A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 6
Estou caindo


Notas iniciais do capítulo

Chegou a loka, ú.ú
Novo cap, recém saído do forno, só esperando por coments. Positivos, negativos, não interessa. Fico feliz com qualquer demonstração de atenção. ^^kkk
Enfim, esse mostra o quanto a Liz pode ser chata. (~Tipo eu assim, =P
Então, divirtam-se, e morram de curiosidade.

Mua-hahahahahahahahaha...!



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— Homens! — Ele grita de trás do leme do navio.

   O navio é de madeira negra e brilhante, as velas são brancas e com furos como se fossem de um navio fantasma. Os homens que ali trabalham imediatamente olham para o capitão, que do segundo andar do navio olha para eles. Todos têm mais de trinta anos e com várias tatuagens. São verdadeiros piratas, com tatuagens e dentes de ouro. Um deles, que está no topo do mastro com um telescópio, grita com sua voz grossa e estridente.

— Navio a vista!

  O capitão olha para o homem no mastro e então para onde ele aponta. Pode ver o navio, um navio de madeira mogno e com vários desenhos talhados. As velas são brancas e numa delas há um desenho, uma caveira com espadas atravessadas. Novatos. Ele pensa. Ele se vira para a tripulação e começa a falar.

— Vocês sabem o que fazer! — Todos levantam as mãos e urram. — Apontem os canhões! — Metade dos homens sai do convés e descem uma escada do navio. — Preparem as cordas! Peguem suas armas e se aprontem para o ataque!

  Todos os piratas urram, fazendo o que seu capitão acabou de lhes mandar. O navio avistado ainda está longe, alguns minutos até alcança-lo. Mesmo assim o capitão já o reconhece de uma era há muito passada, uma lembrança cruel. Ele sorri e seu dente de ouro brilha refletindo o sol. Depois de tanto tempo, olá Andrômeda.

¬¬¬

   Aqui em baixo é muito grande. Esse navio parece até um hotel. Estou passando por esse corredor e já vi mais de cinco portas. Quartos para todos os tripulantes? Eu só quero encontrar a escada para o convés, qualquer um dos três. Só quero sentir o sol na minha pele de novo e o vento em meu rosto. Pela primeira vez eu me sinto livre (Irônico, afinal eu estou sequestrada). A questão é que aqui não tem ninguém para me dizer o que fazer. Eu posso ser eu mesma, sem ter que seguir as regras de uma princesa exemplar.

  Então eu ouço vozes e paro em frente a uma porta. Ouço vozes desconhecidas e vozes conhecidas. Uma de Kalyssa.

— Acham mesmo? — Ela diz. — É só a filha de um rei e uma rainha humanos, nada demais.

  Outra voz se pronuncia, uma masculina que não reconheço. Sua voz é grave e firme.

— Mas então o que eles iriam querer com ela? Eu juro que ouvi boatos na Golden City. Dizem que o Rei do Mar encontrou mais alguém de sua espécie.

— Mas os filhos do mar estão em extinção! — Sony diz. — Ela não poderia ser uma, ela...

— É filha de humanos. — Emily completa.

— E se ela não for filha deles? — O garoto diz novamente.

  Todos ficam em silencio. Como assim? Não entendo nada do que dizem. Então ouço o som de algo batendo na porta e a maçaneta começa a se mexer. O-ou. Saio correndo em passos leves dali antes que me vejam. Acho que não vão gostar de saber que alguém estava ouvindo a conversa deles.

  Quando estou longe o bastante começo a andar com mais calma. Meu coração desacelera aos poucos e respiro normalmente. Sobre o que estavam falando? O que será que era aquilo tudo? Estavam falando sobre mim... Penso nisso o tempo todo. Até que...

— Finalmente. — Minha voz sai como um suspiro.

  Encontrei a escada. É como a escada de uma casa, subindo em caracol, mas muito menor e mais fina. O que eu queria? Um hotel cinco estrelas? Isso me faz lembrar as palavras do Alex. Ah, como eu estou doida para estapear aquele rosto debochado.

  Começo a subir as escadas até que a luz do sol ofusca minha visão. Fecho os olhos por um momento e os abro novamente. Estou no terceiro convés, o mais baixo. Ele é bem mais amplo que o segundo convés (Onde eu fui apresentada) e bem mais cheio. Barris (Não sei de que) estão empilhados num canto. Os mastros e as velas acima da minha cabeça me fazem sorrir. Nunca vi um navio por este ângulo, apenas bem longe de mim pela janela do me quarto. Ainda não sei o porquê dos meus pais nunca terem me deixando ir á um navio. Olho em volta, não há ninguém aqui. Nenhum pirata como havia antes. Olho para o segundo e o primeiro convés, um acima do outro. O único jeito de subir até eles é por uma escada de corda presa ás madeiras. Que interessante.

