A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 19
Ondas não são tão assutadoras


Notas iniciais do capítulo

I Hate you, eeeeeee, I'm fine living without you. Quem curte 2NE1 Fala U-huu!
E aê pessoal, novo cap.Quem gostar, comenta. QUem não, comenta tbm. Byee!



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Daqui já consigo ver as rochas. Praticamente idênticas às do mapa que tem na sala de reuniões. Picos altos, picos baixos, águas violentas. Está longe, mas não tanto. Já sinto o frio no estômago.
— Não acha que seria bom treinar agora?— Ouço a voz doce e melodiosa de sempre.
— Emily.— Viro-me e me parabenizo por acertar. Sorrio.— Treinar?
— É.— Ela fica do meu lado.— Uma filha do mar tão poderosa não devia desperdiçar seus poderes ficando tão dependente de uma espada.
Estamos ainda no terceiro convés. Luke saiu de perto de mim faz pouco e eu não faço a mínima ideia do que ele possa ter ido fazer. Mas tudo ótimo, eu não sou dona dele mesmo.
— Você acha?— Estremeço. A lembrança de mim, controlando aqueles polvos d'água e todo aquele poder passando por mim, vem à minha cabeça num flash. É horrível.— Eu discordo.
— Não está com medo está?— Ela sorri mostrando os dentes.
— Por acaso você está usando um superpoder de fada? Telepatia devia ser proibido por lei.
Ela ri.
— Não. Não preciso ter poder nenhum para perceber isso, está escrito na sua testa.
Rio meio sem graça.
— Que bom saber que sou tão transparente.
— Como um livro aberto.— Ela acrescenta amigavelmente.
Continuamos olhando para as rochas. Lutar com demônios da água, não sei se estou preparada.
— Acho que está certa.
— O que?— Não entendo. Então me lembro da telepatia.— Que eu não estou preparada?
Ela ri, novamente. Parece que seu sorriso envolve todo o convés.
— Não.— Ela ainda sorri.— Que telepatia devia ser proibida. Acho super errado as pessoas ficarem invadindo as mentes dos outros assim.
— Ah, por isso que você nunca usa desse artifício, não é?
Rimos juntas.
— Acho mesmo que você precisa treinar.— Ela não olha para mim, ela fita o céu.— Da primeira vez que usei meus poderes também tive medo, mas precisei treinar para controlar.— Ela olha para mim.— Você não quer perder o controle daquele jeito de novo, quer?
Balanço a cabeça imediatamente. Não, não e não. Nunca mais.
— Então precisa treinar.— Ela sorri.— Que tal começar do básico? Me mostra o que você sabe.
Ela se afasta e aponta para o mar com as mãos. Rio nervosamente. Olho para o mar. Há dez segundos atrás quando olhei para ele eu me senti em casa. Agora as ondas parecem estar tentando me matar.
— Não acho que seja uma boa ideia.— Digo.
— Para com isso. Você ter medo do mar seria a mesma coisa de uma sereia alérgica a água, ou uma fada que tem medo de voar.— Ela ri ao dizer o último, como se se lembrasse de algo.— Pelo menos tente.
Penso um pouco.
— Tá bom.
Chego mais perto do parapeito. O que eu fiz da ultima vez? Estremeço de novo. Nada, eu não fiz nada. Eu apenas estava lutando e aí isso começou. Foi como um instrumento de defesa, algo instintivo, natural. Algo normal. Talvez nunca tenha ocorrido porque eu nunca me senti ameaçada, ou nunca estive no mar. Bem, eu não devo conseguir usar isso só para me proteger não é?
Respiro fundo. O que eu faço?
Tenta se acalmar”. Ela diz em minha cabeça. Viro-me e vejo-a sorrindo para mim. “Respire de novo”.
Não foi você quem disse que é errado as pessoas invadirem as mentes dos outros?
Só quando é a minha mente”.
Fadas não podem invadir a mente de outras fadas.
Não estou falando de fadas”.
Ok então. Respirar fundo. Eu consigo fazer isso. Inspiro bastante ar, depois expiro.
