A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 9
Jantar


Notas iniciais do capítulo

Yaa, nada nesse aki. Tá pra dezesseis anos esse cap aqui, mas não vou contar exatamente o que tem. Nada demais na minha opinião, aliás acho que eu nem soube escrever direito, mas são vocês que sabem.
Então espero que divirtam-se. Espero coments. Byee



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   Meia noite. Que legal, se fosse em meu castelo eu já estaria no décimo sono, mas aqui essa ainda é a hora de jantar. A mesma roupa de antes, mas desta vez deixo meu cabelo solto. Meus cachos castanhos caem pelos meus ombros como uma cascata. Pelo menos isso é bonito em mim. Eu sinto que falta algo em mim quando me olho no espelho, será a espada? Acho que estaria completo se tivesse uma espada presa a minha cintura. Perfeito. Mas eu ainda não a tenho, quem sabe não consigo uma hoje? Pois que seja uma mais leve, para que eu possa mover com mais facilidade. A espada de Alex é muito pesada.

  Saio do quarto e sigo o corredor. Onde será que eles jantam? Será no convés? Eu não sei, apenas sigo o corredor iluminado com luzes douradas até que começo ouvir barulhos. Parecem vidros batendo... e sons metálicos, serão as pratarias da mesa? Vejo que os sons vêm de uma porta no final do corredor à esquerda. Sigo-os até chegar à porta.

  Eu passei o tempo inteiro no quarto esperando até dar meia noite. Fiquei pensando no que faria, em que decidiria. Decidi enfim. Vou voltar ao meu reino e conversar com meus pais, saber o que aconteceu. Mas antes, eu vou até La Isla de La Muerte. A ilha onde meu verdadeiro pai está. Preciso de respostas, quero saber o que houve. Devo ser a primeira princesa no mundo que é sequestrada por espontânea vontade. E se os piratas do Andrômeda ficarem com a recompensa, eu não ligo. Aliás, fico até feliz. Acho que eu já gosto deles, mesmo estando por tão pouco tempo aqui.

  Bato na porta três vezes. Os sons não param. Ouço risos, garotos falando. Então bato novamente. A porta se abre e ali está Jack, o doce menino de cabelos negros e olhos azuis. Sorrio para ele e ele sorri para mim. Ele abre mais a porta e eu entro.

— Boa noite princesa. — Ele diz.

— Vamos Jack, já pedi que me chame de Liz. — Peço novamente.

— Desculpe. — Ele abaixa a cabeça, sem graça.

  O lugar é grande, tão grande quanto a sala de reuniões. Só que aqui não há mapas nem nada colado às paredes. Tudo que há nas paredes são os entalhos com detalhes prateados. As sereias. Há uma mesa enorme, com cadeiras em todos os lados, e ali estão todos sentados. Sorrindo e se servindo de um belo banquete. Não é como os banquetes do castelo, mas com certeza é bem farto. Há um peixe enorme assado, que imagino ser uma Carpa, mas não sei bem que espécie é. Todos tem copos ao lado de seus pratos e todos já estão servidos de arroz. Quando entro todos param de falar. Alex está sentado na cadeira bem em frente à porta, com apenas uma cadeira ao seu lado (Vazia). Parece a cena de um jantar em família, onde o pai e a mãe sentam um do lado do outro e os filhos ficam no resto da mesa. A cadeira vazia está ali para mim como se estivesse me esperando a vida inteira, e ela está ao lado dele. Jack fecha a porta e vai se sentar de volta em sua cadeira. Kalyssa não parece feliz, ela continua comendo sua comida sem nem olhar para mim. Já Emily sorri animada.

— Ande logo princesinha, sente-se. — Alex me convida com um sorriso.

  Vou até a cadeira ao seu lado e me sento. Ninguém puxou a cadeira para mim, nem a empurrou depois que me sentei. É estranho fazer isso sozinha, já que nunca fiz em nenhum dia de minha vida. É bom fazer algo por mim mesma, uma vez na vida. Olho para o meu prato, uma colher cheia de arroz se põe em cima dele e depois sai, a minha direita. Quando olho para o lado vejo um garoto alto (Muito alto) de pele bronzeada e cabelos castanhos. Ele é musculoso (muito musculoso) e sorri para mim com seus dentes brancos.

— Prazer, não nos conhecemos. — Ele diz, reconheço a voz na hora. — Meu nome é Laurence, mas todos me chamam de Law.

