A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 16
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

~(Boom badom boomboom baby...
Ah, olá gente. Então, aqui mais um cap especial.
Uhum, leiam meus queridos. Leiam, ou eu mato vocÊs.
~brincadeira
É né.
Beijos honney, byee



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— E aí?
— E aí o que? — Alexander pergunta.
— E aí oras, comeu? — Law continua.
Alex vira para Law. Os dois estão no convés de comando, o primeiro convés. Enquanto Alex retifica o curso do navio, Law está ao seu lado apoiado no parapeito. Ele sabe exatamente a que Law se refere, pois ele ainda não se esqueceu disso, mas apenas ri.
— Anda logo Alê, ein? Kalyssa? Sozinha, quarto? Desembucha. — Law prossegue, também rindo.
— Já mandei não me chamar de Alê! — Alex reclama.
— Que isso cara, é seu apelido desde criança. Haha. — Law dá um soco brincalhão no ombro de Alex, que retribui com um não tão brincalhão assim. Os dois ainda riem.
— Quer que eu comece a chama-lo pelo seu apelido de criança?
— Hã, o quê? — Law se faz de desentendido. — Pelo amor de Deus, não Alê!
— Tá legal, você pediu. — Alexander fala.
Um. Dois. Três segundos de silêncio.
— Não vai falar? — Law diz.
— O que? Aqui sozinho com você? Nem pensar, seu verdadeiro nome se revelará ao amanhecer. Na frente de todo mundo. Muahahahahahaha. — Riso malvado.
Law dá outro soco em Alex, mas ele desvia e Law com seu tamanho todo quase cai no convés. Alexander morre de rir.
Law se levanta desengonçado, com uma gargalhada no rosto. Law é grande e moreno, mais alto que Alex e tem o péssimo hábito de ficar sem camisa, até quando está de noite. Pelo menos é o que pensa Alex, que está com uma blusa branca de algodão por baixo do habitual colete vermelho aberto, apenas para se proteger do vento noturno. Os dois, Law e Alex são amigos desde crianças, desde quando nem pensavam em roubar um navio e se tornar piratas. São como irmãos.
— Não cara, vamos falar sério. — Law fica de pé ao lado de Alex. Uma onda bate com força no Andrômeda e ele se desequilibra, mas se segura ao parapeito. Alex tenta segurar o riso.
— À vontade recruta. — Alex diz.
— Aliás, ainda bem que você tocou nesse assunto. — Law cruza os braços. — Por que a Kalyssa é sua imediata e eu sou só mais um tripulante?
— Ciúme? — Alex ri.
— Não, você não entendeu. — Law também ri. — Por que você...? — Ele olha para Alex e é como se uma lâmpada acabasse de se acender em sua cabeça. Ele começa a rir descontroladamente.
— Que foi? — Alex não entende a piada.
— Você e a Kalyssa. Tá legal, não é novidade.
— Poxa cara! — Alex reclama e vira o leme para a esquerda e logo depois para a direita. Law cai no chão. Alex ri, mas quando se lembra que Elizabeth chegou a fazer o mesmo com ele, ele para de rir. — Estou falando sério Law, eu não fiz nada.
— Tá legal, vocês dois, sozinhos num quarto, e ela nua. — Law olha Alex da cabeça aos pés. — Claro. — Ele ri debochado. — Não fizeram nada.
— Law...
— É assim que se chama agora? — Law ainda ri.
— Falou, chega.
Alexander larga o leme e vai para cima de Law. Ele é menor que ele, mas ainda assim avança com socos e arranhões. Os dois caem no chão trocando inúmeros golpes até a camisa de Alex começar a rasgar. Mas não param de se bater.
— Uau...
O leme começa a girar descontroladamente para a direita, obrigando o barco a uma curva fechada. Law e Alex rolam pelo convés e batem no parapeito. Ao perceberem o que está acontecendo, se levantam.
— Eu não tinha quebrado isso? — Elizabeth corre para o leme e o segura, virando-o para a esquerda, mas não tira os olhos do pedaço onde Law e Alex bateram. — Eu quase caio no mar, mas quando vocês batem, fica tudo bem?
— Vai ver é o peso. — Law responde brincalhão avançando até Elizabeth.
— Por acaso está me chamando de gorda? — Ela indaga. Pelo seu olhar, Law percebe que não deve responder. Ele apenas ri.
Alexander empurra Elizabeth, que solta o leme e o deixa nas mãos de Alex, mas não voluntariamente.
— Ei! — Ela reclama.
— Eu sou o capitão aqui. — Ele coloca o Andrômeda de volta no curso.
