Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 8
Chapter 8: Saved


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu de novo!
Estou tendo muito trabalho pra escrever essa fic com o tão pouco tempo que tenho tido.
O fim do ano tá chegando e tudo vai ficando complicado com relação a escola, trabalho e curso.

Estou realmente feliz que vocês gostem do que estou escrevendo pois é o que gosto de fazer.
Aqui vai mais um capítulo, espero que gostem!

LEIAM AS NOTAS FINAIS.



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Capítulo 8 - Saved

Enfim era sábado. Depois de uma longa e cansativa semana de aulas, todos estavam implorando por um descanso. Draco acordou cedo, tomou banho, vestiu uma das suas roupas confortáveis e saiu da Masmorra. Os corredores ainda estavam quase vazios quando ele chegou no corredor principal que levava até o Grande Salão. Ao entrar pelas portas de carvalho, notou uma concentração incomum na mesa da Grifinória. Rapidamente ele sentou-se na mesa da Sonserina e passou a observar. Um grupo de garotas estavam reunidas e, de minuto em minuto, olhavam para a outra ponta da mesa onde os garotos com suas vestes de Quadribol e soltavam risinhos. Quando a porta do Salão Principal se abriu novamente, vários sonserinos entraram, suados e com os cabelos desgrenhados. É, claro, como ele poderia ter esquecido? O primeiro fim de semana sempre era marcado pelos testes de Quadribol das casas.

Com um suspiro pesado começou a colocar a comida em seu prato. Blaise, que estava junto dos sonserinos que tinham acabado de chegar, sentou-se ao lado de Draco. 

"Estou no time!" Contou animado. O moreno estava tão suado quanto os outros e sorria.

"Parabéns." Draco murmurou seco.

"Valeu amigão, sabia que ficaria extremamente feliz por mim." Rebateu sarcástico.

"Não enche, Zabini."

Soltando uma risada nasalada, Blaise se voltou para os outros garotos na mesa e iniciou uma conversa. Draco remexeu na comida mas não comeu. Estava bastante estressado desde a notícia que McGonagall havia lhes dado. Largando o garfo no prato com um barulho alto, Draco olhou para o alvoroço que havia na porta do Salão. Weasley-fêmea, Cenoura Ambulante e Potter-Cicatriz entravam, cercado de garotas. A Weasley parecia extremamente chateada e a cada cinco segundos gritava com alguma garota que saía emburrada. Logo atrás, vinha Granger. Ele não pôde deixar de notar que ela estava mais magra e pálida. Talvez estivesse doente. Apesar da aparência, ela sorria na direção dos amigos como um incentivo.

Ela sentou-se, um pouco distante dos demais, e se serviu de um pedaço de bolo. Algumas garfadas depois, ela largou o bolo de lado e passou a conversar com algumas meninas que tinham ido até ela.

"O que foi, Amélie?" Hermione perguntou à Grifinória que tinha chamado sua atenção.

"É que…" A menina hesitou. Hermione lembrava-se dela vagamente. Era uma quintanista, ou assim ela imaginava.

"Amélie quer saber se o Ron tem namorada." Uma das meninas falou, visto que a amiga não tivera coragem.

Hermione pensou em dizer “Sim, agora sumam daqui!”, depois pensou em dizer “Ainda não.”. No final, pensando bem, o que ela poderia dizer além de “Não, ele não tem”?

"Não." Ela disse por fim. A menina loira se iluminou.

"E você acha que ele se interessaria por mim?" Amélie perguntou insegura mas Hermione via um brilho travesso nos olhos dela.

A castanha finalmente olhou para ela de verdade. Era loira, tinha os olhos castanhos tão claros que mais parecia mel, tinha um corpo bonito e era alta. Hermione não conhecia a personalidade de Amélie, mas chegou à conclusão de que sim, Ron se interessaria por ela, quem não se interessaria?

"Por que não?" Hermione optou por responder com outra pergunta.

Amélie e as amigas se afastaram animadas, deixando uma Hermione pensativa para trás. Ela ainda não tinha se permitido pensar sobre o que tinha acontecido na noite anterior. Também não tinha tido tempo de falar sobre isso com Ginny.

Ao fim do café-da-manhã um mar vermelho de alunos saiu do Salão Principal em direção ao Campo de Quadribol. Parecia que um jogo aconteceria naquela manhã, mas na verdade, todos queriam ver Harry Potter e os Weasleys em ação.