Agora feche os olhos, sinta o poder em seu corpo” Ela me instrui.
Faço o que ela manda. Ergo os braços para o mar e sinto cada movimento dele. Cada onda, cada balançar de algas, cada peixe se movendo. Claro, não em todo o mar, é muita coisa. Mas pelo menos tudo em volta do Andrômeda. Aos poucos aquela tensão se vai. Sinto como se eu também fosse feita de água.
Agora sinta os movimentos, sinta que você pode controlar.”
Movo os braços. Levanto as mão bem devagar. Sinto um pequeno desconforto no peito, perto do coração. Como se eu tivesse sido espetada com uma agulha bem ali. Me convenço de que é normal e suportável, então continuo. Levanto os braços até acima da cabeça. É impressão minha ou o barco está virando. Começo a me desequilibrar.
— Liz.— Emily me chama.— Abra os olhos.
Abro os olhos. Um oh se forma em minha boca, mas nenhum som sai. Uma onda de sete metros está ali, bem a minha frente. As águas se movem, mas a onda não perde sua forma. Parece estar esperando apenas uma última ordem para cair por sobre o navio e afundá-lo num só golpe. A água azul. Respingos de água caem no meu rosto, nada demais.
— Meu Deus...— Estou apavorada.
— Agora pode parar.— Emily diz.
— Como? Como eu paro isso?— Começo a me desesperar.
— Ordene que a onda desça.
Tá bom. Desça. Ordeno em minha mente. A onda não desce. Abaixo um pouco os braços, já cansada e sentindo meus braços formigarem. A onde se põe ainda mais sobre o navio, caindo um pouco. Ouço gritos da tripulação. Subo os braços imediatamente e a onda volta ao seu lugar. Eu quase nos afoguei.
— Aii... O que eu faço?— Estou completamente desesperada.
O que eu vou fazer? Estou cansada!
— Elizabeth, confie em você.— Emily continua.
— Não consigo.
— Consegue sim, imagine-a descendo.
Sinto que mesmo serena, há um ínfimo toque desequilibrado na voz dela. Ela se controla muito bem, mas vejo que também está preocupada.
Então tá. Fecho os olhos de novo. Imagino a onda descendo e aos poucos desço os braços. Abro um olho o suficiente para ver se a onda vai nos matar. A antiga onda de sete metros agora parece ter só cinco. Suspiro aliviada e continuo. Até descer completamente os braços.
— Eee!— A tripulação diz em coro.
Sinto toda a minha força se esvair. O cansaço é maior do que se eu tivesse escalado o monte Everest. Quase despenco no chão, mas me apoio no parapeito. Sinto mãos me segurando também. Mas não existe pessoa com quatro mãos.
— Muito bem.— Emily é uma das pessoas, me olhando com um olhar que expressa ao mesmo tempo orgulho e satisfação.
— Bem mesmo.— A outra pessoa.
É Luke. Ao vê-lo esboço um sorriso, sem nem pensar. Só me sinto bem quando estou perto dele.
Ele me segura, passando meu braço por seu ombro e me ajudando a me manter de pé.
— Obrigada.— Digo e dou um sorriso torto.
— Filha do Mar é? Não é tão ruim.
Rimos.
¬¬¬
Alexander está no primeiro convés, controlando o leme e observando tudo. Ele viu o que Elizabeth fez, mas não ficou surpreso. Ele sorriu. Mas então tratou de desfazer o sorriso num átimo. Pelo menos a princesinha deve servir para alguma coisa. Ele prefere pensar assim.
