A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 22
A dor da Culpa


Notas iniciais do capítulo

Triste, muito triste, muito triste. Mas me digam o que acham no final.
^^



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De repente tudo que sinto se vai. Só resta o ódio. Meu corpo fica entorpecido. Não há mais a dor do ferimento em minha cintura, nem o calor do sol batendo em minha pele. É como se eu não estivesse no meu corpo, mas o controlasse como um boneco de ventríloquo. A corrente elétrica me atravessa mais intensa do que nunca. E eu sinto que meus olhos não estão como antes. Eu não sei explicar... Eu só sei. Enxergo do mesmo jeito, mas ainda há uma diferença.

O demônio de água me encara. E depois de dois segundos me dá um sorriso arrogante e orgulhoso.

— Hora da sobremesa. — Ele diz.

Mas quando ela vem para cima de mim eu pego minha espada. E num movimento rápido eu a corto ao meio. Mas não foi o habitual ataque. A espada pareceu trazer consigo litros de água do mar. E quando esse ataque molhado a atacou ela gemeu de dor. Mas ainda não vencida, e agora com expressão de ódio, ela continua avançando.

Entorpecida. Como eu disse. Não sinto nada além de ódio.

Apenas ergo minha mão à ela, e ela para imediatamente. Tenta se mover, mas não consegue.

— O que você fez comigo?! — Ela sibila enraivecida.

— Você é feita de água. Eu controlo água.

E então antes que ela se pronuncie, eu fecho a palma da mão. E aperto o punho com força. E seguindo esse movimento o corpo dela explode em milhões de gotas. E só lhe resta o coração azul batendo devagar, que cai logo no chão. Aos poucos água se forma em volta do coração, tentando reunificar seu corpo. Mas eu chego até ele, e dou meu último golpe. Piso em cima do coração azul fluorescente. Ele fica esmagado no chão, até se liquidificar e se tornar a boa e velha água transparente. Agora é a vez das outras.

¬¬¬

Os olhos de Elizabeth estão azuis novamente. Ela pula do teto do primeiro convés e cai direto no primeiro. E dali ela grita. Mas sua voz não soa como se fosse sua. Soa como se fosse a voz de cem garotas falando ao mesmo tempo. E com isso ela ergue os braços e duas ondas gigantes se erguem dos dois lados do navio. Abaixa as mãos e as ondas batem com violência no navio, atingindo todos os conveses. Depois move os braços à sua frente, e com isso a água que quase afundou o navio foge do navio como se um esfregão as expulsasse. Depois disso resta toda a tripulação encharcada e caída no chão. Os demônios da água desaparecem.

Elizabeth ainda não terminou. Ela ergue sua espada e uma longa plataforma de água se forma à sua frente. Ela sobe ali, como se fosse uma escada. E todos lá embaixo ficam surpresos. Mas se as mulheres de água conseguiam se solidificar para ataca-los, por que Elizabeth não conseguiria solidificar água também? Não significa que seja gelo. Apenas água palpável e com forma.

Ela segue a plataforma até de volta para o telhado do primeiro convés. Pode-se ver Alexander escalando a parede e subindo lá também.

Ninguém da tripulação sabe o que aconteceu.

¬¬¬

— Law...

Eu ainda sinto o poder no meu corpo. E também sinto que os demônios da água estão vivos e cheios de ódio. Ainda estamos no território delas, elas vão voltar. Só devem estar se recompondo, e vão voltar com força total. Preciso nos tirar logo daqui. Mas por enquanto, ainda tenho esperança quanto a Law.

Ajoelho-me ao lado de seu corpo e despenco no chão ao ver que não respira. Seus olhos estão vazios, apenas órbitas negras sem alma, sem vida. Sua boca ainda está aberta, a expressão de terror ao ter sua alma levada ficou ali, perpetuada para sempre com sua morte. Meus olhos transbordam, mas eu não sinto as lágrimas caírem. É como se minha pele fosse de gesso, eu simplesmente não sinto nada. Mesmo assim eu sei que foi culpa minha.

Law morreu. E é estranho ver como um garoto tão grande e cheio de vida pode estar assim agora, sem se mover, sem falar ou implicar. Sem me chamar de regaliz. Sem ser a pessoa doce e amável que ele sempre foi. Apenas um corpo grande e acinzentado ocupando espaço. Mais lágrimas caem.

— O que você fez...?

Alex aparece bem atrás de mim. Eu sei, sem nem mesmo olhar. Ele também vem ao meu lado. Vejo o desespero em seus olhos.

— Law. — Ele o chama.

Segura os ombros de Law e os sacode, tentando acordá-lo.