Hermione seguiu o fluxo de estudantes até o Campo e ao chegar, se despediu dos amigos e subiu a arquibancada. Estar ali, naquela situação, lembrava-a do primeiro teste de Ron. Ela, sempre tão certinha, azarou McLaggen para que Ron conseguisse a vaga no time e ele retribuiu o favor namorando com Lilá Brown. Talvez no futuro, quando estivessem casados, eles rissem disso tudo. Mas por enquanto, Hermione queria concentrar-se nos seus amigos em campo. Harry, o capitão do time, dividiu o grande grupo em três times. Os dois primeiros times entraram em campo. De cima de sua vassoura, no alto do jogo, Harry observava com atenção os jogadores. Tirada as suas conclusões, Harry encerrou o jogo.

"Vamos fazer a primeira eliminatória." Ele começou. "Simas Finnigan, Samuel Arndt, Natália McDonald, Cátia Bell, Alan Paver, Brian Connor e Rony Weasley. Vocês irão jogar contra o último time. Os melhores ficam com a vaga."

O último jogo, o decisivo, foi muito mais brutal do que o primeiro. A multidão gritava, as torcidas organizadas endeusavam seus preferidos. No meio daquele mundaréu de gente, Hermione não estava se sentindo bem. Ela viu quando Ginny lançou a goles e depois tudo ficou escuro.

(…)


Blaise tinha largado Draco sozinho depois de os dois terem tido a segunda discussão naquela manhã. O fato era que Draco estava com raiva e inconformado.

Sem ter o que fazer, decidiu espiar a seleção da Grifinória. Ele saiu nos jardins de Hogwarts e já podia ouvir os gritos ao longe. Caminhou devagar até uma parte escondida da arquibancada sonserina e deu uma olhada no jogo acontecendo. Ele não queria admitir mas aqueles malditos grifinórios eram bons. Ele viu a Weasley passar em um vôo rasante próximo da onde ele estava escondido e em seguida mergulhar direto até a baliza onde o irmão estava defendendo. Os dois se encararam por um instante até ela se aproximar e com um drible, fazer um gol extraordinário. O ruivo ficou atordoado e parecia irritado consigo mesmo. Draco olhou para a arquibancada da Grifinória à sua frente e distinguiu algo caindo rapidamente em direção ao chão. Dois segundos depois ele distinguiu que era uma pessoa e mais um segundo depois ele reconheceu os cabelos emaranhados e a roupa que vestia. Sem pensar duas vezes, tirou a varinha do bolso da calça e apontou para a menina que caía em queda livre.

"Aresto Momentum!" Ele gritou, agitando sua varinha. Para seu alívio, o corpo parou a centímetros do chão e levemente repousou no gramado.

O jogo parou e todas as vassouras voaram em direção ao corpo caído de Hermione. Draco, ainda escondido, respirava com dificuldade e se não fosse a gritaria que estava no Campo ele teria sido descoberto. Se escondendo nas sombras da arquibancada, Draco assistiu quando Ronald Weasley pegou Hermione no colo e a levou para dentro do castelo. Potter, que tinha ficado para trás, olhou na direção onde Draco estava. Draco não soube dizer se Potter o tinha visto, mas continuou escondido até que o campo ficasse totalmente vazio.

(…)

Hermione acordou com a cabeça doendo. Ela abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi o teto branco encardido da Ala Hospitalar. Assustada, ela sentou-se com rapidez mas sentiu, ao mesmo tempo, uma mão empurrar seu corpo cansado de volta.

"Fique deitada." Ela ouviu a voz profunda de Ron. Olhando para o lado, o viu de pé ao seu lado e na cadeira atrás dele, Harry dormia.

"O que aconteceu?" Ela perguntou.

Harry, ouvindo sua voz, acordou. Madame Pomfrey, também atraída pela sua voz, surgiu de dentro de seu escritório.

"Saiam da frente, vamos, afastem-se."

A enfermeira olhou para ela severamente por uns segundos antes de voltar a falar.

"Sente alguma dor?" Ela perguntou.

"Dor de cabeça." A enfermeira assentiu e examinando-a para saber se havia algum machucado e se afastou para um dos armários no fundo da sala.

"Quando foi a última vez que comeu?" Madame Pomfrey perguntou estendendo um frasco de cor alaranjada opaca. Depois olhou severamente outra vez para a menina deitada na maca.  "E eu quero dizer uma refeição de verdade, srta. Granger."

