Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 1
Chapter 1: Meetings


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Eu sei o que vocês vão dizer "outra fic karina?"
Pois é, outra fic haha Eu nunca me canso de escrever, é o que faço pra aliviar meu estresse diário então sempre tenho uma fic nova!

Eu espero que vocês gostem dessa da mesma forma que gostam das outras! Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/412993/chapter/1

Capítulo 1 - Meetings

Ela ainda dormia profundamente às 10 horas daquela manhã, embora seu rosto mostrasse o seu sono nada tranquilo. Tinha sido assim desde a morte dos seus pais, ou desde que soube dela. Voldemort estava morto, assim como muitos outros.

Um grito agudo desprendeu de sua garganta e ela acordou ofegante. Piscou algumas vezes tentando focar as coisas à sua volta. Suspirou pesado quando notou que estava apenas em seu quarto. A cabeça caiu de volta no travesseiro e grossas lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Era sempre assim que ela acordava desde aquele dia.

Fragmentos de memória infiltraram em sua mente sem permissão. Acampamento, sequestradores, Mansão Malfoy, crucio, gritos, sangue-ruim. Automaticamente seus olhos percorreram seu braço esquerdo até a cicatriz que parecia sempre queimar-lhe a pele.

Desviou os olhos incomodada e fixou no relógio na cômoda ao lado da cama. 10 horas e 27 minutos. Como um estalo ela deu-se conta de que dia era hoje: primeiro de setembro. Praguejando enquanto jogava os lençóis para o lado, tropeçou nas próprias pernas e desabou no chão com um baque surdo. Antes de se levantar totalmente enfezada, viu um tufo de pelos se destacar no piso branco, ela sabia que era de bichento, mas aquilo a fez lembrar-se de Ron.

Logo sua expressão irritada se desfez e ela sorriu para o nada. Só de imaginar que iria vê-lo em poucos minutos ela sentiu-se bem, mesmo que por alguns segundos. Mais uma vez lembrou que estava atrasada e tratou de levantar e se enfiar debaixo da água quente.

Em vinte minutos ela já estava vestida e secava os cabelos. Parou em frente ao grande espelho do quarto e fez uma careta. Sua olheiras profundas deixavam óbvias suas noites mal-dormidas e seu corpo, ainda mais magro, deixava claro que ela não se alimentava. Decidiu que era uma boa ideia deixar isso para lá e concentrar-se em seu pesado malão.

Já no andar de baixo, entrou na cozinha e agitando sua varinha fez um enorme copo de café. Era só o que ela conseguia colocar para dentro nos últimos meses. Com o copo em mãos ela voltou a subir as escadas. Entrou na primeira porta no corredor à direita e seus olhos caíram sobre o porta-retrato na mesa de cabeceira. Ela, sua mãe e seu pai sorriam com uma felicidade contagiante durante algum feriado de Natal que Hermione nem se lembrava mais qual. Levou algum tempo para perceber que estava chorando enquanto seus olhos lançavam uma última olhada para o quarto. Aquilo era um adeus definitivo e ela quase não pôde suportar a dor que preencheu seu interior.

O fato de não tê-los mais em sua vida era excruciante e a fazia sentir-se doente. Seus pais não a veriam crescer, casar, ter filhos… Seus filhos nunca conheceriam seus avós. Era definitivamente mortal. Mas ela manteve a compostura e secou os últimos resquícios de lágrimas das bochechas. Ela estava voltando para Hogwarts, pra perto de seus amigos e para perto de Ron. E isso tinha que ser suficiente.

Estava prestes a sair do quarto quando algo em cima do guarda-roupa brilhou com o reflexo do sol. Ela deu alguns passos incertos até a frente do enorme armário branco e parou. Não achava uma boa ideia mexer nas coisas de seus pais, ela estaria violando a privacidade deles. Ela deu alguns passos para trás, certa de que era melhor não bisbilhotar mas parou no meio do caminho pra fora. Não faria mal ela apenas dar uma olhadinha não é? Ela hesitou de novo, em dúvida. Por fim, a curiosidade sobressaiu e ela caminhou decidida até a frente do armário. Com um aceno da varinha, a caixa de madeira descansou em sua mão. Ela era preta, envolta em uma fita verde e na parte da frente da caixa uma palavra brilhava em letras redondas e prateadas. Giordano. Ela franziu a testa ao não reconhecer tal palavra. Numa olhada de relance pro relógio de pulso, percebeu que se não saísse naquele exato momento, chegaria atrasada na estação.

Mantendo a caixa segura nas mãos, saiu do quarto e trancou a porta. Correu até o andar de baixo e colocou a caixa dentro do malão. Ela sabia que não deveria mas ela realmente gostaria de saber o que tinha lá dentro, mas não tinha tempo pra isso agora. Segurou o malão pesado numa mão, a varinha na outra e aparatou. Sentiu uma pressão no umbigo, mas a sensação desconfortável foi tão rápido quanto veio e ela pisou firme no chão de concreto da rua.

