A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 7
Ataque


Notas iniciais do capítulo

Hola hola. Tentei fazer uma coisa bem legal nesse cap, mas acho que e não tenho esse talento. Então critiquem à vontade, façam o que sabem fazer.
Curtam esse cap xoxo e até mais. Byee



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  Estou caindo. As pontas dos meus dedos, aliás, minhas mãos inteiras estão brancas com a força que estou fazendo. Mesmo assim sei que não é suficiente. Minha cabeça está rodando, não apenas pelo golpe que acabei de levar ao me chocar contra a porta da pequena sala no primeiro convés, mas também pelos outros golpes. Assim meu crânio vai quebrar. Já bati a cabeça no armário de suprimentos quando fui presa lá, e ainda a bati na janela do quarto quanto Drobt desceu comigo por aquela árvore. Na hora minha cabeça não doeu, talvez pela adrenalina de estar sendo sequestrada, mas depois minha cabeça latejou tanto.

— Alex! — Eu grito seu nome, esperando que me ajude.

  Vejo-o correndo em minha direção e se ajoelhando a minha frente. Seu rosto parece preocupado e com raiva ao mesmo tempo, como se estivesse com raiva por ter que me salvar, ou como se pusesse de algum modo em mim a culpa daquele navio ter colidido com o Andrômeda. Ele segura as minhas mãos soltando-as do navio com rudeza. Por um momento em minha cabeça passa o pensamento de que ele vai me jogar no mar. Arrancar minhas mãos dali e me deixar morrer na água gelada e cheia de feras desconhecidas. Mas então ele me puxa com força, levantando e me jogando do outro lado do convés como se eu fosse um saco de batatas. Ele não diz uma palavra. Eu dou um gemido ao sentir minhas costas batendo contra algo pontudo. A quina de uma caixa, bem atrás de mim. Me levanto e minha visão fica embaçada, enxergo tudo dobrado. Quase caio e escorrego de novo para o mar, mas desta vez me seguro no parapeito e ele não quebra.

— Tripulação! — Ouço Alexander gritar.

  Também ouço o som metálico, típico de uma espada sendo desembainhada. Fecho os olhos e balanço a cabeça. Quando abro os olhos novamente consigo enxergar melhor. Consigo enxergar um caos.

  Toda a tripulação, inclusive uns três garotos que eu não conheço, estão lutando com suas espadas, espalhados pelos três convés. Vejo Kalyssa pular de um lado para o outro como uma acrobata, cortando as gargantas de três inimigos com um único golpe. Os inimigos, os piratas mal encarados do navio que bateu em nós. O som das espadas batendo é ininterrupto. Olho para Alex bem ao meu lado, antes que ele pule para a luta eu seguro seu braço. Quase sou levada para o convés inferior junto com ele.

— Não vou ficar sem lutar. — Digo e ele entende. — Não de novo.

  Não de novo. Quando fui sequestrada por eles eu apenas fiquei escondida, esperando que Luke acabasse com aquilo e matasse os dois piratas (Ou no mínimos os prendesse). Desta vez não, desta vez eu vou lutar. E seja lá o que esses outros piratas queiram, eu não vou deixa-los conseguir.

  Alex assente, seus olhos verdes pela primeira vez não demonstrando raiva nem desconforto a me ver. Ele me passa a sua espada, fechando meu punho ao redor dela.

— Sabe como usar? — Ele pergunta. Eu balanço a cabeça negando. — Claro, esqueci que estou falando com uma princesinha.

— Apenas me dê logo isso. — Puxo a espada das mãos dele.

  Ele sorri. A espada pesada faz meu punho cair, mas eu faço força para erguê-la novamente. Alexander não diz nada. Ele ri de mim e pula do primeiro convés para o segundo. Então ele começa a lutar com os piratas. Kalyssa joga uma espada para ele, a espada de um dos piratas que ela matou. Ele olha para mim, ainda parado no segundo convés, como quem diz Observe e aprenda. Como se eu fosse fazer isso.

  Sorrio e levanto a espada, mas quando vou descer as escadas para o segundo convés algo puxa minha camisa para trás, me fazendo cair sentada no chão. A espada quase cai de minha mão, mas eu a seguro com toda força que tenho.

