Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 31
Chapter 31: Jealousy


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais!



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Capítulo 31 - Jealousy

O falatório animado foi o que acordou Draco nas primeiras horas da manhã. Estava tão exausto que quase não conseguiu levantar da cama. Felizmente, estava sozinho no dormitório, provavelmente estavam todos se organizando para o jogo que aconteceria mais tarde naquela manhã. Draco bufou e sentou na cama. Era inevitável o ressentimento que sentia por não poder mais fazer uma das poucas coisas que o deixava feliz. Sem querer pensar mais naquilo, Draco foi para o banheiro, vestiu-se e saiu do dormitório.

O Salão Comunal da Sonserina estava abarrotado de gente e por um momento Draco sentiu-se sobrecarregado. Numa mesa no canto, um mar de uniforme verde mantinham as cabeças juntas conversando baixo. Muitas pessoas conversavam animadamente sentadas nos sofás, mas muitas outras começavam a sair pelas masmorras. Depois de um tempo olhando em volta, encontrou Blaise e Daphne em uma das mesas no canto. O casal conversava baixo e bem próximos; Draco decidiu deixá-los a sós.

Antes que pudesse se mover em direção à porta, Meg estava ali. Vestia jeans escuros e uma blusa verde com o cachecol da sonserina enrolado no pescoço.

“Veja só quem está animado hoje.” Ela comentou sarcástica e revirou os olhos quando ele apenas continuou a olhá-la impassivo. “Por Merlin, melhora essa cara!”

Draco bufou e começou a andar para fora do Salão Comunal. As masmorras estavam tão cheias de gente que Draco inevitavelmente esbarrou em pelo menos umas cinco pessoas enquanto Meg o seguia. A loira era sempre boa companhia, mas hoje Draco certamente não seria boa companhia para ninguém. Queria que ela fosse embora, mas quando olhou para o lado, tudo o que viu foi o olhar determinado dela. Ela certamente não o deixaria em paz.

Suspirando, Draco passou o braço pelo pescoço dela enquanto entravam no Salão Principal.

Xx

Hermione tinha dormido mais do que bem na noite passada. Ela e Ginny decidiram que era uma coisa boa as duas dormirem juntas. Nenhuma das duas falaram sobre o motivo disso, mas na manhã seguinte, estava estampado no rosto da castanha.

Por mais que não quisesse admitir, as lembranças do último jogo de Quadribol ainda existiam. E a assustavam. Hermione sentia aquele medo gelado lá no fundo que revirava seu estômago. Mesmo com a reafirmação de que aquele monstro do McLaggen não estaria em canto algum do castelo nunca mais, Hermione se sentia irracionavelmente insegura. Por isso, quando as batidas na porta soaram naquela manhã, ela teve que conter um suspiro de alívio.

Ginny foi quem levantou para abrir a porta e deixar os dois amigos entrarem. Depois de cumprimentar a irmã rapidamente, Ron foi direto para Hermione. A castanha que havia se levantado quando os dois entraram, sorriu para Ron.

“Você está bem?” Ele perguntou; o sorriso dela vacilou um pouco, mas assentiu. Só queria que aquela sensação de impotência a deixasse em paz. Ela tinha lutado em uma Guerra, pelo amor de Merlin!

Mas durante a guerra, o instinto comum era o de sobrevivência. De fato, tudo não parecia passar de um sonho ruim em sua cabeça e provavelmente na cabeça de muitos. Ainda tinha aquele sentimento de que estava do lado de fora de seu corpo, assistindo tudo acontecer. Na sua cabeça, a maior parte não se registrava como a realidade. Mas no momento em que a mão de Cormac McLaggen conectou com seu rosto naquele corredor, Hermione tinha sentido a realidade como um balde de água fria. Podia lembrar, sem esforço, cada momento como se tivesse acontecido em câmera lenta diante de seus olhos. Ainda conseguia ouvir os gritos animados das torcidas a centenas de metros dali, podia ouvir o tic-tac que vinha da Torre do Relógio, o som da respiração pesada de McLaggen acompanhada pela voz dele e o peso do corpo dele sobre o seu. Essa era a pior parte. Essa era a lembrança que fazia Hermione sentir-se suja, era a que fazia sentir mais medo. Foi naquele momento em que não conseguia tirá-lo de cima dela que a sensação de impotência quase a deixou doente.

Lembrando-se de tudo isso agora, Hermione se sentia tão doente quanto naquele dia. Respirando fundo para afastar aquelas memórias horríveis, Hermione segurou a mão de Ron enquanto assentia para os amigos. Ninguém falou nada durante todo o caminho até o Salão Principal.

