Cereja - Vic&Teddy escrita por Luna


Capítulo 6
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Victoire entrou em casa correndo, esbaforida, como um furacão. Estava chocada demais para conversar, assustada demais para se lembrar de ser educada...

– Boa tarde, Victoire! – falou Dominique, com acidez, ao ver a irmã passar pela porta da cozinha sem falar nada.

Em resposta, Victoire subiu as escadas correndo e foi para o quarto em que dormia. Pegou o porta-retratos que estava sobre o criado-mudo, jogou a bolsa na cama de qualquer jeito e correu escada abaixo. Entrou na cozinha e entregou o porta-retratos para Dominique.

– O que você acha da foto, Domi? – perguntou, ansiosa, sem nem reparar que a irmã fitava a foto com nítida confusão.

– Por favor, Victoire, eu estou cansada de ver essa foto todo santo dia quando estou aqui em casa. – respondeu, devolvendo o porta-retratos para Victoire e voltando-se para terminar de fazer o que parecia ser um bolo de chocolate.

Desolada, Victoire observou a irmã mais nova prender os cabelos loiros lisos em um nó no alto da cabeça.

– Nada de especial na foto, então? – insistiu, sentando-se à mesa.

– Para mim, não. E para você? – perguntou a loira, quebrando alguns ovos.

– Não sei. Eu queria que fosse especial, mas não sei se é para ele. – murmurou, olhando para a foto com atenção. Ela e Ted. Logo antes de ele ir para Hogwarts. Depois de voltarem do último dia de aula dele na escola trouxa, na casa de Harry e Gina.

– A propósito, você não perguntou, mas a mamãe e o papai já viajaram e o Louis foi para a casa do tio Harry. Vai dormir lá nesses três dias de viagem. – contou Dominique, mexendo ingredientes em uma tigela. – E antes que você me pergunte, não, o resultado de seus NIEMs não chegou.

– Eu não ia perguntar. – respondeu Victoire.

– Menos mal, então.

As duas ficaram em silêncio por um tempo, até que Dominique perguntou:

– Comprou as roupas que você queria para o seu futuro trabalho?

– Eu não... ah, por Merlin, as roupas! – disse Victoire, dando um tapa na testa.

Dominique ergueu uma sobrancelha e perguntou, ainda mexendo os ingredientes na tigela:

– Você demorou todo esse tempo e não comprou as roupas? – perguntou, chocada.

– Eu até já tinha escolhido as roupas, mas esqueci de pegar. Só pode ter sido isso.

– Você pagou, pelo menos? Porque se tiver pagado, tenho certeza que a Madame Malkin deixa tudo separado lá para você pegar depois. – comentou Dominique.

– Eu não sei se eu paguei. Eu não me lembro.

Dominique colocou a tigela em cima da bancada da cozinha e puxou uma cadeira, sentando-se defronte a Victoire.

– Victoire, qual é o seu problema? Eu não estou te entendendo. Juro que sempre achei que você fosse meio devagar, e não uma devagar e meia, por favor!

Victoire já estava tão acostumada com o jeito da irmã mais nova, tão sincera e direta, que nem se importou em responder a ofensa. Sabia que Dominique não fazia por mal. Optou por dizer a verdade:

– Quando eu estava na loja da Madame Malkin, eu vi o Teddy pela vitrine. Ele estava na sorveteria do Florean com a Melanie. – disse, olhando para as mãos.

– Com a Melanie? – repetiu Dominique. – Aquela que ele dizia que te odiava?

– A própria. – confirmou Victoire, fazendo cara de choro.

– Pelo amor de Merlin, Victoire, você não vai começar a chorar, né? – quis saber Dominique, assustando-se com a expressão no rosto da irmã.

– Foi como se... como se alguém tivesse arrancado meu coração, Domi! Eu achava que o Teddy odiava ela! – choramingou Victoire, sucumbindo às lágrimas.

Dominique se levantou e contornou a mesa para abraçar a irmã mais velha.

