That's Marlene Mckinnon escrita por Ster


Capítulo 1
That's Marlene McKinnon - Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Quem é Marlene McKinnon afinal?
Ela pode ter sido uma mulher de qualquer outra família que casou-se com um McKinnon e herdou esse sobrenome, pode ser anos mais velha que Sirius ou uma simples bruxa na Ordem da Fênix. O mistério ronda essa garota e isso me atiça a escrever sobre ela: Porque eu posso fazer o que eu quiser.

E aqui, Marlene é uma auror em treinamento, uma protegida (Isso, igual a Tonks). Todas as minhas personagens femininas são fortes e corajosas por natureza (COF, COF, AUTORA FEMINISTA, COF, COF) então não se assustem se elas forem a luta tão bravamente quanto um homem.

Vale relembrar que essa one não é um romance Marlene/Moody, pelamor de Jesus Cristo.

Espero que gostem.



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That’s Marlene McKinnon

Os passos ressonavam pelo bar.

Moody não gostava muito da comida dali, pois eles sempre passavam do ponto com a carne. Mas aquele era um bom dia, pois a carne estava saborosa. Se divertia ao ver a frustração dos cozinheiros quando ele adentrava na cozinha e assistia passo a passo do preparo de sua comida, supervisionando bem de perto. Talvez ele seja mesmo paranoico, ninguém sabe, mas ele prefere a palavra cauteloso.

Seu coração estava dando pulos com cada passo.

Eram leves e rápidos, o que significava ser uma mulher. Ele odiava treiná-las. Pediu durante aqueles quinze anos que lhe mandassem apenas protegidos homens, mas parece que teria que conversar novamente com o supervisor. Não entenda mal, Moody não tinha nada contra elas, apenas as evitava o máximo que conseguia. O outro motivo é que ele se sentia preso há um dejavu eterno sentado naquela mesa de bar com os passos de sua novata. A diferença é que agora ele não tinha um dos olhos e seu rosto conseguiu ficar mais feio do que já era.

– Senhor.

A voz era dócil e aguda, exatamente como em suas lembranças. E quando o auror se permitiu olhar lentamente o uniforme feminino, sentiu tudo se acalmar. O cachos louros desorganizados e cheios davam rebeldia a seu rosto doce e lotado de sardas. Os olhos verdes eram grandes e brilhantes como o de uma criança recém-nascida. – Estou às ordens.

Um jovem Alastor Moody levantou-se da mesa bruscamente. Seu rosto estava liso, livre de cicatrizes marcantes e seu olho ainda estava lá, mas frio o suficiente para congelar a alma dos novatos desordeiros.

– Apresente-se, novata! – ordenou o auror.

– Marlene McKinnon, senhor! – ela tomou a pose de um soldado e sorriu. Alastor soltou um muxoxo de insatisfação enquanto mancava para fora do bar. A garota era uma boboca, provavelmente morreria na primeira missão. Os passos apressados da novata McKinnon atrás dele o irritava. Odiava protegidos que não tinham atitude. Chegaram ao lado de fora do bar e fitaram a rua vazia e mal cuidada. Estavam em tempos difíceis, e até as cores pareciam notar isso, pois já não havia nenhuma que não fosse cinza ou negra.

– Sabe voar? – perguntou o auror. A novata assentiu freneticamente.

– Fui batedora da Grifinória em Hogwarts. – sorriu ela.

– Grifinória? Ótimo, deixe eu te avisar de uma coisa garota, nada de se jogar na frente das pessoas para salvá-las ou atos burros de heroísmo, entendeu?

– Mas...

– Segunda regra, não faça objeções as minhas regras! E caso a senhora não esteja satisfeita, ficarei satisfeito em que troque de capitão! – Ele fora ignorante, sabia disso, mas era necessário para que ela entrasse na linha. Nada de sentimentalismo, essa sim era a regra essencial para sobreviver no mundo onde eles lutavam. Apegar-se as pessoas era um crime hediondo, pois aquilo faria você fazer as piores coisas que existem no mundo pela pessoa em questão, e isso está fora de cogitação para Aurores.

Mas o auror Moody aprendeu com a novata McKinnon muito mais do que poderia ensinar.

Estupefaça! – Alastor tinha que assumir, a McKinnon era muito poderosa, assim como seus irmãos e pais. Tinha uma habilidade impressionante para feitiços e era ágil, o que era um ponto importante no treinamento.