— Acorda cara! — Ele grita, implora. Mas no fundo ele sabe que não adianta. — Por favor!

Continua balançando-o.

— Alex... — Eu quero confortá-lo, dizer que vai ficar tudo bem, mas eu sei que é mentira. Lágrimas também começam a cair por seu rosto.

— Anda logo Law, acorda, chega de brincadeira. — Ele diz. — Tá legal, você me pegou. Pode acordar, vai!

Ele começa a bater no peito de Law, como se fizesse massagem cardíaca.

— Vai logo... Ou eu conto o seu apelido para todo mundo. Você não quer isso, quer? — Ele tenta ameaçar.

Abaixa e põe a cabeça no peito de Law, tentando ouvir seus batimentos. Eu sei que ele não ouve nada. Ele volta a fazer a massagem, perdido em desespero.

— Alex, não adianta...

— Não! — Ele grita comigo.

Então percebe que não adianta mesmo. Mas aí ele põe a mão no bolso de sua calça e tira dois vidrinhos cheios de água. Ao perceber o que é, eu grito.

— Não!

Ele já abriu um e enfiou o líquido dentro da boca de Law.

— Vamos lá cara... Acorda... — Ele torce.

Não acontece nada.

— Não vai adiantar Alex. Isso só cura, não ressuscita...

Ele balança a cabeça, negando a si mesmo que isso possa estar acontecendo.

— Não...

Ele pega o outro vidro e o abre.

— Alex! — Grito com ele e seguro sua mão. Ele para e me encara. Posso ver a dor através de seu rosto. — Não pode gastar isso. Precisamos de cinco ampolas. Para a Kalyssa e o Jack...

Ele olha para Law, relutante. Então finalmente se convence, embora eu saiba que ele já sabia disso desde que subiu aqui. Só não queria acreditar.

— Sinto muito... — Digo. Solto sua mão enquanto ele fecha a ampola e a põe de volta no bolso.

Então depois de alguns segundos encarando Law e deixando as lágrimas caírem, ele me encara.

— Você. — Ele diz. Um ponto de interrogação nasce em minha cabeça. — Isso é culpa sua.

Eu me levanto. Culpa minha? Eu sei que ele fez isso pra me proteger e tudo mais... Mas...

— Você está certo.

Mais lágrimas.

— Isso é culpa minha. — Admito.

Foi sim. Eu causei tudo isso, desde o princípio. Desde o momento em que eu me soltei daquela despensa, desde que decidi que iria encontrar meu pai. Desde que lutei com aquele pirata ao invés de simplesmente deixa-lo me levar (Me matar). Fui eu, o tempo todo. Se eu não estivesse aqui não haveria acontecido isso.

Nenhum dos meus guardas reais teria morrido sem uma causa. Jack e Kalyssa não teriam se ferido e não precisaríamos vir pela rota das rochas. Se eu não tivesse mexido no leme também não estaríamos aqui. Foi tudo minha culpa, desde o princípio.

— Me perdoa... — Peço.

Agora sinto as lágrimas. Estou voltando ao meu corpo. Estou recuperando o controle. Sinto meus músculos doloridos e a dor em minha cintura queima mais do que tudo. Mas nada dói tanto quanto meu coração.

— Isso não tem perdão. — Alex não me olha. Não se atreve.

Tento me aproximar.

— Não. — Ele ergue a mão. Me paraliso. — Não chegue perto.

Continuo chorando.

— Por favor...

— Sai daqui! — Ele grita comigo.

Tudo bem. Eu sei. Eu sei. É culpa minha. As lágrimas quentes entram em contraste com minhas roupas molhadas pela água do mar. Mas tudo bem. Foi culpa minha. Eu sei.

Dou um espirro. Não é hora de ficar resfriada. Mas acho que depois disso, todos ficaremos.

— Mas antes de ir embora... — Atravesso-o.

Vou até a borda do navio. Não tenho medo. Se cair, nem vou fazer falta. Então ergo meus braços e pela última vez eu os abaixo, ignorando a dor que causa em meu ombro. Uma onda de sete metros e meio se forma, depois cai e o navio pula. Bati meu recorde. Uhu. As rochas ficam para trás, e agora estamos livres dos demônios.

Depois disso saio dali. Não olho para Alex, muito menos para o corpo de Law. Não quero ver mais ninguém.

— O que aconteceu? — Sony pergunta quando atravesso o terceiro convés com as mãos nos olhos, tentando conter as lágrimas.

Não respondo. Apenas corro mais rápido. Instintivamente, sem nem perceber, ordeno a uma onda que afaste os móveis de cima do alçapão. Depois as águas voltam para o mar. Eu apenas desço as escadas, e corro o mais rápido possível para o meu quarto.