Xx

O café da manhã estava acontecendo a todo vapor quando Draco entrou no Salão com Meg. A mesa da Sonserina, assim como a da Lufa-Lufa eram as mais falantes de todas. O time da Lufa-Lufa estava cercado por dezenas de pessoas enquanto tomavam café. Ao longe, Draco conseguia ouvir os “boa sorte” e os “bom jogo”.

O time da Sonserina ainda não havia chegado ao Salão, mas os sonserinos que já estavam por lá pareciam ansiosos e animados para a chegada deles. Sentando-se mais afastado do restante do pessoal, Draco começou a tomar o café da manhã em silêncio enquanto Meg insistia em puxar um assunto qualquer.

“Acho que nós temos chance de ganhar hoje.” Ela comentou e Draco bufou mas cedeu à tentativa.

“Teríamos a chance se ao menos Blaise fosse jogar hoje.” Ele deu de ombros. “Flint é um idiota e conseguiu montar o pior time da história da Sonserina. Se marcarmos algum ponto hoje já será muito.” Ele terminou, apontando para a mesa da Lufa-Lufa do outro lado do salão onde um garoto do tamanho de uma parede de concreto estava sentado vestido com o uniforme de quadribol de sua casa.

Meg riu e assentiu. Não tinha como discordar. Foram interrompidos pela chegada do time da Sonserina. O café da manhã da maioria dos sonserinos ficou esquecido enquanto aplaudiam e assobiavam. Draco continuou a comer, mas assentiu com a cabeça quando viu Theo no meio deles. Ao menos Theo era um bom jogador, mas tendia a perder a cabeça e o foco muito fácil no meio de um jogo. Draco observou o time, tirando suas próprias conclusões; Os batedores do time provavelmente dariam conta de suas tarefas tendo dois pares de braços fortes e um olhar faminto no rosto. É, eles provavelmente quebrariam o crânio de alguém hoje se lhe dessem a chance. O goleiro era Flint. Magro, alto, com raiva estampada em todas suas ações. Apesar de ser um idiota, era bom no que fazia. Os três artilheiros, incluindo Theo, pareciam em forma, mas Draco já os tinha visto voando juntos durante um treino e eles simplesmente não conseguiam trabalhar em equipe. E finalmente o apanhador, aquele que Draco ressentiria mais se ele se desse ao trabalho. Um menino, provavelmente recentemente saído das fraldas, que tinha um brilho excitado nos olhos e uns bons quilos abaixo de seu peso ideal. O garoto parecia à beira de um ataque de nervos e Draco podia até simpatizar. Podia, até ver o olhar de superioridade que o garoto lhe lançava. Draco quis rir, mas se limitou apenas a arquear uma sobrancelha. O garoto desviou o olhar rapidamente.

Depois que a comoção chegou ao fim, todos voltaram aos seus cafés da manhã. A vontade que Draco tinha de pelo menos assistir ao jogo morreu no instante em que o time entrou naquele Salão. Mas pelo olhar que Meg lhe dava, ele não seria capaz de fugir dessa situação. Por isso, pedindo licença e combinando de encontrá-la no horário do jogo, Draco correu para seu refúgio.

Ele precisava a cada dia mais daquele momento. Daquele momento em que a fumaça entrava pelos pulmões e o permitia respirar mais relaxadamente. E sentia vergonha toda vez em que precisava pedir licença e fugir para poder controlar o turbilhão de coisas que lhe passava pela mente. Felizmente, conseguira um sono sem sonhos depois de ter se levado à exaustão na noite anterior.

Draco sentia a cada dia que passava o controle que tanto admirava escorregando por entre seus dedos e o deixando sem saber o que fazer. Durante quase vinte anos de sua vida ele tinha aprendido como controlar tudo. Mas agora, não sabia como controlar nada, inclusive sua vida. Para alguém que sempre teve essa capacidade, não tê-la mais era no mínimo aterrorizante.

Mas, ainda sim, juntou o restinho que ainda tinha daquele controle, respirou fundo e foi encontrar-se com Meg. Ele se sentia tão agradecido por ela naqueles tempos que às vezes se sentia sufocado. Alguém que não o julgasse, que não lhe fizesse perguntas, que não lhe obrigasse a enfrentar os demônios em sua mente, era tudo o que queria, embora soubesse que não fosse o que precisasse. Sabia que Blaise tinha razão, mas adotar a certeza do amigo como sua era outro caminho que o fazia tremer de medo.

Meg estava lá quando ele apareceu e ele sorriu. Sim, isso era o que precisava agora, pensou quando a loira laçou seu braço com o dele e começou a falar de coisas banais. Era sempre um alívio estar com ela.