Experlliarmus! Ah Rosier, você nunca foi muito bom em feitiços de proteção, não? – Moody conhecia de cor todas as máscaras dos Comensais e conseguia contar nos dedos quantos são e seus nomes. Se apenas isso bastasse, o mundo já estaria limpo daqueles vermes, mas não, ele precisava captura-los, julgá-los e ainda tentar recolher o máximo de provas possíveis para o Beijo. Ele sempre trabalhava duro nessa parte, mas desconfiava arduamente que o Ministro da Magia era envolvido com os Lorde das Trevas pois sempre lhe dava um prazo curtíssimo.

– CAPITÃO! – gritou a novata. – Senhor, são muitos, vamos aparatar!

– Exploda aquele prédio! Verdimillius! – ordenou o auror. Os dois estavam em uma missão quase suicida atrás de Bellatrix Lestrange. Moody tinha certeza de que eles foram avisados do perigo, foi estúpido em ter ameaçado o Malfoy na porta de sua mansão um dia antes.

Protego! O quê? Não! – a McKinnon desviou de um feitiço mortal. – Vai matar todo mundo!

– ESSA É A INTENÇÃO GAROTA, FAÇA O QUE ESTOU MANDANDO! – dito e feito, Marlene apontou sua varinha para o prédio de onde brotava os Comensais e em segundos ele explodiu, fazendo todos serem arremessados para longe do lugar. Moody tentou levantar, desnorteado por conta da explosão. Mas não conseguia. Então saiu atirando feitiços para todos os cantos para que ninguém conseguisse atingi-lo e se tentasse seria arremessado longe. Mas ele notou que não precisava disso, pois a novata já estava de pé, conseguindo derrotar sozinha metade dos Comensais. Foi estranha a sensação reconfortante de que pela primeira vez em anos... Ele não estava sozinho.

– Estamos em guerra. – Moody gostava de ser o capitão. Gostava de estar no comando, mas era contraditório pois não tinha um pingo de paciência para treinar aqueles novatos estúpidos e desleixados, sem um pingo de atenção. Se perguntava como foi que Hogwarts tivera coragem de manda-los. Alguns covardes, outros desastrados, sem contar os que mal conseguiam erguer a varinha em batalha. Estavam em território inimigo e os novatos precisavam saber disso. – A única forma de sobrevivermos a isso, é ficando unidos. Nada de desavenças, pois isso nos enfraquece. Somos um grupo, uma família.

– E deixar alguém para trás é um crime. Fique e morra se necessário, mas não abandone seu parceiro em campo de batalha, tenho certeza que não gostaria de ser deixado para trás. – Marlene McKinnon só tinhas um seis meses de treinamento e já conseguia orgulhar seu professor. Ele gostou da protegida, de suas atitudes em campo de batalha e agilidade. A novata estava se saindo muito bem.

– Exato. Quero que todos estejam prontos para morrer, pois as possibilidade disso acontecer são de 99,9% – Moody rolou os olhos ao ver um dos novatos começar a chorar e esforçar-se para esconder isso, apesar de estar indo mal.

– Não é um crime ter medo, Jones. – a voz da McKinnon era dura, porém reconfortante.

– Ninguém vai ser deixado para trás. Não na minha equipe. Entenderam? – a concordância foi coletiva. Quando todos os aurores novatos se foram, e apenas a protegida McKinnon e Hestia Jones ficaram, Marlene apertou o ombro da auror.

– Está nervosa, não é, Jones? – sorriu ela. – Não posso prometer que nada de ruim vai te acontecer, mas eu prometo que irei fazer todo o possível para protege-la. Ok?

Moody apoiou-se em seu cajado e ouviu tudo em silêncio, até Hestia Jones partir. Então virou-se para a McKinnon.

– Não faça promessas que não pode cumprir, McKinnon. Isso é uma guerra e sua vida é mais importante que a da Jones. Se ela morrer, você é uma mentirosa. Entendeu?

– Não. Não entendi nada. – Alastor Moody arregalou os olhos para a novata. Ela tinha seus cachos muito bem presos em um coque e seu rosto estava sério como nunca fora. – Por que minha vida é mais importante? Não é o contrário? Não são a vida dos outros que são mais importantes que a nossa?

– Eu...

– Senhor, me desculpe essa objeção. Mas eu não concordo. E essa é uma regra que eu não vou seguir. Se eu tivesse que morrer pelo senhor, eu faria isso um milhão de vezes de bom grado. Com licença.

