But...I Like You. escrita por Marril


Capítulo 39
Capítulo 36: This is the end.


Notas iniciais do capítulo

E chegámos ao fim! Algo que eu pensava estar mais longe, mas tinha consciência que estava perto xD Não vou dizer muito nas notas iniciais pois penso chatear-vos nas finais. Espero que as leiam, tenho algo a dizer-vos ^^

Boa Leitura!



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Desde que saímos de casa até chegarmos à casa do loiro nenhum de nós se atreveu a dizer algo, o ar parecia mais que tenso do que habitual, mas para deduzir isso também não é preciso pensar muito. Quando chegámos à porta da sua casa eu toquei à campainha, pois Nathaniel mantinha as mãos ocupadas com as suas malas.

Quem abriu a porta foi novamente Sophie, esta recebeu-nos calorosamente e depois de ter recolhido as malas do rapaz pediu que nos encontrássemos com o pai do mesmo no escritório. Nathaniel guiou-me até esse local, já que eu não conhecia bem a casa, depois de batermos na porta e obtermos a confirmação entrámos no compartimento.

Não tive muito tempo para analisá-lo, apenas pareceu-me um típico escritório que um homem de negócios tem em casa, uma secretária enorme cheia de papéis e outros objetos, prateleiras do tamanho do mundo carregadas com dossiês, livros e outras coisas…e ah como se não pudesse faltar, um enorme quadro pintado à mão com o retrato da “família feliz”, o pai à esquerda, a mãe à direita e os filhos sentados numa bela poltrona, todos a sorrir alegremente. Patético, era óbvio que aquele retrato era tudo menos verdadeiro, por acaso até me fazia recordar aquele que os meus próprios pais tinham nos seus escritórios. A base era a mesma, mas em vez de dois filhos existia apenas uma menina que sorria amorosamente.

Fui desviada dos meus pensamentos pelo pai de Nathaniel que entretanto tinha-se levantado. Ele encarou-nos seriamente antes de sentar-se novamente na sua cadeira, levantei uma sobrancelha discretamente, mas porque raio ele tinha-se levantado e depois sentado outra vez? Fritou da pipoca ou quê? Bem, não importa, está na hora do “juízo final”, só espero que não demore.

Depois de se acomodar na sua secretária novamente pigarreou e, aclarando a voz, disse-nos:

–Bem, esta conversa vai ter de ser rápida, pois tenho uma reunião marcada e tenho de estar na empresa em breve. Eu sei que o prazo era só amanhã, mas eu decidi adiantar um dia, não vejo razões para isto continuar já que vocês não estão a namorar sequer.

Congelei, tínhamos sido apanhados, a nossa mentira tinha sido descoberta! Afinal estávamos mesmo a ser vigiados! E agora? O que fazemos? Corremos? Não. Mentimos (outra vez)? Não me parece uma boa ideia. Antes que pudesse pensar em mais alguma opção ouvi Nathaniel dizer:

–Tens razão, pai. Nós não estamos a namorar.

Abri ligeiramente a boca chocada, ele tinha dito a verdade e agora é só esperar pela nossa morte. Alternei o meu olhar entre pai e filho, nenhum dizia nada e eu já estava a ficar com medo do que poderia acontecer a seguir.

–A verdade é que também não faz grande diferença agora teres ou não uma namorada. – Começou por dizer o pai de Nathaniel.

–Como? – Atrevi-me a perguntar.

–Houve um pequeno desentendimento entre a nossa família e a da noiva e o noivado foi cancelado.

Ah então é verdade, o casamento era só por causa de negócios familiares. Pensei. Nathaniel estava prestes a dizer algo quando o seu pai prosseguiu:

–Ainda assim espero que o meu filho arranje uma namorada ou mesmo noiva a sério em breve. Por isso, Aya, gostava de perguntar-te se aceitarias ser a noiva do meu querido filho, é claro que não tem de marcar já o noivado e podem namorar a sério durante algum tempo, não muito, até assumirem o compromisso. Além disso também temos de falar com os teus pais e tratar de outros assuntos… – Disse dirigindo-se primeiro ao loiro e depois a mim, no entanto o seu tom de voz não me parecia nada calmo e como se estivesse a pedir algo, aliás ele mais pareceria ordenar-me a fazer o que ele desejava.