— Eu sou uma filha do mar. Quer melhor capitã que eu? — Elizabeth cruza os braços e encara Alex com um sorriso desafiador.
— Ela está certa. — Law se pronuncia. Então se vira para Liz. — Você tem mão firmes, ótimas para controlar. — Ele sorri pegando nas mãos de Elizabeth. — Macias...
Elizabeth ri um pouco sem graça. Seu rosto começa a ficar quente. Law até que é bem bonito, se comparado à Sony ou ao Tom. Só que nenhum deles já a tocou desse jeito. Ela afasta a mão sutilmente, não querendo magoá-lo ou coisa do tipo. Sorri.
— Obrigada. — Agradece. — As aulas de tecelagem no castelo devem ter ajudado. — Ela ri ainda sem graça.
— Ouviu Alex. — Law fala para Alex, que não tira os olhos do mar à sua frente. — Ela sabe trabalhar com as mãos.
Law ri, logo seguido de Alex, que chega a apoiar a testa no leme e pôr a mão na testa. Demora um pouco para Liz perceber o duplo sentido na frase. Ela sente seu rosto queimar como se estivesse num vulcão.
— Alex. — Ela chama. Ele levanta a cabeça e continua com os olhos no mar, encerrando o riso. — Preciso conversar com você.
Alexander suspira.
— O que você quer princesinha?
— Primeiro que pare de me chamar assim...
— Impossível. — Alex fala.
—... E mais uma outra coisa.
— Acho que já vou sair, tchau Liz. — Law se despede.
Quando Alex o olha, ele dá uma piscadela e aponta sutilmente para Elizabeth, com seus dois dedos indicadores acima da cabeça dela. Ela está de costas, mas sabe o que ele está fazendo e começa a rir nervosamente. Alex olha sério para Law até ele descer as escadas do primeiro convés.
— Então, eu queria perguntar... — Liz diz.
— Shh. — Alex a interrompe.
Ela espera. Law desce a escada do segundo convés e atravessa o terceiro. Olha para trás antes de descer o alçapão. Quando Law o olha Alex levanta a mão direita e lhe dá o dedo do meio. Law faz uma carinha triste, como se tivesse ficado muito magoado. Desce de cabeça baixa. Mas quando já não pode mais ser visto, levanta o braço e também dá dedo à Alex. O riso dos dois ecoa pelo navio quase todo.
Elizabeth também ri, agora mais naturalmente.
Então ela começa a fazer as perguntas. De quem Alex é filho, como ele e Luke podem ser primos, por que ele não ficou para governar Galatéia. Alex evitou cada pergunta que ela fazia, mas no final acabou respondendo tudo.
— Então quer dizer que... — Elizabeth diz. — Acho que meu verdadeiro noivo é você Alex.
Ela ri como se aquilo fosse uma brincadeira. Alex continua sério.
— Olha só, eu já respondi suas perguntas. Agora vaza.
— Não, espera. —Ela continua. — Quer dizer que seu pai, o irmão do pai do Luke, fugiu porque não queria governar? Aí ele virou pirata, fez esse navio e tudo mais.
Alexander assente, ainda olhando para o mar.
— E quando ele teve você, te levou até Galatéia e foi quando você conheceu Luke? — Alex assente, Liz continua. — Mas você não quis ficar lá, como seu pai, e decidiu ser pirata também. Fim da história? Sou a única aqui que acha que faltam mais coisas?
— Eu já te contei até demais. — Alex se vira para ela. — Quer saber mais? Pergunte ao seu príncipe. — Ele diz a palavra como se lhe trouxesse um sabor amargo.
— Eu não vou sair daqui. — Ela cruza os braços.
Depois de um segundo encarando-a, Alex larga o Leme e se afasta.
— Tudo bem, já que gosta tanto daqui. — Ele abre a porta de sua sala/escritório/quarto. — E quer tanto ser capitã. — Ele ri enquanto ela o observa atônica. — Que tal controlar o navio?
Ele não espera resposta, foi uma pergunta sarcástica. Entra e fecha a porta com força quando Elizabeth abre a boca para dizer algo. Ela não consegue pensar em nada inteligente para dizer. Mas não pode deixar o navio sem guia. Mesmo assim, não acredita que Alex realmente tenha-a deixado no comando. Ela cruza os braços e bufa.
— Idiota! — Ela grita, certa de que ele ainda a ouve.
— Princesinha mimada. — Ela o ouve resmungar.