Bellatrix Lestrange ergueu as mãos para os quatro aurores.

A boca de Moody salivava de prazer, a sensação de vitória era melhor do que ele sentiria se talvez capturasse o Lorde das Trevas. Conseguira pegar a vagabundinha dele, e isso era uma vitória incontestável. Todas as varinhas miravam no peito desnudo da Lestrange por conta do violenta decote. Seus cachos bem traçados e negros deslizavam por seu rosto muito bem nutrido e deliniado pelo batom vermelho.

– Ops. – sorriu ela. – Acho que fiz de novo.

– Calada.

– É bom vê-lo, Moody. Vejo que conseguiu ficar mais feio ainda, ah, mais uma novato? O que aconteceu com o outro?

– Você sabe muito bem.

– Lamento minha memória frágil. Gostou do embrulho? O correio trouxa é um saco, não é? Mas bem potente, a cabeça do seu novato foi danificada durante o trajeto?

– Sua... – Marlene McKinnon conhecia seu General. Era cauteloso, quase paranoico, mas as vezes ele perdia o controle da situação e simplesmente se tornava impulsivo, se mostrando um verdadeiro Grifinório. Ela segurou seu general para que ele não matasse a Comensal da Morte mais caçada pelo Ministério. – Abra a boca, Lestrange. Sou um homem piedoso e farei o possível para que sua pena diminua se revelar onde está seu Lorde e porque ele estava perseguindo Sybill Trelawney.

– Dois bebês. Duas famílias. Um morte. O mundo é nosso. – sorriu Bellatrix.

– Seja clara.

– É tudo que eu sei. – disse ela com uma voz dissimuladamente infantil.

– Obrigada pela colaboração. De 254 anos de Azkaban, eu consigo diminuir uns dois anos no máximo. Feliz? Jones e Yaniv, peguem-na. – Moody não guardou sua varinha, ainda apontando para a cabeça de Bellatrix enquanto os aurores a escoltavam para fora do casebre no meio da Albânia. Graças a coruja interceptada, eles conseguiram a localização da Comensal da Morte, porém tiveram que viver na floresta durante uma semana, vigiando cada passo da mesma. Mas era uma doce realidade para se verdade.

– A COMENSAL! ELA FUGIU! – gritou Jones. McKinnon correu até o local, mas quase fora morta por uma explosão da parede. A gargalhada de Bellatrix Lestrange era a única pista concreta de onde ela estava, mas o seu riso estridente ecoava por todo o local, tornando impossível acha-la. Uma parede transparente rodeou os aurores em uma cúpula, e então Bellatrix finalmente apareceu.

– Um presentinho para que se lembre de mim. – Moody não entendeu nada. Não havia compreendido o que era aquela pequena bolinha nas mãos da Lestrange, semelhante a uma bola de gude, vindo em sua direção e atravessar a cúpula. Entrou em seu olho esquerdo. E Moody pensou que tinha morrido, mas as coisas nunca dão certo para ele, pois isso seria apenas um alívio diante da dor em seu olho, que na verdade, já não existia. E a última coisa que ele viu fora Marlene McKinnon gritar em cima dele, entre desespero e lágrimas, uma última sacudida antes da escuridão.

McKinnon ficou irritada com o General.

Não gostava de sua proteção obsessiva na Ordem da Fênix, parecia que ele não entendia que ali, ela não era sua protegida. Mas ela tinha que assumir que se sentia muito bem com seus puxões de orelha em relação a coisas bobas, como Sirius Black.

– Esse homem é um cachorro! Literalmente! Afaste-se dele, McKinnon, é um aviso. Vigilância Constante! – Agora Moody usava um olho elétrico, azul vivo que se movia independente de seu olho normal, quase que 360º. O general nunca foi tão feliz, pois agora poderia ver até quem iria ataca-lo pelas costas. Mas a novata ainda estava traumatizada pela brutalidade de Bellatrix Lestrange, que não hesitou em explodir o olho do General.

– Eu sei me cuidar, general. Cachorros são facilmente educados. – sorriu a McKinnon. Mas ela não tinha muito interesse o Black, apesar de ter sido loucamente apaixonada por ele em seus anos em Hogwarts. Moody girou seu olho mágico, que Marlene inventou um apelido que virou o segundo nome de seu General: Olho-Tonto.

