A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 31
Abre-te Sésamo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente La Isla de La Muerte!!!
E então, vamos comemorar? kkk

Quero agradecer à todos s meus fãs! (Lágrima) por terem comentado tão bem e me ajudarem imensamente, me incentivando a todo tempo. Obrigada!

~Que drama.
É, brincadeira. Mas sério pessoal, muito obrigada.

Agora uma pausa para ler o chapter!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/414770/chapter/31



O tempo demora mais a passar do que eu esperava. Eu estou deitada no chão. O quarto é de madeira negra, deve ter nove metros quadrados e é completamente escuro. Há uma janela com grades de ferro escurar que deixam um pouco da luz do dia invadir o cômodo, mas não é muita luz ainda assim. Logo o sol irá se pôr e ficará de noite. Vou ser prisioneira até Valtor se tornar rei e então serei morta. E acabarei nunca conhecendo meu pai, e o casamento...

Essa não. Essa, não. Acabei de me lembrar de um compromisso muito importante. E ele é para amanhã.

Eu prometi, eu disse ao Luke e à todos os meus soldados, todo mundo que voltou vivo para o meu reino. Eu disse que voltaria em cinco dias e que eu e Luke nos casaríamos. Eu nem vi o tempo passar. É amanhã, amanhã é o casamento. E se eu não estiver lá no altar, a guerra entre Galatéia e Alásia que ficou em paz com o acordo voltará. E Alásia não está preparada para uma guerra. Nunca estará novamente.

Eu vou destruir meu próprio povo. Nosso exército não conseguirá lutar. Em Alásia, Galatéia e Gleycon não são permitidos nenhum ser de outra espécie que não seja humano, são os três reinos irmãos, os últimos que ainda conservam a humanidade. Isso quer dizer que os exércitos são apenas de humanos, não há fadas curadoras, bruxos, vampiros ou nada disso. Será apenas a velha carnificina.

E é tudo culpa minha. Eu sou sempre a culpada não? Eu sempre arrumo problemas, em todos os lugares que vou. Por que eu faço isso? Por que eu sou tão idiota?

Você sempre foi assim. A consciência me diz. Sempre arrumou problemas.

Eu sei, acabei de pensar isso. Estou começando a achar que essa consciência é senil, fica repetindo as coisas demais.

Idiota.

Ok, ok.

Eu preciso arrumar uma solução. O que eu faço?

— Querida.

Olho para a porta de ferro. Levanto e fico na ponta dos pés para conseguir enxergar pelo quadrado com barras que deve ser apenas uma passagem de ar. É Valtor do outro lado.

— O que você quer? — Pergunto rispidamente.

Pirata idiota metido à Jack Sparrow.

— Não tem nenhuma pergunta? — Ele diz. Está recostado na parede em frente à cela com os braços cruzados. — É sua única chance.

— O que você é? — Não hesito em perguntar. — Achei que fosse humano.

— Digamos que eu conheço pessoas influentes. — Ele diz. Com a luz baixa eu mal consigo ver seu rosto. — E essas pessoas sabem como transformar um simples humano num bom bruxo.

— Magia negra. — Chego à conclusão. Por isso sua magia era representada como uma fumaça negra, é a representação de seu interior. — Você é um bruxo natural.

— Uso coisas à minha volta para fazer magia. Isso tem um custo.

— Um custo alto.

Eu sei sobre magia negra. Humanos que querem ser bruxos naturais bastam fazer um pacto. Os amigos influentes dele devem ser anciãos, bruxos naturais muito poderosos que já pagaram por muito tempo. Para usar esse tipo de magia você precisa tirar a vida á sua volta, através de sacrifícios e outras coisas mórbidas. Como o sacrifício de uma virgem para transformar pobres tripulantes em mortos-vivos. E é claro, matar todos os tripulantes. Agora eu sei como ele arrumou esses tripulantes zumbis e como eles o obedecem tão cegamente.

O custo alto é a sua própria vida sendo sugada. Cada vez que se usa magia negra mais sua alma se quebra, ficando cada vez mais fraca e despedaçada. Normalmente os bruxos param em certo momento, tornando-se anciãos, então eles passam a maldição para outro jovem que deseje ser um bruxo natural (Não que o Valtor seja jovem). E aí sua alma é libertada, eles vagam pela terra como fantasmas.

