A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 17
Descontrole


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver o que vocês acham desse aqui. ^^



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Ela corre de volta a porta e tenta abri-la girando a maçaneta, mas a porta nem se move. Então ela começa a dar murros da porta e a gritar.

— Edward! Abra a porta! Deixe-me sair daqui! — A garota grita com imperatividade.

— Lamento Lady Mina, não posso fazer nada. — Ele responde do outro lado da porta, com a mesma voz calma de sempre.

— Não! Sir Hommel, não estou brincando. Me tire daqui. — Ela para de bater na porta e se afasta, com as mãos na cintura e encarando a porta.

— Milady, foi a senhorita quem pediu isto. Nada mais posso fazer, senão deixa-la seguir com seu plano.

— Mas...

— Adeus Mina. — É a última coisa que ele diz antes de seus passos ecoarem pelo corredor de mármore.

— Edward! — Ela volta a gritar e a esmurrar a porta. — Por favor! Não me deixe aqui!

Então depois de perceber que ele já havia ido embora, ela se apoia na porta e escorrega por ela até estar sentada, de frente para o pedestal. Eu apenas a observo. Fico pensando o porquê de eu estra vendo isso, por que eu estou aqui apenas como observadora. E como isso começou? Foi quando entrei naquele corredor? Aquela porta estava mesmo no Andrômeda? Isso não importa agora. Só me importa saber quem é essa garota, essa tal de Mina. Encaro-a muito interessada. Ela parecia tão forte e determinada, mas agora parece frágil. Como se me ouvisse, ela imediatamente levanta a cabeça. Então se levanta determinada. Anda em passos fortes até a espada, mas quando achei que ela fosse pegá-la ela para. Fica parada em frente a espada, encarando seu pedestal.

Passa minutos ali. Vou até ela e olho o pedestal, mas não reconheço nenhuma escritura ali. Já aprendi várias línguas em meu castelo (Como minha mãe diz: Uma princesa deve ser culta e boa diplomata. Para isso, deve saber várias línguas.), mas eu nunca vi nenhum desses desenhos em meus livros. Como poderia diplomatizar com um povo cujo idioma eu desconheço? Talvez seja uma língua antiga, muito antiga.

— Entendi. — A garota diz.

Volto minha atenção á ela. Ela respira fundo umas três vezes. Então estende a mão direita à espada e diz o seguinte:

— Aquele que repousa sob as sombras não é capaz de me atingir. — Ela entoa. — E mesmo que me encontre em noite, não temerei seu poder. Pois agora sou eu a nova ama de sua espada. E por mais trevas que ela possa criar, eu ainda serei pura. Darklight, responda ao meu poder. Responda à sua ama. Mina Alvarez Del Mar.

Ela fecha os olhos, e depois de cinco segundos os abre novamente. Mas agora não estão nem verdes nem azuis. Estão negros, completamente negros. Nem as íris são visíveis diante de tanta escuridão. Ela pega o punho da espada, que imediatamente começa a emitir uma luz negra entorno de si e da garota. Mas depois de três segundos a luz desaparece. A cor dos olhos da garota volta ao normal e tudo está bem de novo.

Mina prende a espada em sua cintura, assim como eu mesma faço. Então ela se vira e segue até a porta. Mas antes que eu possa pensar que ela estava presa aqui dentro, nós duas estávamos presas, a porta se abre. Se abre sem nenhum toque da garota. Ela sai do quarto e a porta se fecha novamente. Ouço o som da tranca. Então toda a imagem se perde numa fumaça azul de fogo e tudo fica negro.

¬¬¬

— Elizabeth... Elizabeth, acorde.

O som está longe e ecoando. Algo está balançando minha cabeça, todo o meu corpo. Parece que estou numa rede de dormir. Então percebo que algo está tocando meu ombro, e que é ali que estou sendo empurrada. Tento abrir os olhos e um feixe de luz me atinge. Fecho os olhos novamente, agora me sentindo enjoada.

— Hey, o que ouve? — Outra voz eu ouço, seguida de uma batida de porta.

Onde eu estou? Não reconheço as vozes, tudo parece longe e ecoante. Minha cabeça está doendo e eu dou um gemido. Passos se aproximam.

— O que ela está fazendo aqui? — A mesma voz pergunta.

— Nós a encontramos desmaiada nos corredores, perto da despensa. — Uma voz grave. — Trouxemos para cá.

— Ela está bem?

— Não sabemos. — A primeira voz finalmente fala.

Três pessoas. Tá bom, pelo menos ainda consigo raciocinar. Tento abrir os olhos novamente, dessa vez lutando contra a luz no meu rosto. Mas tudo que consigo ver são manchas marrom avermelhado e branco. Algo quente segura meu rosto e o puxa para o lado, mudando meu ângulo de visão. Está tudo embaçado, mas consigo reconhecer cabelos castanhos e olhos muito verdes me encarando. E ao lado dele manchas bronzeadas, uma com cabelos ruivos e outra com cabelos pretos. Me encaram como se eu fosse um sapo sendo dissecado na aula de biologia. Tento dizer algo, mas acabo soltando um riso meio gemido.

