Old Tiger Institute - Interativa escrita por Carol Weasley Everdeen Jackson


Capítulo 1
Ganho Uma Vaga no Inferno


Notas iniciais do capítulo

Ficha para Amaldiçoado de Tigre:
Nome-
Idade ( contando com a maldição e a idade com que foi amaldiçoado ) -
História -
Aparência de tigre -
Aparência de humano -
Personalidade -
Encarregado -
Armas -
Manias e vícios -
Aulas -
Ficha para Protegido:
Nome -
Idade -
Protegido/Abençoado de... -
Personalidade -
Aparência -
Armas -
Encarregado -
Manias e vícios -
Aulas -



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Fitei meu focinho no pequeno espelho que Harris me tinha comprado para quando assumia a forma de tigre.

Meus olhos, castanho-dourado, me fitavam, maiores do que quando era humana. Meu pêlo alaranjado ondulou sobre os ossos largos de tigre enquanto pulava da cama. Uma das coisas positivas em acordar como um animal é que não esperam que você ajeite os lençóis depois de acordar.

Bocejei enquanto me equilibrava nas patas traseiras e abria a porta de meu quarto para o corredor da pequena mansão onde vivia com Harris.

Desci as escadas pulando e, em dois saltos, estava no hall de entrada me dirigindo para a cozinha.

Vivo em Nova Iorque, numa zona mais afastada dos prédios e do movimento, num lugar que era, anteriormente, um campus de faculdade. Partilhava a casa com Harris, que era mais novo que eu mas parecia meu pai.

Meu pai. Ficara orfã à 300 anos. Harris era minha família e, quando ele passasse meu segredo para alguém, essa pessoa seria minha família. Imaginei uma figura sem rosto a tirar os objectos de Harris da casa, se mudando, e eu iria adaptar minha vida a essa pessoa. Ela iria me ajudar.

Entrei na cozinha, ignorando os pensamentos, e encontrei um prato de carne crua no chão, no lugar de sempre.

A cozinha é grande, com tudo o que é preciso quando se têm um gatinho especialmente grande em casa: a geladeira estava cheia de carne e de garrafas com água fresca; e temos tudo o resto, como a mesa, o fogão, a pia para lavar a louça...

Recentemente, descobrira que podia ficar até 6 horas na forma humana, um bónus que eu aceitei de bom grado, até perceber que passaria aquelas 6 horas treinando e sentada, no vazio. 

Desde esse dia que prefiro ficar na forma de tigre, e Harris percebe isso e me deixa sempre comiga de tigre para o café-da-manhã.

Ataquei a carne, ignorando a pontada de humanidade que sobrava dentro de mim após 3 séculos comendo animais acabados de caçar na pequena mata onde ficava o antigo campus de minha escola.

Depois de comer, ergui os olhos para a pequena janela com as cortinas fechadas e vi, preso ao vidro, um papel.

Voltei para a forma humana e, durante segundos, vi meu reflexo como um ser normal: meu cabelo ruivo, mais longo do que nunca e ligeiramente emaranhado, minha pele pálida e coberta de sardas e sinais e meu nariz, que parecia estranhamente fino depois de ter um focinho de animal. Mas os olhos continuavam iguais. Mais pequenos, mas iguais.

Usava aquela camiseta laranja demasiado larga com desenhos indianos e as calças negras e ainda mais largas que me faziam sentir um balão.

Triste, percebi que continuava a mesma.

Quando eu tinha 16 anos, Mr. Harris, o director de minha escola, organizou uma grande viagem para a Índia, uma pesquisa sobre a cultura, a  fauna e a flora indiana. Eu fui escolhida para viajar até à Índia e escrever alguns apontamentos.

Fiquei hospedada numa aldeia de nómadas, que me falaram sobre suas lendas, sobre seu povo e seus costumes. Eles tinham me feito desenhos na testa e nos braços, tinham me ensinado coisas que nunca teria aprendido na América... e me amaldiçoaram.

Durante uma noite, eu vi um tigre correndo perto da aldeia e fui atrás dele. Tinha um fascínio pelo selvagem.