A castanha desviou o olhar da enfermeira e focou os olhos na cortina do leito de frente para o seu. Pelo canto do olho pôde ver quando Ron franziu a testa ainda olhando-a e as feições preocupadas de Harry. Odiava ser um fardo para as pessoas que amava. E o pior era que na verdade sequer lembrava a ultima vez que tivera uma refeição de verdade. E se sentia tão envergonhada por isso. 

Levando o silêncio da grifinória como resposta Madame Pomfrey chamou um dos elfos domésticos da cozinha, designado especialmente para atender à enfermaria quando necessário, e ordenou que trouxesse uma bandeja de comida. Quando o elfo retornou, Madame Pomfrey deu a bandeja à Harry e começou a se afastar.

"Felizmente a senhorita não quebrou nada. Um dia de repouso e estará inteira novamente." Falou enquanto caminhava para seu escritório. Antes que entrasse na pequena sala, virou-se para o grupo; Harry ainda tinha a bandeja firmemente em suas mãos. "Façam com que ela coma tudo." Falou para os meninos, que assentiram obedientemente. Em seguida olhou para Hermione. "Quando a bandeja estiver vazia, estará livre."

A enfermeira deu mais um olhar severo para a castanha e sumiu pela porta deixando o trio a sós.

"Agora, vão me falar o que aconteceu?" Hermione pediu, sentando-se com cuidado na cama e agradecendo à Harry quando o mesmo colocou a bandeja em seu colo. Os dois meninos agruparam-se na beira da cama enquanto olhavam afiadamente o fato de Hermione sequer ter mexido na comida ainda. Sentindo-se envergonhada pela segunda vez em menos de dez minutos, a castanha pegou uma fruta da bandeja e começou a comer. Harry assentiu satisfeito ao assistir a cena.

"Você não se lembra? Merlin, você nos assustou Hermione!" Ron repreendeu subitamente furioso; Hermione podia ver as orelhas dele começando a ficarem vermelhas.

"Você caiu da arquibancada." Harry falou sério. Hermione arregalou os olhos assustada. Lembrava-se vagamente de não sentir-se bem durante o jogo e depois nada.

"E… Meu Deus, como eu ainda estou viva?" Perguntou alarmada, mexendo todos as partes do corpo para saber se estava tudo bem, embora Madame Pomfrey tivesse dito que estava a minutos atrás.

Os dois ficaram em silêncio e se entreolharam. Harry foi quem começou a falar.

"Nós estávamos jogando e aí alguém gritou. Estávamos todos muito longe de você e nem em nossa melhor performance conseguiríamos chegar a tempo para salvá-la." Ele fez uma pausa. "Alguém lançou um feitiço amortecedor em você."

"Alguém?" Ela perguntou duvidosa.

"Não sabemos quem foi." Ron falou ainda mais sério.

"Deve ter sido alguém da Grifinória, só tínhamos nós lá. De repente alguém…"

Harry interrompeu suas palavras balançando a cabeça negativamente.

"Nós falamos com todo mundo, ninguém fez nada. Ficamos todos atordoados demais para pensar em alguma coisa assim." Harry falou, depois olhou para ela. "Além do mais, eu vi de onde o feitiço veio."

"E de onde foi Harry?" 

"Das escadas da arquibancada da Sonserina."

Depois disso, os três ficaram em silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos até Ginny entrar feito um furacão pela porta da Ala Hospitalar com McGonagall em seu encalço.

"Hermione!" A ruiva gritou, pulando na cama e abraçando a amiga. Ginny tremia e chorava totalmente assustada.

"Calma Ginny, eu estou bem!" Hermione sussurrou perdida nos cabelos da amiga.

"Eu pensei que fosse te perder, eu não soube o que fazer-" Ela se interrompeu com um soluço.

"Srta. Granger, graças a Merlin está bem e tudo não passou de um susto."

Madame Pomfrey saiu de sua sala no fim da Ala Hospitalar e foi de encontro a todos os presentes.

"A Srta. Granger está bem agora mas esqueceu de nos contar que não anda se alimentando direito." Madame Pomfrey ralhou. "Está magra e fraca. Se continuar assim acabará severamente doente."

Hermione sentiu suas bochechas arderem pela terceira vez naquela manhã. Era verdade que não comia mas não queria preocupar os outros com seus problemas. Ela preferia manter esse tipo de coisas para si e ser exposta assim era extremamente constrangedor.