– Eu estou com você, Vic. Sempre. – disse, apenas, enquanto esperava ela se acalmar.

Depois de alguns minutos (longos e intermináveis, na opinião de Dominique, que preferiu, por ora, não dizer nada), Victoire se recompôs. Enxugou as lágrimas com as costas das mãos e se afastou da loira, com cuidado.

– Obrigada, Domi.

– De nada. – respondeu, entregando à irmã um copo de água com açúcar.

– Domi, obrigada, mas eu não quero água. – disse, ao ver o copo que Dominique lhe estendia.

– E eu te perguntei? Eu estou te entregando. É para beber. – afirmou, colocando o copo em cima da mesa, ao lado da mão de Victoire.

– Às vezes parece até que você é a irmã mais velha, e não eu. Jura que você só tem dezesseis anos? – comentou Victoire, bebendo um gole de água, resignada.

– É porque você sempre precisa de mais puxões de orelha do que eu. – respondeu Dominique, sentando-se defronte Victoire novamente. Ela sorriu, tristemente, em resposta. – Agora, vamos aos fatos, Vic: por que te incomodou ver o Teddy com essa tal Melanie?

– E você ainda pergunta, Dominique? Aquela garota nunca gostou de mim e o Teddy sempre fez o possível para me deixar longe dela! Não é muito estranho que, de repente, eles tenham virado amigos ou sei lá o quê? – falou Victoire, claramente irritada.

– Eles se beijaram? – continuou Dominique, sem se abalar.

– Não que eu tenha visto. – respondeu Victoire, parecendo preocupada. – E se...

– Eu que faço as perguntas aqui, mocinha. – interrompeu a loira, severamente. – Depois que você chegou de Hogwarts, você viu o Teddy? Claro que viu, né – acrescentou rapidamente ao ver Victoire abrir a boca – mas você se encontrou com ele? Sei lá, tipo para conversar?

– Não. No dia que nós chegamos de Hogwarts, o tio Ron confirmou que ele ia participar do exame final do treinamento de aurores na Suécia, eu acho. – respondeu Victoire.

– Certo. Escuta, Vic... da última vez que a gente foi para Hogwarts, o James espalhou para Deus, o mundo e o Raimundo que tinha visto você e o Teddy se beijando na plataforma. É verdade? – perguntou Dominique, fitando Victoire com atenção.

– É. – respondeu, simplesmente.

– VICTOIRE DELACOUR-WEASLEY E FUTURA LUPIN, POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU? – gritou Dominique, levantando-se da cadeira com as mãos na cintura, assustando Victoire.

– O James já tinha espalhado a história, como você mesma acabou de dizer, Domi! – explicou, os olhos arregalados. – Pensei que todo mundo tinha entendido a parte de “o Teddy está dando uns amassos na Victoire”.

– O que está pegando entre você e o Teddy, afinal? – perguntou Dominique, cruzando os braços sobre o peito e se sentando novamente, ignorando o que a irmã dissera.

– Esse é o problema, Domi. Eu não sei. – murmurou Victoire, desolada.

– Como assim, não sabe? Me poupe, Victoire. É a sua vida. – disse a loira, com uma careta.

– Domi, quando o James me viu beijando o Teddy aquele dia... foi tudo tão de repente. – começou, devagar.

– Ah, jura? Porque se o que o James falou for verdade, não era um beijo qualquer, sabe, Victoire? – comentou, irônica.

– Domi, dá para parar e me escutar, por favor? – pediu Victoire, a beira de perder a paciência. Dominique fez um gesto de passar um zíper imaginário pela boca. Victoire continuou: – O Teddy apareceu lá aquele dia e me disse que estava realmente feliz que meu namoro com Carl tivesse terminado, apesar de ele não desejar que eu terminasse porque Carl estava me traindo. Aí eu disse para ele que eu estava bem e que nem me lembrava quem era Carl. Nessa hora ele me beijou. E o James apareceu e estragou tudo e o trem estava para sair e o Teddy me disse que a gente conversava depois, porque não era um assunto que se resolvesse por carta. Ou conversando por lareiras. Mas aí no Natal ele viajou com os aurores para aquele treinamento maluco nas geleiras do Canadá e disse que conversava comigo quando eu terminasse Hogwarts. E ele chegou e simplesmente não me avisou nada e ficou lá conversando e saindo com a Melanie.

