- Sam, não me entenda mal. - ele me olhou confuso - Mas aquilo foi só um beijo.

- Só um beijo?! - ele gritou, mas foi quase como se falasse normalmente, devido o som da boate - Você não pode dizer que aquilo foi só um beijo, terá que reconhecer.

Eu realmente não podia dizer que foi só um beijo. Mas eu nunca reconheceria isso.

- Se pra você foi mais que um beijo, acho bom que esqueça. Porque pra mim não foi. E eu não quero ficar conhecida como uma "das irmãs que o Sam pega".

Ele pareceu ficar irritado, pois apenas levantou a sobrancelha e saiu da pista de dança. E de repente eu recapitulei tudo o que havia falado. Na hora eu podia não ter reconhecido. Mas eu havia sido cruel com ele. Não tinha sido nada legal. Eu realmente preciso medir minhas palavras.

No momento eu estava com raiva de mim mesma. Ele podia ser o maior pegador do mundo. Mas eu precisava controlar as merdas que saíam da minha boca. E como qualquer adolescente com nervos à flor da pele, raiva e dentro de uma boate, fui até o bar.

Sim. O bar.

Eu sou a pessoa mais fraca do mundo, com apenas um copo de cerveja consigo ver elefantes voando com suas asas-orelhas. E quando percebi eu já estava no sétimo copo. Era como se eu não tivesse controle do acontecesse comigo. Eu só assistisse o meu corpo fazer coisas que eu não havia mandado ele fazer.

Eu estava na pista de dança com algum cara que eu não fazia a mínima ideia de quem era. Até porquê o rosto dele era um belo borrão.

Aliás, tudo era um belo borrão.

Me lembro de me sentir voando, e ver o rosto de Sam em minha frente. Quando deduzi que estava sendo carregada por ele pra fora da boate tentei dar um murro dele, que pareceu nem mesmo sentir. Fui jogada de qualquer jeito no banco de trás mas nem senti já que eu estava totalmente anestesiada. Sam deu a partida e dirigiu feito um louco pelas ruas de Londres. Mas foi abaixando a velocidade quando viu a viatura da polícia. Jogou o casaco em cima de mim e saiu para falar com um policial, senti um cheiro horrível de vômito nesse casaco e ainda cambaleando saí do carro gritando:

- Porra, você matou um gambá com esse casaco? - ele me olhou, mas não consegui decifrar sua feição já que tudo estava embaçado.

Vi um velhinho vestido totalmente de preto e com uma boina, que reclamou.

- Quantos anos você tem? - ele perguntou.

- Tenho 16. Por quê?

- Garota, você é menor de idade. Não deveria estar bebendo. - ele apontou o dedo para mim.

Me aproximei dele estiquei o pescoço e dei um pequeno - grande - arroto em sua cara.

- Levem ela!