Okay, agora eu estou confusa. What? Começo a ter sérias dúvidas se o pai de Nathaniel está ou não bom da cabeça. Além disso quem é ele para decidir se eu vou ou não namorar, casar ou whatever com Nathaniel? Sim, quem é que ele pensa que é? Fiquei sem palavras na boca, o que eu devia responder? Dizer que sim estava completamente fora de questão! Felizmente não tive de responder imediatamente, já que o senhor à minha frente levantou-se dizendo:

–Claro que não exijo uma resposta agora. Vou deixar-te ponderar sobre o assunto, no entanto espero uma resposta breve. Agora, se me dão licença, tenho uma reunião importante. – Afirmou começando a levantar-se.

Eu continuava em choque, como assim ele queria uma resposta breve? Mas eu era o quê? Uma boneca para ser usada e sem sentimentos? Hã? É assim que me vêm? Não, eu não vou permitir que brinquem assim comigo! Depois de uma despedida cortês por parte do senhor respirei fundo para tentar acalmar-me, estava mesmo prestes a explodir. Mecanicamente dirigi-me à saída, sem me importar com despedir-me de Sophie ou se Nathaniel seguia-me ou não.

Quando cheguei lá fora o vento bateu contra a minha cara, arrefecendo-a um pouco. Ai e agora? O que faço? O mais provável é eu recusar a “proposta” do pai de Nathaniel, sim, isso é o melhor a fazer. E mesmo que eu aceitasse namorar com o loiro, definitivamente casar não é comigo.

–Aya espera! Vamos conversar. – Pede-me Nathaniel que entretanto tinha saído de casa e agora estava atrás de mim.

–Não. – Respondo sem virar-me para o encarar.

–Mas… Olha, eu prometo que vamos resolver isto, falamos com o meu pai, ele vai compreender. – Praticamente suplicou. As suas palavras davam-me vontade de rir, contudo agora não tenho humor para isso, ainda assim soltei uma risada baixa antes de responder-lhe:

–Não mintas por favor, só estás a humilhar-te. Não vale a pena prometer algo quando sabes perfeitamente que não podes cumprir, nunca te disseram isso? Ambos sabemos que o teu pai não vai perceber. – O meu lado frio já tinha tomado completamente o meu corpo, o mesmo lado que eu tinha criado para me afastar das pessoas, porém ele estava no “nível” máximo. Controlava o meu corpo como bem lhe apetecesse, mas isso também não me incomodou, aliás até estava grata por ser essa parte de mim a tratar deste assunto.

–Mas…

–CHEGA! – Interrompi. -Eu já disse que não vale a pena. Olha, vamos terminar tudo aqui e agora. Nós não somos namorados, não somos nada a partir de agora, por isso deixa-me em paz. – Fiz menção de ir-me embora, mas fui impedida por Nathaniel, que me tinha agarrado no pulso.

–Mas… Eu gosto de ti. – Afirmou desesperado, como se isso fosse o seu último golpe para me impedir de partir. Agora sim, eu tinha vontade de rir a sério, por isso gargalhei e num tom gelado respondi-lhe:

–Haha por favor não brinques comigo ‘tá bem?! Se realmente gostasses de mim não tinhas brincado comigo ao longo destes últimos dias, em especial ontem.

–Mas…

–Sem “mas” nem meio “mas”, já estou farta das tuas desculpas esfarrapadas, as tuas palavras já não me atingem, é inútil agora fazer-me acreditar nelas. – E com isto soltei o meu pulso das mãos do loiro.

–Espera, nós…

–Nós? – Interrompi. -Nós não existe e não vale a pena seguires-me, eu vou-me embora. – Disse sem pensar, tentando, por fim, fazê-lo desistir.

Depois corri, corri como se não houvesse amanhã. Afinal, eu não tinha mudado assim tanto, continuava a mesma cobarde de sempre que acaba por fugir para não ter de enfrentar os problemas, continuava a mentir a mim mesma, só para evitar eventuais conflitos.

