca iria ter conversado como pessoas normais.

– Como se você só tivesse gostado da conversa – disse malicioso.

– Como disse, você estava bêbado e eu magoada.

– Mas não disse que não foi bom. Desculpa pela grosseria, mas era verdade. Você só vai se machucar se apaixonando por mim.

– Eu não vou. Vamos almoçar? – disse mudando o assunto – estou com fome.

– Agora que você falou percebi que eu também – Bruno riu – que tal aquela lanchonete que eu falei no outro dia?


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Notas finais do capítulo

E ai gente, o que acharam? por favor, avaliem e deem suas sugestões, isso me ajuda e me motiva para escrever. Xoxo