Victoire e Dominique apenas se encararam, enquanto a mais velha esperava a loira se manifestar.

– Domi? Você não vai falar nada?

– Posso? – quis saber, na defensiva.

– É claro que pode, Domi. – respondeu, revirando os olhos.

– Você ama o Teddy, sabia? E ele ama você. – respondeu, com simplicidade.

– Não é bem assim. – argumentou Victoire, surpresa com a afirmação da irmã.

– É bem assim, sim. – afirmou Dominique, categórica.

– Mas se ele me ama como você disse, por que estava com aquela Melanie na sorveteria? – questionou Victoire, confusa.

– Sei lá. Deve ter um bom motivo. Pergunta para ele. – sugeriu Dominique, dando de ombros.

– Não é assim tão fácil, Dominique.

– É só você ir até a casa do tio Harry e falar com o Teddy. Tem Pó de Flu em cima da lareira. Qual é a dificuldade? – perguntou, enumerando nos dedos.

– Você não entende, Domi. – insistiu a mais velha.

– Quer parar de criar problema para tudo, Victoire? Credo, quanto pessimismo. – resmungou Dominique. – Se eu soubesse que era tão difícil conversar com você, nem teria parado o meu bolo. – comentou, levantando-se da mesa e pegando a tigela para terminar a receita que começara.

Enquanto observava a loira terminar de fazer o tal bolo, os pensamentos de Victoire vagavam, lembrando-se de alguns momentos que passara com Ted. Desde que se entendia por gente, não havia um dia na vida de Victoire que Ted não se fizesse presente. Com uma palavra, com um gesto, ou com a simples presença. “Estar lá”. Simples assim. Como Dominique dissera.

Irresistivelmente, Victoire se lembrou do dia em que Ted fora vê-la antes de embarcar para Hogwarts pela última vez.

– O que foi, Dominique? – questionou Victoire, vendo os olhos da irmã se arregalarem de surpresa.

– Acho que alguém veio te ver, Vic... – respondeu a loira, apontando para um lugar atrás de Victoire.

Ela se virou e deu de cara com Ted. Tão lindo. Parecia mais maduro. Mais sábio. Já contava um ano de treinamento com os aurores, e não era para menos que parecesse tão adulto.

Usava os cabelos e os olhos castanhos. E barba. Victoire nunca o vira de barba. Mas como Harry comentara certa vez, os treinamentos eram tão desgastantes que às vezes ninguém se lembrava de que tinha barba a fazer e cabelos para cortar.

Victoire olhou ao redor. Dominique já havia estrategicamente sumido de vista.

– Está perdido, Teddy? – perguntou, quando ele já estava perto o suficiente para ouvi-la.

– Claro que não. Vim me despedir de você antes que volte para Hogwarts. E hoje eu consegui uma folga do treinamento. – explicou, com as mãos nos bolsos da calça.

– Ah, entendi... – respondeu, tristemente.

– Vic, eu sei que eu não devia me meter, mas eu ouvi que você terminou com o Carl. – comentou Ted, sem rodeios. – Eu queria dizer que eu sinto muito, mas eu não consigo. Estou feliz que vocês tenham terminado. – o coração de Victoire começou a bater descompassadamente. – Bem, seria melhor se não fosse nas condições em que ocorreu, é claro. – apressou-se a acrescentar o rapaz.

– Minha cabeça ainda dói um pouco, sabe. – comentou Victoire, em tom de brincadeira, mas com o olhar triste. – Os chifres são mesmo pesados.

Ted sorriu tristemente.

– Posso imaginar.

– Ah, mas não importa. – falou Victoire, dando de ombros. – Tá tudo bem. Nem sei quem é Carl. Mas por que você ficou feliz que eu tenha terminado com ele? – acrescentou, subitamente curiosa.