Xx

Depois de ter tentando engolir algumas torradas no café da manhã, Hermione acompanhou os amigos até o campo de quadribol. A maioria dos torcedores já estavam nas arquibancadas, gritando e vibrando para o nada. Madame Hooch já estava aguardando com a caixa de bolas a seus pés enquanto a Diretora McGonagall se sentava na cabine de transmissão ao lado de Terencio Boot da Corvinal.

Finalmente, quando todos se acomodaram, os jogadores começaram a entrar em campo. A voz de Boot resoou por todo o campo, assustando alguns que não prestavam atenção e fazendo os outros gritarem ainda mais alto. A arquibancada da lufa-lufa estava lotada tanto de lufanos, quanto de grifinórios e corvinais.

Boot apresentou todos os jogadores de cada time e por fim, deu início à partida.

O primeiro gol foi da Lufa-Lufa e a arquibancada preta e amarela foi ao delírio. Hermione já havia se esquecido dos seus problemas ao terceiro gol seguido dos lufanos e estava vibrando vigorosamente junto com os outros.  A Sonserina vibrou com força quando um dos balaços derrubou o goleiro da Lufa-Lufa deixando o gol totalmente desprotegido. Enquanto o goleiro se recompunha e voltava à sua posição, a Sonserina havia feito quatro gols. Os sonserinos vibravam e cantavam alegremente quando o apanhador da Lufa-Lufa começou a descer atrás do pomo num voo rápido passando rasante pelas arquibancadas. Segundos depois, o apanhador da Sonserina estava em seu encalço.

O garoto sonserino era rápido, tinha que admitir, mas o que ele tinha de rápido tinha de inexperiente. O pomo fez uma curva fechada e começou a fazer o caminho de volta para o meio do campo. O apanhador da Lufa-Lufa conseguiu manobrar, mas o da Sonserina perdeu o controle da vassoura e foi atirado com força nos pés de uma das arquibancadas lufana. Com o adversário fora da jogada, o apanhador lufano facilmente perseguiu o pomo e o pegou.

No meio da cacofonia da torcida vencedora, era possível ouvir ao longe os gritos do capitão do time da Sonserina dirigidos ao apanhador que parecia prestes a desmaiar a qualquer momento. O olhar sanguinário de Marcus Flint dizia muito sobre o que aconteceria quando o time chegasse às masmorras e Hermione estremeceu com o pensamento.

Os sonserinos começaram a esvaziar as arquibancadas enquanto os outros ovacionavam o time da Lufa-Lufa. Ron e Harry estavam vibrando tanto ou mais que os próprios lufanos; Hermione teve que sorrir. Ginny também estava animada mas parecia pensativa.

“Parece que já temos nosso próximo adversário.” Ela falou quando todos começaram a fazer seu caminho para a saída.

“O que aconteceu com o time da Sonserina? Parece que pegaram os piores jogadores pra participar.” Perguntou Harry.

“Isso é verdade, mas não vamos reclamar de algo que nos foi dado de bandeja.” Respondeu Ginny.

“Ouvi dizer que Flint proibiu Malfoy de entrar no time.” Comentou Simas que passava pelo quarteto e ouvira a conversa.

“Não me admira, embora seja um pouco hipócrita da parte dele.” Falou Ginny.

“E vergonhoso.” Ron riu com certeza lembrando-se do que aconteceu com o apanhador deles.

“Definitivamente vergonhoso.” Respondeu Simas também aos risos.

Hermione apenas ouvia a conversa enquanto caminhavam de volta para o castelo. Estava perdida em pensamentos quando viu o casal que caminhava à frente deles. Os dois estavam abraçados; ele com o braço jogado por cima dos ombros dela e ela com o braço firmemente preso à cintura dele. Hermione os reconheceu imediatamente e foi incapaz de reprimir o sentimento avassalador de ciúmes que quase lhe tirou o ar quando o loiro jogou a cabeça para trás e gargalhou de qualquer coisa que a outra tinha dito.

Hermione fechou os olhos e tentou se recompor. Embora sobre controle, aquele sentimento que fazia bile subir à sua garganta ainda estava lá e ela se sentiu o próprio Voldemort quando percebeu o olhar curioso de Ginny. A castanha tentou sorrir, mas a ruiva já estava olhando em outra direção, seu olhar curioso agora sobre o casal sumindo de vista à sua frente.

Xx

Mais tarde, enquanto Hermione se arrumava para começar a fazer a ronda, pedindo a todas as entidades divinas para que não tivesse que passar pelo que aconteceu da última vez, a castanha ainda assim não conseguia parar de pensar no casal.