Saindo do beco no qual aparatou, caminhou até a grande estação à sua frente. Estava mais do que ansiosa pra adentrar aquele lugar. Colocando suas coisas no carrinho, parou em frente à parede entre a plataforma 10 e 9 e respirou fundo. Uma olhada ao redor pra se certificar de que ninguém prestava atenção nela e atravessou a barreira. Logo a fumaça do trem adentrou suas narinas, assim como o som de muitas conversas e risadas adentraram em seus ouvidos. Todo mundo estava tranquilo e feliz e boa parte disso era graças a ela e seus amigos. Um pensamento reconfortante se iluminou em seu cérebro: Nada tinha sido em vão.

Percorreu os olhos pela plataforma abarrotada de gente à procura de rostos conhecidos e encontrou vários que prontamente acenaram e sorriram pra ela. Uma massa de cabelos ruivos correu em sua direção e jogou os braços ao redor de seu pescoço antes que ela pudesse perceber e o tombo foi inevitável.

"Ginny!", Hermione exclamou irritada quando as duas caíram sentadas no chão. Os demais que vinham atrás dela praticamente choravam de rir. Logo ela também já estava rindo.

As duas levantaram com um misto de divertimento e vergonha estampados no rosto e se abraçaram de novo e com mais calma dessa vez. A última vez que tinha visto Ginny fora a muitas semanas atrás, quando a ruiva praticamente invadiu sua casa pra contar sobre o pedido de namoro de Harry.

"Harry!" Ela voltou o olhar para o amigo que ainda olhava pras duas sorrindo, correndo pra abraçá-lo em seguida.

"Senti saudades." Ele disse em meio à confusão de seus cabelos castanhos e ela sorriu. Um pigarro alto fez o dois se separarem só pra ver Ron olhando pra eles.

Sem pensar duas vezes, Hermione jogou os braços ao redor do pescoço do ruivo e o abraçou. Ele retribuiu um pouco sem jeito e ela queria manter-se nesse abraço pelo resto de sua vida.

Ainda com a cabeça enterrada em seu ombro, ela inspirou seu cheiro afim de memorizar. Quando ela percebeu o que estava fazendo, se afastou um pouco rápido demais e acabou corando.

E então ela lembrou-se do beijo que deram na Câmara Secreta durante a guerra, quando pensaram que talvez não tivessem outra chance pra isso. Mas isso era uma coisa que era difícil de lidar, uma vez que fora da guerra a realidade era outra. Eles nem sequer tinham se falado depois daquilo.

"Onde estão seus pais, Mione?" Ginny perguntou enquanto esquadrinhava o local a procura deles.

O sangue da castanha correu depressa nas veias e ela sentiu sua garganta secar. Mais uma vez ela quis mais do que tudo contar a verdade à seus melhores amigos mas simplesmente não sabia como fazê-lo. E tudo que ela não queria era alguém pra sentir pena dela. Então ela simplesmente engoliu o nó na garganta e sorriu fraco.

"Eles não puderam vir. Você sabe, muito trabalho." Hermione respondeu e a ruiva assentiu.

"Hermione querida!" Ela ouviu a voz familiar da matriarca Weasley atrás dela e virou-se bruscamente pra ela. Molly era definitivamente como uma segunda mãe pra ela e tudo o que ela precisava era de um abraço de mãe.

"Sra. Weasley" Ela abriu os braços e recebeu o tão ansiado abraço caloroso digno de Molly Weasley. Ela sentiu seus olhos marejarem mas logo forçou as lágrimas a fazerem seu curso de volta.

Logo atrás dela vinha Jorge, acompanhado do Sr. Weasley. Ela abraçou Artur e logo depois parou em frente à Jorge. Os olhos do ruivo eram vazios e sem brilho e ela sentiu seu coração apertar de dor. Ela entendia sua dor, ou pelo menos achava que entendia…

"Jorge" Ela sussurrou tímida e ele finalmente abaixou o olhar pra ela. Ele sorriu fraco e a envolveu num abraço acolhedor. Hermione retribuiu, tentando mostrar toda sua força pra ele.

Quando ela voltou-se pros ruivos à sua volta, olhando um por um, percebeu o quanto eles pareciam cansados. Os olhos sempre com uma pontada de tristeza sendo sustentados pelas pequenas olheiras. Todos estavam sofrendo os efeitos colaterais da guerra e ela sentia-se mal por esconder a verdade de todos eles. Mas ela sabia que se sentiria pior se eles soubessem.

Já tinham sofrimentos demais pra acrescentar mais um. Esse era o seu pensamento e ela sabia que não mudaria, afinal, quando Hermione Granger põe uma coisa na cabeça, não tem quem tire.

O apito do trem soou pela plataforma e eles despediram-se apressados dos que ficariam. O fluxo de pessoas era grande demais e logo na entrada no vagão a castanha tinha se perdido dos outros. Suspirando de frustração ao olhar em volta e não encontrar nenhum deles, começou a passar pelo meio da multidão à procura de uma cabine.

