O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 25
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Pois é... Já passamos por muitas coisas acompanhando essa história, não? Jane que o diga haha. Apresento-lhes: O último capítulo de O sorriso psicopata ;-;
Pra quem se interessar, deem uma olhadinha na minha nova fic de contos: http://fanfiction.com.br/historia/601521/Contos_para_uma_tarde_nublada/ Espero vocês lá ♥
Falo mais algumas coisas nas notas finais ^^

Boa leitura!



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As paredes do quarto em que eu estava eram completamente brancas, como a neve que derretia ao lado de fora do prédio, nos grandes gramados, dando espaço às flores que cresciam nesse início de primavera. Minhas roupas continuavam como de costume, basicamente, um vestido preto e algum sapato confortável da mesma cor. Outra coisa que assemelhava-se com a neve, era a minha pele, ainda muito pálida e cheia de cicatrizes que refletiam o passado, mas eu não as escondia mais. A única maquiagem que usava era meu típico batom preto, me sentia bem usando-o, o que fazia minha cor ficar ainda mais clara, caso isso fosse possível. Não usava mais lentes de contato, também não enxergava utilidade para elas, não tinha nada a esconder naquele local. Meus olhos estavam tão negros quando uma madrugada sem estrelas e luar. Lembrei-me da noite em que perdera meu primo e logo em seguida outras pessoas também partiram. As lembranças pareciam muito recentes em minha mente, como em sonhos que apareciam-me durante algumas noites, mas o incêndio havia acontecido há anos.

A porta abriu-se e o médico responsável veio fazer-me uma visita, como de rotina.

–Olá, Jane. Como você está hoje?

–Estou bem, Doutor.

–Doutor? Sinto-me alguém muito respeitável sendo tratado assim. Por favor, sem formalidades. Mas você já sabe muito bem disso, não é mesmo? –Sorriu ele.

–Claro. –Sorri junto à ele. –É bom vê-lo aqui, Thomas.

Thomas havia se formado em medicina. Todos em sua faculdade impressionavam-se pelo fato de o rapaz ter perdido a visão por tantos anos e também pela quantidade de tempo que ele gastava estudando. Era extremamente dedicado. Com o dinheiro que Lady Christine lhe dera, após terminar os estudos, decidiu criar um lugar especial, para pessoa que se diferenciavam das outras, longe da cidade. O local não teria tantas regras, como de costume, para que os pacientes se sentissem o mais confortável possível. Muitos deles eram iguais a mim, que fui diagnosticada como portadora de esquizofrenia.

Quando Thomas me contou o possível resultado dos testes que fizera, minha mente finalmente clareou-se e tudo fez sentido. As alucinações, a garota no quarto escondido de Dra. Natasha, o quadro que ganhava vida, Melina no circo, minhas anormalidades quando criança e possivelmente o “sentimento”, tudo estava ligado à isso.

Recebi medicamentos e todo o apoio possível de Thomas, de minha irmã e até mesmo dos outros pacientes, que em sua maioria eram os meus amigos artistas de circo, eles haviam concordado com a ideia do ruivo. De vez em quando, Thomas nos deixava sair para “respirar um pouco de ar puro”, algo que não seria aceito de maneira alguma em outras clínicas, o que nos deixava mais “independentes”.

Em certos momentos, sensações ruins ainda me preenchiam e eu precisava deixa-las irem embora de alguma maneira. Quando isso acontecia, eu procurava algum jeito de me ferir, cortes nos pulsos era o método mais usado, tudo o que eu precisava era ver o vermelho sangue em contraste com minha pele pálida, com algumas marcas de lâminas do passado. Aquilo me fazia sorrir novamente, pois dessa maneira, ficava satisfeita e não tinha uma vontade incontrolável de matar alguém. Quando isso acontecia, Thomas conversava seriamente comigo, incluindo algumas broncas e mais doses de medicamentos. Também não poderia sair por um tempo, como um certo tipo de punição, que era aplicada aos outros também.

Ele era o médico responsável por todos, o que muitas vezes acabava lhe ocupando muito tempo, para que as pessoas tivessem sua devida atenção, mas Thomas gostava de seu trabalho. Contudo, ele não estava sozinho, possuía também a ajuda de Julie, que estudava para se tornar uma enfermeira. Todos adoravam sua companhia e alguns só aceitavam receber certos tipos de medicação se fosse com ela. Outro que ajudava imensamente era o namorado de minha irmã: Justin, o psicólogo oficial da clínica.