¬¬¬

— Tome. — Alex diz.

Ele dá a ampola de água de luz que conseguiu colher para Kalyssa. Todos também entregam, mas nem todos conseguiram matar os demônios do mar. Quando acabam, Kalyssa está com cinco ampolas nas mãos.

— São o suficiente? — Emily pergunta.

Ela está abraçada a Jack, que está de cabeça baixa sem pronunciar uma palavra sequer. Aliás, desde que souberam da morte de Law, nenhum deles mais disse uma palavra.

— Preciso ferver para deixar mais concentrado. Aí devemos ter umas duas ampolas, deve ser... — Kalyssa diz. Então ela solta um ganido e pressiona sua barriga com força. Depois volta a respirar e tira sua mão dali. Está manchada de sangue. — Suficiente.

Todos a encaram, assustados e esperando uma resposta.

— O que foi isso? — Alex se preocupa. Ele vai até ela e começa a examinar sua blusa. Ele encontra o ferimento. — Elas te machucaram? — Ele se refere aos demônios.

Kalyssa respira fundo para aguentar a dor.

— Não. — Ela responde. — Isso é o efeito da água de luz passando.

Ela geme novamente e volta a pressionar o ferimento. Está começando a sangrar demais.

— Jack.

Emily está preocupada. Ela levanta a camisa dele, procurando o machucado que também deveria estar começando a voltar. Mas ela não encontra nada no abdômen não tão definido dele.

— Ele tomou a água de luz logo depois de mim, vai demorar mais a perder o efeito.

— Mas foi logo depois. — As primeiras palavras de Jack.

— Não é uma equação matemática, o tempo não é proporcional... — Ela grita, mais agudamente.

Alex a segura quando ela quase cai.

— Temos que fazer logo essas ampolas. — Ele diz mantendo-a de pé, com os braços dela em seus ombros e os seus ao redor da cintura dela.

— Vamos logo.

Vinny, Jack, Emily, Sony e Drobt são os primeiros a sair do convés. Logo depois Carlos, Tom, Kalyssa e Alex. Elizabeth não estava com eles, ela não saiu de seu quarto em momento algum. Todos descem as escadas do terceiro convés.

¬¬¬

A porta abre e a luz que vem de fora cega meus olhos. Cubro minha cabeça com o cobertor enquanto ouço a porta fechar novamente.

— Hey Liz.

A voz dele continua sendo grave e uniforme, mas agora com uma pitada de preocupação. Sinto que ele se sentou ao meu lado na cama. Me cubro ainda mais.

— Eu sei que está triste... — Ele começa a falar, mas para como se não soubesse o que dizer.

Eu sei como é isso. Não consegui confortar o Alex. Mas ele encontrou um jeito de confortar a si mesmo. Ele pôs a culpa em mim.

E eu sei que a culpa é minha. Eu sei. Se não fosse eu, Law nem estaria lá em cima. Eu devia ter me virado sozinha para subir aquela parede, eu não precisava dele. Mas não, eu precisava ser frágil como uma princesinha.

— E todos no navio também estão. — Ele continua. Ouço-o suspirar.

São os batimentos dele ou os meus que eu ouço tão intensamente? Só sei que estão muito rápidos.

— Não adianta. — Falo, ainda debaixo do cobertor. — Ele morreu por minha culpa. Agora sai daqui, não precisa estar aqui.

— Claro que preciso e... — Ele para. — Elizabeth. — Ele continua. — Eu não consigo conversar com você assim, dá pra se descobrir?

— Não. — Falo como uma criança fazendo birra.

Ele me ignora e puxa o cobertor com força. Não dá nem tempo de resistir. Tampo o rosto com as duas mãos, para ele não ver meu rosto. Não é porque eu estou feia, é porque estou triste. Claro que eu sei que quando choro meus olhos incham, meu nariz fica vermelho como o de uma rena do papai noel e meu cabelo também está todo desarrumado. Quer dizer, é uma visão deplorável. Mas o verdadeiro problema é que eu não quero que ele me veja chorando. Eu não quero mais ser frágil.

— Liz.

Abro os dedos, o suficiente para ter uma brecha de visão. Não. Eu não vejo nada. Tudo ainda está escuro, assim como deixei quando cheguei. O abajur apagado e apenas a sutil luz da lua iluminando alguns pontos do quarto. O rosto dele me encarando na luz da lua é gentil e assustador ao mesmo tempo. Eu ainda não havia percebido o quanto Luke é forte. Bem, aqui estou eu, mais uma vez presa num quarto com ele. Da última vez não terminou bem. O que pode acontecer agora? Acho que o pior já foi.