Assim que avistou uma, levou sua mão à maçaneta ao mesmo tempo que outra pessoa. O toque frio da mão masculina na sua, fez um arrepio sem sentido subir pelo seu braço. Seu olhar levantou somente pra assustar-se com a presença do ex-Comensal da Morte.

Ele parecia tão assustado quanto ela, mas em poucos minutos sua expressão de desfez e voltou a ser a mesma de sempre: nojo.

"O que faz aqui, Malfoy?" Ela não conseguiu evitar que a pergunta escapasse de seus lábios, assim como não conseguiu evitar o tom irritado.

"O mesmo que você, acredito eu, Granger." Ele colocou o máximo de desdem em sua voz o que só a irritou ainda mais.

"Como isso é possível? Você não devia estar aqui." Ela disse entredentes, os flashes na Mansão Malfoy ficando ainda mais vivos ao lembrar-se de Draco naquela noite.

"Não é você quem decide isso Srta Granger." Uma voz dura se fez ouvir em meio à gritaria do corredor. Minerva McGonagall olhava duramente pra Hermione. "Todos nós sabemos que o Sr Malfoy foi absolvido de todas as acusações."

"Mas isso não sign-

"Por favor, guarde suas opiniões para si mesma, Srta Granger." A nova diretora disse um pouco receosa, ela queria evitar uma discussão sobre isso. "Já que os encontrei de uma vez, peço que em dentro de vinte minutos os dois se encaminhem pra cabine dos professores pois temos assuntos a tratar." Ela esperou a confirmação dos dois alunos e se retirou.

"Então Granger, se você me der licença, eu ainda gostaria de entrar nessa cabine…" Ela bufou e deu as costas pra ele, saindo em disparada pelo corredor.

Draco entrou na cabine e trancou a porta atrás de si, fechando a cortina em seguida. Colocou seu malão de qualquer jeito no suporte e se jogou no estofado macio. Enterrou as mãos na cabeça e deixou seus pensamentos fluírem.

Que diabos ele estava pensando quando aceitou o pedido de sua mãe pra voltar pra Hogwarts? Ele seria apedrejado mais cedo ou mais tarde e eventualmente apareceria morto em algum dos banheiros do castelo. Todos tinham ódio dele por tudo que ele havia feito. Por tudo que ele havia feito e se arrependido secretamente. Sim, ele se arrependia de suas escolhas, se arrependia até o último fio de cabelo, mas seu orgulho simplesmente não deixaria que ninguém soubesse disso. Sua cabeça latejou e ele grunhiu algo quem nem ele soube o que.

Lembrou-se da sangue-ruim que encontrara a pouco no corredor e do ódio que viu praticamente escorrer por seus poros. Ele ainda se lembrava do episódio da Mansão Malfoy. Se culpava por não ter ajudado e foi naquele momento que ele percebeu que suas escolhas não coincidiam com seus ideais. Que o que seu pai acreditava era diferente do que ele acreditava, que ele estava do lado errado e que não havia mais caminho de volta. Todo seu ódio para com os nascidos trouxas pareceu irracional e ele sabia que era apenas um reflexo do ódio que seu pai exalava. Lucius era um maldito e isso ele não podia negar. E também não podia negar que todas essas conclusões não o levariam a lugar nenhum agora e tudo que ele fez foi enterrar todas suas dúvidas no fundo da sua mente, onde nem mesmo ele poderia alcançar.

Se Granger estava ali, provavelmente Potter e Weasley também. Tem como piorar? Pensou friamente enquanto caminhava pra fora da cabine pra encontrar McGonagall.

(…)

Hermione entrou furiosa pela cabine onde seus amigos conversavam. Todos os olhares se viraram pra ela no momento em que ela se jogou no sofá ao lado de Ron.

"Onde estava?" Ele perguntou tentando ler suas expressões. Ela apenas ignorou. "McGonagall esteve aqui procurando você…"

"Eu sei." Ela murmurou.

"Aconteceu alguma coisa, Mione?" Harry perguntou curioso.

"Malfoy está aqui." A voz dela se fez presente e todos olharam pra ela nervosos.

"O que?" Ron gritou fazendo a castanha se sobressaltar ao seu lado.

"Isso que você ouviu. Draco Malfoy está voltando pra Hogwarts." Hermione falou como se explicasse algo pra uma criança de 10 anos.

"Não sei porque o espanto… Ele foi absolvido de todas as acusações." Ginny falou cautelosamente.

"Mas isso não significa que ele tenha que voltar como se nada tivesse acontecido!" Harry entrou na discussão.

"Você sabe o que ele nos fez, Ginny." Hermione falou com mágoa contida.

"Mas ele pode estar arrependido! Todos tem direito de ter uma segunda chance na vida!" A ruiva insistiu.

Os três olharam pra ela estupefatos e incrédulos e ela apenas deu de ombros e desviou o olhar.

Os próximos dez minutos passaram-se em silêncio até Hermione levantar e sair pela porta da cabine pra ir ao encontro de McGonagall.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Beijinhos e até!