A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 23
Despedida


Notas iniciais do capítulo

Quero lembrar que eu adorei a recomendação!
Muito obrigada Isa123 por ser tão legal! Eu amei tanto sua recomendação que se um dia eu publicar esse livro vou colocá-la na contracapa!
Muitoi obrigada, mesmo flor.
E espero que continuem curtindo os capítulos, porque eu sinceramente estou super animada. ^^
Não me odeiem. ='(



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Me disseram que durante a noite houve uma tempestade. Tão poderosa que o navio quase não conseguiu permanecer no percurso. Mas eu não senti nada, para mim o mar estava calmo. E Luke também pareceu não perceber.

Ainda há reflexos da tempestade, ainda chove. A chuva não está forte, mas é o suficiente para eu buscar um casaco dentro do guarda-roupa do quarto e me aquecer com ele. Luke também troca de roupa. Eu saio do quarto enquanto ele se troca (Mesmo que ele não tenha pedido) e quando volto eu o vejo. Uma camisa de mangas azul escura e a mesma calça jeans cinza de antes. Sem os brasões prateados e sem a espada na cintura ele é bem diferente. Não parece aquele príncipe. Parece normal, como quando entrou no meu quarto no castelo àquele dia.

Nós saímos juntos do quarto, ele abraçado a mim. Pensamos em subir, mas... Está chovendo. Então voltamos para o quarto. E no caminho encontramos Emily e Jack.

— Bom dia. — Emily diz, mas não tão animada quanto costuma ser.

Jack também não está feliz, ele só sorri e acena. Eu faço o mesmo. Ainda estamos afetados, foi ontem que tudo aconteceu. Luke os cumprimenta também, e Emily parece observar com interesse a mão dele em volta de minha cintura. Minhas bochechas queimam.

Estão juntos?” Ela não é nada sutil em minha mente. Assinto como resposta. Um sorriso se forma em seus lábios. “Fico feliz por vocês.

O mesmo para você e Jack.

Sorrimos e nos afastamos.

Ah, esqueci de comentar. Café da manhã, agora, na sala de jantar.” Ela diz.

Não quero comer.

Ninguém quer, mas precisamos. Ande logo, traga o Lukeon.” Ela está bem longe de mim. Não sabia que o alcance da telepatia das fadas era tão longo.

— Temos que comer. — Digo para Luke.

— Café da manhã?

— Sim. — Digo.

Levo Luke até a sala de jantar. Nós paramos antes de bater na porta. A última vez que eu estive ali havia pessoas conversando do outro lado da porta, copos batendo e sorrisos. Efeito da bebida claro, mas mesmo assim, era felicidade. Agora só havia silêncio. E assim, o navio lembrava um navio fantasma. Não havia mais alegria no Andrômeda.

Abro a porta e nós dois entramos. Todos param e nos olham, mas depois voltam a comer. A mesa não está muito cheia, apenas algum pães em cima da mesa e uma jarra grande de ferro, onde imagino que haja mais bebida, ou talvez um suco de laranja. O café da manhã não é farto aqui, nem qualquer outra refeição, não é como no meu castelo. Só que agora eu já me esqueci como é no meu castelo. Aqui já é minha casa.

Nos sentamos na mesa. Alex pelo visto foi o único que de fato nos olhou. Mas seu olhar para mim não é reconfortante. É acusador. Eu sei que ele ainda me culpa. Eu ainda vejo a dor em seus olhos. Também vejo olheiras nos olhos de todos, inclusive nos dele. Acho que ninguém conseguiu dormir direito depois do que aconteceu ontem.

Kalyssa é a próxima a entrar. E logo depois Carlos. Nem mesmo olho para eles, não digo uma palavra. Pego um pequeno pão e o coloco no meu prato. Depois começo a desfiá-lo e a comer.

— O que vamos fazer? — Kalyssa diz. Todos olham para ela. Eu continuo comendo. — Acho que Law merece voltar para casa e ser enterrado perto de sua família.

Olho para ela. Eu não imaginava que ela também estivesse sofrendo com isso. Ela parece ser tão insensível. Mas ali estão, olheiras como em todos os outros. E olhos inchados, de quem chorou a noite inteira. Ela tentou esconder com a maquiagem mas não conseguiu, ainda dá pra ver. Também é a primeira vez que eu a vejo com os cabelos brancos presos. Estão num coque em cima da cabeça. Como são curtos, vários fios estão soltos. Eu também não tive animação para me arrumar hoje. Apenas prendi o cabelo no habitual rabo de cavalo e coloquei o casaco de pele bege e felpudo que estava dentro do armário.