Luke ajuda-a a andar pelo convés e a senta num barril deitado. Sony se senta ao lado dela num outro barril e todos morrem de rir quando o barril gira e ele cai. Drobt e Law também estão ali. Todos estão conversando. Alex olha para outro lado do convés. Ainda no terceiro estão Emily e Jack, abraçados olhando o mar. Num certo momento eles se beijam rápido, depois viram de costas para ver se alguém viu e começam a rir. Alex desvia o olhar, também rindo. Ele achava que gostava da Emily, mas está feliz por ela. Talvez ele a considere mais como uma irmã mais nova. Uma irmã mais nova mandona e gostosa. Ele ri. Agora parece mais fácil acreditar que ela estava naquela boate, a D. Legs, como uma dançarina apenas para disfarce mesmo. Ela achava que podia roubar o Andrômeda? Bem, ela quase conseguiu. Ele sempre soube, e só usava isso como artifício para perturbar a Emily.
Olha para outro lado do navio. Vinny e Tom estão lutando. Vinny está perdendo. Olha para o segundo convés, bem abaixo do primeiro. Ele reconhece em qualquer lugar o cabelo branco e a calça de couro marrom, um pouco justa demais. Enfim, não faz mal a ninguém que ela use uma calça apertadinha. Ele a vê conversando com Carlos. Jack foi o último a entrar na tripulação, mas Carlos ainda é o tripulante que Alex conhece menos. É muito misterioso, cuidadoso. Ele sabe que Carlos não é humano, mas nem mesmo sabe de que espécie ele é. Ele e Kalyssa estão bem próximos. Não parece ser uma conversa comum, Kalyssa parece estar acuada. Depois de um tempo discutindo Kalyssa sai de perto de Carlos e desce o convés com raiva. Aquela ali está sempre com raiva, mas Alex não sabia que ela tinha tanta intimidade assim com o Carlos. Será que eles...
— Sentido, capitão.
Law está ao lado de Alex, com uma das mãos na cabeça e posição ereta, batendo continência como um soldado.
— Descansar recruta. — Alex responde e os dois sorriem.
Law se apoia no convés.
— Está com ciúme. — Law diz depois de um tempo de silêncio.
— O quê? Eu? De quem, imagina... — Alex começa a rir como se fosse uma piada.
— Ainda estou pensando, não sei se é da princesa ou da Kalyssa. Mas admita, está com ciúme sim. — Law ri.
— Da princesa? Piorou. — Alex volta a olhar para o caminho que o Andrômeda segue. Gira o leme um pouco para a direita.
—Então é da tigresa?
— Não estou com ciúmes de ninguém, esquece isso.
— Não é da Emily né Alê? O Jack teve sorte grande.
Alexander olha para Law com o olhar assassino. Law ri.
— Desculpe, esqueci que não gosta desse apelido.
— Alê? — Ela começa a rir. — Mas que apelido fofo.
Ela se apoia do outro lado de Alex, rindo. Alexander encara Elizabeth e então Law. Law começa a rir.
— Mas olha só, ele não gosta desse apelido. — Law alerta Liz, mas ainda rindo. — Faz ele lembrar do ursinho de pelúcia que ele tinha.
Elizabeth continua rindo.
— E ele dormia com o ursinho? — Ela pergunta.
— Sim, e não deixava ninguém tocar no Sr. Todd, não é? — Law cai na gargalhada, seguido por Elizabeth.
Alex olha para Liz. Por mais que não admita, também sente o impulso de sorrir. Ele abaixa a cabeça e ri, depois levanta de novo e gira mais o leme.
— O que estão achando? O Sr. Todd era muito importante tá bom? — Ele entra na brincadeira. — Todo homem tem um.
— Sí sí, muy macho. — Elizabeth zoa.
Os três riem.
— Não, chega pessoal, chega. — Law para de rir, embora sua boca ainda esboce um sorriso. — Temos que nos concentrar. Já estamos chegando, vamos precisar lutar.
— Não, claro. — Elizabeth para de rir. Ela solta o cabelo, que já estava quase solto e refaz o rabo de cavalo, deixando apenas a habitual franja sobre o olho esquerdo. — Está preparado Alê? — Ela se vira para Alex e tenta conter o riso.
Alex suspira.
— Sim. — Então se vira para Law. — Você não devia ter contado isso pra ela cara...
— Não foi culpa minha. — Ele se defende.
— Agora vou ter que contar o seu apelido. — Alex continua e sorri.