"Pode ir agora mas terá que me prometer que irá comer devidamente daqui em diante." Ordenou Madame Pomfrey ao ver que pelo menos metade do conteúdo da bandeja havia sido consumido.

"Eu prometo." Hermione murmurou sem alternativa. A enfermeira não aceitaria nada menos do que isso.

Os meninos ajudaram-na a levantar da cama e, seguidos por Ginny, foram até o quarto de monitor-Chefe no quinto andar. Hermione sentou-se no sofá enquanto Ginny foi para a cozinha.

"Nós vamos ficar aqui com você, lhe fazendo companhia." Harry falou, sentando ao lado dela no sofá.

"Obrigada."

Ginny voltou com uma bandeja contendo quatro xícaras de chá e os amigos passaram o resto da tarde conversando, indo embora quase ao anoitecer.

(…)

Draco tinha ido para a Torre de Astronomia depois de sair do Campo de Quadribol. Ele estava nervoso e inquieto. Não tinha certeza do motivo pelo qual tinha salvado a Granger. Talvez fosse porque, na sua cabeça, Merlin tivesse dado a ele uma segunda chance de fazer alguma coisa por ela; a oportunidade de finalmente salvar sua vida. Como se fosse um consolo pelo que não tinha feito durante a estadia do Trio de Ouro na sua casa.

Draco puxou o terceiro cigarro do maço e acendeu. O tempo lá fora estava bonito, embora estivesse frio. Já havia horas que estava ali e o maço de cigarros estava chegando no fim, assim como a luz do dia. Um sol fraco, porém brilhante, atingiu-lhe o rosto. O sol estava quase todo escondido atrás das árvores da Floresta Proibida, jogando seus raios dourados sobre elas e sobre o local onde ele estava encostado. Draco fechou os olhos e apreciou seu cigarro. Não queria mais pensar em Granger, não queria mais pensar em nada.

Para seu azar, naquele momento em que estava de olhos fechados, Hermione entrou na Torre. Ela o viu sentado no chão com várias bitucas de cigarro apagadas ao seu lado. O sol cobria seu rosto e o iluminava de uma forma ironicamente angelical. Ela sabia que o encontraria ali e por isso tinha ido até ali.

Draco sentiu uma presença mas não quis abrir os olhos; sabia quem era. Admitia que estava curioso para saber o que ela faria. Quando não houve nenhum barulho e não ouviu o som da voz dela, ele abriu os olhos. Hermione estava encostada nas grades do beiral e olhava para a Floresta Proibida. Draco encolheu as pernas e apoiou os braços nela. Com o som, Hermione virou-se para ele.

"Foi você, não foi?" Ela perguntou.

Draco a olhou fixamente. Antes de responder, ele tragou profundamente o cigarro em suas mãos. O ato, outrora repugnante para Hermione, pareceu inapropriadamente sensual no momento. Balançando a cabeça e dispensando esses tipos de pensamentos, Hermione aguardou por uma resposta.

"Não sei do que está falando." Malfoy respondeu. Sua expressão estava neutra e Hermione não soube dizer se ele mentia ou não.

"Tudo bem, foi o que imaginei que diria." Ela deu de ombros resignada.

Sem dizer mais nenhuma palavra, saiu da Torre. Draco permaneceu lá por mais alguns minutos e depois saiu também. Agora ele tinha certeza que Potter o havia visto na arquibancada da Sonserina. Ele implorou a Merlin para que nenhum dos dois contassem a ninguém o que ele havia feito. Afinal, aquele tipo de coisa não era do seu feitio.
Draco adentrou o Salão Comunal da Sonserina e encontrou Blaise, Theo, Gregory Goyle e Daphne Grengrass conversando. Quando eles o avistaram, levantaram de supetão.

"Onde é que você estava?" Theo perguntou curioso.

"Por aí." Respondeu vagamente, sentando-se no sofá.

"Estivemos te procurando o dia todo." Blaise falou.

"Já disse, estava por aí. Sobre o que conversavam?" Perguntou aos amigos.

"Já soube do que aconteceu com a Granger?" Gregory perguntou com um sorriso maldoso.

"Não, o que aconteceu com ela?" Ele perguntou cínico.

"Caiu da arquibancada da Grifinória." Blaise falou sério. O moreno podia ser um sonserino mas tinha uma empatia pelas pessoas digna de um grifinório.