Passei uma noite observando o tigre, com a lua e o animal como meus companheiros, e vi ele caçando, sempre correndo em volta da aldeia. O feiticeiro local falara que tinha feitiços que impediam os tigres de entrarem lá e atacar eles. Quando o sol começou a nascer, o tigre me notou, já que me aproximei o suficiente para ele sentir meu cheiro. E o tigre começou a me seguir, por isso eu corri de volta para a aldeia.

Mas quando me viram com o tigre, me acusaram de estar tentando matar eles com o animal e o feiticeiro me amaldiçoou: seria um híbrido de humano e tigre, e iria passar o resto de minha vida sendo um humano e um animal até alguém quebrar a maldição.

Eles me soltaram na selva e eu aprendi a caçar como podia: com garras e dentes enquanto tigre e com armas improvisadas enquanto humana.

Passei muito tempo sozinha até que cheguei a uma cidade e vi um novo grupo da escola. Como eu não voltara, tinham me dado como morta e tinham mandado uma expedição para cumprir meu trabalho. Por isso, entrei no navio onde eles tinham chegado e quando me acharam decidiram que iriam me vender para um circo.

Mr. Harris, o director, foi me ver quando eu cheguei aos Estados Unidos e eu virei uma humana para lhe contar a história.

Harris me comprou ao circo e me colocou numa jaula em sua casa, me deixando aos poucos começar a passear por ali e a cuidar das coisas enquanto humana. Ele morreu e, no seu leito de morte, deu ao seu filho Alan a tarefa de cuidar de mim.

Depois de Alan veio outro membro da família Harris. Vieram tantos que eu comecei a tratar eles pelo sobrenome. 

Por vezes eram homens, outras vezes mulheres. Ficavam comigo até morrerem, e depois a casa era entregue a um novo Harris. Quando o actual Harris morresse, ele iria dar a casa a sua filha maior de idade.

Bufei, abanando a cabeça e atirando meus cachos ruivos para o rosto sem querer, e peguei o papel.

Caroline

Suponho que tenha voltado tarde de sua noite caçando, por isso deve ter acordado na hora do almoço. 

Hoje vou ter de trabalhar até tarde no restaurante

Harris era chefe de cozinha, e por isso abominava que eu simplesmente " comesse as coisas ".

e por isso pode ficar sozinha para rever as novidades.

Entrei em contacto com mais pessoas que têm a seu cargo amaldiçoados do tigre, e decidimos que iríamos fazer uma escola para protegidos de deuses indianos e tigres. Sim, porque começa a ser difícil dizer onde você estuda, Caroline.

Não vai precisar de uniforme, claro, já que sua maldição lhe oferece roupas. Mas vai precisar desse mapa do campus escolar e de todas as disciplinas em que a inscrevi.

Foi mal por não ter avisado antes.

Ass: Hector Harris

- O QUÊ?! - Gritei.

Eu não podia ir para a escola! Eu era um animal selvagem, já era uma sorte não estar na selva, no circo ou num zoo! Quando um animal selvagem entra numa escola as pessoas geralmente CHAMAM AS AUTORIDADES!

E depois vi o mapa e os folhetos por cima da bancada da cozinha.

Peguei num mapa e olhei para a minha nova escola.

Tinha grandes edifícios com salas anormalmente grandes ( para os tigres ), dormitórios gigantescos ( para os tigres ) e pistas de corrida estranhamente compridas que davam uma volta completa à escola ( para os tigres ). Ainda existiam refeitórios, auditórios e jardins.

Depois olhei para o folheto com as aulas. Harris tinha me inscrito em TODAS as cadeias, como um bom descendente de professor. Valeu, Harris.

Tiro com arco e flecha e armas de fogo

Esgrima

Matemática

Artes indianas

Educação Física

Hindu

Inglês

Wushu

História

Geografia

Física

Ciências

Música

Teatro

Dança

Ginástica

Cuidados a ter com os caninos e as presas

Semicerrei os olhos e gritei ( quer dizer, falei calmamente ):

- MAS PARA QUE RAIOS EU VOU PRECISAR DE USAR DANÇA NA MINHA VIDA, HARRIS?!

Eu vou matar ele. É que vou matar mesmo...


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Notas finais do capítulo

Mandem suas fichas!