Ted se aproximou mais dois passos, encarando Victoire com muita intensidade. E, surpreendendo-a, tomou-a nos braços e a beijou profundamente.

A Victoire não ocorreu nada além de corresponder ao beijo. Principalmente porque beijar Ted era ainda melhor do que beijar Carl, e ela sabia muito bem disso. Aquilo lhe evocava lembranças dos treze anos. E era ainda melhor do que aos treze anos. Porque agora ela entendia o que era tudo aquilo.

Ted a segurava pela cintura, bem próximo do corpo dele. O corpo cheiroso e masculino. Que lhe provocava arrepios.

Victoire poderia ficar ali o dia inteiro que nem faria diferença.

– Teddy, o que você está fazendo?

Victoire se afastou de Ted na mesma hora, as bochechas corando. Mas ele não a deixou ir. Continuou segurando-a pela cintura com uma das mãos enquanto se voltava para James.

– Eu vim ver a Victoire. Me despedir dela. – o pequeno ruivo olhou de Ted para Victoire e dela para Ted novamente. Ela se surpreendeu que Ted não estivesse corando também. Ou que não tivesse ficado com os cabelos vermelhos. – Agora, anda, James, eu quero falar com a Vic.

– Sério? Falar, é? – disse James, agora com um sorriso maroto no rosto.

– Sério. Eu vou falar com ela. – respondeu Ted. – Agora anda, vai. Circulando.

Com um último olhar para os dois, James se virou e saiu correndo no meio da multidão. Quando ele desapareceu de vista, Ted virou Victoire para ele novamente.

– Ele vai contar para todo mundo, aposto. – murmurou ela.

– Não importa. – respondeu Ted, na mesma hora, passando os dedos entre os fios de cabelo de Victoire. Ele a beijou mais uma vez, e só parou porque o apito do trem soou.

– Tenho que ir, Teddy. – disse ela, afastando-se dele com relutância.

– Tudo bem. Mas essa conversa não termina aqui. – disse ele, abraçando-a com força.

– “Conversa”? – repetiu Victoire, debochadamente, afastando-se dele.

– Você me entendeu. Não é um assunto que a gente consiga resolver por carta ou por lareiras.

Victoire entrou no trem quando ouviu o segundo apito soar. Acenou para Ted da janela, até o trem fazer a primeira curva e ele desaparecer de vista.

Victoire sorriu com a lembrança. Aquele dia tinha sido uma boa surpresa. Por alguma razão, as palavras que Dominique lhe dissera há pouco ecoaram em sua cabeça: Você ama o Teddy, sabia? E ele ama você.

Victoire já dissera a Ted, certa vez, que o amava. Mas ele nunca dissera nada.

Pela primeira vez em anos, estavam envergonhados um com o outro. Evitavam, deliberadamente, se olhar. Victoire torcia as mãos. Ted não percebia, mas seus cabelos mudavam de cor a cada segundo: pretos, loiros, ruivos, roxos, verdes, azuis, rosa...

– Acho que eu vou voltar para o castelo. – comentou Victoire, por fim, guardando o brilho labial em um dos bolsos.

Ted pigarreou, nervoso.

– Bom, daqui a pouco eu vou.

Victoire sorriu e se aproximou dele mais uma vez.

– Obrigada, Teddy. Por me mostrar que um beijo pode ser muito bom.

– Eu... bem... eu não... – os cabelos dele continuavam a mudar de cor, ainda mais rápido. – Quero dizer... de nada. – nunca havia se sentido tão... descontrolado. Não conseguia disfarçar o que sentia.

Ela sorriu. Sabia que ele estava envergonhado. Ficou na ponta dos pés e encostou os lábios nos dele, de leve.

­- Je t’aime, Teddy. Lembre-se disso. – disse, simplesmente, saindo da floresta.

– Domi, eu já disse ao Ted que eu o amo. – comentou, externando os pensamentos. – Mas ele nunca me disse nada.