Valtor abriu mão de sua liberdade após a vida apenas para me capturar. Ou talvez sua ambição seja tão alta que deseje sugar a energia vital de outros seres para viver para sempre. Mesmo assim sua alma ainda fica fragmentada.

— Você é uma menina esperta. — Ele diz.

— Tive uma boa educação.

— Acho que pode ser útil. — Ele diz. — É uma boa guerreira. Se aceitar ficar do meu lado, talvez eu não te mate.

— Sou muito forte. — Digo.

— Por isso mesmo.

— Não. Quando eu digo que sou muito forte, quero dizer que posso te derrotar quando quiser.

— Eu gosto de pessoas que confiam em si mesmas. — Ele fala. Cerro os dentes. — O problema é quando elas se sobrestimam. Acabam mal no final, as pessoas que se acham melhores do que são.

Seu olhar me passa um sinal de ameaça.

— Quando chegaremos a La Isla?

— Menos de cinco minutos. — Ele diz e sorri. —Acho que gostará de lá, o lugar onde nasceu. — Ele ri maliciosamente de novo. — Vou deixa-la viva, para pensar em minha proposta.

E ele vai embora tão rápido quando apareceu. Será que bruxos naturais são tão velozes? Só sei que ele é mais rápido que Kalyssa.

¬¬¬

Eles estão todos na sala de reuniões. Depois do ataque de Valtor o navio ficou quase completamente destruído, mas ainda navega bem. As velas estão guiando Andrômeda pela mesma rota de antes, em direção a La Isla. Mas estão muito atrás do navio de Valtor para alcança-lo, devem faltar uns trinta ou vinte minutos para chegarem lá. Só não sabem se devem.

— Claro que devemos. — Luke diz. — Não pensam em deixar Elizabeth nas mãos daquele homem, pensam?

— Já recebemos a recompensa. — Alex joga o saco de couro em cima da mesa. — Três safiras. Vamos voltar até Ilha Karley e dividir.

— Alex. — Emily diz. Sua cabeça ainda dói. — Não quer mesmo ajuda-la? Ela faz parte da tripulação, não podemos deixa-la morrer.

— Ela não... — Alex começa, mas para no meio. Nem ele mais acredita que Elizabeth não seja parte da tripulação.

— Votação. — Jack diz. — Eu voto para irmos salvar a Liz.

Jack levanta a mão.

Agora você faz isso?” Emily fala em sua cabeça.

Cometi esse erro uma vez, não vou cometer de novo.” Ele responde.

Emily consegue sorrir.

Ela tomou a última ampola de água de luz que restou, a que ficou com Alex por precaução. Ela já está melhor, mas ainda tem dor de cabeça. Ela e Jack ficaram sem se falar depois da briga e isso a deixou terrivelmente mal, mas Jack parece estar tentando pedir desculpas. Pelo sorriso ele sabe que ela aceitou.

— Eu também. — Vinny levanta a mão. — Ela é uma pirata. E nunca se abandona um colega pirata.

— Vamos lá. — Sony também levanta. — A princesa manda bem.

— Estou com vocês. — Drobt também diz. — Ela sabe deixar uma luta interessante.

E um por um todos levantam as mãos, exceto Carlos e Kalyssa, que não estão na sala. Alex suspira, mas ele mesmo sabe o que vai acontecer.

— Vamos tirá-la de lá então. — Ele diz e põe a mão sobre a mesa, no centro.

Todos fazem o mesmo, pondo as mãos sobre a sua e sorrindo. Então eles urram e levantam as mãos.

¬¬¬

— Ah Kalyssa... — Carlos suspira.

Kalyssa está presa dentro da despensa. A mesma em que Elizabeth ficou quando foi sequestrada. O problema é que ela ainda está em forma de tigre, e deste modo ela já quebrou todos os vidros e rasga as caixas incessantemente, rugindo e reclamando.

Você está amaldiçoada.” Ele fala. Demônios da noite conseguem entrar nas mentes de seres específicos, animais selvagens entram na categoria.