  Vou até a escada e começo a subi-la. Toda a madeira do navio é avermelhada, como a dos móveis do meu castelo. Mogno, eu reconheço de longe. Há alguns detalhes em prateado que deixam os desenhos talhados ainda mais perfeitos. Parecem ter sido esculpidos por anjos. São imagens de sereias nadando no casco do navio e outras nas paredes. Os detalhes em prata são nos olhos e nas escamas das caudas. Um pouco nos cabelos também. Será que eu conseguiria fazer esculturas tão belas? Meus súditos sempre disseram que sou uma pintora esplêndida. Agora me pergunto se não era apenas para me agradar.

  Segundo convés. Exatamente como me lembrava. Apoio-me no parapeito esculpido em mogno envernizado e olho lá para baixo, para o terceiro convés. Não é estranho que não haja nenhum pirata aqui agora? Haviam tantos antes, agora o navio parece tão vazio. Para onde foram todos? Não estavam todos naquela sala. Lá só vi quatro: Kalyssa, Emily, Sony e mais um garoto que ainda não conheci.

  Viro-me e subo a outra escada de corda, para o primeiro convés. Este é menor, como uma pequena varanda ou jardim. Atrás do leme há um pequeno quartinho com uma porta baixa, onde as pessoas provavelmente precisam se abaixar para entrar. Fico de frente para o leme. A visão daqui de cima é tão bonita. O vento empurra meus cachos para trás e eu sorrio. O leme do navio é grande, chega a altura do meu ombro e é meio desconfortável segurá-lo, mas eu o faço mesmo assim. Estou me sentindo uma capitã de navio pirata agora. Segurando o leme e movendo-o suavemente para os dois lados, o barco continua em linha reta.

— O que, você pensa, que, está, fazendo? — Ele diz pausando a cada palavra.

  Olho para trás ainda segurando o leme. Alex. Reviro os olhos e me volto para frente novamente, ignorando-o. Ouço seus passos rápidos se aproximando até que ele segura meus braços com força, mas eu não o deixo me afastar.

— Você por acaso é maluca? — Ele pergunta e eu o olho. — Vai mudar a rota do navio!

— E pra onde você está nos levando? — Continuo segurando o leme.

— Não interessa. — Ele diz e puxa minhas mãos.

  Eu demorei a soltar, e com minhas mãos o leme girou. O navio deu uma virada brusca para o lado, o que me fez cair no chão duro. Quando olho para cima vejo que Alex conseguiu se equilibrar flexionando as pernas. Ele segura o leme do navio e o vira novamente, retomando a rota anterior. Levanto-me rápido e o empurro, depois viro o leme de novo.

— Você é doida?! — Ele diz do outro lado do primeiro convés, se apoiando no parapeito.

  Me ponho a frente do leme e começo a rodá-lo como se fosse a capitã.

— Pra que lado fica o meu reino? — Pergunto a ele sorrindo.

  Ele parece rosnar, então levanta e vem ao meu encontro. Mas eu giro o leme novamente, fazendo-o se desequilibrar e cair no chão. Eu, como me apoiei ali, não cai. Dou um milhão de gargalhadas ao ver sua cara de raiva.

— Acho que é por aqui. — Digo olhando para o caminho que o navio agora segue.

  O vento empurra as velas rápidas, dando grande velocidade ao navio. Alexander levanta e me olha como se quisesse me matar. Ele vem para cima de mim e tira minhas mãos de seu navio, me empurrando para o lado, onde eu bato com a cabeça na porta da salinha. Ele toma o comando do navio.

— Não toque mais no meu navio. — Ele grita para mim, de costas.

  Cerro os olhos. Oportunidade perfeita para lhe dar um belo tapa, ainda mais forte que o que dei em Luke. Mas então olho para o lado, e a visão me faz ficar sem ar. Um navio, negro, um navio fantasma. Muito perto de nós, em rota de colisão. E em cima do navio, vários homens com aparência mal encarada e um capitão aparentemente muito estressado. Olho para Alex, mas ele não parece ver.

— Alex! — Eu o alerto, mas quando ele olha já é tarde demais.

  O navio bate em nós e sou jogada para o outro lado do primeiro convés. Meu peso quebra o parapeito e de repente me vejo segurando o navio apenas com meus pobres dez dedos das mãos (Oito, já que os mindinhos não fazem muita diferença). Olho para baixo. Apenas o mar agitado esperando minha queda. Gemo enquanto meus dedos não aguentam mais meu peso, cedendo um por um. Estou caindo.


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Notas finais do capítulo

...Hahahahahahahaha*cof*cof*, ..., Tá bom, continuando:
Muahahahahahahaahhahaha...!