Sorri. Ela desce as escadas, e quando já está no terceiro convés, ouve a porta abrir. Ela olha para trás, mas não é Alex que ela vê. Seu sorriso desaparece. Kalyssa sai do quarto, enrolada num lençol e com um sorriso de bochecha a bochecha. Liz fecha a cara e aperta o passo. Sai o mais rápido que pode dali.
¬¬¬
Tudo que eu queria era dormir. Só isso. Uma boa e longa noite de sono. Mas adivinha? Ainda não consigo. O que me incomoda tanto? Bocejo. Nossa, eu saí do quarto e o Luke nem percebeu. Poderia estar sendo sequestrada ou sei lá. Só que eu ainda não entendo, como eles podem ser primos? Não. Não é algo tão importante assim, não é nada demais. Só uma grande coincidência.
Quer saber, eu não consigo dormir, então vou sair daqui. Levanto da cama afastando os lençóis de mim. Olho para o chão e vejo Lukeon do outro lado da cama, dormindo. Já que eu não vou dormir, eu podia deixa-lo ficar na cama, não é? Melhor não arriscar. Além do mais, estou de mal humor. Ouvi dizer que isso é contagioso, não quero deixa-lo assim também. Ando nas pontas dos pés até o guarda roupa. Foi ali que eu guardei minha espada, aquela coisa linda e afiada negra como obsidiana. Nunca imaginei que um dia eu fosse ter uma espada, quanto mais conseguir lutar com ela. Rio. Parece que estou quebrando inúmeras regras da minha mãe.
Uma princesa nunca age por impulso. Uma princesa não grita nem perde o controle. Uma princesa nunca tira o espartilho. Nossa, esse é o pior. Fico eternamente grata por não precisar usar aquela coisa agora. Só que, me olhando no espelho, eu reconheço que fico bem melhor com ele. É que eu nunca obedeci à regra “Uma princesa nunca se empantufa de comida, muito menos doces”. Sorrio ao ter a lembrança. É, acho que estou com saudade da minha mãe. Caramba, será que estou fazendo certo? Será que eu não estou magoando a Rainha Genevieve? Devo mesmo procurar meu verdadeiro pai? Essa não... Depois de todo esse tempo com esse objetivo em mente, eu ainda não havia pensado em como isso pode ser possível. Será que eu sou adotada? Ou pior, será que sou bastarda?
Abro a porta do guarda roupa. Empunho minha espada. Sou filha de um pirata, usar uma espada deveria estar no meu sangue. Será que minha mãe e esse rei do mar...?
— O que está fazendo?
Viro-me depressa. A voz dele está baixa, como quem se obriga a acordar e logo começa a falar. Sem perceber, meus lábios formam um sorriso.
— Nada, só não consigo dormir. — Respondo em sussurros, como se alguém no quarto ainda dormisse.
— Isso é uma espada? — Provavelmente seus olhos mal estão abertos.
Coloco a espada atrás de meu corpo com o punho para cima. Sorrio descontroladamente.
— Não. Volte a dormir.
Avanço até ele, de frente, evitando que ele veja a espada.
— Aonde pretende ir? — Ele pergunta, já mais desperto.
— Apenas ao convés. — Depois de um minuto de silêncio. — Não se preocupe, já faço parte da família.
Deve estar muito escuro para ele ver que escondo a espada, porque ele deita-se de novo e se cobre. Que bom, acho que ele também não deve ter preocupações com o resto da tripulação. Todos aqui me tratam muito bem.
— Tchau, volto logo. — Digo e passo pela porta.
— Tch-au... — Ele fala entre um bocejo.
Rio baixinho. Acho que estou começando a gostar do Luke. Príncipe de Galatéia. Não que eu seja muito ligada em títulos, mas até que combina com ele.
Sigo o corredor até a escada que sobe ao terceiro convés. É bom saber que já sei o caminho. Então no meio da escada eu paro e penso. Eu acabei de sair de lá de cima. Eu não estava bem. Não, foi porque eu vi a Kalyssa saindo do quarto do Alex. Quer saber, acho que vou explorar um pouquinho mais as coisas aqui em baixo. Volto a descer as escadas.
O mar nina o navio com um balanço sutil. Aprendi a gostar disso. Sigo os corredores etiquetando mentalmente as salas que já conheço. A sala de reunião, onde encontrei o resto do pessoal logo depois do ataque daquele pirata... Ele nem falou seu nome. Que cara mal educado né? Rio enquanto continuo andando. Lembrar daquilo ainda me trás calafrios. Até o momento em que eu perdi a consciência... Foi quando eu salvei todo mundo. Só me lembro de água para todo os lados. E desde aquele dia eu ainda não tentei controlar água de novo. É que a sensação foi tão ruim, eu senti como se estivesse fora do meu corpo. Como se aquela não fosse eu.