— Ela não está bem. — Os olhos verdes falam.

Reconheço a voz agora. Alexander. Quem é ele mesmo? Por um momento tudo que vem à minha mente é o nome. Acho que faço uma expressão confusa.

— Quantos dedos tem aqui? — Ele estende a mão.

Rio de novo, não sei o porquê, mas rio. A mão dele está manchada, digo, embaçada. Não enxergo nada.

— Dezessete. — Respondo e volto a rir.

Ele abaixa a mão e respira fundo.

Se levanta saindo de perto de mim. Solto um gemido de insatisfação. Não o quero longe de mim. Mesmo que agora tenha me lembrado da palavra pirata, mas não veja sentido algum nela.

— O que ela tem? — A mancha vermelha diz.

Vinny. É o que vem à minha cabeça. E logo depois me lembro do nome Miranda. Gargalho. Miranda e Vinny. Que nomes bonitinhos. Qual a relação? Sardas e cabelos ruivos.

— Parece drogada. — Alex responde.

Poderia jurar que ele está lançando um olhar de acusamento e dúvida para os outros piratas. Rio de novo. Como é bom rir né? Rir... Traz felicidade...

— Prolonga a vida... — Continuo. — Rir é tudo de bom. — E rio de novo.

Os três me encaram.

— Eu não fiz nada. — O de cabelos pretos levanta as mãos se mostrando inocente. Tento imitá-lo levantando as mãos também, mas meus braços despencam em cima de mim e eu dou um gemido.

— Eu também não. — Vinny diz. — Você sabe que ninguém aqui usa.

Alex suspira de novo. Minha visão começa a ficar boa aos poucos. Agora até consigo ver os músculos nos braços dele, mas ainda me sinto confusa. Minha visão fica ótima, agora tudo está nítido. Dou um riso baixo.

— Que lindo... — Soluço. Tampo a boca com as mãos imediatamente, impedindo-me de continuar a frase. Mas não é o suficiente para cessar as gargalhadas.

— Precisamos dar algo à ela, parece até bêbada. — O de cabelos pretos fala. Agora eu o reconheço. Baixinho, corcunda, moreno.

— Sony! — Grito e logo rio.

Ele me encara, aparentemente tendo se assustado.

— Saiam daqui. — Alex põe a mão na testa.

Rindo eu viro a cabeça. Estou no meu quarto. Legal... Levanto o braço esquerdo. Que bom, a dor passou. Agora levanto o direito. Então eu me levanto, e começo a imitar uma múmia saindo do sarcófago.

— Uuuu... — Digo entre risos.

Saio da cama e vou em direção ao Alex, ainda com os braços erguidos.

— Elizabeth. — Ele diz, continuo avançando. — Elizabeth, Liz. Liz!

Quando chego mais perto ele segura meus pulsos e eu me jogo em cima dele. Deixo minhas pernas bambas e quase caio no chão. Ele continua me segurando. Eu continuo rindo.

— Fome... — Ainda imito uma múmia. — Carne...

E mordo a barriga dele.

— Ai. — Ele diz e afasta o corpo de mim, mas ainda segura meus pulsos.

Eu só rio descontroladamente. Ele suspira e então emite um som parecido com um rosnado, que não consigo identificar. Solta meus pulsos e eu caio no chão. Mas mesmo sentindo meus ombros e rosto doloridos, eu ainda não paro de rir.

Rolo no chão até ficar de barriga para cima. Estou suando e minha cabeça ainda dói, mas eu continuo rindo. Gemo e choro, como um cachorrinho. Então continuo rolando. E rindo.

Ele segura meus ombros e minhas pernas, depois me ergue no ar. Me joga na cama.

— Hum... — Rio.

Tento levantar de novo. Mas ele me segura.

— Não... — Reclamo.

Começo a me debater.

— Liz... — Ele tenta me chamar, mas até eu sinto que estou muito distante.

— Arg. — Desisto e fico parada. Ele ainda segura meus ombros. Encaro-o fazendo beicinho.

— Não. — Ele manda.

Choro igual um cachorro de novo. Ouço-o suspirar.

Então eu paro. Seguro as mãos dele no meu ombro quando ele estava prestes a tirá-las de mim.

— Não. — Digo.

— O que houve com você? — Ele pergunta, me encarando nos olhos.

— Não sei. — Finalmente dou uma resposta lógica. — Espada... Dar.. Dra-Dark-Darklight. — Falo, depois me acabo de rir.

Suas sobrancelhas se unem, confuso. Que fofinho, ele todo é fofinho, fofinho e lindo. Tiro minhas mãos das suas e as ponho em seu rosto. Ele as tira dali. Então olha em volta, e num canto do quarto ele vê minha espada.

Sai de perto de mim e a pega. Olha-a, examinando-a. Só agora percebi que não tem mais ninguém no quarto. Quando eles saíram? Rio. Alex traz a espada até mim. Se senta do meu lado na cama, mas ao invés da espada eu não consigo tirar os olhos de seus braços. E abdômen. Ele tinha que estar sem camisa? Pera aí, ele está sem camisa?

