A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 5
Se transformando


Notas iniciais do capítulo

Hoje eu acordei com o pé esquerdo. Não gente, é sério. Eu levantei e torci o tornozelo do meu pé esquerdo. Então já sabem, prestem atenção em que pé vocês colocam no chão primeiro! ;) Kkk

§§§

Agora, esse cap: Não tem nada de diferente. Tem uma piadinha adulta que não sei se todo mundo vai entender, mas deixa né? Pois bem. Divirtam-se e fiquem curiosos, pois o meu dever aqui é matá-los de curiosidade.
K-boom! Ninguém esperava. Fiquem atentos.
¬
Esta é uma história fictícia.
Qualquer semelhança com a vida real é pura coincidência.
¬
Bjss



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   Emily me trouxe a um quarto, pequeno e empoeirado, que parece não abrigar alguém há anos. Juntas nós arrumamos um pouco as coisas e deixamos o quarto apresentável. É bom saber que há mais uma garota neste navio de piratas, uma garota que não é sádica nem sonha com a minha morte. Ela pede para dois dos garotos irem até o quarto levando uma bacia de ferro, onde eu vou tomar banho. Não estou acostumada com isso, mas pelo menos vou ficar limpa. Vou poder limpar o machucado em minha cabeça e tirar toda a lama de minhas pernas. Quando eles batem à porta, Emily a abre com um sorriso.

— Obrigada meninos. Coloquem aqui dentro. — Ela abre mais a porta.

   Dois garotos entram carregando a bacia de ferro que mais parece uma banheira e mal passa pela porta. Um deles tem cabelos ruivos cor de ferrugem e usa uma bandana vermelha na cabeça. Seus olhos são castanhos e ele tem sardas nas bochechas. Poderia ser perfeitamente irmão de Miranda, não me surpreenderia pela semelhança. Ele usa um colete preto bem abotoado, deixando apenas os braços e parte do peito de fora. Também usa uma calça bem mais rasgada que as que Luke usava quando fui sequestrada, e estas realmente parecem ter sido rasgadas por espadas. Principalmente porque algumas delas mostram cicatrizes em suas pernas. Ele tem uma longa cicatriz em seu rosto, desde sua sobrancelha esquerda até metade da bochecha, quase atravessando o olho. Parece já ter lutado muito, mas sorri amigavelmente para mim a me ver.

  O outro garoto é pequeno, com no máximo quatorze anos. Ele tem cabelos negros e lisos e também olhos azuis penetrantes e grandes. Sua pele é tão clara, quase como a de Kalyssa, que parece nunca ter pegado sol em sua vida. Ele usa uma camisa branca larga tampando o corpo não tão musculoso quanto o de Alex e uma calça preta jeans e uma sandália aberta de couro marrom. Ele é bem fofo e engraçadinho, principalmente quando ri. Suas bochechas ficam vermelhas quando ele olha para Emily. Será que ele gosta dela?

— Prazer, meu nome é Vinícius. — O garoto ruivo diz pegando minha mão e beijando-a. Eu rio. — Mas pode me chamar de Vinny.

— Tá bom. — Digo. — Me chame de Liz.

  Ele assente e coloca a banheira no meio do quarto. Emily sai do quarto logo depois. Fico me perguntando o que ela foi fazer. O menininho de cabelos negros olha para mim e sorri, já sem corar.

— Meu nome é Jack. — Sua voz é mais grossa do que deveria para sua idade.

— Prazer Jack. — Digo enquanto ele pega minha mão e a beija assim como Vinny.

  Emily volta a entrar no quarto com uma mangueira nas mãos. Ela a põe dentro da banheira e abre o registro. A mangueira começa a encher a banheira com água.

— Não pode encher muito, senão vai molhar o barco todinho. — Emily diz.

— Ok. — Respondo e sorrio.

— Tem algumas roupas no armário, veja a que couber melhor em você. Eu preciso ir agora.

— Tudo bem. Obrigada Emily.

— Não foi nada. — Ela sorri e sai do quarto.

  Em suas costas, aparecendo em parte do vestido azul, vejo uma tatuagem grande em forma de asas de borboleta. Pelo tamanho do que posso ver a tatuagem parece se estender por todas as suas costas. Eu jamais conseguiria fazer uma pequena tatuagem, quanto mais em minhas costas inteiras.

  Vinny e Jack continuam no quarto enquanto a banheira enche. Quando chega à metade eu desligo o registro e dou a mangueira para Jack.

— Tenha uma boa estadia princesa. — Ele diz sorrindo.

— Não, não me chame de princesa. Eu já estou farta disso. Me chame de Liz.

— Tudo bem, Liz. — Ele ri e sai do quarto levando a mangueira.

  Eu olho para Vinny, que continua parado a minha frente, me olhando com um sorriso bobo. Eu sorrio, mas ele não entende o recado.

— Vinny?

— O que? — Ele pergunta olhando para mim.