– Ótimo. E Prewett! Você não, seu pateta, seu irmão! Tire essa varinha do bolso, conheço um bruxo que perdeu as nádegas por conta disso! – então Marlene ria e tomava mais um gole de seu uísque, fingindo não sentir o olhar perfurante de Sirius Black do outro lado do salão. A grande barriga de nove meses de Lily Evans fazia a alegria do ambiente, que há pouco minutos atrás era apenas escuridão e tristeza pela morte de Dorcas Meadowes. O amigo de Marlene, Remus Lupin, parecia muito abalado, recolhido em um canto apenas com seu amigo Peter Pettigrew.

– É menino ou menina? – perguntou Emmeline Vance, uma das aurores favoritas de Moody.

– Menino. – respondeu James, satisfeito. Ele ainda tinha o ar prepotente que o fazia voar no própria ego em Hogwarts. – Vai se chamar Harry.

– É um nome forte! – opinou Moody, olhando para os lados, desconfiado.

– É um nome bonito, Olho-Tonto, conhece essa palavra? – brincou a novata McKinnon. Os outros ficaram sem graça, afinal, Moody passava uma aurea sempre séria e concentrada, mas apesar de seu general não ter esboçado nem um sorriso além de um muxoxo, ela sabia que ele estava rindo internamente. Ela sabia... Não tinha noção de como... Mas o general realmente se tornou uma protegida do auror Alastor Moody.

– Mais uma rodada. – a cabeça de Moody estava explodindo, mas ele não estava se importando. Da mesma forma que os olhares doentios das pessoas, assustadas com seu olho mágico, já não o incomodava. A guerra havia acabado, não era? Então foda-se. A mulher encheu meio copo de uísque, que não era suficiente para Moody. Ele respirou fundo, com sua visão embaçada e engraçada, e fitou a mulher sentada ao seu lado. Os cachos louros muito bem presos em um rabo de cavalo enquanto ela cortava a carne. Como ela tinha coragem de comer aquilo, Moody não fazia ideia. E se estivesse envenenada? E se fosse um bar construído por Comensais que desistiram da carreira? – Você sabe servir um copo ou terei que ensinar?

– É o suficiente. – argumentou a barwoman. Moody suspirou e agarrou a garrafa da mão dela, enchendo seu copo.

– Mal jeito, Olho-Tonto. – sorriu a McKinnon. Sua voz era um eco, uma sombra da doce e aguda voz que ele conhecia. A barwoman foi ágil ao pegar o copo de Moody e jogar o conteúdo em sua cara, deixando sua visão mais embaçada do que já estava.

– Obrigada pela gentiliza. – levantou-se com sua garrafa e mancou para um lugar bem longe da mulher. Mal notou que a novata McKinnon estava desbotando.

– A senhora disse que o quer fora do estabelecimento. – Alastor nunca gostou de movimentos bruscos. Foi por isso que agarrou a cabeça do homem que tocou seu ombro e socou contra uma mesa vazia, fazendo o bar se levantar assustado. Pegou sua varinha e enfiou no ouvido do homem, pronto para mata-lo.

– Não. – sua voz era firme. Ela ainda não era nítida, mas era um esboço bem considerável de Marlene McKinnon. – Esse não é Alastor Moody.

– Eu... – soltou o homem, assustado. A novata agarrou sua roupa com força, parecia com ódio mortal.

– Potter, Meadowes, Finwick, Prewett... Todos eles morreram por nada? Esse é o Moody agradecendo pela morte de seus novatos e protegidos?

– Eles não estavam no treinamento...

– Mas sempre foram seus protegidos, não é? – a McKinnon sorriu, e isso quase matou Moody. O sorriso inocente de uma criança, era esse seu ponto fraco? Seus olhos inocentes e seu sorriso eram a lembrança mais doce que ele poderia ter de seus novatos. – Estamos esperando, capitão.

– É só um bebê, não entendo. – Por mais que ele ensinasse, sentimentalismo zero era a única lição que não entrava na cabeça da McKinnon. É claro que não era justo o que estava acontecendo com um bebê de apenas três meses, mas ela não podia se envolver. Eles ficaram encarregados de proteger os Longbottom, mas eles eram aurores excepcionais e queria uma noite sozinhos já que Neville estava na segurança da casa de sua avó. McKinnon queria ir para casa, mas Moody preferia conferir se os Longbottom estavam mesmo bem.

