Lembra-te, do primeiro livro que leu. Aquele, de capa vermelha, de príncipe encantado e figuras coloridas. Querias ser princesa, não é? Ter o teu príncipe.

Teu príncipe teria maravilhosos cachos dourados, oh sim, e os mais gentis olhos claros do mundo. Teu príncipe teria um cavalo branco e se vestiria maravilhosamente bem. Teu príncipe levá-la-ia para um castelo e lhe daria mil joias.

Teu príncipe, e então poderia chamá-lo de seu. Seu, seu, seu. Infinitamente teu.

E ele gostaria dos teus olhos verdes e das tuas sardas, que ninguém mais gostava. Ele gostaria das tuas melenas de fogo, que sob o sol pareciam rubis. Seu, seu, seu.

Mas menininhas crescem, e tu cresceste, não é, Lily? E teu príncipe nem era tão perfeito assim. Porque aprendera que a perfeição enjoava, a perfeição era para Petúnia. Tu gostavas dos defeitos. Gostava dos fios castanhos e dos olhos de avelã. Gostava das brincadeiras, mesmo que emburrasse sempre que o fazia perto de ti.

 E, mesmo assim, ele amava tuas melenas de vermelho grifinória, e teus olhos de esmeralda. Contava tuas sardas, segurava tua mão.

E deu-lhe Harry, tudo que poderias desejar. E, no momento em que colocava teu pequenino no berço, rezando ao Deus do qual sempre duvidou, tudo que queria era ainda ser princesa. Ainda ser um conto-de-fadas e ter o teu príncipe.

Mas menininhas crescem. E a vida não é um conto-de-fadas.