O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 24
Dias cinzas


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo, pessoas... Estamos pertinho do fim ;-;

Boa leitura!



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O dia seguinte estava cinza. As nuvens preenchiam todo o céu e ameaçavam chover, aumentando o frio.

Pensei em não sair, mas Thomas havia dito para que eu fosse até sua casa, ele ainda estava muito abalado com o que aconteceu, tudo havia acontecido tão rápido, parecia uma explosão de fatos à serem processados.

Quando cheguei, apenas ele e sua avó estavam em casa, os outros haviam saído para uma pequena viagem à pedido de suas pequenas irmãs gêmeas, mas ele recusara o convite e ficou como companhia para a Senhora, que preferia ficar em casa.

Ele me mostrou o livro que ganhara de Dra. Natasha. Eu o estudei, lendo frases de páginas aleatórias e encontrando desenhos incrivelmente detalhados, a própria médica deveria ter feito-os. Expliquei para Thomas que se passava das anotações de experiências e estudos que a Doutora havia feito, assim como partes de livros sobre medicina que ela anotava e destacava. Tudo era muito bem escrito.

Mais tarde, ele trouxe um papel que também havia ganhado. Quando o peguei, precisei ler não só uma, mas várias vezes para ver se estava certa, ou minha mente estava me enganando, como quando ocorriam as alucinações.

–Thomas isso... –Falei. –Não acredito que ela tenha feito uma coisa dessas! Aquela Lady que conhecíamos... Nunca imaginaria...

–O que foi Jane? O que diz aí?

–Ela... Ela deu toda a sua fortuna à você!

–Para mim? –Disse Thomas após alguns segundos de silêncio, ainda estava descrente no que eu dissera. –Está brincando?

–Eu juro, é verdade!

–Mas como? A Lady Christine? Aquela Lady Christine que amava seu dinheiro? –Riu ele. –O mundo realmente dá voltas.

Rimos da situação. Christine sabia que um dia iria morrer, assim como todos, mas nunca doaria seu dinheiro, principalmente para um cara que mal conhecia e ainda era amigo de uma garota que arruinara sua glamorosa festa de Halloween, trazendo a ilustre presença de seu primo psicopata.

A avó de Thomas me convidou para o jantar, aquela foi minha melhor refeição em anos. Ainda na hora da refeição, o resto da família chegou de viagem e a casa ficou animada. Na mesa, vi como Thomas era feliz ao lado de sua família.

***

Antes de ir embora, ele me falou que Julie gostaria de me encontrar no outro dia e para que ele me mandasse o recado, caso nos encontrássemos. Ela iria me esperar em uma sorveteria muito conhecida na cidade. Perguntei se Thomas queria ir conosco, mas ele disse que precisávamos de um tempo só para nós duas, ainda havia muitas coisas para conversar.

***

O próximo dia também estava cinza. As folhas das árvores ficavam cada vez mais amareladas com o outono.

Ao entrar na sorveteria, Julie realmente estava lá e me ofereceu um sorvete, o qual ela sabia que era meu favorito. Conversamos e ela me convidou para conhecer pais adotivos.

A nova casa de minha irmã era realmente bonita. O lugar era grande, havia muito espaço, tanto dentro, quanto no quintal da família. O gramado estava repleto de flores e decoração, como duendes e animais. Era bem agradável.

Os novos pais de Julie eram muito legais: Um homem de cabelos castanhos e bigode e sua mulher, uma loira de cabelos bem curtos. Eles conheciam toda a nossa história e estavam muito desconfiados comigo, mas acima de tudo, acreditavam em Julie e estavam dispostos a me ajudar com o que pudesse e até me ofereceriam um lugar em sua bela casa. Ambos eram muito gentis, assim como sua nova filha.

Julie e eu estávamos no quintal, observando as nuvens cinzentas.

–Sabe Jane... –Disse ela. –Iria ser bom se você viesse morar com a gente. Eu sei que você iria gostar e além do mais, o convívio pode ajudar.

A chuva começava a cair e eu me lembrava de tudo o que eu já havia feito, talvez eu não estivesse pronta para morar com Julie. Na verdade, eu sentia que poderia sair do controle qualquer hora e eu não queria de maneira alguma que aquilo acontecesse, novamente. Não agora que tudo estava tão tranquilo em nossas vidas. Tranquilo como nunca havia sido. Eu não queria sentir aquela raiva possessiva que arruinava a vida de outras pessoas, juntamente com a minha. Estava cansada de carregar um peso tão grande comigo. Não queria precisar fugir de todos, principalmente das pessoas que eu gostava, mas não parecia ter outra solução. Não queria estragar a alegria em que estavam vivendo.