Eu não consigo me controlar!” Ela grita em pensamento. Neste mesmo momento arranha a parede da despensa, provocando rachaduras profundas.

Nunca se controlará de novo.” Ele diz. Ele a observa com pesar.

Não consigo voltar à forma humana, isso é um pesadelo...” Ela choraminga, tanto em pensamento quanto em sua forma felina.

Eu te disse Kalyssa, eu tentei te avisar...”

Você ainda me ama?” Ela pergunta.

Carlos dissera a Kalyssa que a amava faziam apenas alguns dias, mas ela não lhe deu atenção. Ela ainda ama Alex, e provavelmente nunca deixará de amá-lo. Mas Carlos a ama mesmo assim, e mesmo que seja difícil para ele vê-la se jogando em cima de Alex todos os dias, ele ainda a quer.

Sim.”

Então me ajude...”

Há um jeito.” Ele fala em sua mente.

A tigresa albina se senta de frente para a porta e fala, mas sai apenas um rugido.

Me perdoa Carlos?” Ela pede.

Eu ainda te amo.” Ele diz.

Me perdoa?”

Sim.”

É tudo que eu queria ouvir.

E se pudesse nesse momento, ela lhe daria um beijo. Mas ela apenas pula em cima da porta, com seu rosto de tigre em frente ao rosto dele e lhe olha. Seus olhos cor de turquesa são humanos, não há a fenda negra alongada e felina. Ela ainda se controla.

—Temos que fazer isso enquanto você ainda tem o controle. — Ele diz.

Obrigada.”

¬¬¬

O barco dá um solavanco e nesse segundo já não sinto mais as ondas a minha volta. Estamos ancorados na costa de La Isla de La Muerte, a ilha que eu tanto queria conhecer, onde meu pai está.

O zumbi que me leva até o convés principal não é nada gentil, é bruto e forte demais, tanto que deixa meus pulsos roxos. Valtor está descendo por uma escada e eu o sigo (Forçada) sem dizer uma palavra.

A ilha não é como eu imaginava. Mas também, por que eu imaginaria um lugar bonito? É a ilha dos piratas. Do Rei dos Piratas. O Rei do Mar. A areia não é branca, tem um aspecto sujo e molenga e a costa é composta com várias rochas cinza escuras cheias de limo que parecem espadas preparadas para te matar. Uma floresta densa separa a costa de um vulcão adormecido, que paira acima da minha visão tão altivo que se parece com um palácio.

Sou levada pela floresta, obrigada a ser picada por vários insetos e a tropeçar várias vezes. Valtor não está mais aqui, ele parece ter se tele transportado com sua velocidade sobrenatural, mas pelo visto fez questão de me fazer atravessar esse inferno. A floresta é cheia de árvores altas e cheias de trepadeiras pelos seus troncos, o chão é composto por lama e raízes que sobrepõe a terra, parecendo fazer questão de me fazer tropeçar. Não é como meu jardim, que ao sentir minha presença se virava para mim como se me saudasse, as rosas sorriam a me ver. Não. Essa floresta parece me odiar.

Macacos e pássaros voam pelas copas das árvores, ouço gemidos, guinchos e rosnados, mas não vejo nada. Quando saímos da floresta do desespero eu encontro uma parede. Uma simples e gigante parede.

— Mas que palhaçada é essa? — Digo com raiva. — Cadê o grande castelo do Rei dos Mares?

— Abre-te sésamo. — O zumbi diz. A primeira palavra que ouço de algum desses zumbis.

Não acontece nada.

— Seus idiotas! — Valtor aparece do nada em frente à parede.

Ele se vira para a parede e põe a palma de sua mão sobre ela.

— Quantas vezes preciso ensinar a abrir a porta?!

E então ele pressiona a parede, e ela cede. Não completamente, apenas em volta de sua mão como um botão em forma de círculo. Ele solta e a parede começa a se mexer devagar com um ganido irritante de dobradiças antigas e rochas sendo arrastadas no chão. Bem ali onde ele apertou, do lado da rocha cheia de limo. É a chave para a entrada.

— Ah... — Digo.

Um túnel gigantesco, paredes de mármore branco cortinas azuis escuras e detalhes cravados de rubis por todos os lados.

