P.O.V – Rose

Me virei lentamente e dei de cara com o Malfoy. Resisti ao impulso de socar a cara dele.

– Sai daqui Malfoy. – falei entre dentes. Eu estava irritada por ele ter contado aquilo para minha família toda. E agora eles estão fazendo a terceira guerra bruxa lá dentro daquela casa.

– Ruiva.. – ele começou. Sua voz saiu quase num sussurro. Eu senti as lágrimas que antes eu conseguia controlar rolar sobre meu rosto. Eu não queria perder o controle na frente dele.

– Não vem com essa de ruiva Malfoy. – minha voz saiu falha por causa do choro. – Você tem noção do que você fez? Como eu vou encarar meus pais depois disso tudo? – me sentei ao chão e coloquei as mãos entre o rosto. Vi ele superar pesado antes de se sentar ao meu lado.

– Olha, eu sei que eu errei, tá legal? – ele começou. – Mas olha, eu não estava mais aguentando aquele idiota vim sobre o mesmo teto que a sua família e fingir que nada daquilo aconteceu. Por Merlin Ruiva! O cara abusou de você. – corei violentamente enquanto enterrava ainda mais meu rosto entre as mãos. A vergonha. O nojo. Era essas sensações que me dominava no momento. Ele me puxou para perto de si. Tentei me esquivar, mas ele era mais forte do que eu. Permiti que ele me abraçasse.

E pela primeira vez na vida, aquele abraço não foi um abraço provocador, ou qualquer outra coisa. Aquela abraço, exalava carinho, afeto, amizade, preocupação, e acima de tudo amor.

Me senti estranha quando esses pensamentos vieram a minha mente. – A quanto tempo você sabe? – foi a única coisa que eu consegui dizer depois do silêncio constrangedor que se formou entre nós.

– Desde aquele dia depois da reunião do comitê do baile de Halloween. – respondeu simplesmente. Loira desgraçada. Ela prometeu que não iria contar.

– Isabelle não foi? – perguntei levemente irritado. Como uma luz se acendeu na minha cabeça. No dia seguinte, Logan apareceu todo machucado no café da manhã. Arregalei os olhos. – Foi você que deu aquela surra nele? – perguntei incrédula. Ele deu uma risada e assentiu. Dei um tapa no ombro dele.

– Ai! Doeu! – reclamou. Esboucei um pequeno sorriso.

– Era para ter doido mesmo. – respondi fazendo biquinho. Ele deu uma risada.

– Então não está mais com raiva de mim? – perguntou. Refleti por um momento. Percebi uma coisa durante todos esses anos. Eu estou sempre com raiva dele, e confesso que nossa relação seria estranha se não fosse assim.

– Estou sempre com raiva de você. – respondi simplesmente. Ele soltou uma gargalhada. Mas logo depois ficou sério e eu percebi o porque.

Estávamos em uma distância perigosa. Nossos rostos estavam muito próximos. Ele tirou delicadamente uma mecha do meu cabelo que caia sobre meu rosto e colocou atrás da minha orelha. Ele olhou para meus lábios e depois olhou bem no fundo dos meus olhos. Aquelas orbes acinzentados que sempre tem um “que” de mistério no momento tinha um brilho diferente. Sem pensar duas vezes ele colou nossos lábios.

Naquele momento eu percebe que eu precisava daquilo. Eu precisava daquele beijo. É clichê, melodio, mas eu necessitava daqueles lábios no meu.

Passei meus braços em torno do seu pescoço, enquanto ele me puxava mais para si, aprofundando mais o beijo.

Seus lábios macios roçaram de leve o meu antes dele voltar a me beijar ainda mais com vontade do que antes.

Quando o famoso ar faltou nos separamos ofegantes. Ele puxou meus lábios entre os dentes. Uma deliciosa provocação.

Abri lentamente os olhos e o encontrei sorrindo. Seus olhos no momento estava levemente azuis, o que dava a entender que ele está feliz e satisfeito com tudo que tinha acabado de acontecer. – Vamos finalmente poder conversa sobre isso? – sua voz soou rouca. Não respondi. Eu estava confusa.

Dei um suspiro e comecei a procurar alguma resposta, mas nada parecia querer sair. Ele colou nossas testas ao perceber o quanto eu estava confusa. Me vi obrigada a encarar suas orbes acinzentadas. – Você é tudo para mim. – sua voz saiu baixinha.

Eu não sabia o que responder.

– Você é o meu bem mais precioso. – disse novamente ainda com sua testa colada a minha. Eu tinha que falar alguma coisa.

Mas eu não conseguia.

– Eu.. – comecei tentando encontrar as palavras. Não tinha mais como adiar isso. – Olha Malfoy.. – ele me interrompeu.

– Scorpius, me chama de Scorpius. – pediu e eu assenti. Seria estranho o chamar pelo nome depois de tantos anos.

– Scorpius. – disse dando um mínimo sorriso. Ele sorriu também. – Eu sinto algo por você que eu nunca senti por ninguém. Não vou dizer que é amor, apesar que eu tenho quase certeza que é isso. – abaixei a cabeça sentindo meu rosto começar a ficar quente. – Mas é complicado. – conclui me esquivando dele.

– Por que é complicado Rose? – perguntou me analisando como se quisesse saber o que eu estava pensando. Percebi que essa era a primeira vez em que falávamos dos nossos sentimentos. Sem provocações, brincadeiras ou algo do tipo.

– Primeiramente Mal.. – comecei mais ele me olhou de um jeito engraçado. – Primeiramente Scorpius, nossos pais se odeiam? – ele me olhou descrente. – Ok, eles não se odeiam tanto assim mais. Mas meu pai, por Merlin! Ele odeia você.