– Você vai atrapalhá-los, Olho-Tonto! – estrilou Marlene. – Eles querem uma noite sozinhos, será que não percebe que querem ficar sozinhos. Sem você desconfiando da respiração do gato!

– Vamos logo, novata! – ignorou Moody, apertando o ombro de Marlene. Então ele aparataram, e o berros dentro da casa dos Longbottom era o suficiente para Moody explodir a porta. A McKinnon soltou um Patrono, que antes era um texugo, estava em uma transformação estranha para um cachorro e Moody soube que ela não seguiu seus conselhos sobre o Black.

Eram três Comensais da Morte. Marlene não soube quem era os outros dois pois estava em um duelo acirrado com Barty Crouch Jr. Ele era ousado, jogava feitiços que Marlene não conhecia. Corria, gritava, dava estrelinhas enquanto desviava dos feitiços que a novata jogava freneticamente. Assim que o berro de Moody invadiu o andar superior, Barty aparatou e Marlene sentiu-se uma idiota por não ter protegido o lugar contra aparatações.

Ooooooh, Olho-Tonto, não fique apavorado. Um nariz não te deixará mais feio do que já é.

A voz dissimulada de Bellatrix Lestrange fez o estômago da McKinnon congelar. Mas já não tinha tempo, então correu para o andar de cima a tempo de ver Bellatrix Lestrange de pé na janela, dando-lhe um rápido tchauzinho antes de erguer os braços e se jogar da janela. O corpo de Evan Rosier jazia no chão.

Moody tentava acordar Alice Longbottom e só quando se virou, a novata pode ver que um pedaço de seu nariz fora arrancado.

– Alastor! – gritou ela, surpresa.

– São três anos de treinamento, mas ainda não pode me chamar pelo primeiro nome, novata! – ela o ajudou com Alice Longbottom enquanto ele mancava para Frank. Eles pareciam bem, tirando os cortes no rosto, mas simplesmente ficavam olhando o teto vagamente, com a baba escorrendo pela boca.

– General... – McKinnon nunca tinha visto seu general chorar, e não seria agora que veria. Ele fitava Frank Longbottom desmaiado com o rosto impassível. Aquele homem lutou ao lado dele incontáveis vezes, poderia dizer que seria seu melhor amigo se Benjy Fenwick não tivesse existido.

– Aparate para o St.Mungus. – talvez a voz trêmula e embargada fosse o máximo que o general conseguia transmitir sua tristeza. Sensibilidade zero era apenas um termo afinal.

Nem o inventor dela conseguia vencê-la.

A foto da Ordem da Fênix foi tirada há duas semanas atrás.

Moody rondou Marlene, tentando saber mais sobre sua relação com o Black, e ficou satisfeito quando viu o mesmo aos beijos com a Vance na reunião da foto, e o patrono da McKinnon, apesar de continuar um cachorro, ela parecia impassível a relação dos dois. As coisas estavam indo muito bem, os ataques estavam mais frequentes, mas quem se importava? Eles não eram aurores? E se Moody era o melhor, ele estava prestes a tornar McKinnon melhor que ele mesmo.

– Quer chá? – Olho-Tonto confiava em Marlene, mas poderia ser um impostor. Então não se importou em vigiá-la fazendo seu chá. – Agora vou acrescentar o veneno, diga quando for o suficiente.

– Não tem graça nenhuma, novata. A chave do Portal está pronta? – perguntou Moody, pegando sua xícara.

– Está no meu quarto. – A McKinnon amarrou seu cabelo em um forte coque e alisou seu uniforme. – Essa é a última vez que eu uso esse uniforme. Amanhã me torno uma auror tão boa quanto você.

– Te treinei para isso, não? – retrucou Moody. Ele mancou até as escadas da casa dos McKinnon. Estava vazia, pois a grande família da novata já havia ido para a chave do Portal. Moody iria recontar a passagem pois os McKinnon compensavam a burrice em matemática sendo uma das famílias de bruxos mais poderosos da época. Entraram no quarto de Marlene e por preucaução, Moody colou a porta com um feitiço poderoso.

– Para que isso? Quem irá nos matar? Voldemort? – riu ela.

– Isso mesmo, brinque garota, mas não chore quando for surpreendida. – eles tocaram a Chave de Portal, mas ainda faltavam três minutos para ativação. Marlene estava disposta a conversar com Sirius assim que chegassem na Sede da Ordem. Moody iria enlouquecer de vez, mas ela não podia passar por cima da própria felicidade por uma preocupação boba de seu segundo pai. Um estrondo e passos frenéticos ativaram Marlene de volta a realidade, que estava imersa fitando a chave de Portal com seus pensamentos.

