P.o.v Ally

– Anda Ally! O filme já vai começar! - O Austin gritou da sala - de - estar e eu me apressei em pôr toda a pipoca numa vasilha redonda e com uns desenhos engraçados. Havia escolhido ela quando tinha uns oito anos, e até hoje ainda rio dos desenhinhos sem sentido. Ah, já haviam se passado dois dias desde que a Trish e o Dez chegaram em Sunset Beach. Dois dias que eu e o Austin havíamos revelado que estávamos "Juntos". Dois dias que eu deixei escapar que estava mesmo gostando desse loiro. Dois dias que eu havia descoberto que ele também gostava de mim. Dois dias que eu havia firmado os meus pensamentos, entendido meus sentimentos. Em dois dias eu consegui ter aquela certeza. Certeza de que eu gosto de Austin Moon.

E hoje era sexta - feira, nosso penúltimo dia na praia, mas eu não vou dizer que eu to triste, e nem que to feliz. Essa semana foi simplesmente incrível! Nada menos do que maravilhoso. Lógico, teve seus altos e baixos, mas eu to cogitando a ideia de que foi uma das melhores semanas que eu já vivenciei. Talvez eu esteja até exagerando, mas quem se importa? Eu to com meus amigos! Estou me divertindo, o tempo parece que passa tão rápido, e eu não vou negar que sinto um pouco de saudade de casa.

– Já to indo! Qual é o filme? - Corri para a sala, tomando cuidado para não derrubar toda a pipoca no chão. Sentei-me entre a Trish e o Austin, que puxou a vasilha para o seu colo e pondo uma grande quantidade de pipoca na boca. - Ei guloso, não tem só você pra comer não! - Empurrei o ombro dele levemente, que riu.

– Homem de Ferro 3, já assistiu? - Dez disse. Eu neguei com a cabeça e me acomodei mais no sofá. Eram umas seis horas da noite, nossos pais haviam saído para algum jantar de "Adultos", algo do tipo, e nós ficamos por aqui mesmo. Peguei um copo de vidro com um líquido preto dentro - Coca - Cola - em cima da mesinha de centro á minha frente e levei o copo á minha boca. Em poucos minutos o filme já havia começado e eu realmente não conseguia prestar tanta atenção nele. Uma criatura brincava com as pontas do meu cabelo e insistia em beber o meu refrigerante.

– Para... - Digo meio indecisa, enquanto o Austin acariciava meu couro cabeludo, me dando uma sonolência. Minha cabeça permanecia deitada em seu ombro, e um de seus braços estavam em volta de mim.

– Eu to entediado... - Ele disse. Olhei-o direito, vendo seu beicinho. Como ele conseguia fazer aquela carinha tão fofa?

– Tem um filme bem a nossa frente passando, uma vasilha com pipoca e refrigerante bem aqui, e você está entediado? - Pergunto.

– Sim. - Afirma. - Na verdade eu queria ficar sozinho com você... - Ele move a mão que me acariciava os cabelos, para a minha bochecha. Sorri para ele, me sentindo extremamente... extremamente alguma coisa, quando ele pronunciou aquelas palavras. Ele sorriu de volta para mim, e eu vi que ele aproximava aos poucos o rosto do meu.

– Ei casal, ainda estamos aqui, perceberam? - Ouvi a Trish falar e rapidamente desviei o meu rosto, enterrando na camisa azul do Austin. Ele soltou o ar de seus pulmões e acho que voltou a assistir o filme.

– Falta muito para acabar? - O Austin disse.

– Não fazem nem quarenta minutos que ele começou, Austin. - Dez falou. Eu olhei para o Austin e vi que ele realmente tava entediado, e eu não poderia negar que tava meio chato mesmo. O filme é ótimo, eu até gosto do Tony Stark e suas épicas frases, mas assim como o Austin, estar sentada num sofá assistindo um filme não era bem o que eu queria fazer.

Encarei por alguns segundos o copo de vidro vazio em cima da mesinha de centro, e uma ideia passou por minha cabeça. Levantei do sofá, fazendo com que os olhares de meus amigos se fixassem em mim. Peguei o copo.

– Vou pegar um pouco de Coca. - Disse e tentei piscar disfarçadamente para o Austin. Segui para cozinha assim que a latina e o ruivo deram de ombros, e eu vi o Austin sorrir cúmplice para mim. Encostei-me na pia, quando eu ouvi as falas vindo da sala.

– Ah esse filme ta muito chato, vou ao banheiro. - Austin falou. Sorri internamente, ansiosa. Eu sabia muito bem que não iria para banheiro nenhum, eu só não sei se a Trish e o Dez perceberam isso.