  Essa é a voz que ouvi quando saí de meu quarto pela primeira vez. O garoto que conversava com os outros dentro de uma sala, dizendo que eu poderia não ser filha de meus pais. Sim, ele acertou, mas como sabia antes? Ele parece bem simpático. Dou-lhe um sorriso forçado, ainda estou um pouco extasiada.

— Prazer Law, sou a Liz. — Digo, já evitando confusões com meu nome.

— Muito bem, Liz. — Ele diz, pega minha mão e a beija.

  Depois volta a se sentar. Olho para Alex, que ri para sua própria comida. Sua expressão é diferente do que eu já vi antes. Ele parece... Não, não pode ser. Ele se vira para a tripulação e levanta seu copo, que está cheio com um líquido dourado transparente.

— Um brinde! — Ele diz. — À nossa querida princesa Elizabeth!

  Todos levantam os copos e batem uns nos dos outros. Os líquidos batem e formam uma espuma branca. Eles urram e riem. Eu rio também. Alex pega uma jarra de ferro que está perto de nós e enche meu copo com o mesmo líquido dourado transparente que há no dele. Ele também ri.

— O que é isto? — Pergunto.

— Beba e depois eu falo. — Ele diz bebendo de seu copo em apenas um gole.

  Eu rio ao ver sua expressão, o líquido não parece ser muito bom. Parece azedo. Tudo bem, eu pego o copo e tomo o primeiro gole.

— Ai! — Eu engulo rápido, mas eu devia ter cuspido.

  O gosto invade minha boca, me deixando meio tonta. É ácido, azedo também. Sinto meu rosto começar a formigar.  Mas que droga é essa? Bato com o copo forte demais na mesa, quase todo o líquido derrama, expulsando um pouco da espuma. Alex e todos os outros estão rindo de mim. Rio um pouco também.

— Agora falem, o que é isso?! — Digo ainda tentando tirar o gosto da boca. Pego um garfo cheio de arroz e enfio na boca.

— Cerveja. — Emily diz do outro lado da mesa. — Das boas, caseira e sabor de limão. Gostou? — Ela ri e bebe um gole do líquido em seu copo como se fosse água.

— Não! — Grito depois de engolir o arroz.

— Vamos lá, beba de novo. — Alex diz enchendo meu copo novamente. — Tudo de uma vez, fica bem melhor.

— Eu não vou beber isso de novo! — Empurro o copo para longe.

— Vai princesa! — Sony diz, não muito longe de mim. Ele levanta seu copo como se fosse propor um brinde. — É bom! Você vai gostar! — E depois bebe o líquido. Ele faz a mesma cara que Alex, como se tivesse chupado um limão, depois sorri.

— É! — Law diz também. — Você é filha de um pirata! Não está com medinho está?

— Não me provoquem! — Digo e rio.

  Tudo bem, tudo bem. Cerveja é álcool, e esse não parece ser o tipo de álcool revisado pela comunidade de saúde, mas por algum motivo sinto vontade de beber mais uma vez. Agora que o sabor se foi de minha língua resta apenas um formigamento, como se minha boca pedisse por mais. Olho para todos na mesa. Todos têm seus copos, todos bebem sem nenhum problema. Os únicos que não estão bebendo nada são Kalyssa (Que continua comendo sem me dar atenção) e Jack, que parece estar mais interessado no vestido decotado de Emily. Ela sorri para mim e dá mais um gole na bebida. Não deve fazer mal.

— Tudo bem. — Respondo finalmente. Todos se calam. Olho para o copo com a bebida borbulhante, então pego-o e enfio na boca de uma vez. Engulo o líquido todo em três goles. — Arg!

  É ríspido e ácido, mas é bom. É muito bom.

— Hey! — Todos gritam e também bebem de seus copos.

  Todos rimos e continuamos comendo. Alex enche seu copo e o meu mais uma vez e eu só bebo a cerveja depois de um bom tempo. O peixe que eles fizeram está muito bom, meio queimado, mas gostoso. Não sei se é o efeito do álcool, mas sinto um impulso de me jogar em cima da mesa e fazer um anjo de neve com as pratarias. Rio e tiro isso da minha mente. Ainda não estou bêbada o suficiente.

¬¬¬

  Quando acabam de jantar, Kalyssa e Jack tiram a mesa e guardam os copos. Alex conversa com a tripulação sobre o que eles vão fazer quando conseguirem a recompensa por entregar Elizabeth, pensam em ir a uma ilha e passar umas boas férias lá. Sem ninguém para dizer o que fazer. Elizabeth está sentada bem ao lado de Alexander, com a cabeça apoiada em seu ombro e rindo sem motivo. Ela ouve o que eles dizem sobre dançarinas havaianas e palácios de reis. Ela ri de seus planos.

