A Maldição Do Dragão escrita por Julie


Capítulo 36
Um Rei com Asas


Notas iniciais do capítulo

Oieeee... não demorei tanto dessa vez né?



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POV Kenna

Eu me preparo para derrubar o centauro, afinal de contas ele é só cavalo turbinado, seria fácil fazê-lo comer terra, um golpe com a força e a precisão certas em uma de suas patas seria o suficiente para tal. Mas ele é parado no meio de sua investida contra mim por um outro centauro que se coloca entre mim e ele.

O que pensa que está fazendo Atys?– Pergunta o líder furioso.

Eu pergunto o mesmo.– Replica o tal de Atys. - Não viu o que ela tem no pescoço?– Então ele sai da minha frente e o líder encara o pingente de flor perdurado em mim.

A Flor da Vida.– Ele diz entre dentes. - Isso não quer dizer nada.

– Eu acredito que sim, ninguém além dos Mestres do Templo podem usar o Símbolo Sagrado.– Atys declara e o líder resmunga algo inaudível. - É melhor levarmos eles até o nosso rei, não quero ser amaldiçoado por sua causa.

Está bem.– Fala o centauro porém não se dá por vencido. - Mas não gosto nada da idéia de levar esses forasteiros para nossa cidade, podem ser Kolens* disfarçados.

– Não me parecem Kolens, mas se for assim, os Mestres saberão como lidar com eles.– Diz Atys por fim e o líder se convence.

Somos escoltados, rudemente devo dizer, por uma pequena floresta. Quando menos esperava damos de cara com um grande portão de ferro, em cima da muralha de pedras, também enorme, estão vários soldados que pra minha surpresa são de várias espécies de criaturas místicas, umas eu já conheço, como anões, harpias e até elfos. Mas outras criaturas nunca imaginei que existissem, como a que pula até nós de cima da muralha. Ele , obviamente um macho, é alto e forte, mas o que me chama atenção é sua pele, ou melhor pêlo, que é dourado com manchas marrons, cobrindo dos pés a cabeça. Posso ver garras no lugar de unhas, não são grandes, mas parecem ser muito afiadas. Seu cabelo é grande e desgrenhado, completamente negro assim como seus olhos.

O que trouxe com você irmão?– Pergunta a criatura mostrando os dentes.

Encontramos eles enquanto caçávamos irmão.– Responde o líder dos centauros, que até agora não sei o nome. - Nós vamos levá-los para o rei.

E sem dizer mais nada a criatura faz um gesto e o portão é aberto. Somos empurrados para dentro da cidade, que é mais bonita do que pensei. Mergulhamos entre um mar de criaturas, cada uma mais estranha que a outra, caminhando de um lado para o outro, cada um com seus afazeres. A cidade se parece com outra qualquer, exceto é claro pela diversidade de seus moradores. Caminhamos por ruas largas e logo fomos parar em uma lindíssima praça; era ampla, seu calçamento era diferente dos das ruas, que tinham pedras cinzas, por aqui era tudo dourado, quase como se fosse feito de ouro, uma grande estátua se erguia imponente no centro, era a mesma que vimos antes, a estátua de um rei. Se parecia com um homem, mas diferente em vários aspectos como os olhos que eram maiores que de um ser humano comum e mesmo assim não entendo porque os centauros perguntaram o que nós erámos, afinal, tem estátuas bem semelhantes a nós. Passamos pela estátua e vamos na direção de um edifício espetacular, obviamente o palácio real; é diferente de tudo o que já vi, tem enormes torres nas laterais, não redondas como o palácio do elfos, mas quadradas e entalhadas com seres etéreos, tenho certeza que são os Seres da Luz. Sou empurrada escada acima antes que pudesse apreciar os detalhes do lugar, rapidamente entramos no palácio. Os guardas não nós detêm, o líder faz um cumprimento com a cabeça e eles devolvem com respeito, deve importante por aqui, não é a toa que quis me matar quando eu o desrespeitei, está acostumado a ser admirado e temido. Quando dou por mim, já estamos na presença do rei, que não é nada do que imaginei.

Meu senhor Valdur– Diz o centauro se curvando e todos os outros o acompanham.

– Morgue.– Fala o rei. Então esse é nome do líder dos centauros. - Como foi sua caçada?

Não muito boa meu senhor.– Responde Morgue se endireitando. - Encontramos essas criaturas no Bosque de Vilia. Não sei o que eles são, reconheço entre eles apenas um elfo, por isso achei melhor trazê-los até o senhor.– Então somos empurrados para frente e obrigados a ajoelhar.

Fez muito bem Morgue, mas esse não é jeito de tratar uma princesa.– Diz o rei estendendo a mão para mim e me levantando, agora posso vê-lo melhor. Realmente é diferente do que imaginei, das criaturas que vi por aqui é o que mais se assemelha com humanos, é alto como Feo, porém sua pele é branca, quase transparente e seu cabelo é igualmente branco, penteado para trás e curto. Ele tem os olhos mais azuis que já vi; veste uma túnica aberta na frente, totalmente dourada, presa com um largo cinto de ouro, por baixo usa calça e camisa branca. Poderia se passar facilmente por um humano, se não fossem suas enormes e belas asas prateadas. É o homem mais bonito que já vi.

Como você sabe?– Foi a única coisa que me veio a cabeça neste momento.

Como sei o que?– Ele sorri graciosamente.

Que eu sou uma princesa?– Pergunto eu abobalhada.

– Alguém tão linda como você só pode ter sangue real.– Diz o rei galanteador e eu me sinto enrubescer. - Mas digamos que eu sei distinguir as pessoas e no momento que a soube que era uma princesa. Assim como sei que estes três também tem sangue real. - Aponta para Feo, Terry e Luc que já se levantaram e estão atrás de mim.