A sala de jantar. Onde pela primeira vez eu tomei uma bebida alcóolica. Primeira e última, ainda sinto um pouco da ressaca. E foi só isso que eu conheci aqui em baixo... Muito pouco.
Passo por uma outra porta, ela é negra e têm um X bem grande, de aço, trancando-a. Isso só atiça mais a minha curiosidade.
— O que será que há aqui...
Me aproximo da porta.
— Não faça isso. — Uma voz diz atrás de mim.
Me viro, mas não vejo ninguém. Era uma voz masculina... Grave e talvez um pouco distante. Não, deve ter sido coisa da minha cabeça. Me viro novamente para a porta, me abaixo para olhar pela fechadura.
—Já falei Donatéia, não abra. — A voz repete.
Uma explosão de luz azul invade o lugar. Parecem chamas vindo do ar. Me assusto e fecho os olhos, acabo caindo para trás sentada no chão.
—Eu preciso. — Ouço uma garota falar. Sua voz é doce e jovem. — Preciso saber o que há aqui.
Abro os olhos. Meu queixo cai, mas nenhuma palavra se pronuncia. Estou num lugar completamente diferente. Um corredor de mármore branco se estende até onde termina minha visão, desde as paredes até o chão. A porta ainda está ali, mas agora ela é completamente negra, da cor de minha espada. Exceto pelo X de aço, que ainda é o mesmo. Há uma garota em frente á ela. A garota é mais alta que eu, tem cabelos longos e lisos, cor de avelã. Pele clara e usa um vestido branco de renda e babados, sem faltar a meia calça branca e as sapatilhas pretas de época. Ela está de costas e não consigo ver seu rosto. Me empurro para trás até minhas costas baterem na parede em frente à porta.
— Você sabe muito bem o que há aí. — O homem fala.
Meu rosto segue a origem da voz, virando para a esquerda. Um homem alto e moreno, com cabelos grisalhos e queixo quadrado. Ele tem olhos escuros, muito escuros, totalmente negros. Me lembram os olhos do Carlos, um dos tripulantes do Andrômeda. Só conversei com ele uma vez, mas com certeza reconheço os olhos. O homem, que usa roupas um pouco menos elaboradas que a jovem, se aproxima dela.
A garota se vira para ele, e consigo ver os olhos verdes. Tão verdes que parecem superficiais. Mas provavelmente não são.
— A espada. — Ela diz. — E você sabe que preciso dela.
O homem balança a cabeça. Parece estar tentando se impedir de cumprir algo, uma promessa ou algo do tipo. A Miranda faz a mesma coisa quando recebe ordens de não me deixar sair do quarto até às dez horas da manhã, ela hesita quando peço para sair. Ele tenta convencer a garota, mas ela ainda quer abrir a porta. Me levanto.
— Oi... ? — Falo. Eu estendo a mão, para tocar a garota, mas minha mão atravessa seu ombro deixando um rastro de luz azul que desaparece pouco depois. Reprimo um grito de surpresa. Minha mão está muito gelada.
— Não, não precisa milady. — Ele diz.
— Dê-me a chave Sir Hommel. — Ela exige, estendendo a palma de sua mão.
O homem suspira, vencido.
— Sim, milady. — Ele abre o paletó e tira do bolso interno uma chave. A chave ocuparia quase a minha mão inteira, é de ferro e tem um círculo na ponta. Não há nenhum desenho, nenhuma indicação de para quê ela serve. É apenas uma chave. Ele a põe nas mãos da garota.
— Obrigada. — Ela o olha nos olhos. Por um momento eles deixam de ser verdes e se tornam azuis escuros, mas então voltam ao verde. Foi tão rápido que eu juraria que foi coisa da minha cabeça, mas ultimamente eu ando acreditando em tudo.
A garota põe a chave na fechadura e a gira lentamente. Click. Ela segura a maçaneta de aço e a gira. A porta se abre com um rangido, e quando está completamente aberta eu vejo. Lá dentro, sobre um pedestal de pedra coberto de vários entalhos e escritos, está ela. A linda espada de obsidiana. Ao vê-la, olho imediatamente para minha cintura. Eu acabara de embainhá-la quando saí do quarto, mas agora não está mais aqui. Está lá.
A garota entra no quarto. Eu a sigo. Então um estrondo se faz atrás de nós. Olhamos para trás. A porta está trancada.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Muahaha.