— Esse é o castelo.

O morto-vivo me empurra com violência para dentro do túnel. E aos poucos a porta volta a se fechar atrás de mim, com o mesmo ganido insuportável.

Sigo pelo corredor por alguns minutos, Valtor a minha frente sorrindo. Então chegamos a uma bifurcação. Valtor aponta para a direita e o zumbi vira para lá. Valtor segue para a esquerda.

— Vai me abandonar com um zumbi? E se ele comer meu cérebro? — Grito de longe sem conseguir me virar para olhá-lo.

Valtor estala os dedos. Então me vejo solta do aperto do morto-vivo e atrás de mim há uma pilha de cinzas.

— Estou solta? — Digo incrédula.

— Passeie por aí. — Ele ri. — Boa sorte.

E continua seguindo seu caminho.

Não acredito nisso, é sério?

Ótimo então. Olho em volta por alguns segundos. O lugar é tão grande quanto meu castelo, talvez um pouco maior. Eu não sei para onde seguir, mas o mais inteligente seria voltar para a porta certo? Volto correndo pelo caminho que acabei de seguir enquanto o zumbi me segurava. É apenas um corredor longo e ecoante.

Chego á porta novamente. Como antes ainda é uma grande rocha, só preciso descobrir como abri-la. Valtor apertou um botão pelo lado de fora, será que ele existe pelo lado de dentro?

Tateio toda a pedra até onde eu alcanço, mas não encontro nada.

— Droga...

Continuo tentando arrumar um jeito de abri-la, mas não consigo. É inútil. Suspiro vencida.

— Ei, você aí! — Ouço alguém dizer atrás de mim.

Olho para trás. Um ser que eu nunca vi pessoalmente, apenas em livros. Corpo de homem, com ombros largos e gordos e pernas pequenas. E no lugar de uma cabeça humana, há uma enorme cabeça de porco. Uma barba cerrada e uma coisa verde e nojenta envolta do focinho de tomada. Um Entauro. Ele olha para mim de um modo assustador, e usa uma comum roupa de pirata. Bainha na cintura, camisa manchada e uma jaqueta de couro surrada e rasgada. Como pode haver um guarda assim num castelo desses? Digo, o lugar é tão lindo e bem cuidado, imaginei que haveriam guardas assim como no meu castelo. Na verdade, eu havia esquecido que existem guardas. Por isso fico apenas paralisada olhando para ele.

— Quem é você? — Ele se aproxima com a espada apontada para o meu pescoço. Sua voz é grave e entrecortada, lembrando o som que os porcos fazem.

— S-sou... — Começo a dizer, mas não sei o que falar.

Diga algo sua idiota.

Tá bom.

— Sou Elizabeth. — Falo retomando a consciência e adotando uma postura altiva, que minha mãe sempre fez tanta questão de que eu tivesse. — A filha do rei. Poderia me levar até ele?

O homem apenas ri.

— O Rei não manda mais aqui. — Ele diz. — Não soube?

— Como assim? — Fico confusa.

— Há um novo rei. E ele mandou te prender.

Ele segura meus pulsos com brutalidade, tão rapidamente que me assusta.

— Ei! — Digo.

O homem tem a minha altura, mas seu aperto é tão forte quanto o do morto-vivo. Ele me empurra pelo corredor.

— Novo rei? — Falo ainda confusa.

— Já estava na hora de tirarem o antigo do trono.

Mas...? Eu bufo. Só pode ser Valtor, ele está governando agora. Ele havia dito que precisava me matar para ser o próximo na linha do trono... Será que ele matou meu pai? Será que eu vim até aqui á toa? Droga, droga, droga.

O Entauro me guia pelo castelo até virar à direita, bem onde eu estivera antes. Não há mais uma pilha de cinzas no chão, Valtor deve ter revivido seu morto-vivo. E isso soa muito irônico.

Custava inventar alguma coisa? Minha consciência me atormenta.

Cale a boca. Se é que consciências têm boca.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acham, será que Elizabeth se libertará?
Fiquem ligados para os próximos capítulos!

Beijinhos e deixem reviews! Cupcakes à esquerda, apreciem. ^.^