A Maldição Do Dragão escrita por Julie


Capítulo 2
Como assim eu sou humana?


Notas iniciais do capítulo

Bom, parece que só tenho uma leitora até agora... Mas não é qualquer leitora, é minha querida Adelia. Então estou animadíssima pra continuar...



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POV- Kenna

Sonho on:

" Eu estava no campo de tulipas novamente, e ele também estava lá. Ele sempre estava lá. Olhei nos seus olhos cor de âmbar e me senti como uma adolescente boba. Mas essa reação já era esperada. Ele me lançou aquele olhar de sempre, brilhante, quente; sorriu ao me ver corar. Abaixei a cabeça envergonhada, eu não tinha culpa se seu olhar me queimava por dentro. Caminhou até mim como sempre fazia, não falou nada, ele nunca falava. Tocou em meu rosto e eu senti seu calor tomar meu corpo. Era estranho como sempre. Eu me encostei em seu peito desejando por mais, não era um desejo carnal ou latente como os casais sentem quando se tocam. Era um desejo puro e simples, eu ansiava apenas pelo seu calor, ansiava sentir sua energia eternamente no meu corpo. Meu desejo também já era esperado. Afinal eu amava o calor, o fogo, o sol. E quando ele me tocava era como se o próprio fogo me tomasse. Mas então ele tirou sua mão de mim e se afastou. Olhei pra ele assustada, isso não era esperado. Não era assim que sempre acontecia. Ele passou as mãos em seus cabelos dourados e sorriu novamente. Eu estremeci, não era o sorriso acolhedor de sempre, era um sorriso maldoso, quase sádico. O calor abandonou meu corpo e o medo tomou seu lugar. Ele ergueu seu braço direito e em sua mão havia um punhal. E com fúria ele se lançou sobre mim mirando em meu peito...

Sonho off.

Abri meus olhos assustada. Fora só um sonho. Ele era sempre um sonho. Mas dessa vez foi diferente, ele me atacou, tentou me matar. Nunca tinha acontecido antes. Eu suava como sempre depois de sonhar com ele. Olhei em volta e vi meu pai conversando com a Velha.

– Eu já lhe pedi pra não falar mais sobre isso- Ele dizia com sua voz baixa, eu sabia que estava furioso- Ninguém pode saber, muito menos a Kenna.

– Meu senhor- Falou a Velha- Não pense que quero revelar seu segredo, mas não poderá esconder isso de Kenna por muito mais tempo. Logo ela saberá, logo todos saberão.

Não ouse contar a ela– Ele olhou para a Velha com fúria- Se não eu me esquecerei de sua idade e ...

Já lhe disse que não desejo revelar seu segredo– Ela o interrompeu- Mas ela saberá e isso é inevitável.

Do que estão falando?– Perguntei e os dois me olharam surpresos.

Não é nada minha pequena– Disse meu pai se aproximando de mim- Que bom que você acordou– Ele abraçou forte e soltei um gemido de dor- Desculpe. Como se sente?

Eu me sinto bem.- Mentira, meu corpo todo doía. Maldita Sirix.

Ótimo– Ele me olhou sorrindo, sabia que eu estava mentindo- Quando amanhecer eu a levarei para Elgan.

Voltar para capital tão cedo?– murmurei chatiada, as provas mal haviam começado- Ainda tenho muitas provas para fazer, não posso me dar ao luxo de perder alguma se eu quiser me tornar uma Guerreira.

Você está ferida Kenna– Disse ele com sua enorme paciência para comigo, meu pai sempre suportava minhas birras- Não pode se dar ao luxo de ficar doente. E além disso eu já cancelei tudo. Todos vão voltar para suas casas ao amanhecer e você vai comigo para palácio se recuperar dessa sua arte.

Ah sim! Como se eu tivesse sido ferida de propósito por uma Sirix. Foi o que pensei em dizer mas não disse. Eu me calei.Não tinha jeito. Eu iria voltar para o palácio. Dessa forma eu só iria conseguir ser uma Guerreira quando completasse trinta anos! O que é muito tempo já que eu só tenho vinte e um. E tudo culpa daqueles pestinhas! Mas eles iriam me pagar. Eu suportei tudo o que eles fizeram comigo até agora, mas dessa vez eles passaram dos limites. E eu já sabia o que fazer. Não que eu fosse uma irmã malvada ou nada disso, mas eles precisavam de uma lição. Principalmente Alia, que era o cérebro do grupo. E com esses pensamentos eu voltei a dormir.