  Eu suspiro e levanto seu queixo, para que olhe para meu rosto. Nunca mais vou usar essa camisola na vida, nunca. Todos têm que ficar olhando os meus seios? Eu nem fico com as bochechas coradas, apenas cansada.

— Eu vou tomar banho. — Digo.

— Tudo bem. — Ele sorri. Seus olhos são castanhos bem clarinhos, como avelãs.

— Eu disse que vou tomar banho, sozinha.

— Ah... — Ele finalmente entende. — Tem certeza?

— Sim. — Eu balanço a cabeça.

  Ponho as mãos em seu peito e o empurro para trás. Ele anda de costas devagar até passar pela porta.

— Tchau Vinny. — Digo já fechando a porta.

— Tchau... — Ele acena ainda sorrindo enquanto eu tranco a porta.

  Esses piratas nunca viram uma garota antes? Só tem duas aqui, e elas não parecem estar com nenhum deles, mas não precisam ficar em cima de mim. Sabe, até que eu estou gostando de ficar nesse navio. Estou gostando de ficar perto do mar. Isso me acalma.

  Tiro a camisola e a observo. Vários rasgados e toda manchada, não tem como salvar. Jogo-a num canto do quarto e entro na banheira, aproveitando a água gelada e deixando-a limpar meus machucados.

¬¬¬

  Alexander vai para a sala do capitão. Ela fica no primeiro convés, ou no terceiro andar do navio, meio difícil nomear. É bem atrás do leme do navio, assim ele pode ir quando precisar. Como agora o caminho é reto ele não precisa segurar o leme, ele apenas o deixa parado e o navio segue sozinho. O Andrômeda é a relíquia de Alexander, o navio de seu pai, que era um capitão de piratas tão renomado quanto ele. Ele entra na sala do capitão abrindo a porta de madeira talhada em mogno.

  A sala é como um escritório, mas tem uma rede no fundo, onde ele dorme. Alex não está satisfeito com a estadia da princesa num dos quartos, pois por isso precisou tirar tudo que estava no quarto e colocar em sua sala. Sua cama ficou para ela, o abajur também. Só lhe restou a desconfortável rede e a escrivaninha. Ao menos isso. Nas paredes da sala há vários mapas, colados e marcados com pontos vermelhos e azuis. Os pontos azuis significam cidades ricas com boa segurança, uma cidade com ponto azul é Galatéia. As com pontos vermelhos significam bons lugares para se roubar, pois o castelo fica longe da cidade e a segurança não é das melhores. Um ponto vermelho é Alásia. Ele ri ao olhar o ponto vermelho que indica Alásia. Foi tão fácil sequestrar a princesa, e só lhe custou um pequeno arranhão no tórax. Ele olha para si mesmo, para o lugar onde um dos guardas o atingiu. Se Kalyssa não tivesse usado sua água de luz ele mal conseguiria se mover agora.

  Alexander vai para trás da escrivaninha cheia de papéis e canetas e se senta na cadeira reclinável. Põe as mãos atrás da cabeça relaxando. Em cima da mesa estão mapas dos sete mares, tesouros perdidos e áreas nunca exploradas. Um dia ele ainda vai explorar tudo isso, como seu pai fez, mas agora não. Agora ele precisa de dinheiro e férias, como todo bom pirata.

  Alex já está quase dormindo quando alguém bate na porta. Ele suspira e se levanta para abrir a porta. Quando a abre encontra Emily, a garota mais bonita do navio. Do que eu estou falando? Só tem duas garotas no navio. Então ele atualiza seu pensamento. Três garotas.

— Capitão. — Emily diz.

— Já disse, — Ele se apoia na parede do navio. — Me chame de Alex.

  Emily entrou na tripulação há pouco tempo. Ela enganou a ele e a tripulação, os embebedou e tentou roubar seu ouro, mas Kalyssa (Que não bebe, chata.) percebeu e a prendeu antes de fugir com o ouro. Fizeram uma votação e decidiram deixa-la entrar na tripulação, principalmente porque ela tem uma habilidade única e muito útil. Não foi porque ela era uma dançarina no D. Legs (A boate da cidade preferida dos piratas), não mesmo. Aliás, ela nunca ficou com ninguém do navio.

— Capitão, só quero pedir a você uma coisa. — Ela ignora o que ele diz.

— O que você quiser querida.

— Primeiro: Pare de pensar em mim como uma dançarina. Era só um disfarce. — Ela diz encarando-o.

  Ele se desapoia da parede, sem graça. Ninguém na tripulação sabe como falar com Emily, isso porque ela consegue ler seus pensamentos. Ela controla isso, mas faz questão de deixar todos constrangidos. Ela tem total noção de que todos ali já pensaram nela enquanto se... Enfim, eles a acham bonita.

— Segundo: Trate bem a Liz. Ela é uma boa garota, você nunca trata ninguém mal, não tem por que fazer isso com ela.

