P.o.v Ally

Eu estava irritada, claro, mas eu não podia continuar daquele jeito. O Austin tomava conta de todos os meus pensamentos, e eu não conseguia mais ficar agindo como se tudo estivesse normal. Depois de muito dançar com a Trish e tomar alguns copos de ponche, eu saí de dentro da casa. Tinha esperanças de encontrar o Austin por aí, mas eu mal sabia o que dizer a ele quando o visse. E bom, não foi realmente preciso. Assim que eu me afastei o bastante da casa, vi o mesmo beijando uma garota que eu nunca tinha visto em minha vida. Eu não queria acreditar nos meus olhos, e muito menos no que eu estava sentindo. Era uma dor horrível, que atingia todo o meu corpo, fazendo minhas pernas tremerem, mas seus efeitos eram concentrados principalmente no meu coração. Segurei as lágrimas, não queria parecer tão idiota ali, na frente de um monte de pessoas. Em vez disso, eu sorri sem humor. Sarcasticamente. Eu estava com raiva, mas não dele. De mim. Eu fui infantil, fui obcessa e achei que realmente existia algo. Mas aí, Puf, eu me decepciono. Eu acreditei em Austin Moon. Tem algo pior que isso?

Ele se afastou da vadia, creio eu porque já tinha me visto ali, o que eu fiz o favor de desfazer. Não corri, apenas acelerei meus passos, tentando sair de todo aquele aglomerado de pessoas, deixando assim as primeiras lágrimas deslizarem por meu rosto.

– ALLY! - Eu ouvi sua voz e percebi que ele corria atrás de mim, uma coisa que eu não queria.

– Austin, eu não quero falar com você, me deixa sozinha! - Eu disse pra ele, minha voz saindo mais calma e mais baixa, já que a música não estava mais tão alta onde havíamos chegado.

– Eu não vou te deixar sozinha, eu preciso me explicar! - Me virei para ele, que também tinha lágrimas nos olhos, e eu não entendi aquilo. Culpa talvez? O ódio crescia em mim, que explicação ele tinha para dar? Que eu estava ignorando ele e aí ele decidiu que iria pegar outra? Eu tive que apelar para o sarcasmo, o que de fato não era nada difícil fazer naquela situação.

– Eu não quero sua explicação! Já não basta o que eu tive que ver? Ah, e você desistiu da vizinha não foi? Poxa, porque não vai correr agora atrás dela?

– Ela é a vizinha e eu... Eu...

– Então quer dizer que você já foi atacando a vizinha? Nossa Austin, você está de parabéns! Agora volta para ela, aproveita e vai pro quarto com ela, arranja alguma porcaria pra fazer e me deixa em paz! Só sai daqui! - O que ele disse só me partia mais o coração. E eu já estava vendo o que ele iria dizer: "Eu não tive escolha" ou "A culpa não foi minha".

– Não saio. - Ele rebateu, me fazendo semicerrar os olhos pra idiotice dele.

– Você é um completo idiota!

– Seu idiota!

– Você é um imbecil!

– Seu imbecil!

– Você é um babaca!

– Seu babaca!

– Da pra parar de falar que é meu! Eu ainda to com ódio de você!

– Não da pra parar de falar a verdade! Ally, pelo amor de Deus, foi ela quem me beijou! Cara, é de você quem eu gosto, não vê?

– Não, eu não vejo! Se você gostasse mesmo de mim não teria deixado ela te beijar, se essa é mesma a verdade, não é? Você me traiu seu imbecil! Eu cansei Austin!

– Cansou de que? Caralho, essa é a primeira semana que passamos sem brigarmos, sem muitos xingamentos! Dissemos que estávamos juntos, que gostávamos um do outro, que deixaríamos rolar, ver no que vai dar, e eu realmente quis e quero tentar isso! Mas na primeira briga e obstáculo no caminho você diz que cansou? Isso não ta certo! - Eu me calei. Deixei as lágrimas deslizarem livres por minha face e deixei que ele continuasse, eu não sabia o que dizer mais - Eu não sou um cara perfeito, nunca fui! Eu cometi meus erros, eu fui e posso ainda ser um completo imbecil como você mesma diz, mas eu não sou tão infiel quanto você pensa! EU NÃO TE TRAÍ COM ELA! Eu não beijei ela, ela me beijou! Essa garota foi uma ex ficante minha, a qual eu ficaria agradecido se nunca mais visse na minha vida, porque agora só quem me importa é você! É difícil acreditar nisto? Que é de você que eu gosto e é com você que eu pretendo ficar?! - Seus olhos estavam vermelhos e ele gritava tudo aquilo, parecendo nem parar pra pensar no que falava.

Eu desabei na areia fofa, enterrando meu rosto em minha mãos. Senti sua presença se aproximando e ele se ajoelhou á minha frente, retirando minhas mãos de meu rosto e fitando meus olhos vermelhos.

– É que dói Austin, demais. - Confesso entre fungadas. E realmente doía, era pior do que se machucar fisicamente. Eu via como se meu mundo estivesse desmoronando, e procurava um consolo que eu nunca iria achar nas lágrimas.

– E o que você acha que aconteceu comigo quando eu te vi com o Elliot quando nem sequer sabia quem era ele? Dói, mas olha, eu enfrentei porque sabia que não existia nenhuma "Relação sei lá muito íntima" entre vocês dois, e a mesma coisa acontece comigo e com a idiota da Cassidy, entendeu? - Eu demorei um pouco pra processar as coisas, mas nada fazia exatamente sentido em minha cabeça. Eu tava confusa e desnorteada. - Agora vem cá! - Ele me envolveu em um abraço caloroso, o que me fez sentir-me melhor por um mero segundo, como se tudo estivesse certo de novo. Mas não, está tudo errado. Eu me afastei do Austin, deixando-o com uma feição confusa.

– Não dá. - Disse e levantei, olhei para o seu rosto e disse aquilo que já estava em minha mente. - Pode até ser que você foi só o mocinho desse conto, e eu posso até acreditar em você. Mas, só tente me entender, eu te vi por anos se agarrando com milhares de garotas lá do colégio, e sempre tive nojo, o jeito como você as usava e jogava fora. E de repente eu me vejo gostando de você, querendo você perto de mim e me sentindo bem com a sua presença, e aí em um determinado dia eu vejo você beijando outra. Ou seja, desta vez eu fui a usada e jogada fora. Palavras são palavras, elas podem machucar ou alegrar, só que nunca curarão alguém. Essa foi a primeira briga, e talvez seja cedo demais pra eu estar cansada, sendo que eu me comprometi com você, mas Austin, a dor é muito grande pra eu me sujeitar a senti-la de novo. - Disse, enxugando a cada segundo uma lágrima que eu já não me esforçava mais em deixar guardada.

– Ally...

– Não Austin. Por favor, se você gosta mesmo de mim, não me siga. - E ele não me seguiu.