— O que é? — Tiro as mãos do rosto e passo no cabelo, tentando ajeitá-lo.

Quando cheguei eu tirei o elástico e deixei o cabelo solto. Erro.

— Eu sinto muito. Mas você não pode se culpar pela morte dele. — Ele diz, seus olhos azuis me fitando desconfortavelmente. Eu que estou desconfortável. Ele parece bem à vontade.

— Você não o conhecia. Chegou aqui há um dia, ainda não conhece ninguém. Não sabe o quanto ele era importante...

Ele fecha minha boca com sua mão e continua me fitando.

— Não foi culpa sua. — Ele repete.

Sinto meus olhos se enchendo novamente. Eu já havia parado de chorar, achei que já não tinham mais lágrimas em mim. Me enganei. Fecho os olhos tentando espantar as lágrimas. Luke me solta, depois me pega novamente num abraço inesperado e apertado. Protetor.

— Foi sim... — Digo, abraçando-o também. Seu peito é quente e sinto seu coração bater na mesma velocidade que o meu. Rápido. — Eu que pedi para ele subir. Ele só me protegeu.

— Liz. — Ele me afasta para olhar em meu rosto. Não resisto. Pareço uma boneca de pano em suas mãos. — Você não pode se culpar por isso. Foi a vontade dele, ele quis te proteger. Ele sabia o que aconteceria. Elizabeth, você não pode ficar se torturando por isso.

Sei que ele quer me confortar com as melhores palavras que tem, mas não adianta. Eu sei que fui a culpada. Esfrego os olhos com as mãos, secando as lágrimas. Quando o olho novamente, ele me encara com aquela expressão estranha. Não sei definir se é surpresa, preocupação ou desejo.

Só sei que sinto meu coração bater como se fosse sair pela minha boca.

— Ainda que ir até La Isla de La Muerte? — Ele pregunta, sua voz baixa, como que evitasse que mais alguém ouça.

Assinto com a cabeça. Ele me puxa para mais perto de si, extinguindo o pouco de ar que havia nos separando.

— Não faz isso. — Abaixo a cabeça e a apoio em seu ombro. — Não se aproveite de mim.

— O que pensa que vou fazer? — Ele se afasta para me olhar nos olhos. Apoia sua testa na minha, mantendo a distância entre nossos lábios enquanto fala. — Sou um cavalheiro. Não me aproveito de donzelas em situações complicadas.

— Como se nunca tivesse se aproveitado de uma garota. — Reviro os olhos. Sei que ele viu porque sorriu. Não sorrio, as lágrimas ainda não cessaram.

— Não de uma pirata. Elas são complicadas.

Sorrio. Não sei porquê, mas ele consegue me fazer sorrir. Sempre. E ele me chamou de pirata, talvez isso tenha massageado meu ego.

— Quantas piratas você já conheceu? — Fito-o também. As lágrimas aos poucos param de cair, deixando-me apenas com o rosto úmido.

— Umas três ou quatro. Sabe de uma coisa? Elas são mortais. — Ele ri. — Acho que eu estaria ferrado se por algum acaso ficasse preso num quarto com uma.

— E se a tranca da porta estivesse quebrada?

— Aí não seria tão perigoso. — Ele sorri maliciosamente. — Para ela.

Rio e abaixo a cabeça. Isso é ridículo. Não tem graça, eu não devia estar rindo. Eu nem deveria estar nesse navio. Depois do que fiz eu devia ser expulsa. Mas não, aqui estou eu, ainda indo para La Isla, e ainda do lado de um príncipe encantado que por acaso é meu noivo desde que somos crianças. Além do mais, eu até agora não tentei descobrir o que aconteceu naquele castelo quando meus pais me levaram. O que eu estava fazendo ali? O homem com quem eu estava era meu pai? Por que eu não me lembro disso completamente, nem de mais nada que aconteceu antes disso?

Ele interrompe meus pensamentos. Segura meu queixo e levanta meu rosto. Ainda está perto demais.

— Agora eu preciso da sua permissão. — Ele diz.

Fico confusa. Mas depois de dois segundos eu me lembro, e sorrio. Quem você pensa que é para me beijar sem minha permissão?!. Lembro-me perfeitamente desse dia. Quando o Luke chegou e me beijou do nada, simplesmente assim. Será que é a isso que ele se refere?

— Para que? — Pergunto inocente.

— Para isso.

