O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 23
Funerais


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas... Já estamos do antepenúltimo capítulo!

Boa leitura



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A casa de Dra. Natasha estava destruída. As chamas haviam tomado conta de seus antigos livros, quadros e também conseguiram alcançar seus quartos escondidos.

Dois cadáveres, um feminino e outro masculino, estavam próximos quando foram retirados pelos bombeiros. Aos poucos, mais e mais corpos foram encontrados, porém estes possuíam formatos estranhos, como gatos metade pássaros, humanos com pernas à mais do que deveriam ter e outros experimentos estranhos.

Cada vez mais pessoas aproximavam-se de onde estávamos. Jornalistas apareciam com seus microfones, seguidos por câmeras de filmagem e fotografia. Curiosos multiplicavam-se a cada vez que eu olhava em direção à rua e logo, viaturas da polícia também cercaram o lugar.

Thomas, Julie e eu estávamos sentados no gramado, onde recebemos copos de água acompanhados de várias perguntas. Lady Christine foi levada pela ambulância ao hospital, enquanto nós três fomos à delegacia explicar o que havia ocorrido. Não mencionamos o fato de Christine querer atirar em mim, ou de minha vingança contra Jack. Estávamos muito cansados e não nos encontramos no próximo dia.

O incêndio da noite passada era o principal assunto em todos os jornais, tantos os de papel, quanto os da TV e também nos site de notícia da internet.

As imagens daqueles momentos não saiam da minha mente e com certeza acontecia o mesmo com os outros sobreviventes, que eu acreditava estar até pior.

A próxima vez em que nos encontramos, foi no cemitério. Fizeram questão de prestar homenagem às vítimas, mesmo que muitos não concordassem com a ideia.

Jack foi enterrado ao lado de sua mãe, Violet. Observei os detalhes de seus túmulos em silêncio, acompanhada de Thomas e Julie, que estava com olhos marejados. Lady Christine também estava lá, mas não ficou ao nosso lado. Ela foi a última a sair do local.

O cemitério estava cheio de repórteres. Houve homenagens à Daniel e Natasha, seus túmulos também estavam próximos. Diferente de onde finalmente descansavam os corpos de minha tia e seu filho, eles estavam cercados por amigos e conhecidos, a maioria do hospital e da delegacia.

Conversamos com alguns jornalistas por um tempo, eles também foram à procura da versão de Lady Christine. Ela pronunciava algumas poucas palavras, não parecia estar disposta a conversar. Aproximamo-nos dela, mas Christine não queria falar conosco, estava realmente abalada. Com seus óculos escuros, não conseguíamos ver seus olhos, mas provavelmente estavam muito vermelhos por culpa das tantas lágrimas derramadas. Toda a sua animação havia ido embora.

Julie estava muito triste, eu não sabia o que dizer a ela, não sabia também se deveria me aproximar ou deixá-la com seus pensamentos, até o momento em que Thomas nos abraçou e assim ficamos durante um tempo, em silêncio, observando o local e as diversas pessoas em luto.

Estava ventando quando a tarde estava prestes a terminar. A brisa era leve, porém gélida e causava frio à quem a sentisse. Fomos embora, assim como algumas pessoas. Outras já haviam ido e alguns, assim como Lady Christine ficaram por mais tempo. O único som depois que os jornalistas abandonaram o lugar, foi o vento mexendo as folhas que agora mudavam para um tom mais amarelado nas árvores.

***

Thomas voltava para a sua casa, passos rápidos o seguiam, mas o ruivo não olhou quem era, estava mergulhado em pensamentos.

–Thomas. –Uma voz baixa disse, enquanto uma mão segurava seu braço direito levemente.

–Christine? –Virou-se ele.

–Eu queria conversar com você...

–Aqui? Já está esfriando, tudo bem para você?

–Não tem problema. –Seus olhos encaravam o chão, com pouco gramado entre espaços da calçada quadriculada. –Não vou demorar, mas o que tenho a dizer é muito importante, quero que me escute com atenção.

–Claro. Por favor, diga.