— Darklight. — É mais uma pergunta.

Assinto. Ao ver que me movo ele olha para mim. Pisco três vezes.

— Luz, negra. — Digo. — Legal.

— Quer dizer que é culpa dessa espada?

Rolo na cama. Olho para a janela e vejo a luz incessante do sol. Minha nuca e costas doem. Eu dormi naquele corredor o tempo todo?

Ele segura meus ombros e me vira novamente, para olhá-lo. Seus olhos contêm perguntas. Meus olhos contêm desejo. Aperto suas mãos em meus ombros.

— Alex. — Digo seu nome. — Você se importa comigo? — Consigo formular uma pergunta.

Não entendo. É como se não fosse eu ali. Antes, quando eu estava brincando de múmia, eu sentia meu corpo. Eu sentia que mesmo distante, era eu quem estava controlando. Agora parece que é alguém completamente diferente. Uma sombra minha. Rio. Porque apesar de sentir como se não fosse eu, eu sei que são meus desejos, e eu sinto seu toque em mim.

Ele demora a responder.

— Sim. — Diz finalmente. — Por que você estava no corredor?

— Porta. — Digo. — Espada, porta. Porta da espada. — Gargalho.

— Porta? — Une as sobrancelhas novamente. — Não tinha porta lá. Não naquele corredor.

Fico confusa também. Mas então minha atenção se vai dessa pergunta à outra coisa. Seguro suas mãos com força em meus ombros.

— Alex. — Eu o chamo, mesmo já estando ali. — Você gosta de mim?

Ele não responde, apenas me encara. Rio comigo mesma. Então seguro suas mãos e as levo até meus seios, e as seguro ali. Ele demora a perceber o que está fazendo, depois de alguns segundos tira as mãos dali. Rio descontroladamente de sua reação e ponho as mãos no rosto. Minhas bochechas coram.

— Elizabeth, o que aconteceu com você? — Ele pergunta.

— Você. — Respondo e me jogo em cima dele.

Mordisco seu pescoço e sua orelha. Jogo-o na cama com toda minha força e fico em cima dele. Meu rosto queima, mas eu continuo. Rio como nunca ri.

— Elizabeth. — Ele me repreende, mas não me segura.

Passo as mãos pelo seu tórax, braços, pescoço. Beijo seu pescoço, descendo até sua clavícula. Sinto-o suspirar, e isso só me faz avançar mais. Mas quando chego até seus lábios ele me segura. Segura meu queixo com força, tanta brutalidade que dói.

— Não. — Ele diz.

Gemo. Então fecho os olhos e começo a chorar. Saio de cima da cama e caio no chão. Tampo o rosto, ainda chorando. Três lágrimas descem pelo meu rosto.

— Liz. — Ouço seus passos até mim.

— Desculpa. — Digo. — Não sei o que está errado comigo. Eu não queria fazer isso. Aquilo... Foi muito estranho. A garota, a espada, a luz negra. — Soluço, e mais lágrimas descem. — Desculpe.

— O que disse? — Ele se agacha ao meu lado.

Não tenho coragem de encará-lo, não depois do que aconteceu. Agora sinto que sou eu, aqui nesse corpo, controlando tudo. Também sinto que essas lágrimas já estavam lutando para sair há muito tempo. Desde que acordei e percebi que não era eu no meu corpo. Agora a dor é ainda mais forte. Meus ossos parecem estar todos quebrados. Minha cabeça lateja ininterruptamente. Até chorar machuca. E as lágrimas parecem evaporar com o rubor em meu rosto. Meu corpo parece estar queimando.

Então me vem à cabeça algo que não tem nada a ver com a situação. Um outro problema, ao qual me agarro como uma válvula de escape para fugir disso. Para esquecer o que aconteceu.

— Jack. — Digo. Levanto a cabeça, mas ainda não olho para Alex. — E Kalyssa. Temos que pegar mais água de luz. — Finalmente olho para ele. Seus olhos verdes estão confusos me encarando. — O efeito não vai durar muito.

Então sua expressão muda. E assim como eu, ele se desfaz desse problema e vai para outro. Se não encontrarmos mais água de luz, muito rápido, Kalyssa e Jack vão morrer.

¬¬¬

— Vocês tem que ser mais rápidos. — A garota diz.

— Estamos chegando, não se preocupe querida.

Valtor conversa com ela através de um espelho. Um espelho mágico criado pelos últimos bruxos que já habitaram Tyron. Já não existem mais tantos como esse. A garota suspira. Valtor sorri em seu navio, agora reconstruído.

— Eu vou pegar essa garota. — Ele diz. — Agora, ainda mais motivado.

Demorou muito para reconstruir seu querido navio. E agora, Valtor quer se vingar.

A garota fecha o espelho. Só precisa esperar.




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Notas finais do capítulo

Uhuu! Entendi o editor de texto, agora tá direitinho. Algum erro? Claro que não! Haha.
Então... EU particularmente amei esse cap, mas são vocês que decidem. E aí?