Quando cheguei a casa continuei a correr até o meu quarto, atirei-me para a minha cama e mergulhei a face na almofada. Algumas lágrimas ameaçavam aparecer e eu não entendia porquê, não via qual era a razão que eu podia ter para chorar. Mergulhei mais profundamente na almofada, de modo a que as minhas lágrimas fossem imediatamente enxugadas pelo tecido. Desde quando é que eu tinha-me tornado uma bebé chorona?

Depois de a minha crise de choro ter passado virei a cara observando sem grande atenção o que estava à minha frente. Algo brilhou em cima da minha secretária fazendo-me levantar intrigada para observar mais de perto, era o pequeno porta-chaves que Alexy tinha-me dado antes de partir. Sorri ao observar o porta-chaves e ao ler novamente a mensagem, no entanto esse sorriso logo se esvaneceu ao lembrar-me das palavras que tinha dito há pouco: “… vou-me embora.”, talvez devesse fazê-lo, não precisava de ser definitivamente, uns dias deviam bastar. Eu só precisava de algum tempo para pensar, clarear ideias ou melhor esquecer certos acontecimentos. Confiante, procurei pelo meu telemóvel.

Encontrei-o uns minutos depois, copiei o número que estava por baixo da morada e coloquei o aparelho na orelha ouvindo o som de que a ligação estava a ser feita e de que do outro lado o telefone estava a tocar. O telefone deu sinal de que alguém tinha atendido, juntamente ouvi uma voz masculina, que à primeira vista pareceu-me a de Alexy.

–Estou? Alexy? – Perguntei rapidamente, ligeiramente atrapalhada. Falar ao telemóvel nunca tinha sido o meu forte, acabava sempre por me atrapalhar.

Não, é o Armin. Quem fala? – Respondeu-me a voz do outro lado. Ups tinha-me enganado, talvez não devia ter chamado por Alexy.

–Oh Armin, há quanto tempo. Sou eu, a Aya.

Aya! Ligaste! Que bom! Sim, há quanto tempo que não falávamos. Está tudo bem?

Hesitei, mas acabei por dizer:

–Sim e contigo?

Também… Olha, desculpa perguntar, mas estiveste a chorar?

–Não, claro que não. Porque perguntas?

A tua voz parece estranha, mas deve ser impressão minha. E porque ligaste? Tenho a certeza que não foi para ver se estava tudo bem.

E como é que tens tanta a certeza? – Não consegui evitar perguntar.

Não me parece que seja algo que faças, deves ter alguma razão mais forte, certo?

–Hum sim, mas eu podia perfeitamente ter ligado só para dizer “olá” – Reclamei. -Mas isso não importa agora. Por favor, diz ao Alexy que eu liguei e diz-lhe que eu vou visitar-vos mais cedo do que esperava. – Completei, baixando o meu tom a partir do momento que disse o nome do gémeo de Armin.

Vens nos visitar? Quando?

–Sim, vou. Muito em breve… Olha, desculpa, mas eu vou ter de desligar.

A sério? Que pena, mas foi bom falar contigo. Adeus, beijos.

–Lamento, mas eu prometo ligar ainda hoje, senão amanhã. Também foi bom falar contigo. Adeus, beijinhos.

Desliguei a chamada e coloquei o telemóvel na secretária, uma leve dor de cabeça começava a aparecer, contudo tentei afastá-la ao máximo. Concentrei-me em fazer as malas, agarrei em algumas roupas e outras coisas indispensáveis. Não sabia quanto tempo ficaria fora, mas depois trataria dos pormenores. Liguei o meu computador para comprar uma passagem, procurando o voo que seria melhor, havia um que partia às duas da tarde, era perfeito. Comprei o bilhete online e olhei para o relógio, ainda tinha algum tempo.

Terminei de fazer as malas e chamei um táxi. Este chegou ao fim de uns minutos, entrei no veículo pedindo que seguisse para o aeroporto. Quando o carro começou a andar lembrei-me que não tinha dito nada a China. Agora também não seria capaz de enfrentá-la e dizer-lhe cara a cara que me ia embora, então, com muita pena minha, agarrei no meu telemóvel e digitei uma mensagem para a rapariga:

“Olá. Eu já me decidi. Não estou pronta para o amor nem para gostar de alguém, pelo menos não ainda. Espero que um dia consiga perceber o mesmo que sentes por Lysandre e espero que me perdoes por estar a fazer isto sem dizer-to frente a frente, sou demasiado cobarde para isso. Desculpa.