Meu quarto, assim como todos os outros, eram repletos de quadros que o próprio Thomas havia pintado, era seu passatempo predileto. Ele nos deixava escolher o que mais nos agradava para pendurarmos em nossas paredes, caso quiséssemos. Tenho certeza que ao meu redor, era o local onde mais podíamos encontrar quadros no prédio. A maioria mostrava paisagens e possuíam muitos detalhes, ele havia se tornado um ótimo pintor.

A primavera estava começando e Thomas queria tirar fotos da neve em seus últimos momentos, dando espaço ao gramado que logo estaria repleto das mais variadas flores. Como de costume, o acompanhei, dando-lhe algumas sugestões para suas novas obras de arte.

Nesse mesmo dia, fizemos uma visita ao cemitério e deixamos algumas flores no túmulo daqueles que conhecíamos. Coloquei flores nos túmulos de Violet e Jack, lembrando–me de tudo o que havia ocorrido enquanto possuíam vida. Thomas pintaria um quadro relacionado aos vários túmulos do cemitério mais tarde, costuma pintar antes de dormir.

Diante do obscuro cenário, seus lábios tocaram os meus. Eram doces e principalmente carinhosos, o melhor remédio que era oferecido a mim durante as visitas. O lugar era o mais triste dentre todos, mas naquele momento, não conseguia sequer imaginar como seria essa sensação.

***

Voltamos para a clínica, todos estavam animados, pois essa noite a cidade teria uma apresentação de circo. Caso se comportassem bem, os artistas poderiam treinar para seus números frequentemente, motivo pelo qual não desobedeciam ao que Thomas lhes falava. Alguns problemas ocorriam, como por exemplo, quando Jimy quase incendiou seu quarto, ou quando Rebeka e Ronald quase se matavam quando encontravam-se, deixando Lauren irritada ao ponto de jogar seus remédios fora, mas tudo se acalmava novamente com o tempo, para o alívio de todos. Alguns não ficavam por muito tempo e acabavam fugindo do tratamento, nunca soubemos qual foi o destino dessas pessoas.

Entrei em meu quarto, quando de repente algo me fez cair do chão, uma grande criatura babona e muito alegre.

–Bob, seu idiota! –Gritei com o labrador de Julie, que começou a lamber meu rosto, fazendo cócegas e não pude deixar de rir. –Pare com isso, seu cachorro pulguento!

–Bob! –Gritou Julie. –Pare! Não consigo controlar esse cachorro...

–Ele gosta muito da sua irmã! –Riu Justin, até que finalmente separou o cão de mim. O psicólogo tinha cabelos cacheados de um tom castanho claro. Ele era uma pessoa muito compreensível e divertida.

–Bob! –Thomas entrou no local e o cachorro logo correu para seus braços. –Tudo bem, garoto?

–Ele adora vir para cá. –Disse Julie. –Tem muita companhia para brincar e pedir carinho.

–Mas mudando de assunto... –Thomas finalmente deixava, aos poucos, o cão em paz.

Olhando para tudo e todos, eu pensava que minha vida finalmente estava em um caminho melhor, depois de tudo o que havia passado. Poderia ter alguns deslizes, claro, mas afinal, aquilo fazia parte da vida. Uma vida não muito perfeita, talvez, mas era tudo o que eu precisava e não a trocaria por nada. Aquilo nunca seria um fim para mim e para alguns sentimentos, mas sim, um recomeço. Uma nova etapa, para novos sentimentos e possibilidades.

–Já está quase escurecendo. –Falou Thomas. –Nossos queridos artistas já estão saindo.

–Espero que não tentem se matar, como de costume, antes do show. –Brincou Justin, antes de ouvirmos algumas vozes, aparentemente de Ronald e Rebeka, brigando novamente nos corredores e rimos disso.

–Mas enfim... –Disse Thomas. –Quem quer ir ao circo?


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Notas finais do capítulo

Para aqueles que ainda não acreditam: Sim, chegamos ao final da história :c
Quero agradecer muito à todos os que estiveram por aqui: Para os leitores que acompanharam, comentaram, favoritaram e também àqueles fantasminhas que nunca dão as caras, mas mesmo assim leem os capítulos! Fico muito feliz por terem dado uma chance à fic e apoiarem ♥
Agradeço também ao leitor rodrib74 por ter me sugerido o nome "Justin", obrigada por emprestar sua criatividade hue u.u/
Enfim, só queria dizer que gostei muito de ter escrito essa história, eu nunca imaginei que ela receberia tantos elogios como ela recebeu! Vocês são os leitores mais lindos desse site ♥

Espero encontrar vocês por aí!! Até mais! o/

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