– Se você está contando aquela vez em que vocês se beijaram depois daquela palhaçada de salada mista, não vale. – respondeu Dominique, de costas para a irmã. – Porque vocês ainda eram muito crianças, Vic, as coisas eram diferentes.

– E criança não pode amar, também? – questionou Victoire, parecendo ofendida.

– Claro que pode, dãh. – respondeu Dominique, ainda de costas. – Mas como eu já disse, Vic, vocês eram crianças. Talvez se amassem, sim, mas não da forma que se amam hoje.

Houve um silêncio entre as irmãs enquanto Victoire observava Dominique colocar a massa do bolo em uma fôrma. De fato, Dominique tinha toda a razão. Por mais que gostasse de Teddy – que o amasse – não significava o mesmo que significava hoje.

– E tem mais uma coisa, Vic: você disse ao Teddy que o amava em francês. – apontou Dominique, colocando a fôrma dentro do forno do fogão. – Ele com certeza não tem a menor ideia do que você falou. Porque sejamos honestas: Teddy mal estudava as matérias de Hogwarts que ele não gostava, com certeza não iria perder um segundo procurando dicionários francês-inglês.

Victoire suspirou.

– Quanta burrice a minha. – resmungou, brincando com o copo.

A campainha tocou.

– Aproveita e fala pro Teddy agora que você o ama. – disse Dominique, despretensiosamente, tirando o avental que vestia.

Victoire arregalou os olhos azuis.

– O quê? Domi, essa pessoa que está tocando a campainha...

– Deve ser o Teddy. – contou ela, pendurando o avental num ganchinho que havia na parede. – Ele me ligou e disse que queria fazer uma surpresa para você. Perguntou se podia vir aqui mais tarde.

– DOMINIQUE, E VOCÊ SÓ ME FALA ISSO AGORA? – gritou Victoire, visivelmente assustada.

– Victoire, eu não sou fofoqueira, ok? – disse a loira, fingindo-se ofendida. – E ele queria que fosse surpresa, então...

A campainha tocou novamente. As irmãs se entreolharam.

– Você não vai atender? – perguntou Dominique, parecendo cansada. Victoire não respondeu. – Por favor, Victoire, é só o Teddy. – acrescentou, saindo da cozinha.

Victoire ficou imóvel enquanto escutava a irmã mais nova abrir a porta e cumprimentar alguém com entusiasmo. Alguém que era Ted. O coração de Victoire acelerou ao ouvir a voz dele depois de quase um ano afastados. Finalmente, ele estava tão perto.

– Olá, Vic. – cumprimentou Ted, entrando na cozinha, com um meio sorriso no rosto. Hoje usava os cabelos azuis.

– Oi, Teddy. – respondeu, derretendo-se internamente com o sorriso dele e procurando não demonstrar. Afinal, ele tinha estado com Melanie. Blargh.

– Olha só, crianças, desculpe interromper, mas eu só vim avisar que eu vou para o meu quarto. – disse Dominique, colocando o rosto na porta da cozinha. – Juízo, hein? – acrescentou, em tom brincalhão, piscando para Victoire. Ela sentiu que poderia arrancar os olhos azuis da irmã, idênticos aos dela, se a loira estivesse ao alcance de suas mãos.

Sem dizer palavra, Ted pegou Victoire pela mão e a levou para a praia do Chalé das Conchas. Ao sentir o toque do rapaz em sua pele, Victoire pensava apenas em quanto Dominique estava enganada. Ele não era “só” o Teddy. Era “o” Teddy. O Teddy que Vic queria, mais do que tudo, que fosse dela. Apenas dela.

Caminharam em silêncio por vários minutos até se sentarem em algumas pedras na praia, próximas ao mar. Era dia de maré baixa. O sol se punha lentamente. A brisa marítima despenteava levemente os cabelos de cor intrigante de Victoire. Para Ted, ela parecia uma pintura naquele momento.

– Eu acho que nós temos uma conversa para terminar. – começou Ted, soltando a mão de Victoire e fitando-a de esguelha.