Ele avança o espaço entre nós e cola os lábios nos meus. Nós nos beijamos. Mas há algo de diferente da última vez, não sei se é ele. Não, não é ele. Sou eu, eu mudei. Eu não sou mais a mesma garota que ele beijou naquele jardim, a mesma que lhe deu um tapa e saiu correndo. Eu sou diferente. E dessa vez, eu quero esse beijo. E não havia percebido até agora o quanto eu estava esperando por esse momento, para beijá-lo de novo.

Ele me solta, para respirarmos. Eu sorrio para ele e ele retribui.

— Eu não te dei permissão. — Digo.

— Deu sim. Você sorriu.

Sorrio de novo.

— Por que está fazendo isso? — Paro para pensar se não está escuro o suficiente para ele não ver meu rosto. Digo, eu tenho certeza absoluta que estou ridiculamente horrível.

— Porque eu te amo minha palhacinha. — Ele me dá um selinho.

Abro a boca para reclamar. Mas não digo nada, pego minha mão direita e tampo o nariz. Sabia que eu estava com o nariz vermelho!

Ele ri e afasta minha mão dali.

Ele me beija de novo. E dessa vez ainda mais apaixonadamente. Eu retribuo com tudo que tenho. Sinto meu coração bater acelerado através da pele. Luke me empurra para o meio da cama e me segura me apertada em si. Eu seguro seus cabelos com minhas mãos e puxo seu rosto para mais perto do meu. Suas mãos passeiam por minhas costas, subindo e descendo, sem saber para onde ir. Então ele me solta e beija meu pescoço. Não percebi até agora que eu não estava respirando. Puxo o ar e sei que com isso solto um gemido. Mas não é de dor. Também sei que ele está sorrindo satisfeito e me beijando ainda mais. Descendo do meu pescoço até meus ombros, e depois subindo de novo.

Eu já fiz isso antes. Não, eu nunca tinha beijado ninguém até conhecer o Luke. Mas isso... Eu já fiz. Alex. Eu lembro que depois de ter aquela visão com a espada eu fiquei meio grogue, e comecei a fazer umas coisas estranhas. Eu quase beijei o Alex.

Meu corpo está todo quente e eu sinto a temperatura aumentar cada vez mais. Seguro a cabeça de Luke e a puxo de volta para meus lábios. Tento esquecer aquilo de que me lembrei. Não teve nada a ver, eu não era eu ali, não era o que eu queria. Eu acho.

Mas então a mão de Luke desliza até minha coxa e a aperta com força, depois a puxa para cima, fazendo-me ficar com a perna sobre seu quadril. Ele ainda me beija. Eu seguro seu peito e o empurro para longe, mas sem muita força. Ele entende o recado e se afasta. Abaixo minha perna de novo.

— Luke... — Estou com falta de ar. — Acho melhor a gente dormir.

— Não vejo nenhum problema nisso. — Ele me beija de novo.

— Não esse tipo de dormir. — Minhas bochechas coram quando penso nisso. — A partir daqui não vai demorar muito para chegar em La Isla. Tenho que dormir.

— Então só depois do casamento? — Ele diz.

Minhas bochechas ficam vermelhas como dois enfeites de natal. E queimam.

— Na lua de mel. — Respondo, e sinto meu próprio coração bater quando digo isso.

Ele sorri, então me dá mais um selinho. Mas eu não resisto e acabo transformando esse selinho em mais um beijo de dois minutos. Depois nos soltamos, para respirar de novo.

— Dormir. — Digo.

— É.

Rimos. Ele se levanta da cama e fica de pé. Fica dois segundos olhando para o chão depois se vira para mim.

— Não preciso dormir no chão de novo não é?

Rio. Ele põe a mão no pescoço e estala como quem diz Aí! Doeu.

— Dorme aqui. — Digo.

Me afasto para um lado da cama, deixando um espaço livre para ele. Também puxo os lençóis para longe. Ele deita ali e se cobre, depois me puxa para mais perto e eu me aninho em seu peito. É quente e confortável.

O que eu fiz? Eu estou mesmo com ele? Não era eu quem dizia que era muito nova para me casar, dezesseis anos! Também falei que uma semana não é o suficiente para se gostar de alguém. Bem, aqui estou eu, caidinha pelo Luke, e eu só fiquei com ele por três dias. Hipócrita, isso que eu sou.

E o Law hã? Agora se esqueceu dele Elizabeth? Você o matou, como pode estar feliz e alegre com o Luke assim, como pode ter deixado a culpa para trás assim tão rápido? Você não merece estar nesse navio.

Sinto aquela dor perto do peito de novo. A agulhada no coração. Mas eu não estou controlando o mar... Estou?




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Notas finais do capítulo

E aí?