But...I Like You. escrita por Marril


Capítulo 20
Capítulo 18: Are you ready?


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Demorei muito? Gomen :/
Bem, para quem estava ansiosa finalmente vai poder descobrir mais sobre o passado da Aya! Espero que gostem...

Boa Leitura!



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Virei-me e encarei a pessoa que me chamava. Melody estava mesmo à minha frente, de braços cruzados e com uma expressão nada amigável (que se era para parecer ameaçadora, minha amiga, olha que não resultou comigo). Entrámos novamente na sala e a rapariga trancou-nos lá dentro.

–Nós temos de esclarecer uns assuntos querida. – Afirmou com um sorriso falso.

–O que foi agora? – Perguntei entediada.

–Olha vê lá como é que tu falas! – Revirei os olhos. -Eu ouvi dizer que tu e o Nath estão a namorar, é verdade?

–E o que é que tu tens a ver com isso?

–Nada, por enquanto. Mas fica sabendo que eu vou conquistá-lo, especialmente agora que tenho o cargo de subdelegada nós vamos passar mais tempo juntos. Por isso aproveita enquanto podes porque em breve o Nath vai ser meu e só meu.

Melody saiu rindo histericamente e eu fique a olhá-la com cara de parva, como se ela fosse maluca, perdão, ela É maluca (sem ofensa).

As duas outras aulas correram normalmente tirando o facto de estar sempre a receber olhares mortais de Melody e companhia. No fim da terceira aula China despediu-se de Lysandre com um beijo, quando ninguém (exceto eu, pelo canto do olho) estava a olhar e saímos juntas da sala. Comprámos alguma coisa numa pastelaria próxima e depois de voltarmos para a escola escolhemos um banco com sombra para nos sentarmos. Antes mesmo de começarmos a comer China virou-se para mim e disse:

–Olha, eu não aguento mais, estou a morrer de curiosidade. Eu não quero parecer intrometida ou interesseira, mas estou preocupada contigo e gostava de poder perceber o que te preocupa.

–Está bem. – Afastei a comida da boca e fiz uma pausa dramática. -Está na hora de conheceres a minha história…

“Desde pequena, ou talvez desde que nasci, os meus pais nunca me deram muita atenção, também nunca me importei muito com isso, pois sempre quis ser independente. Mesmo assim sentia-me sozinha, sem amor fraternal. Vivi os meus primeiros onze anos nesta cidade, quase sempre apenas rodeada por empregadas, ou seja, ninguém familiar, ainda assim posso dizer que foram os momentos mais felizes da minha vida. Tinha dois amigos mais próximos, apesar de eles não se darem totalmente bem faziam um pequeno esforço por mim, para se aturarem, isto causava uma certa inveja entre as meninas, mas nenhuma se atrevia a fazer algo contra mim, pois já sabiam que a seguir não seria bem apreciadas pelos dois rapazes.”

–Posso saber quem eram esses rapazes?

–N-Nathaniel e C-Castiel. – Sussurrei perto do seu ouvido para não ter de repetir-me. China abriu a boca espantada com a informação recebida, tossi para aclarar a voz e prossegui a minha narração antes que a rapariga pudesse interromper-me.

“Passando à parte mais importante, há cinco anos decidi viajar com os meus pais pelo mundo, não porque desejava visitar vários países, mas sim porque esperava uma aproximação na minha relação com eles. A notícia foi bem recebida, mas o facto de passarmos algum tempo juntos não mudou nada, os meus pais continuavam super ocupados e não tinham tempo para mim. Estudava imenso só para obter uma pequena aprovação deles, contudo eles viam os meus resultados como se fosse obrigatório tê-los, ironicamente acabei por apanhar gosto de estudar, fazia com que eu me desligasse do mundo e não me preocupasse com os meus “problemas” durante algum tempo.

Em qualquer escola que eu andava tinha amigas, mas nunca me senti completa, parecia tudo muito superficial, porém eu era ingénua e sempre pensei que fosse tudo minha imaginação. Não podia estar mais enganada. Há três anos mudei-me para os Estados Unidos, logo no primeiro dia fiz três “amigas”, elas gostavam de ir às compras, saíamos algumas vezes, mas na maior parte eu acabava por pagar-lhes alguma coisa, dinheiro não era problema. Eu sentia-me feliz por ver os seus sorrisos quando recebia algo meu, como fui tola, elas só queriam isso: coisas materiais. Não se importavam comigo nem com os meus esforços para agradá-las, e como descobri isso? De uma das piores formas possíveis, eu acho.