"Ouvi dizer que ela quebrou todos os ossos do corpo." Gregory comentou.

"Quanta besteira, Goyle, se isso tivesse acontecido ela estaria morta." Daphne criticou.

"E é claro que ela não está, ou já teríamos ficado sabendo." Theo finalizou.

O loiro deixou as vozes altas ficarem em segundo plano enquanto apertava as têmporas tentando parar a dor de cabeça que se aproximava. De duas coisas Draco tinha certeza. Uma era que Hermione estava viva e bem. Outra era que ele tinha ajudado ela com isso. Não aguentando mais aquela história, ele finalmente alegou dor de cabeça e subiu para o dormitório. Naquela noite ele não dormiu.

(…)

Domingo de manhã era sempre um martírio. Poucos alunos estavam no Salão Principal tomando café, a maioria devia ainda estar na cama. Hermione era um dos que estavam no Salão Principal. Depois do episódio de quase morte e da quase descoberta do seu salvador, ela não tinha conseguido pregar o olho. Tinha dado graças a Merlin por encontrar a mesa da Grifinória vazia pois assim ela comeria em paz e voltaria em seguida para seu quarto. Planejava passar o dia inteiro no quarto, lendo, escrevendo, estudando, fazendo qualquer coisa para passar o tempo.

Era nessas horas que Hermione sentia falta do mundo trouxa. Sentia falta de uma televisão, de um bom filme durante a tarde. Era nessas horas que Hermione mais sentia falta dos pais. Eles eram a única conexão que ela tinha com aquele mundo e sem dúvida as pessoas que mais amava nesse mundo.

Hermione voltou do café da manhã em pior estado do que quando tinha ido. Ela atravessou o quadro da Medusa e se jogou no sofá. Estava um pouco mais fácil superar a morte de seus pais, embora lembrar deles ainda doesse. Ela morria de saudades e daria tudo para tê-los esperando por ela em casa no Natal, mas ela sabia que tal coisa não iria acontecer. Aquilo estava se tornando aceitável e estava ficando mais fácil para ela seguir em frente.

Ela foi até a sua biblioteca no fim do corredor e entrou, fechando a porta atrás de si. Estava ansiosa para explorar todos aqueles livros e o dia estava perfeito para isso.

Ela passou os dedos pelas capas dos livros, procurando algum título que chamasse sua atenção. No meio dos milhares de livros ali, Hermione encontrou Sonhos de uma Noite de Verão de William Shakespeare. Ela mal podia acreditar que algo assim poderia ser encontrado em Hogwarts; aquele era seu livro preferido desde criança. Animada, Hermione pegou o livro e sentou-se na poltrona confortável da biblioteca. Em menos de dez minutos a castanha tinha adormecido, exausta.

Ela conhecia aquele lugar. O chão de mármore negro, as paredes também negras, o candelabro macabro balançando com o sopro do vento que entrava por uma janela aberta. Hermione percebeu, tarde demais, que estava deitada no chão. Tentou levantar-se mas não tinha forças para tal. Ela ouviu gritos e sentiu dor. Tudo se encaixou quando o olhar louco de Belatriz a enfrentou. Ela estava de novo no salão da Mansão Malfoy. Os gritos que ouvia saía de sua própria boca e a dor que sentia era culpa da bruxa desvairada que gritava com ela.

"Como você conseguiu a espada? Como você entrou no meu cofre?" Belatriz gritou.

"A espada é falsa." Hermione chorou.

Não satisfeita com a resposta, Belatriz lhe atingiu com a maldição cruciatus pela quarta vez. O corpo de Hermione não respondia mais a seus comandos; impossibilitada, ela só tinha condições de gritar. Belatriz deu-lhe as costas, deixando-a ter uma visão ampla do lugar. Através da lágrimas Hermione viu, em um canto escuro da sala, Malfoy paralisado. Se estivesse em condições, teria percebido o medo em seus olhos.

A maldição chegou ao fim mas os efeitos dela ainda estavam lá. A dor, agora constante, fazia seu corpo amolecer e aos poucos perder a vida. Ela sentia, a cada maldição, a sua força vital se esvair. Aquele era seu destino, morreria nas mãos daquela Comensal em pouco tempo. Quando Belatriz voltou a se aproximar, com um punhal em mãos, Hermione fechou os olhos e aguardou seu fim. Tudo que sentiu foi a ardência em seu braço esquerdo. Abrindo os olhos, assistiu impotente, Belatriz marcar em sua carne com o punhal enfeitiçado os dizeres “sangue-ruim”.