  O homem que me puxou para trás é alto, usa um colete preto de mangas e uma blusa branca por baixo, como um homem da idade média (E não é?). Uma espada longa e afiada em suas mãos e um chapéu de pirata digno do Jack Sparrow. Mas o mais assustador no homem é seu rosto, deformado e com várias cicatrizes. Um dos seus olhos é branco e artificial, como um olho de vidro barato. Ele sorri para mim, mostrando sua boca sem quase todos os dentes através da barba de palha de aço, tendo apenas dois dentes de ouro e três normais (Já podres e quase caindo).

  Aponto minha espada para ele, mas o peso não auxilia. A espada do Alex é a mesma que ele usou ao me sequestrar, longa e com serras, desta vez sem estar suja de sangue. O problema é que eu estou tremendo. Mas eu não vou deixar mais outro pirata idiota me amedrontar. Levanto-me, ainda com a espada apontada para ele. Ele ri como se fosse uma piada.

— Quem é você? — Eu pergunto.

— Um velho amigo. — Ele diz com a voz grossa e suja, como a de um monstro.

— O que você quer?

— Você não sabe? — Ele dá um passo em minha direção. Eu recuo. — Você é a filha do mar, o Rei dos Mares me mandou para te levar de volta.

  Então ele está a mando deste tal Rei dos Mares? Eu devia saber. Alex disse que há uma recompensa para quem me levar até ele primeiro. Deveria imaginar. Estou ferrada.

— E o que ele quer comigo? — Pergunto ainda com a espada apontada para ele. Recuo mais uma vez e me vejo perto demais da borda do navio (Onde eu quebrei o parapeito e quase caí).

  O pirata sorri maliciosamente.

— Ele quer a filha dele de volta. — E olha em meus olhos. — Você.

  Não tenho tempo de pensar. Ele me ataca, mas por um milagre eu levanto a espada como um escudo e anulo seu golpe. Ele é muito forte, a força me faz quase cair para trás. Cair no mar de novo. Subo a minha espada, subindo com a dele também e fazendo um som irritante que fere meus ouvidos. Desvio de mais um golpe e acabo atrás dele. Ele se vira para mim para me atacar novamente.

— Se ele me quer de volta então porque está tentando me matar?!

  Ele me ataca de novo. Eu desvio do golpe, mas o peso da espada me joga por cima do parapeito e eu caio no segundo convés. Caí de costas e doeu muito, mas eu logo levantei e não tirei os olhos do pirata assassino. O problema é que minha espada se soltou de minha mão e foi parar do outro lado do convés. Ele olha para mim lá de cima, ainda com o sorriso sem dentes (Banguela, literalmente).

— Ele não quer te matar princesa! — Ele grita lá de cima. Sei que todos os outros no navio conseguem ouvir. — Eu quero te matar. Sem você no caminho, eu sou o herdeiro do trono!

  Ele ri alto, para todos ouvirem. Então ouço mais risadas. Olho pra trás. Todos os tripulantes do navio fantasma estão rindo também. Todos. Até os que estão mortos no chão.

  Um tremor. Me viro e o vejo bem a minha frente, acabou de pular do primeiro convés até aqui sem dificuldade. Caiu de pé, e agora avança com tudo em minha direção. Não sei o que fazer. A espada é muito pesada e minhas mãos e meu braço direito já doem de tanto carrega-la. Além do mais, eu não vou conseguir pegá-la. Está muito longe.

 Tudo que sinto é medo. Tanto tempo tentando ser forte, tanto tempo tentando ser alguém que eu não sou. Alex está certo. Eu sou só uma princesinha. Não. Eu não sou uma princesinha. Eu sou forte, eu consigo passar por essa situação.

  Sinto algo formigar em meus braços. Tudo a minha volta parece correr em câmera lenta. Minha cabeça não dói mais, meu corpo não lateja mais depois de todos os tombos que levei. Só sinto o formigar, como uma corrente elétrica por todo o meu corpo. Algo que não consigo controlar, um poder invencível. Uma força que nunca tive antes.

¬¬¬

   O mar se agita incontrolavelmente. Nem as feras mais perigosas se aventuram nesta tempestade, elas se escondem no fundo do mar em suas cavernas. Mal sabem elas que não é uma tempestade, ao menos não uma comum.