Hermione estava certa de que estava perdendo sua sanidade. Era irracional sentir ciúmes por alguém que não queria estar perto. Suspirando, passou pelo quadro da Medusa em direção as masmorras. Tinha decidido que era melhor quando ela e Malfoy trabalhassem juntos. No fundo, sabia que o motivo era o medo de estar sozinha depois das lembranças reavivadas mais cedo.

Malfoy já estava lá quando ela chegou. Podia ver nitidamente em sua expressão que ele preferia estar em qualquer outro lugar que não fosse ali. Talvez ao lado da namorada. Hermione definitivamente não se importava.

Ao vê-la, Malfoy começou a caminhar ao seu encontro, mas passou reto por ela quando se aproximaram. Tudo bem, Hermione podia lidar com isso. Andaram em silêncio com as varinhas na mão iluminando o corredor. A castanha estava inquieta e quando ela suspirou pela terceira vez Draco bufou. Estavam no corredor do terceiro andar, sem ter encontrado nenhum sinal de atividades ilícitas, quando Hermione parou e falou.

“Soube que foi proibido de jogar no time da Sonserina.” Ela falou casualmente. Draco apenas olhou para ela sem dizer nada. “Eles não podem fazer isso, sabe?” continuou a falar enquanto voltava a caminhar.

“Não que vá fazer alguma diferença, Granger, mas não acho que...” mas Draco foi cortado quando a castanha simplesmente continuou a falar.

“Inclusive, acho hipócrita o que eles estão fazendo e até preconceituoso.”

Draco riu. Era sério aquilo? Mas Hermione apenas o olhou enquanto ele ria. E então...

“Mas aposto que sua namorada não tem esse tipo de preconceito.” Hermione falou mais uma vez tentando ser casual e falhando miseravelmente. Na verdade, não pretendia que aquela frase saísse de sua boca; mas agora lá estava, pairando no ar entre eles.

A risada de Draco morreu e ele parecia confuso. Não, sentia-se confuso.

“Aposto que ela não se importa nem um pouco que você era um Comensal da Morte.” Draco respirou fundo ao ouvir aquilo e Hermione apenas não conseguia parar de falar. “Que você tentou matar Dumbledore e muitos outros.” Hermione podia sentir que estava perdendo o controle das coisas que dizia, mas não se importava. Estava cega por aquele sentimento horrível que a fazia querer vomitar de vergonha. “Mas eu acredito que todos merecem uma chance, inclusive você Malfoy.”

“Granger, do que diabos você está falando?” perguntou o loiro com raiva. Aquela conversa era estúpida. Hermione riu sem humor e Draco teve que se segurar para não recuar com a força da emoção que aquele gesto transbordava. Era um olhar que Malfoy preferia nunca ver naqueles olhos castanhos.

“Acredito que a Srta. White também pense assim.” Levou alguns segundos para Draco perceber, mas quando o fez não podia deixar de sentir raiva. Ela não tinha o direito de agir assim.

“Ah é Granger?” perguntou se aproximando. Hermione deu um passo para trás, assustada com o brilho feroz no olhar de Draco. “Diz pra mim o que você tem a ver com tudo isso. Por que motivo a sua opinião importaria pra mim?” perguntou cortante. Hermione se afastou ainda mais e soltou uma respiração trêmula. Por que Malfoy se importaria com ela? Aquilo doía e por um momento, Hermione ficou desnorteada. Por que ela se importava? Merlin, o que estava acontecendo com ela?

Hermione encostou-se na parede e se deixou deslizar até sentar no chão. Sentia-se tão cansada. Ela sentiu quando alguém sentou ao seu lado e quando virou, viu que Malfoy parecia tão cansado quanto ela.

“O que estamos fazendo, Malfoy?” ela perguntou, mas não esperava resposta.

Depois de algum tempo de silêncio, Draco foi o primeiro a falar.

“Eu e Meg somos apenas amigos.” O sonserino sentia a necessidade de deixar aquilo bem claro. 

Com os olhos fixos no quadro da parede oposta, Hermione também sentia a necessidade de dizer...

“Vou terminar com Ron.”


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Notas finais do capítulo

Eu ouvi um finalmente? Bem, agora as coisas vão andar mais para o caminho que todos vocês estão esperando hahaha
No próximo capítulo será o julgamento do Mclaggen, mas minha criatividade fugiu e eu empaquei nessa parte, então o capítulo deve demorar um pouco, mas sairá em breve, prometo! Se quiserem dar sugestões do que poderia acontecer, sou toda ouvidos ok? ok.

Enquanto o próximo capítulo não vem, recomendo à vocês assistirem o trailer novo de AFeOH e chorar de emoção feito uma lunática (culpada!) hahaha