Vou sentir saudades de todos, especialmente de ti. Até um dia (breve, espero). Beijos Aya.”

Quando terminei de escrever a mensagem novas lágrimas estavam a surgir, doía-me o peito por estar a ser egoísta, por não me preocupar devidamente com todos, por só estar a pensar em mim, por “abandonar” todos assim, por provavelmente vir a tornar-me um fardo para os gémeos, enfim, por mil e uma coisas. Não faltava muito para começar a odiar-me por tudo o que fazia. Li novamente a mensagem e decidi enviá-la depois, talvez quando estivesse já prestes a embarcar.

***

Já estou dentro do avião e já enviei a mensagem a China, tive de desligar o meu telemóvel por isso não sei se ela já respondeu ou não, também ainda não voltei a falar com nenhum dos gémeos, mas acho que vou fazê-lo assim que chegar a terra.

Acomodei-me no meu banco repousando a cabeça. Fechei os meus olhos, a viagem não ia durar muito, por isso não valia a pena dormir, ainda assim mantive as pálpebras fechadas. Desejava que, no caso de eu adormecer, quando acordasse tudo não tivesse passado de um sonho. Eu tinha voltado para a minha cidade natal, mas não conhecia ninguém, todos eram puro e simplesmente pessoas que eu iria conhecer pela primeira vez. Tudo iria ser diferente, com um novo começo, com um novo fim.

Contra a minha vontade acabei por cair som sono leve, só esperava que Alexy e Armin aceitassem de bom grado a minha visita e eventualmente deixar-me ficar, por algum tempo, na sua casa. Afinal este foi o fim que eu escolhi para mim, pode não ser o melhor, mas também agora já não há nada a fazer, já não posso dizer a Nathaniel o que descobri quando o avião descolou. As minhas últimas palavras já foram ditas, já foi tudo esclarecido e nada pode ser mudado agora. Às vezes dizemos coisas que não queremos, coisas que nem sequer pensámos o que significavam, coisas que acabam por mudar todo o nosso futuro. Se eu pudesse voltar atrás gostava de poder dizer-lhe naquela altura o que ainda não sabia, na verdade, eu também gostava dele. Mas eu já decidi que vou esquecê-lo, este possível romance só vai trazer problemas e dor, por isso o melhor é desistir, eu também não sou a pessoas forte que aparento, aquela pessoa que luta pelo que quer não existe, essa pessoa não sou eu. Eu sou fraca, eu desisto de tudo, então este amor também vai ser abandonado.

Um simples pedido pode alterar múltiplas vezes a nossa vida. Pequenas ações têm grandes efeitos. Palavras que não são ditas na altura certa acabam por não ter o mesmo efeito quando proferidas mais tarde. Decisões que são feitas precipitadamente podem acabar por nos levar para o caminho oposto. Nem sempre o que pensamos ser correto realmente o é. Esta é a vida, este é o destino, este é… o fim.


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Notas finais do capítulo

Por uma última vez (nesta fanfic) venho despedir-me de vocês com um pequeno agradecimento.
Primeiramente quero agradecer a todas, mas mesmo todas as minhas leitoras (inclusive as fantasmas, isto é se tiver alguma é claro). Nada disto existiria sem vocês, obrigada por tudo! Vocês são fantásticas por aturarem uma chata como eu e por não terem desistido da fic, nem terem-me deixado abandoná-la. Eu nem sei o que hei de dizer mais para além de Obrigada! Não vou referir nomes porque não quero "discriminar" ninguém, mas espero que as pessoas percebam o quão significativo foi o vosso apoio!
E assim despeço-me de vocês, foi um prazer escrever para todas vós e espero que ler a minha fanfic também tenha sido bom!
E agora todas as minhas leitoras podiam deixar um comentário final :3 (Pode ser pequenino, eu fico feliz na mesma).

Beijinhos e até (breve, espero)