Impressionante.– Fala Terry pela primeira vez, me admiro que tenha se controlado até agora. - Será que agora podem parar de nos tratar como prisioneiros?

Mas é claro.– Afirma o rei Valdur. - Assim que me disserem quem são e como vieram parar em Tessália.

É uma longa história.– Eu declaro.

Sem problemas.– Diz ele se sentando novamente no trono e acena para que os centauros saiam. - Tenho todo o tempo do mundo.

******

Eu não como explicar o que fiz, mas contei tudo a Valdur, exatamente tudo. Sobre a Maldição e sobre a jornada que estamos fazendo até a Caverna da Morte, disse a ele que preciso passar por Tessália para chegar lá.

Eu entendo que estão numa jornada importante.– Ele falou depois de me ouvir pacientemente. - Mas quero que compreenda que estamos passando por um período difícil em Tessália.

Isso tem a ver com os Kolens?– Eu digo.

O que sabe sobre o Kolens?– Ele rebate.

Nada.– Respondo. - Apenas ouvi os centauros falarem deles.

Sim, tem tudo a ver com os Kolens.– Valdur responde com cuidado. - Estamos em guerra contra eles e a situação está difícil, não vejo como vocês podem ir até a tal Caverna por aqui, nem imaginava que fosse possível alguém de fora entrar em Tessália.

– Deve existir algum caminho que leve para fora daqui, mas diferente do que viemos é claro.– Afirmo na esperança que Valdur nos ajude.

Podemos procurar, mas isso não será hoje.– Ele se levanta. - Devem estar cansados e a noite já vem. Eu os convido para cear comigo.

Aceitamos com prazer.– Eu me apresso em dizer e ele puxa uma corda que está ao lado do trono, logo um anão aparece fazendo uma reverência.

Meu senhor.– Diz o anão.

– Lort, estes são meu hóspedes, providencie aposentos para que eles possam se lavar e descansar até a ceia. - Valdur ordena.

Sim meu senhor.– Fala o anão fazendo a reverência novamente. - Como quiser meu senhor. Siga- me por favor.

Seguimos Lort e ele nos leva por vários corredores, paramos em um e ele indica para os rapazes e Minna seus respectivos quartos, antes de entrar no seu , Terry me lança um olhar reprovador, obviamente ele não gostou que eu tenha dito tudo para o rei, pra dizer a verdade eu mesma não entendo por que fiz aquilo. Lort me leva para o outro extremo do palácio.

Meu aposento é espetacular, mais bonito do que o meu quarto em Elgan, é espaçoso e tem muitos móveis, a cama é dourada, como tudo por aqui, me deito preguiçosamente quando o anão me deixa sozinha, o colchão é macio e aconchegante. É um quarto de rainha. Entro no banheiro, que é o maior que já vi, a banheira já está cheia; tiro minhas roupas e entro na água que está na temperatura que eu gosto, bem quente. Num balcão próximo, ao alcance das mãos, estão vários vidros de xampus, óleos, perfumes e sabonetes, ao sentir a fragncia, vejo que são de jasmim, minha essência favorita. Depois do banho demorado volto para o quarto e me deparo com um vestido estendido na cama, ele é branco como detalhes azuis nas mangas e na barra, é simples e lindo do jeito que eu gosto. Me visto e arrumo meu cabelo numa trança mais elaborada, afinal de contas eu cear com um rei, coloco o colar que encontrei no pescoço da sentinela, havia o tirado para tomar banho, sinto como se ele agora fosse meu. Ouço batidas na porta e vou atender.

O rei gostaria que se juntasse a ele na ceia senhora.– Diz Lort.

É claro. - Eu sorrio para ele. - Os outros já estão lá?

Logo estarão, não se preocupe.– Lort fala e eu o sigo novamente pelos corredores. Depois de uns minutos estamos na sala de banquetes do rei.

Está linda.– Valdur elogia. - Espero que tenha gostado do vestido, achei que cairia bem em você.

Obrigada é lindo– Agradeço sem jeito. - Onde estão os outros?– Pergunto ao perceber que estou sozinha com o rei.

Eles logo virão, pedi a Lort que a trouxesse primeiro.– Ele fala e se aproxima de mim. - Mandei preparar os melhores manjares para você. Sente-se por favor.– Aponta para uma mesa baixa, feita para comer sentados no chão, várias almoçadas estão espalhadas ao seu redor, sobre ela tem todo tipo de comidas doces e salgadas.

Eu me sento e ele se senta ao meu lado, e então eu percebo que algo está errado. Tudo tem acontecido de uma maneira muito estranha desde que conheci o rei, o quarto longe dos outros, o banho, os perfumes, o vestidos, tudo do jeitinho que eu gosto e agora este banquete que ele diz ter preparado para mim, e realmente só consigo ver meus pratos favoritos na minha frente.

O que está havendo?– Pergunto séria para o rei.

O que quer dizer?– Ele indaga inocentemente.

Acha que sou ingênua?– Eu me levanto já furiosa. Eu pensei que Valdur fosse bom, mas sinto que ele trama alguma coisa.

Não entendo o que ...– Ele tenta disfarçar.

Não se faça de bobo.– Eu falo entre dentes. - Onde estão os outros?

Num lugar especial.– Valdur fala friamente e todos os meus sentidos disparam em alerta. Como não percebi antes?


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Notas finais do capítulo

*Kolens: Explicarei o que são mais pra frente.

Então, acho que me superei desta vez não é? O cara tem asas. E não foi inveja de vc Adelia. rsrsrs