– Não demora muito, já ta chegando aquela parte em que... - Parei de prestar atenção no que o Dez dizia, quando uma figura loira apareceu na porta da cozinha. Seus olhos penetrantes fitaram-se aos meus, fazendo todos os pelinhos visíveis do meu corpo se arrepiarem por completo. A porta foi fechada, deixando a cozinha quase escura, já que ela não possuía qualquer janela e a luz era um pouco fraca de mais. Ele deu passos lentos para frente, e eu apertava a bancada da pia, assim como mordia os lábios fortemente. Por que aquele garoto me deixava assim? Tão... Tão quente. Tão ansiosa.

– Eu pensei que ia ao banheiro. - Deixei o sarcasmo aparente em minha fala. O loiro sorriu.

– É, desisti. - Deixei meus braços penderei aos meus lados, quando eu fiquei presa contra a bancada da pia, com dois braços musculosos aos meus lados e um corpo colado ao meu. - Um passeio pela cozinha é mais interessante. - Disse. Agarrei em sua cintura, apertando-o mais contra mim e apreciando com mais intensidade o calor que subia entre nós dois. Senti a boca quente do Austin encostar a minha orelha e eu estremeci com aquele contato.

– Austin - Deixei um gemido escapar por meus lábios e não me permiti a soltar outro. - O que você vai fazer? - Pergunta idiota, eu sei. Mas eu queria ouvir da boca dele, o que diabos se passava em sua mente.

– Depende - Mordeu o lóbulo da minha orelha e eu mordi meu lábio inferior. - O que você quer que eu faça? - Perguntou, afastando-se de mim, para o meu azar. Encarei seus olhos castanhos, luxuriosos, e sorri. Colei meus lábios com os seus, tentando matar um pouco do fogo que crescia em mim, aquilo não podia estar acontecendo. Quer dizer, o que é que estava acontecendo comigo, afinal? Eu estava implorando internamente por mais contato com o loiro, ansiosa para o seu toque e eu simplesmente não sabia onde tudo aquilo poderia dar. Só que, o quer que eu faça? Praticamente noventa e nove por cento de mim está pouco se lixando para isso! Então, ai cara, foda-se.

Sua língua adentrou minha boca urgentemente, e eu não ousei recusar aquele ato. Nossas línguas dançaram uma com a outra, e eu não conseguia recordar o momento em que eu havia subido na bancada da pia e minhas pernas estavam entrelaçadas á cintura do Austin.

Tudo acontecia tão rápido, e ao mesmo tempo parecia que demorava um século para os segundos se passarem. Eu puxava o cabelo do Austin e ele grunhia com o ato. Nossas bocas se desgrudaram e eles prosseguiu com beijos pela extensão de toda a minha pele exposta. Eu bagunçava seus cabelos ainda mais quando sentia-o morder o meu pescoço. Caralho, aquilo era muito bom!

Eu comecei a ouvir uma música encher o ambiente culinário, e a contra gosto afastei o Austin. Ele soltou um muxoxo e eu distribui alguns selinhos seguidos em seus lábios. O mesmo riu, e eu tornei a afasta-lo.

– Não... - Protestou quando eu tentei pular da bancada.

– Meu celular tá tocando, Austin! - Expliquei. Ele suspirou e me ajudou a descer. Puxei o celular do bolso traseiro do meu short jeans e olhei para a tela. Surpreendi-me ao ver a foto de um garoto moreno, usando uma camisa rosa e piscando no identificador de chamadas, com o nome "Elliot" posto bem abaixo.

– Por que ele está te ligando? - O Austin perguntou, olhando desconfiado para o celular em minha mão. Dei de ombros.

– Se eu não atender nunca saberei. - Disse, ele assentiu e eu atendi a ligação, enquanto o loiro caminhava para a geladeira e pegava a Coca - Cola que seria o "motivo" de eu ter vindo para a cozinha.

– Alô?– Atendo.

– Ally? Hey menina, sumiu em?– O Elliot disse e eu franzi as sobrancelhas, mesmo sabendo que ele não veria aquilo.

– Eu sumi? Elliot, você sabe onde é a minha casa, como é que eu sumi? E nós nos vimos não fazem nem quatro dias!

– Ah é...– Ele fez uma pausa. O Elliot nunca foi dos mais espertos, continua o mesmo lerdinho de sempre. - Esquece isso. Então, vai rolar uma festa na vizinha aqui, chama o loiro e vem pra cá!– Ele convidou e eu abri um sorriso. Faz um tempinho que eu não vou numa festa, e eu não poderia recusar esse convite.

– Claro! Mas ainda tem a Trish e o Dez, meus outros dois amigos, posso leva-los?

– Quanto mais gente melhor. É o dilema da vizinha!– Ele riu. Vizinha... Quem será essa vizinha? Será que eu a conheço?

– Então estamos aí em no máximo meia hora, ok?

– Ótimo! Até docinho!– Eu ri do apelido idiota e desliguei. Guardei meu celular e virei-me para o Austin, que estava com o copo de Coca - Cola nas mãos e uma cara curiosa.

– Going to a party, baby!