O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 20
Encontros inesperados


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, falta pouco para o final da história :c

Boa leitura!



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Tudo estava escuro quando acordei. Eu estava sentada em uma cadeira, com braços e pernas amarrados à mesma. Alguns minutos depois uma fraca luz foi acesa e tentei olhar ao meu redor, porém a imagem estava embaçada e só depois de certo tempo consegui enxergar nitidamente onde eu realmente estava: A casa de torturas perto da cabana de Tia Violet.

–Olá Jane... Estou feliz em ver você novamente.

Olhei para em direção à porta e lá estava uma silhueta masculina familiar que aproximava-se. Quando ele parou à minha frente, pude enxergar perfeitamente.

–O que você está fazendo... Daniel?

–Fico feliz que ainda se lembre de mim. –Sorriu ele. –Se saiu muito bem aquele dia, você seria uma boa ajuda ao lado da polícia, diria que tem talento. Deveria ter escolhido o lado certo para ficar. Aliás, ainda não prendemos aquele seu primo idiota.

–Por que me trouxe aqui?

–Estou sob ordens. Soube que você fez algo horrível e me ofereci para ajudar o máximo que puder. O mundo de hoje está querendo fugir do controle: Há pessoas matando, roubando, estuprando e continuam ilesas, praticando seus atos e fugindo de suas punições, como se ficar preso fosse o bastante... –Riu ele. -... Sua liberdade é tomada, mas mesmo assim, isso não compensa a perda de vidas, de sentimentos alegres das vítimas, que agora foram afogados por tristeza e ódio... Isso não cura uma pessoa de um trauma, de um peso que ela carrega consigo. Eu quero que a justiça seja feita no mundo e ela será! Porém, nós temos aqui um caso especial... Eu não poderia levá-la à delegacia agora, mas encontrei esse lugar, que é bem interessante, não acha?

–Você disse estar sob ordens... De quem?

–Perderia toda a graça lhe contar agora. –Ele aproximou-se ainda mais. Acredito que irá lhe fazer uma visita mais tarde... Mas agora, chega de conversas paralelas, vamos falar sobre você, ou melhor, sobre o seu passado. Uma bela casa, uma bela família, porém... Há tanto sangue no chão... Nas camas... Em você... Diga-me, qual foi a sensação de matar sua própria família?

–Eu não matei minha família... –Não poderia simplesmente me entregar, não agora que a minha vida finalmente estava caminhando para um lado melhor. De repente, senti um tapa tão forte em meu rosto que acabei mordendo minha própria boca e um fio de sangue escorreu para fora como uma lágrima.

–Mentirosa! –Havia raiva em seus olhos claros.

–Há quanto tempo a polícia está me investigando? –Perguntei.

–Como eu disse, isso é um caso especial, uma investigação particular. Ainda não temos provas o suficiente, apenas uma testemunha.

–Como? Não havia ninguém que pudesse me denunciar.

–Você ainda não respondeu a minha pergunta: Qual foi a sensação de matar sua própria família?

–Você também não respondeu a minha.

Rapidamente, Daniel pegou uma faca que estava sobre a mesa ao nosso lado e segurou meu queixo, não conseguia me mexer.

–Eu acho que você não entendeu... –Disse ele passando levemente a faca por minha bochecha. –Sou eu quem faz as perguntas aqui. –Parou. –Qual... –Afundou-a em minha pálida pele. -... Foi... –Rasgou-a para seu lado esquerdo lentamente. -... A... –Continuava lentamente, a dor aumentava a cada vez mais. –... Sensação?! –Gritou enquanto afundava a faca ainda mais e a retirou.

Naquele momento, o “sentimento” reapareceu. Tentei me desamarrar com todas as forças, mas aquilo era impossível. Meus membros estavam bem presos à cadeira, eu não conseguiria me soltar. A vontade de matar tomava conta do meu corpo na mesma proporção que a dor.

–Foi incrível! –Falei sem pensar. –Ver suas expressões momentos antes de morrer, foi sem sombra de dúvida a coisa mais interessante que já vi! Não tem nenhuma sensação melhor do que a liberdade de banhar a faca em suas mãos com o sangue de uma pessoa... Mas aliás, acredito que até possa existir... Sim, pode! Ouvir seus gritos desesperados, sabendo que de nada adiantará! Você é quem controla a situação, você decide quem vive e quem morre e eles? Eles não podem fazer nada, pois já é tarde demais... E é isso que eu vou fazer com você, Daniel: Eu vou te matar!

O homem de cabelos castanhos sorriu, mas ainda havia raiva em seu rosto. Senti outro tapa, dessa vez ainda mais forte e causando ainda mais dor no risco vermelho que ardia abaixo do meu olho esquerdo. Cuspi e uma pequena poça de sangue formou-se próximo a seus pés.

–Como podem existir pessoas assim? –Falou ele em tom baixo. Havia acendido um isqueiro que retirara do bolso em sua camisa e o acendeu abaixo da lâmina de sua faca. –Você já parou para pensar no que fez? Na vida dessas pobres pessoas... Que, aliás, você conhecia melhor do que qualquer um!

Fiquei em silêncio por um tempo, até que a tranquilidade foi interrompida pelo som da voz do homem, enquanto esfaqueava meu braço direito. Dessa vez, a faca estava quente e a dor era tanta que imaginei estar perdendo o membro, não pude conter um grito.

–Me responda! –Gritou ele.

–Você se acha justo... –Falei, após ele ter se acalmado. -... Mas também está me fazendo gritar e sangrar... Todos possuem seu lado obscuro, apenas não revelam para nós, pois isso seria assustador. Você não é muito diferente de mim.

Senti o mais forte dos tapas que já levara em minha vida, este me faria cair no chão, caso eu não estivesse amarrada.

–Está me comparando a você? –A mão que Daniel me bateu mais uma vez, estava repleta de sangue e refletia o ódio pelo qual ele estava sendo tomado com mais força a cada minuto. –Eu não sou nada parecido com você, seu demônio!

Os próximos minutos foram de dor agoniante, causados por uma faca que parecia estar em chamas e o pior: Um homem tomado pela raiva a guiando. O “sentimento” crescia com mais força do que nunca e meu único desejo naquele momento era o de matar Daniel da pior maneira possível. Mesmo com todo esse sentimento de ódio e ira, algum lugar em meu subconsciente não deixava de esquecer uma única palavra. Eu realmente me parecia com um demônio?

Eu não sabia se estava certa, ou se minha mente estava me pregando peças, por estar extremamente cansada de apanhar, mas achei ter ouvido passos. Talvez estivesse certa, pois Daniel finalmente parou. Meu corpo parecia estar em chamas, os ferimentos ardiam muito.

Ofegante, olhei para frente, uma silhueta feminina entrava no lugar, quando ela se aproximou, prestei atenção em seus detalhes que me pareciam muito familiares, mas a hipótese em que eu estava pensando era impossível. Minha mente provavelmente estava me enganando, talvez tivesse apanhado demais ou fosse outra alucinação, não poderia ser real.

Seus cabelos eram loiros, sua pele clara e mesmo que apenas um pouco, ela se parecia comigo.


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Notas finais do capítulo

E então, já adivinharam quem é?

Até a próxima o/