– Teddy, o que você estava fazendo naquela sorveteria com a Melanie? – perguntou Victoire, sem conseguir conter as palavras dentro da boca. Nunca conseguira fingir nada quando estava com Ted. E, no fim das contas, precisava saber.

– Nada, Victoire. – respondeu, seriamente. – Se você não percebeu, a sorveteria estava lotada. E não tinha lugar para ela se sentar, então ela perguntou se podia se sentar comigo. Só isso. Ela e eu nem conversamos. Eu continuo sem gostar nem um pouquinho dela. Igual aos tempos de escola. – respondeu, sem se preocupar em perguntar como ela o tinha visto lá. Porque não fazia a menor diferença.

– De verdade? – quis saber Victoire, para ter certeza. Ted voltou o olhar castanho para ela, parecendo decepcionado.

– Eu achei que você me conhecesse melhor do que isso, Vic. Eu não mentiria para você.

E Victoire sabia disso. Ela via a sinceridade no olhar triste dele. Ela o conhecia bem demais para saber se quando Ted era ou não sincero. E ele jamais mentira para ela.

De repente, sentiu-se ridícula. E envergonhada. Escondeu o rosto entre as mãos.

– Me desculpa, Teddy. – pediu, a voz abafada. – Eu não...

– Está tudo bem, Vic. – assegurou ele, puxando-a para o seu peito. E, mais uma vez, Victoire estava ali. Sendo acalentada por Ted. Sentindo-se segura e protegida. Como nunca se sentira com ninguém.

Victoire sentiu que poderia passar o resto da vida daquele jeito. Mas precisava falar. Afastou-se de Ted, cuidadosamente.

– Teddy, eu quero te dizer uma coisa. – comentou, afastando os cabelos do rosto.

– E a nossa conversa? – perguntou ele, curioso. Victoire ignorou.

Je t’aime, Teddy. – falou com um sorriso.

– Acho que já ouvi isso antes. – respondeu o rapaz, cuidadosamente. – Mas eu não sei o que é, Vic, não entendo nada de francês.

– Eu amo você, Teddy. – sussurrou ela, e no minuto seguinte jogou-se nos braços de Ted e o beijou com paixão, no que foi prontamente correspondida.

Para Victoire e para Ted, aquilo talvez parecesse maluquice para outras pessoas, mas era o que os dois sentiam: a cada vez que se beijavam, era melhor do que a anterior. E a melhor de todas. Como se descobrissem um pouquinho mais um do outro em cada beijo.

Já sem fôlego, Ted se afastou de Victoire com um sorriso no rosto.

– Eu amo você, Vic. – disse, sorrindo.

Ele se afastou de Victoire e se levantou. Parecia procurar alguma coisa nos bolsos da calça.

– O que foi, Teddy? – perguntou ela, curiosa.

– Tenho uma coisa para te devolver. – respondeu ele, tirando uma caixinha do bolso e entregando a Victoire. Ansiosa, a moça a abriu na mesma hora.

– É minha pulseira! – comentou, maravilhada. Depois de todos aqueles anos, a pulseira que ganhara dos avós Delacour, com o seu nome gravado, ainda estava em perfeito estado. – Por que você não me devolveu antes, Teddy?

– Você não pediu. – respondeu ele. – E eu preferi ficar com ela porque eu iria sair de Hogwarts um dia e você ficaria. Era para eu continuar tendo algo para me lembrar de você.

– E agora você não quer mais ter algo para se lembrar de mim? – quis saber Victoire, deixando a caixa com a pulseira em cima das pedras e se aproximando de Ted.

– Não preciso de mais lembranças, Vic. – disse Ted, seriamente. – Porque agora, finalmente, eu tenho você.

Victoire sorriu, radiante, e se jogou nos braços dele mais uma vez, beijando-o.

Je t’aime, Vic. – murmurou Ted.

– Parabéns, Teddy. Você aprende rápido. – comentou a moça, com um sorrisinho nos lábios.


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