Havia um rapaz, o mais bonito e popular da turma, imensas raparigas desejavam sair com ele, mas nenhuma conseguia. Ele era conhecido por ser inconquistável e um parte-corações! Um dia, as minhas amigas perguntaram-me o que eu achava dele, inocentemente disse que o achava giro. Elas levaram isso como um sinal de que eu gostava dele e na hora do almoço foram dizer-lhe essa mentira sem eu saber de nada. Quando voltaram, ele pediu para falar comigo, estranhei, mas aceitei.

Sentámo-nos frente a frente, ele tinha um ar sério e não esperou um segundo para me dizer:

–Eu não gosto de ti. – Senti uma pontada no peito, mesmo não sabendo do que ele estava a falar, era como se eu tivesse acabado de ser rejeitada após uma declaração e aquilo doía mesmo sabendo que não era de verdade.

–Hã? O quê?

–Como é que hei de dizê-lo de uma forma simples? Ah já sei! – Disse para si mesmo e depois para mim. -Eu não quero namorar contigo, não fazes o meu tipo, és demasiado inocente.

–Mas do que estás a falar? – As palavras doíam cada vez mais, mas a minha confusão chegava a superá-las.

–Disseram-me que ias declarar-te em breve, mas eu decidi poupar-te e dizer-te já que não gosto de ti.

–Mas quem te disse isso? – Sim, eu precisava de saber, iria esclarecer o mal-entendido. -Eu também não gosto de ti!

–Ai não? Não foi o que me disseram.

–Claro que não, eu nem te conheço como deve de ser, como posso gostar de ti? E quem é que te disse essas mentiras?

–As tuas amigas. – Aquelas palavras tinham doído mais do que tudo, as minhas amigas? Porque elas diriam uma mentira dessas?

–Com licença, acho que já falámos sobre tudo, agora vou indo. – Informei levantando-me.

Deixei para trás o rapaz confuso, mas ao menos o mal-entendido tinha sido resolvido. Procurei as raparigas responsáveis pela mentira e encontrei-as no bar, a rir. Como eu era inocente, nem desconfiei que o motivo de estarem tão divertidas era eu, quando me aproximei elas pararam de rir, mas continuaram com um sorriso alegre nos lábios. Uma delas (a “líder”) ainda comentou:

–Então, como correu a confissão? – Perguntou num tom de gozo enquanto as outras riam-se.

–P-Porque mentiram? – Questionei de cabeça baixa.

–Ora, não é óbvio? Queríamos alguma diversão! Vá lá Aya não leves a sério, foi só uma brincadeira.

–A-Amigas não fazem esse tipo de brincadeira. – As lágrimas estavam perto de chegar, mas pela primeira vez eu aguentei-as.

–Amigas? ‘Tás a gozar, certo? Quem disse que eramos amigas?

–M-Mas…

–És tão ingénua Aya, até chego a ter pena de ti. Nós nunca te consideramos uma amiga, para nós és só alguém com dinheiro que pode comprar o que nós queremos sem grande esforço. E agora desandam, ninguém quer saber de ti.

Raiva. Um sentimento que nunca pensei vir a conhecer, sempre fui muito amável, prestável, simpática…apenas tretas, de que me valeu isso tudo? Desprezo, tristeza, rejeição…Deixei que esse novo sentimento fluísse naturalmente nas minhas veias e dei uma estalada bem forte na sua cara. Depois corri, corri para fugir da dor, mas ela não me abandonava, por isso decidi mudar, tornei-me uma rapariga forte e determinada, solitária, mas isso não importava, eu gostava da solidão considerava-a a minha melhor amiga. E assim foi até voltar para cá, o meu coração permaneceu fechado, trancado a sete chaves sem que ninguém pudesse abri-lo, porém tudo mudou quando te conheci. Tu sempre me pareceste diferente das outras, nada do que fazias parecia falso e eu sentia-me realmente bem ao teu lado, fico contente por ter-te conhecido China.”

Quando acabei o meu relato ainda estava a aguentar as lágrimas, no entanto quando olhei para China esta já estava a chorar silenciosamente, não consegui evitar mais e comecei também a chorar, sem algum aviso a rapariga abraçou-me. Quem nos visse talvez pensasse que eramos duas bebés grandes e choronas, mas não era nada disso…Alguns minutos depois, mais precisamente depois de conseguirmos parar de derramar aquelas lágrimas, China dirigiu-me um sorriso amável ao mesmo tempo que desmanchou o abraço, palavras não eram precisas. Sim, eu sentia-me feliz com China ao meu lado, depois de lhe contar a minha história sentia-me mais leve. Agora só faltava tratar do assunto com Nathaniel e eu já estava pronta para isso!


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo - Capítulo 19: Let’s talk!

Bye bye

@ Marril .