— Awnnn, o Law também tem um apelido fofo? — Ela afina a voz, como aquelas pessoas quando falam com bebês. — Vamos, me conta.
— Não cara, pera aí, não precisa. — Law extingue o sorriso. — Não foi culpa minha ela ter ouvido o nosso papo.
— Desculpa, regras são regras.
— Regras ? A gente inventou aquilo com dez anos de idade Alex! Já não vale mais.
Elizabeth continua com o sorriso no rosto. Ela nem mesmo sabia que Alex e Law se conheciam desde crianças, quanto mais que eram tão bobos e crianções assim. Na verdade, depois disso, ela começa a ver Alex de um jeito um pouco diferente. Continua sendo o pirata arrogante e metido, mentiroso, sem escrúpulos e com tendências homicidas, mas agora ele parece ser carinhoso também. É como se os dois fossem irmãos. Isso a faz lembrar de sua irmã. Quando eram mais novas também viviam implicando uma com a outra. Só pararam quando Katherine completou dezesseis anos e precisou ir para um retiro e treinar para ser a próxima rainha. Elizabeth passou todos esses três anos sem ver a irmã, e estava tão feliz, apesar de tudo, de que sua irmã estava voltando para ver o casamento. Está com tanta saudade. Mas agora, parece que ela nunca mais vai ver ninguém de sua família. Esse sentimento dói em seu peito.
— Claro que vale. — Alexander se pronuncia. — Quando a gente prometeu que nunca mais iríamos dizer a ninguém os nossos apelidos. Se um de nós quebrasse a promessa, o outro também poderia quebrar.
— Caramba, você se lembra mesmo disso?
— Claro. Passei anos pensando em quebrar a promessa.
Os dois riem.
— Falando sério então. — Law diz. — Se for contar a ela, não quero estar por perto. Fui. Tchau regaLiz.
Ele acena com a palma da mão e desce a escada com pressa. Liz ri dele. O único apelido dela é Liz, e não é ruim. Nem é engraçado. A irmã dela costumava perturbá-la com outros problemas. E agora parece que Law lhe deu um apelido também, só para ela entrar na brincadeira. E vamos combinar que foi bem criativo, pelo menos é o que Elizabeth pensa. Regaliz é um doce, não? RegaLiz. Aham, ela continua rindo.
— E então, vai contar? — Elizabeth se vira para Alexander.
— Não. — Alex ainda ri. — Não vou fazer isso com ele. — Ele olha para Liz. — O dele é muito pior que o meu.
— Ah, então tá. — Ela ainda sorri. Passa a olhar para os outros conveses, então passa os olhos por toda a tripulação e depois encara o mar à frente. As rochas estão bem maiores. Falta mesmo muito pouco para chegar lá.
— Acho que você já pode ir. — Alex se pronuncia.
Elizabeth o encara confusa. Ir? Como assim?
— Não precisa lutar. — Ele continua. — Vá para o seu quarto.
— O quê? Você por acaso está maluco? Você viu o que eu fiz agora a pouco? Vocês precisam de mim.
— Você ainda não sabe controlar isso, vai se machucar.
— Não vou não. — Ela fala com a voz firme. — Eu aprendi a lutar, e não tenho mais medo de usar meus poderes.
— Não seja ridícula. — Alex levanta um canto da boca num sorriso debochado. — Você ainda é uma princesinha. Super amadora quando usa uma espada, e mal começou a treinar seu controle sobre a água. Me desculpe, mas para a sua segurança, é melhor você se esconder e deixar os profissionais...
— Profissionais?! — Elizabeth o corta no meio. — O que você acha que eu sou? Não interessa se vou me machucar ou não, eu vou ajudar. Eu vou lutar com aqueles demônios da água e eu vou conseguir mais água de luz.
Alex abre a boca para falar mais algo.
— E você cala a boca. — Ela diz com raiva. — E não se meta mais na minha vida.
E ela sai dali batendo os pés.
— Uau... — Alex respira fundo. — E eu achando que a Kalyssa se irritava fácil.


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Notas finais do capítulo

E aí?