  As ondas fortes batem com violência nos dois navios, separando-os. O Navio Negro se afasta levando consigo destroços do Andrômeda e de si mesmo e uma onda sobrenatural cai sobre ele, apenas sobre ele, quebrando-o em pedaços. Então chega a vez do Andrômeda. Elizabeth está em frente a Valtor, que com sua lâmina afiada planeja decapitar a herdeira do mar. Mesmo assim, ele está atônico. Não imaginou que uma filha do mar tão jovem já seria capaz de desferir tal poder. Não imaginou que poderia lutar contra ele, que poderia invocar o mar ao seu favor. Ao ver seu navio sendo destruído, a raiva cresce tanto dentro dele que não importa se ela é poderosa, ele vai mata-la, e vai ser agora.

  Os olhos de Elizabeth estão azuis, azuis tão claros que brilham emitindo sua própria luz. Seus cabelos castanhos voam como se uma brisa sobrenatural os movesse, como ondas no mar. Ela levanta os braços em direção a Valtor e antes que ele a ataque é atingido. As ondas obedecem a ordem de Elizabeth, movendo-se e pulando do mar até o barco, empurrando Valtor e jogando-o para fora do navio com violência e força.

  Então Elizabeth se vira para os outros convés, e com o mesmo movimento de antes ela convoca as ondas. As ondas assumem formas, formas brilhantes feitas de água. De repente dezenas de polvos de água brilhante pulam no navio e com seus tentáculos estrangulam e arremessam os piratas inimigos para fora no navio. Um dos polvos de água com olhos de luz obriga um dos inimigos a abrir a boca, e então entra em seu corpo, espalhando-se por seu pulmão e afogando cada órgão vital seu. Depois outro polvo joga o corpo sem vida do pirata para fora do navio.

  Ela não sente nada, ela não vê nada. É como se estivesse em transe enquanto o poder flui pelo seu corpo. As ondas violentas que atacam os piratas inimigos são iluminadas com uma cor azulada, como a luz que vem dos olhos de Elizabeth agora. Ela mal respira, ela apenas ataca.

  Todos os tripulantes do Andrômeda ficam parados, atordoados. Nenhum deles entende o que está acontecendo, como ela está fazendo isso? Os olhos dela brilham como os das formas aquáticas. Alexander, que acabara de matar um dos piratas agora olha em volta de queixo caído. Ele não sabe se ataca ou ajuda os polvos de água. Um polvo estrangula um pirata e o arremessa a mais de dez metros de distância. Eles não parecem precisar de ajuda.

  Então ele se vira para sua tripulação. Eles estão juntos num lado do navio, com as espadas nas mãos, mas sem lutar. Apenas observam os fantasmas d’água enquanto matam os vários piratas inimigos. Quando os inimigos percebem o que está acontecendo começam a correr, se jogando no mar para fugir dos polvos. Muitos se salvam, mas muitos morrem em sua fuga. Os polvos pulam no mar e os matam mesmo na água, apenas alguns sobrevivem. Então Alex olha para Elizabeth, no segundo convés, com os olhos brilhantes e expressão vazia.

— Alex, não! — Kalyssa grita, mas ele não a ouve.

  Ele corre em direção ao convés, subindo as escadas com facilidade e rapidez. Quando chega perto de Elizabeth ele hesita. Ela não se move, ela não pisca, ela nem mesmo parece estar viva. Quando ele toca seu braço, não sabendo exatamente o que fazer, ela se vira para ele. Seus olhos parecem um poço sem fundo, sem alma. Ele a segura com mais força e a expressão dela muda. Os polvos se viram para Alex. Ele se assusta, mas eles não o atacam.

— O que está acontecendo? — Elizabeth pergunta, mas sua voz é ecoante e sibilante, como se não fosse dela.

— Você é a Filha do Mar. — Alexander responde.

  Os polvos se viram para o mar e se jogam nele. O vento sopra forte e leva o navio pouco a pouco, cada vez mais rápido. Alexander não vê o navio se movendo sozinho, ele só vê Elizabeth. Seus olhos voltam ao habitual castanho escuro, seus cabelos param de se mexer e seus braços caem batendo em seu corpo com o seu peso. Quando ele vê que ela vai cair Alex a segura, apoiando seu corpo em si. Ela pisca fracamente, respira devagar, mal se move.

— Você está bem? — Ele pergunta com a voz baixa.

  Ela não responde. Seus olhos se fecham e tudo escurece antes que tenha a chance.


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Notas finais do capítulo

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