"Isso é o que você é! Uma sangue-ruim, um lixo, uma escória." A mulher ofendeu. As palavras pouco surtiram efeito na desfalecida Hermione.

Belatriz levantou e preparou-se para o ato final. Corajosamente, Hermione manteve os olhos abertos, encarando sua assassina.

"Avada Ke-

Hermione viu Belatriz voar e bater na parede da sala com um baque surdo. Assustada, a grifinória olhou em volta. Do canto escuro da sala, Malfoy estava com a varinha em punho apontada para o lugar onde antes estivera sua tia.

O sonserino saiu de onde estava e correu até ela. Hermione o olhou sem reação. Por que estava fazendo aquilo? Malfoy viu a pergunta em seus olhos e murmurou para que ela ouvisse.

"Não é hora para perguntas, preciso tirá-la daqui."

Com Belatriz ainda desmaiada pelo impacto do feitiço, Malfoy deixou a sala e desceu as escadas até o porão. Abrindo a porta, mandou que todos saíssem.

"Saiam daqui, agora!"

Ron e Harry deixaram o porão e correram escada acima. Ao ver a amiga estirada no chão, Ron estancou na escada.

"Vocês precisam tirá-la daqui, em cinco minutos chamarei alguém ou vão suspeitar."

Sem questionar, Ron correu até a castanha e a pegou no colo. Em tempo recorde, Dobby apareceu para levá-los embora. Antes que eles desaparatassem da Mansão, Hermione murmurou quase inaudível.

"Obrigada, Draco."

Hermione acordou ofegante. O livro que estava aberto em seu colo caiu no chão com um barulho alto e ela se assustou. A castanha olhou em volta, conferindo se estava realmente segura e constatou que ainda estava dentro de sua biblioteca, no seu dormitório.

Ela respirou profundamente, relembrando do sonho que tivera. A princípio, parecia ser o mesmo de todas as noites. Belatriz estava lá e Malfoy também, embora faltassem pessoas naquela cena. Hermione lembrava-se de Lucius e Narcisa Malfoy também presentes na sua sessão de tortura. A mudança do sonho não parava por aí. Malfoy a havia salvado. Havia salvado a ela e seus amigos.

Ela balançou a cabeça confusa. Por que tinha sonhado com aquilo? Talvez pelo fato de achar que Malfoy tenha salvado-a no dia anterior? Ou por que, no fundo, ela queria que Malfoy a tivesse salvado naquele dia? Ela não sabia dizer.

Para sua surpresa, quando Hermione saiu da biblioteca, a noite estava quase caindo, tinha dormido praticamente o dia todo. Ela entrou no banheiro e se despiu. Queria tomar uma ducha quente e relaxante. Terminando o banho, foi para o quarto, vestiu uma calça jeans com uma blusa básica, junto de suas botas de couro favoritas e saiu. Talvez uma volta pelos jardins a ajudasse a clarear a mente.

Encontrou com Ginny e algumas garotas pelo caminho. Ginny se despediu delas e acompanhou Hermione até o exterior do castelo.

"Como está?" A ruiva perguntou.

"Melhor. E você? Não parece bem." Ela observou que a amiga tinha olheiras e uma cara cansada.

"Briguei com Harry noite passada." Ela explicou. Sua expressão tornou-se triste. As duas sentaram no gramado em frente ao Lago Negro. "Ele ainda sente medo, sabe?" Hermione assentiu.

"É complicado, Ginny. Depois de viver tantos anos sendo perseguido por um maníaco é difícil ter uma vida normal."

"Eu sei. Eu compreenderia se ele me dissesse isso, se ele assumisse o que sente. Mas ele mente Hermione, ele diz que está bem mas eu sei que ele não está."

"Dê um tempo a ele."

Ginny negou com a cabeça.

"Eu preciso dele. Eu preciso que ele se abra comigo. Eu quero me abrir com ele, eu quero dizer à ele o quanto eu sinto falta do meu irmão, o quanto é triste receber as cartas da mamãe dizendo que Jorge não vive mais. Eu quero que ele me ouça e eu quero ouví-lo, quero compartilhar com ele tudo que sinto. E queria que ele fizesse o mesmo." Ela começou a chorar e Hermione a abraçou.