  Alexander bufa e vira de costas para Emily, entrando de novo na sala. Emily o segue devagar, revirando os olhos.

— São duas coisas. — Ele diz.

— Faça as duas.

  Alexander se esparrama em sua cadeira e a gira trezentos e sessenta graus, até ficar de frente para Emily de novo. Ela avança e apoia os braços em cima da mesa dele, encarando-o.

— Não. — Ele diz.

— Não seja teimoso. — Ela levanta e põe as mãos na cintura. — Isso tudo é só porque ela é uma princesa?

— Isso o que? — Ele se faz de tonto.

— Você a prendeu no armário de suprimentos! Ela se machucou Alex, se a levarmos machucada ninguém sabe o que pode nos acontecer.

— Você me chamou de Alex! — Ele sorri. — Foi a primeira vez.

— Presta atenção! — Ela bate com o punho na mesa. — Você não sabe qual é o interesse do Rei dos Mares nela. Se ela estiver machucada nós podemos arrumar problema. Precisamos trata-la como uma de nós.

— Tratá-la como uma de nós? — Ele se levanta. — Ela é uma princesa, é mimada, é egoísta, é fútil como todas as outras. Não sobreviveria nem um dia como uma pirata.

— Por que não arrisca? Ela tem potencial.

— Você quer adicioná-la a tripulação? Está louca? Tudo que nós queremos é a recompensa, e apenas isso. Para mim ela pode apodrecer no porão até chegarmos em La Isla, não me importo.

— Quer arriscar a segurança de todos nós? — Emily se afasta com os braços abertos. — Ótimo. Mas saiba que se morrermos ou formos presos, a culpa será totalmente sua.

  Alexander se joga em sua cadeira e coloca os pés em cima da escrivaninha.

— Ótimo. — Ele diz com os braços cruzados.

  Emily balança a cabeça em reprovação, depois se vira e sai do quarto. Ela bate a porta com força.

  Garota idiota. Ela acha mesmo que vou deixar aquela garota ser uma pirata aqui? São duas semanas de viagem se seguirmos o caminho certo. Se ela ficar esse tempo todo interagindo conosco depois vai ser difícil entrega-la. Eu sei como meus tripulantes são, eles vão se apegar à ela. E depois vão ficar com raiva de mim quando pegarmos a recompensa. Arg. Agora por causa dessa dançarina eu estou realmente considerando a opção...

  “Eu já disse!” A voz dela grita na cabeça de Alex. “Eu não sou uma dançarina, idiota.”

  Perfeito. Agora ela também nos ouve à distância.

¬¬¬

  Abro o armário do quarto, ainda enrolada numa toalha. Tem várias roupas ali dentro e graças á Deus nenhum vestido. Fico feliz por não precisar mais usá-los. O problema é que todas as roupas são muito abertas, muito decotadas. Muito curtas. É assim que as piratas se vestem? Bem, se for, acho que gostei desse estilo.

  Pego a blusa menos decotada. Ela é roxa e longa, uma bata larga sem mangas. É bem confortável e fica muito bem em mim, mas falta algo. Abro as gavetas, mas a maioria está vazia. Então abro uma delas, dentro das portas do armário, e encontro três cintos de couro. Um preto e grosso, outro marrom e fino e um trançado preto. Pego o preto e grosso com uma fivela dourada grande. Coloco o cinto na cintura bem apertado. A sensação me lembra usar um corpete, mas é bem mais agradável. Pego uma calça de couro preta e uma das sapatilhas. Ao me olhar no espelho nem me reconheço. Prendo o cabelo em rabo de cavalo alto, deixando apenas algumas mechas dele caindo por meu rosto.

  Estou parecendo mesmo uma pirata. Assim como Emily ou Kalyssa, não, um pouco menos vulgar que Kalyssa, mas bonita. É estranho. Fazia muito tempo que eu não me via como uma garota bonita, nem quando Miranda me arrumou com aquele vestido rosa em forma de bolo eu me achei tão bela. É estranho, como se eu tivesse nascido para ter essa vida. Sorrio. Agora sim há motivo para os garotos ficarem em cima de mim, agora eu sou mais bonita. Mas mesmo assim, ainda fui sequestrada. Ainda estou num navio pirata contra a minha vontade e ainda sinto falta dos meus pais. E por incrível que pareça, também sinto falta do Luke. Suspiro e saio de frente do espelho. Acho que está na hora de conhecer o navio.

  Saio do quarto fechando a porta. Dentro daquele quarto não há nada que seja realmente meu, nem estas roupas são minhas. Tudo que era meu ficou preso naquele castelo quando fui sequestrada. Tudo que era eu. Agora sou uma pessoa diferente, sou mais livre.


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Notas finais do capítulo

Pensando bem... acho que não está tão interessante assim. Só deixa umas explicações pelo ar... Enfim, próximo cap vem em breve. Já está no meu word, posto aqui só se me bajularem. ú.ú
No, no, I'm kidding, kkk Esquece. Agradeço os coments, byee