Uma semana depois...

Eu estava passeando pelos jardins do palácio. Já tinha se passado uma semana desde o "incidente" com a Sirix e meu pai ainda não deixava sair. Eu me recuperei rápido, mas ele não quis saber, ' Se você sair vai se meter em encrenca novamente, você tem o dom de arrumar confusão' e com essas palavras ele encerrava o assunto e eu fiquei presa no palácio. Meu pai pensa que eu saio pela capital procurando brigas com qualquer um. Ma não é bem assim. Tudo bem que teve uma época que eu chegava em casa com um olho roxo quase todos os dias, mas não era culpa minha. Era culpa dos outros oras! Alguém sempre mexia comigo. Quando não era aqueles bobões metidos a galãs que tentavam passar a mão em mim, era aqueles metidos que me chamavam de " mestiça" ou " fedidinha", tudo isso porque eu era meia humana e eles diziam que humanos fediam. Bom, daí já da pra saber o que acontecia, eu partia pra cima e acabava brigando com todo mundo. Eu sei que eu pareço mais humana do que elfa, só que isso não é um defeito, é? Eu estava perdida nesses pensamentos quando ouço meu nome ser gritado com raiva. Eu conhecia aquela voz, era Alia. Certamente meu pai já deve ter dado a "notícia" a ela, e como Alia não era boba percebeu que era ideia minha.

Como você pode fazer isso comigo? – Gritou tão alto que certamente o palácio todo ouviu - Responde Kenna! Anda me diz! Como foi capaz de fazer isso comigo?

Fazer o quê? – Perguntei me fazendo de inocente

Não banque a inocente comigo Kenna, você sabe muito bem do que estou falando – Berrou ela de novo - Que idéia é essa de convencer o papai a me mandar para Golan para ser discípula da Velha?

Eu sorri para Alia. Isso mesmo, eu convenci o papai de que Alia tinha um dom extraordinário para a magia e que ela devia ser discípula da Velha a fim de aprimorar sua habilidades. Bom, não era mentira, Alia tinha mesmo um dom excepcional, prova disso foi sua pequena arte no acampamento ao invocar uma Sirix, que aliás ninguém descobriu que foi ela. Mas ela não precisava ser mandada para Golan, poderia desenvolver-se aqui mesmo na capital, só que então ela não iria aprender uma lição.

Não sei do que está falando– Eu disse simplesmente e isso a deixou mais furiosa ainda.

Sua... Sua..– Ela rangia os dentes - Quem você pensa que é? - falou finalmente.

Oras – Eu disse calmamente - Eu sou sua irmã mais velha.

Irmã? – Ela perguntou incrédula .- Você não é minha Irmã– Ela gritou e eu a olhei assustada - Nem ao menos tem sangue de elfa! É humana!– Disse ela com desprezo- É só uma humana fedida!

E dito isso ela saiu pisando duro. Mas eu não acredito no que acabo de ouvir. Como assim humana? Tudo bem que eu não me pareço com uma elfa, mas eu tenho sangue élfico, é claro que eu tenho, afinal eu sou filha de Felon, o rei do Elfos. Ou será que não sou? Será que é disso que ele e a Velha estavam falando? Eu sei que eles falavam de mim naquela noite, não perguntei nada porque sabia que meu pai nunca falaria. Mas agora é diferente, ele vai ter que falar! Se eu não sou filha dele, quem é mau pai então? Tenho que tirar essa história a limpo. Pensando assim saio correndo em direção a frente do palácio, subo correndo as escadarias, eu sabia que meu estava na sala do trono. Os guardas abrem as portas com rapidez ao me verem com tanta pressa. O porteiro tenta me parar mas eu não dou chances ele, eu não tinha tempo pra ser anunciada. Entrei na sala do trono e meu pai estava sentado conversando com alguns nobres. Ele me olha surpreso com minha intromissão, mas antes que ele me recrimine eu me inclino e digo:

Pai posso lhe falar um momento?– Eu falo baixo e ele me olha com cuidado, eu o chamei de pai e não de majestade como sempre fazia quando estava na sala do trono, era contra a etiqueta, mas eu estava ali para falar com meu pai e não com o rei. Com um aceno de mão ele dispensa os nobres.

Fale minha pequena– Me disse carinhosamente.

Eu suspirei e disse com minha voz embargada:

Como assim eu sou humana?


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Notas finais do capítulo

Bom é isso, desculpe qualquer erro é que escrevi com um pouco de pressa..