– E isso para você importa? – questionou. Neguei com a cabeça. – Então, o que tem de errado nisso?

– Você sabe que se caso um dia a gente resolvesse ficar juntos, isso não atrapalharia em nada. – vejo ele sorrir com a possibilidade disso. Dou um mínimo sorriso a ele. – O problema não é esse. – minha voz soou baixa. Ele me olhou como uma pessoa que pedi mais explicação. Dei um suspiro longo. É agora ou nunca. – O problema é você Scorpius.. Olha, eu gosto muito, muito de você tá legal? Eu sei que eu vivia dizendo para todo mundo que eu te odiava, que eu vivia te xingando..

– Me batendo. – ele mencionou com a sobrancelha arqueada. Dei um sorrisinho amarelo.

– É, te batendo também. Mas eu acho que no fundo, bem no fundo mesmo foi uma jeito que eu achei de camuflar o que eu sinto por você entende? Porque eu não queria admitir isso nem para mim mesma. Você não faz ideia o quanto está sendo difícil admitir isso aqui para você e agora. Mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso agora, é o porque que não daríamos certo.. – meu coração quase saia pela boca. Ele me olhava atentamente e prestava atenção em tudo que eu dizia. Quando eu disse da questão do orgulho, ele deu um sorriso divertido. Idiota.

– Então? – questionou me puxando para que eu sentasse entre suas pernas. Suspirei quando sua respiração bateu em meu pescoço.

– Você é todo cheio de si. Você não liga para as coisas, agi por impulso. Não pensa nas consequências que suas atitudes podem te causar. Por Merlin, a gente é completamente o oposto um do outro. Quando que isso daria certo? Eu gosto de ficar em casa. Você gosta de sair. Eu gosto de ler um bom livro. Enquanto você prefere fazer tudo menos ler. Você sai com várias garotas. Eu não gosto nada nada dessas coisas. Isso sem mencionar o fato de você ser o cara mais galinha da escola né? Só perde para o James. Mas ainda acho que você está alcançando ele. – conclui.

– Então é por isso? – perguntou colocando o rosto da curva do meu pescoço. Um breve arrepio correu meu corpo. Assenti contra gosto. – Olhe para mim ruiva. – sua voz saiu mais rouca do que o normal. Sem hesitar fiz o que ele pediu.

– Será que você não percebe que eu trocaria tudo isso só para ter você ao meu lado? Que eu posso até fazer isso tudo que você falou, mas se fosse para você ficar comigo para sempre, eu largaria tudo ruiva, tudo.. – uma coisa diferente se mexeu dentro de mim. – Eu abandonaria essa vida de cão sem dono. Eu não colocaria mais o pé na rua se fosse preciso Rose. – exagerado. – Mas eu faria tudo, mais tudo mesmo. Eu posso sair com muitos garotas ruiva. Mas eu te garanto uma coisa. – ele deu uma pausa como se buscasse por palavras. – Nenhuma delas, repito, nenhuma delas me fez sentir o que você me fez sentir. Com você eu aprendi o que é o amor. Amor para mim antes era apenas uma coisa de conto de fadas trouxas. Hoje não. Hoje ele tem um outro significado. Para mim é amor quando você sente que sua vida dependesse daquela pessoa. Eu sei, está soando clichê demais, mas é o que eu sinto. A minha vida Rose, é você. E se caso alguma coisa de ruim de acontecesse. Por Merlin! Eu morreria. Eu mato e morro por você, Rose Jean Weasley. Você é a garota que eu quero comigo para o resto da minha vida. Você é a garota que eu quero dormir de conchinha em um dia frio. É ao seu lado que eu quero acordar na manhã seguinte. É você Rose, vai ser sempre você. – as ultimas palavras saíram quase em um sussurro. Eu estava chocada com tudo que ele tinha acabado de dizer. Uma sensação de felicidade, alegria, alivio se explodiu dentro de mim. Alivio por saber que aquilo que eu supostamente estava sentindo era correspondido a altura.

– Eu nem sei o que eu te falo.. – sussurrou e ele sorriu. Um lindo sorriso. Naquele momento eu percebi uma coisa. Estavam errados. Não existia sete pecados. O oitavo estava parada a minha frente sorrindo para mim.

– Só aceitei namorar comigo. Para mim isso já é o suficiente. – pediu simplesmente. Arfei inesperadamente.

De fato isso me pegou de surpresa e não vou negar que eu não queria isso. Pois acreditem ou não é tudo que eu mais quero no momento. Mas eu realmente precisava pensar em algumas coisas.

Dei um sorrisinho malicioso. Me aproximei lentamente dele. Dei um beijo em seu pescoço. Vi ele se arrepiar. Sorri com isso. Logo distribui beijos por todo o rosto dele, mas sem nunca beijar a boca. Vi que ele se estremecia com cada toque meu. Ótimo efeito. Subi meus lábios até a sua orelha. Dei uma mordida no lóbulo da orelha dele. Vi ele morder o lábio para prender um gemido. – Você quer namorar comigo Scorpius Malfoy? Então me surpreenda. – sussurrei sensualmente em seu ouvido.

Sem pensar duas vezes me levantei e fui em direção a toca. Antes de sumir das vistas dele, olhei para trás e pisquei para ele.

Ele me olhava com a maior cara de otário que alguém poderia ter.

Dei uma gargalhada alta e entrei dentro da toca. Sem nem ligar para Logan e para mais nada.

Nada e nem ninguém no mundo poderia estragar a minha noite daqui a diante.

Estava tudo perfeito!