Algumas lágrimas também escorriam do rosto de Hermione. Deus, ela também sentia falta de Fred. Ela precisava ter uma conversa com seu melhor amigo, não tinha como deixar Ginny assim.

Ginny secou as lágrimas e se acomodou no colo da amiga.

Aparentemente, também não havia dormido nada durante a noite passada e estava cansada. Hermione passou a acariciar os cabelos dela até a amiga cair no sono. O sol finalmente começou a desaparecer, levando com ele toda a luz dos jardins. Não querendo acordar Ginny, Hermione permaneceu sentada no gramado.

Ao longe, ela viu a figura de um grandalhão vindo em sua direção com um lampião na mão. Era Hagrid.

"Mione!" O gigante felicitou-se. A castanha fez sinal para fazer silêncio e apontou para Ginny.

"Olá Hagrid!" Ela sorriu.

"O que fazem aqui essa hora?" Ele perguntou.

"Estávamos conversando, mas Ginny adormeceu e eu não queria acordá-la." Hermione fez uma careta.

"Se quiser, posso levá-la para dentro."

"Seria ótimo, Hagrid, obrigada!"

Hagrid pegou Ginny no colo, que se aconchegou ainda mais e os dois caminharam conversando até o interior do castelo. Chegando lá, Hermione pediu que Hagrid levasse a amiga até o seu dormitório, já que não sabia a senha do quadro da Mulher Gorda. O gigante pegou todos os caminhos secretos que conhecia para que não esbarrassem com ninguém pelo caminho. Hermione tentou gravar algumas mas no final, haviam passado por tantas passagens secretas que o cérebro cansado de Hermione não conseguia mais acompanhar.

Quando chegaram ao dormitório, Hagrid teve que praticamente se dobrar no meio para passar pelo buraco do retrato da Medusa; enquanto a mesma insultava seus visitantes depois de passar pelo menos cinco minutos recusando-se a abrir a porta para Hagrid passar. Ele colocou Ginny na cama de Hermione e se despediu.

Hermione foi até sua cozinha e preparou um chá. Sentia falta de um café bem forte mas não achava que seu estômago vazio apreciaria. Fez também alguns sanduíches e sentou-se no sofá para comer. Ela comeu com calma e quando já estava no fim, ouviu a porta do quarto ser aberta.

"Como eu cheguei aqui?" Perguntou Ginny confusa.

"Hagrid." Hermione falou engolindo o último pedaço do seu sanduíche. "Sente-se melhor?” perguntou a castanha.

"Sim, obrigada." Sorriu a ruiva.

"Quer um? Tem mais na cozinha." Ofereceu.

Ginny se levantou e foi até a cozinha, voltou minutos depois com um copo de suco e um prato com dois sanduíches.

"Vou conversar com Harry ainda hoje. Vou dizer tudo o que eu penso e espero que fiquemos bem." Ginny falou decidida.

"Tenho certeza de que ficarão."

"E o Ron?" Ginny perguntou casualmente.

"Não sei." Hermione suspirou. "Queria que ele se manifestasse de alguma forma mas sei que ele não fará isso. Definitivamente não sei o que fazer, Ginny."

"Meu irmão é mesmo uma mula."

Hermione não pôde deixar de rir.

Quando Ginny terminou seu sanduíche, levantou-se do sofá e levou a louça para a cozinha. Com o aceno da varinha, fez a louça começar a ser lavada sozinha. Havia aprendido aquele truque com a mãe. Quando voltou para a sala, Hermione também havia levantado do sofá.

"Vou indo, vou procurar o Harry e tentar conversar com ele. Boa noite, Mione!" As duas se abraçaram. 

"Boa noite, Ginny."

A ruiva caminhou até a porta, atravessou o buraco do retrato e sumiu pelo corredor. Hermione ficou sozinha em seu dormitório com os pensamentos a mil. O final de semana tinha chegado ao fim e ela não tinha conseguido fazer nada de proveitoso. Nada além de quase morrer e ser salva por Malfoy; ao menos tinha quase certeza de que tinha sido ele. Mas ela apostaria que poderia ter sido pior.

 


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Notas finais do capítulo

Que tal uma prévia do próximo capítulo? HAHAHA

"Bobagem." Malfoy fez descaso. "A inteligência pertence a quem tem sangue mágico nas veias. Os trouxas são apenas inúteis."

"Sr. Malfoy, se não vai levar esta aula a sério, peço por favor que se retire."

"Com todo prazer."