– Droga. – murmurou Moody. – Anda... Anda, ative, inferno!

O auror apontou sua varinha para o portal e a soltou em seguida. Havia alguém subindo as escadas, McKinnon se perguntava como acharam sua casa sendo que também estava sobre um feitiço poderoso que Sirius a ajudara a traçar. Seu coração estava em um ritmo frenético enquanto assistia Moody encostar seu ouvido na porta.

– Moody! Pegue a chave de portal, não seja idiota! Só deve faltar um dois minutos agora!

– Não.

– O quê?

– Novata, foi ótimo trabalhar com você. – Moody recolheu-se sob seu cajado como sempre fazia e Marlene soube que ele estava se despedindo.

– Pare com isso, seu maluco! Pegue essa chave agora!

– Só há uma passagem. E é sua. Avise Dumbledore e os outros, talvez eu consiga atrasá-lo. Mas ouvi falar que ninguém sobrevive a um duelo com ele. – Alastor Moody soltou um risinho. Impressionado com sua frieza, finalmente alcançara seu conceito de sensibilidade zero? Não estava sentindo medo nenhum e sabia que morreria em breve. Os passos ressonaram pelo corredor do quarto da McKinnon quando ela também soltou o Portal. – Garota!

– Se você ficar, eu fico. – sua voz era firme, não adiantaria muito teimar.

– Milorde... Já matei os outros. Só falta a mais velha dos irmãos. Temos que ser rápidos antes que os aurores cheguem... – o sussurro atravessou a porta diretamente para os ouvidos de Marlene. Moody olhou-a, temeroso. Foi tudo planejado. Aquela noite, eles matariam todos os McKinnon e Marlene era a última.

– Novata...

– Eu sou uma auror agora. – sua voz falhou um pouco quando ela expirou fundo e fechou os olhos. Moody era o homem mais precavido do mundo, até mesmo com os amigos. Mas Marlene McKinnon era quase sua filha. Por isso ele não tinha a varinha em punho quando sua novata lançou-lhe um feitiço que grudou sua mão na chave de Portal.

– Solte agora. SOLTE AGORA, INFERNO! SOLTE, É UMA ORDEM DE SEU GENERAL! – ordenou Moody, chocado com o desacato. Mas ela já não ouvia. Marlene passou a mão em seu ombro esquerdo e rasgou algo, enfiando no bolso do casaco do General. Moody nunca sentiu medo. Ele era precavido o suficiente para não sentir medo de ser atacado. Mas ele sentiu vontade de chorar quando viu o que fez.

Marlene McKinnon era oficialmente uma auror.

– Novata McKinnon..

– Auror McKinnon. – corrigiu ela. A porta teve um baque. Alguns risinhos e uma iluminação forte pela fresta fez o chão tremer. – Auror Marlene McKinnon.

Moody não viu a hora em que Voldemort adentrou no quarto da auror, mas ele teve certeza que ela duelou com ele até seu último suspiro. Seu umbigo parecia estar sendo levado através de um anzol quando foi jogado bruscamente no chão quente da Sede. Uma fileira de corpos mortos só confirmavam a nova realidade de Moody. Ele não viu quando Dumbledore apertou seu ombro e nem conseguiu ouvir os gritos altos de Emmeline Vance. Estava tudo tão desbotado... Tão confuso... Deveria ter insistido, deveria ter tentando se soltar mais, berrado, feito algo que... Mas ele não podia se contradizer.

Ela ensinou aquilo a ele,

Morreria por você um milhão de vezes.

E ele ensinou a ela,

Sensibilidade zero.

No treinamento para Aurores, patrocinado e estruturado pelo Ministério da Magia, eles ensinam constantemente como derrotar a morte. Como fugir dela, como escapar. Mas eles nunca ensinaram o que fazer após ela, como continuar vivendo. Alastor Moody é um auror que já teve dezenas de protegidos que se tornaram aurores excepcionais, que sugaram todo o conhecimento presente nele. As pessoas possuem cicatrizes. Em todos os tipos de lugares inesperados. Como mapas secretos de suas histórias pessoais. Diagramas de suas velhas feridas. A maioria de nossas feridas pode sarar, deixando nada além de uma cicatriz. Mas algumas não curam. Algumas feridas podemos carregar conosco a todos os lugares, e embora o corte já não esteja mais presente há muito, a dor ainda permanece.