–Bem... Eu estive muito pensativa desde que... Aquilo aconteceu. Eu refleti sobre a minha vida e também sobre mim, algo que nunca pensei que faria, mas que precisava e muito. Refleti sobre os meus atos e tudo o que fiz de bom para os outros e conclui que não havia feito nada. Quer dizer, eu dava festas, mas não nesse sentido de bom. Eu só prejudiquei à todos durante esse tempo em que estou viva. Meu pai, o prefeito, ele sempre me deixou com muito dinheiro, mas precisei cuidar de mim mesma, nunca tive o amor, a amizade de alguém, a não ser, é claro, por interesse, mas sempre percebi que isso acontecia. Ninguém nunca se importou com o que eu realmente sentia, atrás de toda aquela... Arrogância... Isso contribuiu muito para formar a pessoa que sou hoje. Ninguém nunca se importou com o que ou quem eu realmente sou, ninguém nunca me protegeu. Exceto... Jack. Mesmo não querendo mostrar, ele chegou a se importar comigo e agora, eu o perdi. O único que se preocupou em fazer algo assim por mim. Eu estou diferente, mas acredito que não possa mudar muito um ser que agiu de uma mesma maneira por tanto tempo. Eu sou uma verdadeira inútil. –Ela finalmente voltou sua atenção para os olhos de Thomas, que a ouvia pacientemente. Os cabelos de ambos pareciam dançar com o vento. –Eu queria lhe entregar isso. –Um papel foi passado das mãos da Lady para o rapaz.

–O que é? –Perguntou ele confuso.

–Eu não tenho mais ninguém para confiar isso. Foi passado à mim, mas eu não quero devolver, não terá necessidade nenhuma. Apreciei muito quando você tentou proteger Jane, aquilo de certa forma mexeu comigo, foi realmente algo bonito e nobre da sua parte. Tenho certeza de que ela acha o mesmo. –Sorriu. –Faça um bom proveito, não use para coisas fúteis como eu. Obrigada, Thomas.

A loira virou-se para o caminho, que outrora estava vindo e caminhou, sem pronunciar qualquer outra palavra.

–Espere! –Thomas não compreendia. –Você disse que isso pertencia à você, mas o dispensou... Não está pensando em fazer nenhuma besteira, não é mesmo? Parece ser algo importante.

Mas a mulher não respondeu. Continuou a caminhando até encontrar seu carro, no qual entrou e foi embora, deixando Thomas confuso em meio ao gélido pôr do sol.

***

Naquela noite, os empregados de Christine haviam sido dispensados, ela estava sozinha em sua enorme mansão. Vestiu-se com seu vestido favorito, ele não possuía muitos detalhes, mas também não deixava de ser bonito, era de um tom escuro. Pegou a mais fina taça e a encheu com seu melhor champanhe, sua bebida favorita.

Em seus pensamentos, todas as mortes que havia causado na mansão passavam como se sua vida estivesse voltando rapidamente, ao invés de, lentamente, seguir para frente. Quanto sangue já derramara, sem ao menos refletir sobre a causa disso.

De um armário, retirou vários tipos de remédios e os jogou dentro da taça, o que fez a bebida borbulhar. Sentou-se e brindou com o ar, um sorriso surgiu em seus lábios.

–Já estou chegando, Jack.

Champanhe não tinha o mesmo gosto, repleto de medicamentos juntos à ele, mas ela não se importou. Logo a taça estava vazia, até a última gota havia sido ingerida. Lady Christine encostou-se confortavelmente, como se estivesse pronta para dormir e mesmo com dores, não saiu do lugar e logo, elas desapareceram.

***

No dia seguinte, houve mais um funeral. Todos os repórteres foram mais uma vez ao cemitério da cidade. Os jornalistas e alguns empregados estavam lá, mas não havia nenhum parente ou amigo, o prefeito também estava presente, contudo não ficou mais que alguns poucos minutos.

Thomas jogou uma rosa em seu caixão, antes deste ser enterrado e acompanhadas à ele, eu e Julie nos despedimos de Lady Christine.


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Notas finais do capítulo

Até o penúltimo capítulo o/