— Concordam comigo? — Ela pergunta depois de um minuto de silêncio.

— Que tal um enterro de rei? — Digo depois de mais silêncio. Alguns me encaram. — Um bote, seus pertences, uma flecha e fogo. É digno.

Kalyssa abaixa a cabeça.

— Ele gostaria disso. — Alex diz suas primeiras palavras. Sua voz está rouca.

— Então combinado. Enterro de rei. — Kalyssa diz e me olha. Todos também.

Depois o silencio perpetua.

¬¬¬

Ao entardecer todos começamos a preparar tudo. Um dia inteiro sem falar me deixou com a voz rouca também. Sony foi gentil e me trouxe um pouco de água, mas não sei por quanto tempo eu posso suportar isso. Eu sinto a cada minuto que se passa que falta pouco para chorar de novo. E quanto mais perto chegamos de La Isla, mais medo eu tenho.

Kalyssa e Emily limpam o corpo dele. Eu não consegui chegar nem perto. Eu me debulhei em lágrimas só de pensar que o veria novamente. Só em lembrar de como aquele demônio o apunhalou... Ainda tem sangue na minha calça. Eu entrei no quarto e tentei limpar, mas não consegui, então decidi dormir até o próximo ano. Foi quando Luke chegou.

Ele está ajudando com o bote. Parece que o Andrômeda só tem três botes salva-vidas, e eles estão concertando esse porque está furado. Estão refazendo o casco com partes da madeira do navio. Estão tirando tudo da frente do navio, aproveitando as madeiras soltas de quando lutamos com o navio fantasma.

Vinny, Drobt e Sony estão juntando as coisas do quarto dele. Law tinha muitas coisas. Um globo, porta-retratos... Com fotos dele e de seus pais, dele criança, dele e de Alex quando crianças... Também tinham espadas, roupas e um ursinho de pelúcia com olhos de botão (E um botão faltando). Alex pegou o ursinho e ficou o encarando por um tempo. Sr. Todd. Ele balbucia sem som.

Quando o sol começa a se pôr, tudo já está no bote e o bote está preso ao navio por uma corda. Eu não consigo não chorar. Seco as lágrimas a cada cinco segundos, mas mesmo assim meu rosto está úmido. Não é justo, ele não poderia ter morrido, não é justo, não é justo.

Tom, com seus olhos azuis claros e cabelos castanhos, aparece rapidamente com um arco e flecha nas mãos. Eu nem tinha percebido o quão rápido ele é, mas me lembro de como ele lutou com aqueles demônios. Desviava tão rápido dos golpes que parecia apenas um borrão acinzentado. Kalyssa acende o isqueiro e incendeia a flecha.

Emily corta a corda que prende o bote ao Andrômeda e aos poucos o mar começa a afastá-lo de nós. Depois de uma certa distância, Tom atira a flecha e atinge o bote. O fogo começa a se espalhar, misturando-se ao céu amarelado e alaranjado do pôr do sol. Então começa a chover novamente, e todos nós saímos dali.

Vou sentir saudades.

Eu ouvi o que ele pensou.” Emily diz, mas sua voz soa ecoante como se falasse em um cômodo grande e amplo. Ou como se falasse com todos nós ao mesmo tempo. “Na última vez. Ele disse que sentiria nossa falta. Mandou um abraço para você Alex, pediu para você não se culpar. E também falou para você não desistir, Regaliz.

Quando ela fala isso eu começo a chorar imediatamente. Vejo Alex de cabeça baixa e com os olhos úmidos. Mas sou eu quem está chorando mais. Acho que só eu e o Alex entendemos o Regaliz.

Ele amava todos nós. E nos queria bem.” Ela continua. “Não vamos esquecer dele nunca, mas vamos seguir em frente. Era o que ele desejava.

Seguir em frente. Não desistir. Bem, acho que eu posso fazer isso.

E todos nós saímos do convés, com lágrimas nos olhos. Cada um com suas lembranças de Law. Mas agora, ao menos um pouco mais felizes.






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Notas finais do capítulo

Nham... vcs devem estar me odiando.
Até...!