The Holiday - Cry

– Senhor. – Moody levantou seus olhos, analisando o uniforme de protegido lentamente até chegar no rosto em formato de coração. Seus olhos eram escuros sob as sardas e seus cabelos eram de um rosa-chiclete assustador.

Com o corpo dolorido pela idade e vivências, auror Alastor Moody levantou-se e girou seu olho-tonto sob a novata. Teria uma conversa com o supervisor.

– Apresente-se, novata!

– Nymphadora Tonks, senhor! – ela já estava sorrindo quando tomou sua pose de soldado. Tudo que Moody fizera fora soltar um muxoxo e indicar com a cabeça a saída. O dicionário define luto como um sofrimento mental ou stress por aflição ou perda, sofrimento agudo, arrependimento doloroso. Mas na vida, definições estritas raramente são válidas. Na vida, o luto pode ser várias coisas que atenuem o sofrimento. Luto deve ser algo que todos temos em comum, mas parece diferente em todos. Não é só pela morte que temos que sofrer. É pela vida. Pelas perdas. Pelas mudanças. E quando imaginamos por que alguma vezes é tão ruim, por que dói tanto, temos que nos lembrar que pode mudar instantaneamente. Quando dói tanto que não se pode respirar, é assim que você sobrevive. Se lembrando desse dia, de alguma forma, impossivelmente, não se sentirá assim. Não vai doer tanto.

O luto vem em seu próprio tempo para todos. À sua própria maneira. O melhor que podemos fazer, o melhor que qualquer um pode fazer, é tentar ser honesto. A parte ruim, a pior parte do luto, é que não se pode controlá-lo. O melhor que podemos fazer é tentar nos permitir senti-lo, quando ele vem. E deixar para lá quando podemos. A pior parte é que no momento que você acha que superou, começa tudo de novo. E sempre, toda vez, ele tira o seu fôlego.

Nymphadora Tonks sorriu quando abriu a porta e Moody não pôde evitar de colocar a mão em seu bolso e pegar o pedaço de pano com um bordado muito bem traçado:

AUROR MARLENE MCKINNON

MINISTÉRIO DA MAGIA

1978 – 1981

Aceitação é o último estágio do luto.

O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás mas nunca o fizeram? Talvez velhas feridas nos ensinem algo. Elas nos lembram onde estivemos e o que superamos. Nos ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como ele gosta de pensar. Mas não é o que acontece, é?

– Sabe voar? – Nymphadora assentiu com um enorme sorriso.

– Eu era a melhor da Lufa-Lufa.

– Lufa-Lufa? Ótimo, deixe eu te avisar de uma coisa garota, nada de se jogar na frente das pessoas para salvá-las ou atos burros de heroísmo, entendeu?

– Mas...

– Segunda regra, não faça objeções as minhas regras! E caso a senhora não esteja satisfeita, ficarei satisfeito em que troque de capitão! – e saiu mancando. E Moody não pôde evitar o pequeno sorriso se formando no canto de sua boca ao ouvir os passos apressador da novata Tonks em seu calcanhar.

Algumas coisas nós apenas temos que aprender de novo, e de novo, e de novo…


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Eu sempre adorei o Moody, e o Bartô consequentemente após descobrir que ele era o Moody o tempo todo em CdF hahahahahahahahaha De qualquer forma, eu acho que pode ser uma realidade essa versão, e aos meus leitores de About Sirius Black, sim, essa história realmente acontece na fanfic.

Para esclarescer: Marlene e Sirius não tiveram nenhum relacionamento amoroso, o que Marlene arrancou de seu ombro era um pedaço do seu uniforme, aquele mesmo que Moody tira do bolso e lê.

Eu tive inspirações gritantes de Resident Evil 6, a campanha do Chris mais especificamente e Grey's Anatomy, que consegue me passar muito bem as dores de perder uma pessoa.

Minha Marlene McKinnon ideal é Freya Mavor em tempo jovem, e mais tarde como a maravilhosa diva Kate Winslet, minha atriz favorita depois de Kirsten Dunst.

Por favor, comentem, me deem essa felicidade. Vocês vão me ver bastante pelos recentes pois eu planejo escrever várias one-shots sobre personagens esquecidos, e que tal você não me dizer qual personagem você quer ver?

Muito obrigado.

Até.