–Julie... Eu acho que não posso ficar aqui. Não quero que nada de ruim aconteça com eles e com você, não mais.

–Se você deseja assim, eu entendo... Mas algum dia, talvez, possamos viver juntas de novo, não é? E Thomas também! Ele pode vir aqui sempre que quiser, tenho certeza que irão gostar dele. E nós três poderemos ficar longe de tristezas, de sangue e tragédias... Podemos ser felizes!

–Não Julie... –A interrompi. –Você não entendeu... Eu acho que nunca vou poder ficar aqui. Pelo o que eu sei, eu não tenho controle sobre o “sentimento” libertado em minha raiva, eu não sei o que acontecerá caso eu fique próxima à vocês. Por favor, entenda isso!

–Não, irmã, é você quem não está entendo! –Julie parecia decidida. -Nós vamos encontrar uma cura para você! Eu sei que vamos.

–Como você pode ter certeza?! Você não sabe o que vai acontecer!

–Apenas... Apenas confie em nós!

–Julie, você... –Fui interrompida por um forte abraço de minha irmã. Aquilo havia sido inesperado para mim.

–Por favor, não brigue comigo novamente... –Disse ela.

Ficamos em silêncio por um tempo.

–Eu só acho melhor que eu fique na velha cabana, tudo bem?

–Tudo bem. –Disse ela erguendo-se e sorrindo.

Sorri também.

***

Um bom tempo havia se passado, alguns meses. Thomas se esforçava muito e já estava lendo perfeitamente. Comprava tinta, pincéis e telas de pintura frequentemente. Gosta de registrar com seus próprios e mínimos detalhes o, segundo ele, belo mundo ao seu redor. Ele era realmente inteligente e aprendia rápido. Aos poucos, fazia testes psicológicos comigo, encontrados no livro de Natasha, que havia explicado os processos perfeitamente. Ele procurou ajuda de outros autores e também da internet e estava pensando em estudar ainda mais para cursar uma faculdade de medicina.

Julie, Thomas e eu estávamos no parque da cidade conversando sobre o que faríamos de agora em diante, até que um grupo de pessoas aproximou-se de nós, eu tinha certeza que os conhecia.

–Jane... –Disse Lauren, a artista de circo, acompanhada de seu grupo. –O que aconteceu com a Dra. Natasha... É verdade? Estávamos apresentando em outros estados e só voltamos agora, sabendo que ela estava...

Expliquei a eles o que aconteceu àquela noite, todos pareciam muito tristes. Também contei que poderiam confiar em Julie e Thomas, já havia falado aos dois a história do Circo dos horrores.

–Mas... –Disse o mágico. –O que nós vamos fazer agora? Tudo bem que podemos continuar com as apresentações, mas... Não temos mais um propósito... Não temos alguém para seguir.

–Eu já ouvi falar sobre vocês. –Thomas levantou-se do banco em que estava sentado. –Sei que possuem algo... Diferente em relação às outras pessoas.

–Quer dizer que somos problemáticos? –Disse Jimy. -Vá em frente, diga que somos problemáticos! É a mais pura verdade mesmo...

–Ei, não diga isso... –Respondeu o ruivo.

–Com as ordens de Natasha era algo divertido, mas agora... –Dizia Rebeka. –Só por nós, não é a mesma coisa... Estaremos fazendo isso à toa, a própria médica iria dizer que é puro desperdício. Não somos tão inteligentes para dar continuidade ao trabalho dela...

Todos pareciam ter ficado ainda mais decepcionados com o último comentário.

–Às vezes nós só pensamos em ser pessoas normais. –Disse Hans.

–Sabe... –Falou Thomas. –Eu estava conversando com as garotas, sobre um futuro projeto que eu tenho em mente. Com muito esforço e dedicação, sei que posso conseguir! Eu poderia tentar ajuda-los, seria interessante.

–O que você tem em mente, rapaz? –Perguntou Edward.

–Vocês acham que eu poderia ajuda-los? –Thomas virou-se para mim e Julie.

–Bem, o que aprendeu sobre psicologia no livro de Natasha me fez entender muito sobre mim. –Falei. -Talvez os ajude também.

Os artistas ficaram curiosos e os olhos azuis do ruivo voltaram a direção para eles.

–Bem... –Sorriu Thomas. –Primeiramente, vocês vão precisar confiar em mim. E também vão precisar ser pacientes... Muito pacientes.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gosto de ler suas opiniões!

Até o último capítulo o/