— Não acham isso tudo meio exagerado? — Ela diz se afastando um pouco de Alex. Ele tira a mão de cima de sua cintura relutante, mas não a segura.

— Realmente. — Emily concorda. — Eles acham mesmo que alguma dançarina vai querê-los? — Ela ri e depois engasga com o próprio riso.

— Bem, você quis a gente. — Drobt diz olhando para ela de cima a baixo.

  Jack e Kalyssa não estão mais ali. Eles subiram há muito tempo, controlando o leme do navio e vigiando o mar. Sempre são eles dois que ficam, já que são os únicos dali que não bebem. Emily olha para Drobt e joga algo nele. Depois percebe que não havia nada em sua mão e ri.

— Foi só um truque. — Ela diz abaixando a cabeça e balançando-a em negação. Ela abaixa demais e acaba caindo na mesa.

— Só estou falando... — Elizabeth diz se apoiando na mesa. — Que eu não valho tanto assim. Quer dizer, quem pagaria por isso? — Ela aponta para o próprio corpo olhando-se.

  Todos dão um sorriso baixo, meio sem motivo.

— Eu pagaria. — Sony diz olhando-a.

— Eu também. — Alexander fala mais baixo, em seu ouvido.

  Ela ri como se fosse uma piada.

— Fala sério, é só porque eu sou uma princesa. — Ela diz. — A Emily vale mil vezes mais. — Ela aponta para Emily, que ao ouvir seu nome acorda assustada.

— O quê? — Ela pergunta com os olhos quase fechando.

   Elizabeth e os outros riem.

— Só que o cara é seu pai. — Tom diz. — Ele não ia te querer pra isso, ou ia?

— Ai, isso é nojento... — Emily diz e põe a mão na boca, tentando evitar-se de vomitar.

  Tom é um dos piratas que Elizabeth ainda não conhecia. Sua pele é meio acinzentada e seus cabelos castanhos escuros cortados como um militar. Não é muito musculoso, mas parece bem ágil. Seus olhos são azuis muito claros. Ele ri da cara que Emily e Elizabeth fazem depois de seu comentário.

— Bem... — Elizabeth começa a falar, mas seus olhos começam a fechar. Alex a segura antes que caia e ela olha para os lados rindo. — Onde eu estava?

— Na hora de dormir. — Alexander diz e se levanta, levantando Liz junto consigo.

— Mas eu não quero... — Ela diz como um bebê. — Quero mais cerveja, cadê?

  Alexander a segura a sua frente e segura seu rosto, obrigando-a a olhá-lo. Ela não tem muita força para ficar de pé, apenas o olha com um sorriso. Quando ele a toca ela fica arrepiada, mas não demonstra isso.

— Vamos dormir. — Ele diz.

  Ela faz beicinho, mas acaba cedendo. Alex e Elizabeth praticamente carregam um ao outro pelo corredor. Quando saem da sala de jantar todos urram e riem, imaginando o que vão fazer no quarto. Sony levanta para buscar mais cerveja, mas acaba despencando pelo caminho. Todos dormem ali mesmo.

¬¬¬

—O que vai fazer comigo? — Ela pergunta enquanto ele a põe na cama e a cobre com os lençóis.

— Nada. — Ele diz.

  Ele deixa-a bem forrada, mesmo que a noite esteja quente depois de um dia ensolarado. Ele cai na cama e deita ao lado dela. Ela o abraça e apoia a cabeça em seu ombro.

— Vai dormir comigo hoje? — Ela pergunta já com os olhos fechados e bocejando.

— Essa cama é minha, você que vai dormir comigo. — Ele boceja também.

— Humm... — Ela se aninha mais em seus ombros. — Acho que não é certo uma princesa ter um garoto em seu quarto no meio da noite.

— O Luke pôde, por que eu não? — Ele olha para ela, mas sua visão está embaçada.

— É, mas o Luke... — Ela boceja. — Ele é meu noivo. Um dia vamos fazer mais do que só dormir na mesma cama.

— Noivos? — Alex fica confuso.

  Ele espera a resposta de Elizabeth, mas ela já dormiu. Ele apaga a luz do abajur e a abraça, apoiando sua cabeça na cabeça dela. Noivos? Mas casamentos entre reinos são feitos entre os descendentes mais velhos. Luke é mais novo que eu...

  Alexander dorme antes de completar seu raciocínio. Nenhum dos dois espera o que está por vir.


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